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FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE OURO FINO

LEITURA: UM MUNDO MÁGICO

ANA MARIA SAQUETTI BERNARDINELLI


DANIELA GATOLINI DE SOUZA
RENATA PINHEIRO DA SILVA

OURO FINO
2006
ANA MARIA SAQUETTI BERNARDINELLI
DANIELA GATOLINI DE SOUZA
RENATA PINHEIRO DA SILVA

LEITURA: UM MUNDO MÁGICO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no Curso de


Letras como requisito para a sua conclusão.
Letras: Ana Maria Saquetti Bernardinelli, Daniela Gatolini
de Souza e Renata Pinheiro da Silva.

Orientador: Prof.- Maria Ruth de Carvalho

OURO FINO
2006
DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO

Declaro para fins de avaliação de desempenho escolar, que as alunas Ana Maria Saquetti
Bernardinelli, Daniela Gatolini de Souza e Renata Pinheiro da Silva, apresentaram o Trabalho de
Conclusão de Curso intitulado LEITURA: UM MUNDO MÁGICO, para atender às exigências do
curso de Letras perante a banca examinadora na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ouro
Fino, composta pelos seguintes membros:

Profª. Maria Ruth de Carvalho - Orientadora


Prof. ____________________________________
Prof. ____________________________________

Diante disto, declaro que as referidas alunas obtiveram a nota __________


(_____________________________) e, tendo apresentado este trabalho foram ______________.

Ouro Fino, _____ de ________________ de 2006.

_______________________________________________
Profª. Maria Ruth de Carvalho – Orientadora
DEDICATÓRIAS

A minha filha Giulia, que me fez redescobrir a


felicidade simples. Companheirinha com quem
aprendo a cada dia a amar a vida, pela paciência
com minha ausência – nem sempre preenchida em
seu mundo de histórias e faz-de-conta – quando
justamente eu pensava e escrevia sobre historia,
leitura e educação. Ao Jaime, pelo significado de
sua presença em minha vida.

Daniela Gatolini de Souza


Ao meu filho Enzo, que soube entender minhas
ausências, reconhecer meu esforço. Ao meu marido
Paulo pela orientação e apoio. Aos meus pais que
foram minha primeira escola.

Ana Maria Saquetti Bernardinelli


Agradeço ao meu marido, Cido, que sempre apoiou
e compreendeu as minhas ausências enquanto eu
buscava realizar o sonho de me formar. Aos meus
pais, Antonio e Sônia e aos meus irmãos Ricardo e
Mariana, que sempre foram e são um alicerce, onde
busco toda a força necessária para trilhar esse
caminho, pois sei que eles estão comigo realizando
mais este sonho.

Renata Pinheiro da Silva


AGRADECIMENTOS

Aos nossos professores do Curso de Letras que, durante a graduação, tanto contribuíram para o
nosso crescimento intelectual e pessoal.

A Ruth, nossa orientadora com uma singularidade que lhe é própria – inspirou-nos a busca e
realização deste trabalho - nossa admiração.

As nossas famílias, pelo apoio, sugestões e incentivo.

Ao trio de amigas (Ana, Daniela e Renata) pela caminhada juntas, pelo apoio e pelas discussões
criticas que, em muito, enriqueceram a realização deste trabalho.
EPÍGRAFE

“Ensinar não é uma função vital, porque não tem o fim em si


mesma; a função vital é aprender.”
(Aristóteles)

