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FAMÍLIA
Introdução e Princípios
Constitucionais do Direito de Família
Introdução
• A família traz consigo uma dimensão biológica, espiritual e
social, afigurando-se necessário, por conseguinte, sua
compreensão a partir de uma feição ampla, considerando suas
idiossincrasias e peculiaridades, o que exige a participação de
diferentes ramos do conhecimento, tais como a sociologia, a
psicologia, a antropologia, a filosofia, a teologia, a biologia (e
por igual a biotecnologia e a bioética) e, ainda, da ciência do
direito.
Compreensão jurídica e social da família
e os seus referenciais atuais
• Modelo patriarcal – hierarquizado e transpessoal, decorrente das
influências da Revolução Francesa sobre o Código Civil brasileiro
de 1916. Naquela ambientação familiar, necessariamente
matrimonializada, imperava a regra “até que a morte nos separe” o
sacrifício da felicidade pessoal dos membros da família em nome
da manutenção do vínculo de casamento. Compreendia-se a família
como unidade de produção, realçados os laços patrimoniais.
• As pessoas se uniam em família com vistas à formação de
patrimônio, para sua posterior transmissão aos herdeiros, pouco
importando os laços afetivos. Daí a impossibilidade de dissolução
do vínculo, pois a desagregação da família corresponderia à
desagregação da própria da sociedade.
• Família moderna – os novos valores que inspiram a sociedade
sobrepujam e rompem, definitivamente, com a concepção
tradicional de família. A arquitetura da sociedade moderna
impõe um modelo familiar descentralizado, democrático,
igualitário e desmatrimonializado. O escopo precípuo da
família passa a ser solidariedade social e demais condições
necessárias ao aperfeiçoamento e progresso humano regido o
núcleo familiar pelo afeto, como mola propulsora.
• Funda-se, portanto, a família pós-moderna em sua feição
jurídica e sociológica, no afeto, na ética, na solidariedade
recíproca entre seus membros e na preservação da dignidade
deles.
A família enquanto instituição jurídica e
social
• Reflexiva – porque decorre da abertura do campo jurídico aos novos valores e
fatos sociais, tais como liberalização dos costumes, a flexibilização da moralidade
sexual, a equiparação social de homens e mulheres, a perda da gradativa
influência religiosa na organização familiar;
• Prospectiva – na medida em que reclama interpretações que projetem uma ordem
jurídica para além do presente, apta a compreender e regular temas inafastáveis, a
exemplo do debate acerca da aceitabilidade das uniões homoafetivas;
• Discursiva – pois pode ser representada pela imposição do uso competente da
linguagem, a fim de que o sentido do signo ‘família’ possa agregar novas
acepções e significados que definem a entidade familiar como espaço voltado
para o desenvolvimento espiritual e físico do ser humano, bem como para a
convivência marcada pelo amor
• Relativa – por recusar dogmas absolutos e inquestionáveis, que, durante muito
tempo, obstacularizaram o arejamento das instituições familiares a novas
estimativas e concepções de mundo, tais como a crença religiosa da
indissolubilidade do vínculo matrimonial
Família no CC/16 Família na CF/88 CC/02
Matrimonializada Pluralizada
Patriarcal Democrática
Hierarquizada Igualitária substancialmente
Heteroparental Hetero ou homoparental
Biológica Biológica ou socioafetiva
Unidade de produção e reprodução Unidade socioafetiva
Caráter institucional Caráter instrumental
Direito de Família
• Noções Conceituais