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ORDEM DOS ADVOGADOS

CNEF / CNA
Comissão Nacional de Estágio e Formação / Comissão Nacional de Avaliação

PROVA ESCRITA NACIONAL DO


EXAME FINAL DE AVALIAÇÃO E
AGREGAÇÃO
(RNE)

Questões de Prática Processual Penal


(5,5 valores)

18 de Julho de 2009
LEIA PRIMEIRO TODO O ENUNCIADO E RESPONDA DEPOIS DE FORMA
SINTÉTICA E OBJECTIVA A TODAS AS QUESTÕES ABAIXO INDICADAS,
INDICANDO AS DISPOSIÇÕES LEGAIS APLICÁVEIS E FUNDAMENTANDO AS
SUAS RESPOSTAS, TENDO EM CONSIDERAÇÃO A SEGUINTE HIPÓTESE:

I
O Ministério Público deduziu acusação, em processo comum singular, contra
Roni Monteiro e José Brinca pelos seguintes factos:
1) No dia 30 de Outubro de 2007, o arguido Roni dirigiu-se ao
estabelecimento comercial XPTO, na Rua do Sol, no Porto, sabendo, através de
Daniel, que tinha sido funcionário da empresa, que este estabelecimento comercial
era fornecedor da CARLINK, S.A..
Lá chegado, disse ao funcionário que o atendeu ser empregado da
CARLINK, S.A. e pretender adquirir diverso material para esta sociedade.
O funcionário da XPTO, atentas as boas relações comerciais existentes com
a CARLINK, S.A. e convencido, daquela forma, que o arguido era efectivamente
funcionário daquela sociedade comercial, e só por isso, entregou-lhe, então, dois
capacetes de moto, no valor de € 500, duas luvas em pele, no valor de € 180 e uma
bota biqueira de aço n.° 44, no valor de € 300, tudo no valor global de € 980,00
quantia esta que debitou à CARLINK, emitindo a correspondente factura.
O arguido Roni, na posse de tal material, ausentou-se do local levando o
mesmo com ele, que integrou na sua esfera patrimonial.
O arguido Roni agiu com o propósito, concretizado, de se apoderar dos
materiais acima descritos pela forma referida, sem os pagar, e assim obter vantagem
patrimonial indevida, como obteve, apesar de saber que, dessa forma, causava -
como causou - prejuízo patrimonial à XPTO.
2. Na posse deste material o arguido Roni em dia não concretamente apurado
mas entre aquele dia 30 de Outubro e o dia 15 de Novembro de 2007 contactou o
arguido José Brinca na sua residência na Rua António Mendes, n.º 31, na mesma
cidade, e pediu-lhe que aí guardasse os dois capacetes.
O arguido Brinca não obstante saber que tais bens tinham chegado à posse
do arguido Roni pela forma supra descrita, acedeu ao seu pedido e guardou os
mesmos na sua residência.
O arguido Brinca ao guardar aqueles bens na sua residência ajudou assim
Roni a dissimular os mesmos e a conservá-los na sua posse, apesar de saber que
tinham sido adquiridos de forma ilegítima.
Tais objectos vieram a ser apreendidos na residência do arguido José Brinca
no dia 15 de Novembro de 2007, na sequência de uma busca ali realizada.
O Ministério Público imputa-lhes a prática, respectivamente, ao Roni Monteiro
de um crime de burla p.e p. pelo 217º, n.º 1 do C.P. e ao arguido José Brinca de um
crime de auxilio material, p. e p. pelo artigo 232º, n.º 1 do C.P.
*
A acusação foi notificada ao arguido Brinca no dia 15 de Maio de 2009.
Apesar de ter efectuado todas as diligências o Ministério Público não
conseguiu notificar o arguido Roni para prestar declarações como arguido tendo o
processo prosseguido, pelo que só foi notificado em 20 de Junho de 2009.
*

a)
Sendo contactado pelo arguido Roni Monteiro no seu escritório, um dia depois
de este ter sido notificado da acusação, referiu-lhe aquele que na data em que o
Ministério Público lhe imputa os factos estava no Brasil a trabalhar com os seus
amigos José e Maria e, além disso não conhece qualquer indivíduo chamado Brinca,
pretendendo saber o que devia fazer em face destas circunstâncias.

Que informação dava ao seu cliente quanto a possíveis meios processuais de


reacção, e quais os prazos para a sua apresentação? (1,00 v)

b)
Para o caso vertente poder merecer uma resolução mais imediata, que peça
processual poderia ser elaborada e em que termos. (1,00 v)
c)
A Empresa XPTO vem agora manifestar-se no sentido de obter o ressarcimento dos
danos que lhe foram causados pelas condutas acima descritas. Suponha que não
tendo assumido a defesa de nenhum dos arguidos a empresa o(a) contacta para
saber da viabilidade desta pretensão. Que informações lhe prestaria em termos de
prazos e de trâmites processuais? Elabore a respectiva peça processual. (2,00 v)

II
Em processo comum, para julgamento perante Tribunal colectivo, o Ministério Público
deduziu acusação contra António, por factos ocorridos em 25 de Setembro de 2007 e
consubstanciadores de um crime de furto qualificado, p. e p. pelo 204º, n.º 1, alínea f)
do Código Penal. Após prestar termo de identidade e residência no âmbito daquele
processo, ausentou-se para parte incerta no Brasil.
O julgamento realizou-se sem a sua presença, tendo sido condenado em pena de três
anos de prisão efectiva. Regressado a Portugal em 22 de Junho de 2009 foi de
imediato preso por órgão de polícia criminal da área da sua residência, que o notificou
da sentença e conduziu ao estabelecimento prisional.
Poderia António ter sido preso da forma supra descrita? Elabore a peça processual
que se revele mais adequada. (1,50 v)

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