SUMÁRIO
TOC \O "1-5" \H \Z \U HYPERLINK \L "_TOC152333297" INTRODUÇÃO
PAGEREF _TOC152333297 \H 11
HYPERLINK \L "_TOC152333298" CAPÍTULO I – LEITURA: UM MUNDO MÁGICO
PAGEREF _TOC152333298 \H 12
HYPERLINK \L "_TOC152333299" 1.1 A História da Leitura no Brasil PAGEREF
_TOC152333299 \H 12
HYPERLINK \L "_TOC152333300" 1.2 A Importância da Leitura Para Formação do Individuo
PAGEREF _TOC152333300 \H 13
HYPERLINK \L "_TOC152333301" 1.3 A Leitura Uma Perspectiva Social PAGEREF
_TOC152333301 \H 16
HYPERLINK \L "_TOC152333302" 1.3.1 Ler Textos para Entender o Mundo PAGEREF
_TOC152333302 \H 17
HYPERLINK \L "_TOC152333303" Capítulo II – O Professor e a questão da leitura PAGEREF
_TOC152333303 \H 19
HYPERLINK \L "_TOC152333304" 2.1 A Formação do Professor Leitor PAGEREF
_TOC152333304 \H 19
HYPERLINK \L "_TOC152333305" 2.2 O Ato de Ler Evolui Através do Professor PAGEREF
_TOC152333305 \H 20
HYPERLINK \L "_TOC152333306" 2.3 Processo de Ensino da Leitura PAGEREF
_TOC152333306 \H 21
HYPERLINK \L "_TOC152333307" 2.4 Decifrando a Leitura PAGEREF _TOC152333307 \H
23
HYPERLINK \L "_TOC152333308" 2.5 A Interdisciplinaridade da Leitura PAGEREF
_TOC152333308 \H 24
HYPERLINK \L "_TOC152333309" Capítulo III - Sugestões e atividades para o desenvolvimento
da leitura PAGEREF _TOC152333309 \H 26
HYPERLINK \L "_TOC152333310" 3.1 Biblioteca: Tesouro a Explorar PAGEREF
_TOC152333310 \H 26
HYPERLINK \L "_TOC152333311" 3.2 A Leitura e suas Interações PAGEREF
_TOC152333311 \H 27
HYPERLINK \L "_TOC152333312" 3.2.1 Ler por Prazer PAGEREF
_TOC152333312 \H 28
HYPERLINK \L "_TOC152333313" 3.2.2 Ler para Estudar PAGEREF
_TOC152333313 \H 29
HYPERLINK \L "_TOC152333314" 3.2.3 Ler para se Informar PAGEREF
_TOC152333314 \H 30
HYPERLINK \L "_TOC152333315" 3.3 Como o professor pode desenvolver o hábito da leitura em
seus alunos PAGEREF _TOC152333315 \H 30
HYPERLINK \L "_TOC152333316" 3.3.1 Organize um dia de leitura em sua escola
PAGEREF _TOC152333316 \H 31
HYPERLINK \L "_TOC152333317" 3.3.2 Mostre aos alunos como são amplas as
possibilidades de criação literária PAGEREF _TOC152333317 \H 31
HYPERLINK \L "_TOC152333318" 3.3.3 Projetos e atividades de leitura por prazer devem:
PAGEREF _TOC152333318 \H 32
HYPERLINK \L "_TOC152333319" CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS PAGEREF
_TOC152333319 \H 33
HYPERLINK \L "_TOC152333320" REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS PAGEREF
_TOC152333320 \H 34
HYPERLINK \L "_TOC152333321" ANEXOS PAGEREF _TOC152333321 \H 35
HYPERLINK \l "_Toc152333322" ANEXO 1: Depoimento de Ana Maria Saquetti Bernardinelli
PAGEREF _Toc152333322 \h 36
HYPERLINK \l "_Toc152333323" ANEXO 2: Depoimento de Daniela Gatolini de Souza
PAGEREF _Toc152333323 \h 37
HYPERLINK \l "_Toc152333324" ANEXO 3: Depoimento de Renata Pinheiro da Silva
PAGEREF _Toc152333324 \h 38
HYPERLINK \l "_Toc152333325" ANEXO 4: Apenas 35,5% dos municípios brasileiros têm
livraria. PAGEREF _Toc152333325 \h 39
HYPERLINK \l "_Toc152333326" ANEXO 5: Só uma em cada cinco cidades brasileira possui
biblioteca pública PAGEREF _Toc152333326 \h 40
INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo levantar algumas questões sobre a construção da leitura
e a formação de professores, buscando compreender não só os fatores que têm contribuído para a
desmotivação dos alunos quanto à leitura, como também verificar as possibilidades da escola garantir a
todos, indistintamente, o direito de se tornarem leitores e escritores com sucesso.
A reflexão teórica contida no trabalho, não é apenas fruto de estudos acadêmicos, é resultado de
uma atitude reflexiva sobre uma prática de incentivo à leitura – entendida em sua natureza interacional
e cognitiva – um leitor crítico e eclético torna-se cidadão e, por uma ética solidária, torna-se guardião
da cidadania dos outros.
Com este trabalho pretende-se mostrar que a leitura promove equilíbrio, razão e sensibilidade
que constituem o ser humano, e que harmonicamente, devem nortear as suas ações. Para tanto
baseamo-nos em pesquisas bibliográficas.
No primeiro capítulo fez-se um breve estudo da história da leitura, a vinda da família real para
o Brasil e a mudança da Real Biblioteca da Ajuda de Lisboa para o Rio de Janeiro, fato este marcante
para a formação da leitura no individuo dentro de uma perspectiva social, buscando assim o
entendimento do mundo através da leitura.
Tendo em vista o histórico estudado no primeiro capítulo, faz-se necessário uma análise da
formação do professor leitor, sua prática e evolução no incentivo à leitura, levando em conta que esta
deve ser tratada de maneira interdisciplinar.
Idéias, sugestões e atividades para o desenvolvimento da leitura serão apresentadas no capítulo
três, cujo enfoque mostrará a importância da biblioteca, as interações através da leitura e o papel que o
professor desempenha como motivador do hábito de ler.
CAPÍTULO I – LEITURA: UM MUNDO MÁGICO

A História da Leitura no Brasil

A história da leitura no Brasil é cheia de dificuldades, marcada pelo tipo de colonização que
aqui se desenvolveu. Em comparação com países do Primeiro Mundo, somos – e sempre fomos – um
país de poucos livros e poucos leitores.
Até o inicio do século XIX, Portugal proibiu a existência de imprensa e de tipografias na
colônia. Todo o material impresso vinha de Lisboa que antes de ser publicado, era submetido a
censores que proibiam os materiais considerados “subversivos”. Só a partir da mundança da família
real portuguesa para o Rio de Janeiro, em 1808, é que surgiram os primeiros livros impressos no Brasil,
vindos com a transferência da Biblioteca da Ajuda de Lisboa. A preocupação de trazê-la ao Brasil
relacionava-se com o propósito de formar um ambiente Europeu nos trópicos. Esta instituição
configurava-se enquanto um espaço de conservação da memória escrita, do mesmo modo, funcionava
como um elemento formador da identidade cultural do reino português. Assim, a sua transferência
tornava-se pertinente às novas instalações da colônia portuguesa.
A efetiva abertura da Real Biblioteca ao público ocorreu em 1814; embora desde 1811 os livros
que vinham sendo organizados já estivessem disponíveis ao publico, apesar de o acesso ao acervo ser
ainda restrito, permitindo-se a retirada de livros somente a estudiosos com licença régia. Ainda é válido
destacar que não existe pesquisa a cerca desta biblioteca sob a perspectiva dos leitores e das leituras por
eles realizadas.

A partir do final do século XIII o Feudalismo vai se transformando e ler não é mais um
privilégio de cléricos, nobres e universitários. Uma nova classe, burguesa, começa se delinear
mostrando, entre suas expectativas, o desejo ascende até o tesouro cultural dos livros. Cria-se
um novo publico que procura não só livros de uso escolar ou de especialidades profissionais,
mas também literários. Diante da demanda, outros caminhos se fazem necessários. É preciso
encontrar um novo suporte para escrever os textos, mas barato que o pergaminho. Ao mesmo
tempo, a necessidade de reprodução em maior quantidade estimula pesquisa que se iniciam,
voltadas para processos de reprodução não-manual. (MESSERANI, 1995, p. 35)
Durante anos, a escola brasileira não recebeu os filhos das classes mais populares, não esteve
interessada nem preparada para acolhê-los. Essa situação se prolongou até 1950.
Esses fatores explicam porque o brasileiro não tem o hábito de ler . E geram uma sucessão de
problemas interligados. Há poucos leitores, portanto, poucos compradores, o que encarece os livros,
desestimulando a compra. Como não tem contato com muitos livros, o leitor é pouco exigente em
relação ao que os editores lançam no mercado.
O gráfico em anexo mostra como as cidades brasileiras são carentes de livrarias e bibliotecas
públicas.
Mas, nesse cenário de dificuldade, destacam-se ações e movimentos em prol da leitura. Ao
longo de nossa historia, professores e professoras apontam as causas da insuficiência de leitura e de
escrita, propõem alternativas.

A Importância da Leitura Para Formação do Individuo

A reflexão sobre a importância da leitura para formação do indivíduo é de suma importância nos
dias de hoje. Nesta reflexão é primordial analisar os fatores que impedem apresentar caminhos de
renovação e qualificação. A leitura sempre teve um papel social de grande interferência na sociedade,
como pesquisa educacional e a evolução da leitura na sociedade diante dos problemas sociais, políticos
e econômicos. A leitura tem por finalidade levar outros mundos possíveis ao leitor, seja a literatura ou
as revistas e livros. Pode nos entreter ao mesmo tempo em que favorece a reflexão sobre a realidade ou
a fuga de dificuldade que enfrentamos em nosso cotidiano. Além disso, desperta sonhos, curiosidades e
ativa a criatividade.
Vista como um instrumento de poder, a leitura vem através dos tempos assumindo seu papel na
sociedade, que é o de contribuir como decodificadora de signos, embora vá além deste nível. FREIRE
(1983) comenta que "os signos são os próprios fatos, acontecimentos, situações reais ou imaginárias em
que os sons, paisagens, imagens tendem a melhorar a relação homem - meio – mundo."
A importância de trabalhar nesta investigação é por crer que o hábito de ler exerce uma grande
força num contexto social, político, econômico e cultural, uma nova perspectiva de vida e visão de
mundo. Colaborando com esse entendimento,
KLEIMAN (1989):"aborda a leitura de mundo através da atuação do conhecimento prévio,
essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto, mundo, que lhe
permite fazer as inferências necessárias para relacionar partes de um texto num todo coerente."
A realidade está aí para mostrar a problemática existente na sociedade quando PINHEIRO
(1988) afirma que "o desinteresse pela leitura é um grave problema, pois a falta de informação leva à
preguiça mental e conduz a humanidade ao caos social e cultural; infelizmente, nos meios acadêmicos
também." Ora, se o contingente universitário apresenta sérios problemas no que diz respeito à leitura,
linguagem, etc., sendo ele considerado parte da elite pensante do país, isso nada mais é do que o reflexo
de uma organização desestruturada em termos de formação de futuros leitores e incentivadores da
leitura.
A leitura, tomada como problema social se relacionada com "maus" leitores, raramente é vista
como leitura de prazer. Evidentemente, algumas perguntas surgem: é preciso ler? Por que? Para que?
Muitas respostas existem, como por exemplo: - para estudar; - para instruir - se; para ser alguém na
vida, enfim, uma série de respostas que têm como conseqüência à ação. Ação esta,
que proporcione vantagens, não uma ação que resulte em prazer; uma leitura comparada à alimentação
que nós saboreamos conforme nossa fome e nossa disposição momentânea, em que nós engolimos,
devoramos, mastigamos; "ler é pastar" , conforme BARTHES (1974).
Não deve-se omitir, quanto à afirmação de que as diferenças de nível econômico acarretam,
geralmente, diferenças de possibilidades educativas. Nesse sentido, a ação da leitura de prazer também
é afetada por essa diferença, pois o acesso a instrumentos culturais e o tempo de lazer não são
estimulados nem entendidos como lazer, hobby, etc., ou simplesmente ignorados como direito ou como
necessidade.
A leitura amplia os conhecimentos do ser humano. É através dela ou mesmo pelo hábito de ler
que o indivíduo habilita-se a exercer os conhecimentos culturalmente construídos e dessa forma escala
com maior facilidade os novos degraus do ensino, e em conseqüência atinge também sua realização
profissional.
O ato de ler é função primordial da escola, e é esta que possibilita o educando a ler o mundo, de
construir a sua própria história. Observa-se uma realidade a qual não existe outro caminho senão
investir na educação para todos sem discriminação, há necessidade de que se ultrapasse a estrutura
educacional atual. Para Regina Ziberman: Escola, na medida mesma em que trabalha com indivíduos
diferentes, com valores, crenças, hábitos lingüísticos e comportamentais diferentes, é também um
campo de batalha – luta de idéias e de linguagens, como expressão da luta de classes.
Colocada como base da educação, a leitura assume seu papel político democrático ou não,
dependendo do grupo social a que está submetida. Portanto se a escola pretende participar no processo
democrático do país deve estimular a leitura nas séries iniciais, partindo em primeiro lugar de uma
metodologia de ensino da leitura que fomente ao educando o prazer de ler, desenvolvendo o senso
crítico diante do que foi lido, relacionando com a realidade. Paulo Freire enfatiza: "A leitura do mundo
precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquele que o faz.
De alguma maneira, porém, deve-se ir mais longe e dizer que a leitura da palavra não é apenas
precedida pela leitura do mundo, mas por uma certa forma de "escrevê-lo" ou de "reescrevê-lo", quer
dizer, de transformá-lo através de nossa prática consciente."
A leitura constitui-se num instrumento de produção e reprodução. É esta um bem cultural onde
o ser humano se constrói como sujeito de sua própria história, interagindo no seu mundo ou na
sociedade em que vive. Assim a leitura propiciará a mudança almejada pela sociedade, porque privar-
se-á de seus obstáculos que impedem a popularização do livro.Pode-se reconhecer que a literatura é
um válido e precioso recurso para desenvolver na escola a democracia, esta necessita empenhar-se para
que a literatura faça parte efetiva em sala de aula. Ela desenvolve o respeito, atitudes de solidariedade,
sentimentos de valorização dos laços familiares, e auxiliam o aluno a satisfazer suas necessidades de
segurança, de natureza emocional, espiritual e intelectual. Através das histórias, nas mais variadas
situações resolvem seus problemas, inclusive como lutaram para superar perigos e ameaças. Elas
desenvolvem o senso crítico, o senso do humor e ampliam os conhecimentos, favorecendo as relações e
a vida em sociedade.
A preocupação quanto à formação estética deve estar presente desde o primeiro dia de aula e
acompanhar todo desenvolvimento das aptidões quer lingüísticas ou propriamente literárias. "O
caminho da arte não é um passeio domingueiro que leva os alunos até um formoso parque, mas, sim,
uma peregrinação de todos os dias".
A capacidade de perceber o belo, amar o belo tem de ser adquirida na convivência com o belo.
Daí, concluí-se pela necessidade de dar ao aluno muita literatura relacionada. Quem se habitua com as
boas leituras não aceita livros de trabalho mal acabado, sabe por de lado o joio. A orientação, durante o
período escolar, na escolha de bons livros, preserva o aluno na sua integridade estética e ética.
Constata-se hoje, diante das problemáticas sociais, econômicas e políticas, um verdadeiro duelo
elite/massa, ou seja, opressor/oprimido. Quando se aponta a falta de incentivo, a escassez no apoio e a
raridade do hábito da leitura são porque, detrás de uma "política caolha", existe uma política que
"domestica" e dificulta os homens quanto ao exercício da consciência e da razão.
É possível que ações isoladas possam dar resultados em curto prazo, mas seus resultados não
serão suficientes, pois ter mais bibliotecas, mais livros e tecnologias de ponta para organização de
documentos em diversas instituições, não é o suficiente, embora seja fundamental para
desenvolvimento cultural do país. Mas, o fundamental mesmo será fazer com que a população leia
mais, e faça da leitura um instrumento para que cada indivíduo empreenda a conquista da cidadania. Só
teremos resultados duradouros quando a leitura for um hábito que se reproduza naturalmente. Partindo
desse pressuposto pode-se assegurar que o nosso aluno sentirá interesse e ficará motivado à leitura.

A Leitura Uma Perspectiva Social

Abordar o tema leitura, sob o aspecto de uma compreensão critica do ato de ler, consiste em
uma tarefa que envolve todo processo pelo qual devemos compreender que o desenvolvimento da
importância do ato de ler deva ser uma prática pedagógica. Abordar o tema leitura sobre o aspecto de
uma compreensão crítica do ato de ler consiste:

Falar sobre esse assunto é algo bastante complexo, já que a leitura é fundamental na vida das
pessoas, pois é somente através da leitura que nós conhecemos outras realidades, outros pontos
de vista e diversidade cultural,,através da leitura é que você cria outros pensamentos, ou seja,
reconstrói e produz a partir de algo que você deu outras idéias. "A leitura do mundo precede a
leitura da palavra, daí que a posteriori leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele". (FREIRE, 1997).
Entretanto, a compreensão do texto vai depender do contexto em que está inserido o leitor, pois
é a partir daí que o leitor vai poder formular seus questionamentos e, afirmar uma construção de novas
idéias baseadas em realidade coerente e de experiências adquiridas.
A importância do ato de ler contribui para a conscientização política que está muito ligado a
leitura não só de "textos" escritos, mas a leitura da realidade em que o rodeia, ou seja, tudo que faz
parte da sua convivência do seu dia a dia está inserida no contexto da leitura desde sua própria casa, seu
desenvolvimento desde a infância até chegar à vida adulta, relembrado momentos essenciais da vida da
infância e da adolescência. Enquanto isso não ocorre, não é motivo para nós nos sentirmos
desestimulados, por que se formos descobrir as causas por que os alunos não gostam de ler muitas
vezes estes deparam-se com uma leitura altamente filosófica que requer de certa forma um grande
esforço para que o mesmo possa compreender as idéias contidas naquele texto e manifestar um certo
desinteresse.
Mas o que se percebe é que atualmente existe um grande avanço em relação à leitura por que
antes os alunos tinham que memorizar mecanicamente e não procurar produzir o novo a partir do
velho, mas aprender a sua significação profunda, porque memorizar mecanicamente revela uma visão
mágica da palavra escrita. "Visão que urge ser superada". A mesma, ainda representa desde outro
ângulo, que se encontra, por exemplo, em quem escreve.

Ler Textos para Entender o Mundo

Se a chamada leitura do mundo se aprende por aí, na tal escola da vida, a leitura de livros carece
de aprendizado mais regular que geralmente acontece na escola.Mas leitura, quer do mundo, quer de
livros, só se aprende e se vivencia de forma plena coletivamente, em troca contínua de experiências
com os outros. É nesse intercambio de leituras que se refinam, reajustam e redimensionam hipóteses de
significado ampliando constantemente a nossa compreensão dos outros, do mundo e de nós mesmos.
Por isso, a escola é direito de todos e dever do estado: uma escola competente, como precisam ser os
leitores que ela precisa formar.
No entanto, aprender a ler o mundo (adquirir a “inteligência do mundo”, nas palavras de Paulo
Freire) significa conhecer estes valores e estas idéias. Significa, também, pensar sobre eles,
desenvolvendo uma posição crítica e própria.
Aprende-se a ler a realidade em um cotidiano social. Os alunos, identificam atitudes agressivas,
diferenciando-as das receptivas. A convivência social leva os alunos a perceber quais lugares devem
freqüentar, quais comportamentos devem adotar ou evitar em situações determinadas. Adquirindo
nossa cultura aprendemos a ler nosso grupo social, interiorizando os pequenos rituais estabelecidos
para as relações sociais. Aprendemos também que somos permanentemente “lidos”, o que nos leva a
utilizar nosso comportamento como uma forma de linguagem, capaz de agradar, despertar simpatia,
agredir, demonstrar indiferença.
Esse aprendizado social inclui também formas de pensar a realidade. Aprende-se a pensar, por
exemplo, que é necessário adquirir conhecimentos técnicos e científicos que permitam ingressar no
mercado de trabalho de forma vantajosa. Aprende-se a ver na infância e na adolescência períodos
destinados principalmente à preparação da vida adulta. Assimila-se muitos outros valores sociais, que
criam hábitos de consumo e posições perante o mundo. A vida social, dessa forma, não se limita a
ensinar a ler a realidade, mas chega ao ponto de orientar esta leitura num sentido mais ou menos
permanente. Serão levados a adotar determinadas expectativas – e a satisfação dessas expectativas é
vista com forma de felicidade.
O mundo social é permanentemente leitor e leitora de seus indivíduos. A cultura transfere
conhecimentos sobre a realidade e formas de pensar essa mesma realidade. Aprender a ler o mundo é
apropriar-se desses valores de nossa cultura. É, também, submetê-los a um processo de
questionamento, do qual participa a capacidade de duvidar. Esse exercício da dúvida é sempre
benéfico, pois oferece condições de superar as leituras mais imediatas da realidade, atingindo releituras
importantes para quem se preocupa com a saúde social e física do ser humano.
CAPÍTULO II – O PROFESSOR E A QUESTÃO DA LEITURA

A Formação do Professor Leitor

Conforme Rösing (1996), as declarações ouvidas de professores, acerca do ato de ler, não
revelam a existência do hábito de leitura: nota-se a existência de uma formalidade na relação entre
profissionais e o livro enquanto objeto. Não percebe-se, por exemplo, no discurso do professor,
manifestações reveladoras de um contato íntimo e rotineiro entre ele e o livro, pois o seu discurso não
apresenta marcas que identifiquem esse contato. A leitura, na prática docente, é , por sua vez, orientada
por pressuposições justapostas. Num suposto ato de ler, o professor, provável leitor, estimula o aluno
ler, pressupondo que este já seja um leitor. Ocorre uma leitura que não é leitura, e, sim, uma mera
decodificação dos referenciais de cada interlocutor, das marcas contextuais, das relações intertextuais,
entre outros aspectos.
Tendo em vista essa dificuldade percebe-se a necessidade de se efetivarem estudos a respeito
dos fundamentos teóricos da leitura, porquanto a formação de professores, realizada no ensino superior,
no âmbito das licenciaturas. Se a reflexão teórica do ato de ler for efetivada, seus resultados forem
apreendidos e aplicados pelos educadores pode-se obter bons resultados.
Diante dessa situação a revalorização da leitura só será conseguida através de uma revolução
profunda de mentalidade e de procedimentos do professor. A crítica na área educacional deve abrir
caminhos para o anúncio e a estruturação de projetos de mudança, cabe ao futuro professor a tarefa de
refletir, já, sobre a sua história como leitor, identificando possíveis lacunas ou carências. Em seguida
deve lutar pela conquista de condições para a produção de leitura. Transformando-se num bom leitor
pelo testemunho, pelo exemplo e pela competência, poderá orientar condignamente a leitura junto aos
seus futuros alunos. Essa atitude deverá desenvolver no professor a preocupação pelo gosto da leitura e
revelar uma ligação de afeto com o objeto livro e com o universo nele contido.
O Ato de Ler Evolui Através do Professor

Recuperar o significado da leitura, não é tarefa das mais fáceis, pois envolve toda uma história
de alienação e falta de consciência por parte dos professores, pois os mesmos devem ter consciência de
que estar em contato com a leitura é abrir-se para novos horizontes. Saber ler significa possuir
elementos para pensar sobre a realidade e sobre as condições de vida. Os professores devem ter
consciência de que a leitura é um instrumento que serve ao desenvolvimento da plenitude do homem e
não como uma arma de dominação. O aluno precisa aprender a confiar no professor, que lhe aponta
caminhos e, assim, perceber um continente de idéias, de valores, de crenças que lhes permitam ser,
pensar e viver melhor. A prática da leitura tem se desenvolvido no âmbito escolar, limitada a exercícios
ou técnicas que nem sempre acompanham as mudanças sociais.
A leitura deve ser constante. O aluno deve ler muito, analisando o que está lendo, procurando
descobrir o sentido das palavras, enriquecendo seu vocabulário e compreendendo mais facilmente
outras leituras.

Cabe então ao professor oportunizar condições concretas para que os seus alunos leiam
significativamente, (e não mecanicamente), procurando destacar e registrar, para efeito de
discussão e debate, aquelas idéias que lhes parecem relevantes para o avanço no conhecimento
de determinado assunto.
Por outro lado, é importante lembrar que as interpretações de um texto não obedecem a um
processo de convergências, mesmo porque as experiências dos alunos são diferenciadas e, por
isso mesmo, cabe ao professor instigar o conflito das interpretações junto ao grupo de alunos à
medida que reside a maior riqueza da leitura”. (EZEQUIEL, 1991, p.108).

Desta forma, professores e alunos devem trabalhar juntos, com o objetivo de formar leitores
críticos. Todo bom leitor é bom aprendiz, esse fato é importante para o êxito na vida do indivíduo,
assim, os professores precisam estar preparados para adaptações às novas circunstâncias. Tal
preparação consiste no fato dos professores participarem de cursos, atualizarem-se para desempenhar
melhor o papel de professor e formador de opiniões e personalidades. Os professores devem saber
sobre a responsabilidade que têm em motivar seus alunos para o hábito de ler, assim eles devem levar
em conta de que leitores iniciantes, independente da idade, poderão ficar desencorajados se a leitura
não fizer parte de seu ambiente cultural ou então não encontrarem ao seu alcance, livros afinados com
seus gostos. Desta forma, desde o pré-escolar, os alunos devem estar em contato permanente com os
livros para se habituarem a ler constantemente. O contato com o conteúdo do texto deve progredir, á
medida que progredir a concepção da leitura, avançando da compreensão de palavras para a leitura
interpretativa, informativa e crítica, pois a leitura é um dos meios mais eficazes de desenvolvimento
sistemático da linguagem e da personalidade.
Assim, o hábito da leitura significa, igualmente, o de desenvolver as potencialidades intelectuais
e espirituais, o de aprender a progredir. Os professores devem trabalhar a leitura com a finalidade de
formar leitores competentes. Essa atitude terá como conseqüência a formação de bons escritores, pois
produzir bons textos depende muito do hábito da leitura. É imprescindível que o professor também
possua o hábito de ler, pois ninguém pode dar alguma coisa a alguém o que não possui, é difícil fazer
com que o aluno acredite em algo que não é vivenciado pelo professor. O professor que lê, com certeza
terá maiores subsídios para trabalhar com o aluno.

“Está claro que a personalidade do professor e, particularmente, seus hábitos de leitura são
importantíssimos para desenvolver os interesses e hábitos de leitura nos alunos; sua própria
educação também contribui de forma essencial para a influência que ele exerce”.
(BAMBERGER, 1995:75).

2.3 Processo de Ensino da Leitura

De acordo com o Seminário de Pesquisa e Graduação (2006), o processo de ensino e


aprendizagem é efetivado pelos professores como atividade burocrática que, num tempo limitado, tenta
prender o aluno num universo de abstração. As aulas são ministradas em intervalos curtos de tempo e
divididas de forma aleatória, de acordo com a conveniência e disponibilidade dos professores. Não há
um projeto efetivo que consolide no mundo, e principalmente no nosso pais, o ensino interdisciplinar,
no qual o aluno não veja com desdém as matérias ministradas por colocá-lo num universo ao qual ele
não pertence.
A base para o insucesso dos planos de ensino no país deve-se, sobretudo, ao distanciamento
entre os interlocutores nos redutos escolares: há um abismo grande entre professores e alunos no que
concerne a linguagem e à comunicação. O professor, a quem caberia incitar os alunos a buscar os
conhecimentos que lhes convém por meio de leituras e orientá-los nessa empreitada, subestima sua
competência e apresenta-os a conhecimentos prévios prontos, sem necessidade qualquer de observação
e crítica.
Seria de suma importância levar aos alunos uma nova proposta de ensino que lhes permita
interagir e serem agentes de seus aprendizados. Não há utilidade em levar a ciência, a história, e o
domínio da língua padrão aos alunos se não houver maneiras de lhes proporcionar a produção cientifica
e o retrato do seu tempo por meio de uma linguagem apropriada. O aluno não deve sair do ensino
médio sem tomar conhecimento das múltiplas oportunidades que tem e, para que isso aconteça, será
necessário colocá-lo defronte, inicialmente, à leitura.
Ainda, segundo o Seminário, a leitura nos estabelecimentos de ensino, não deve vincular-se
única e tão somente às aulas de língua materna ou língua estrangeira. Para tanto é imprescindível que a
leitura não seja tomada como obrigação da maioria e prazer da minoria; logo, deve-se desmistificar a
concepção de que leitura é, sempre, veiculo de ordem ou persuasão e torná-la fonte de qualquer
aprendizado. O gosto pela leitura será aprimorado se ao aluno chegarem leituras que já lhe toquem os
gostos.
É fácil observar que os alunos aprendem com certa facilidade a decodificar palavras e, logo, a
“ler” frases. Relacionar a palavra como o que há de concreto no mundo não é difícil e deixa o aluno
com a sensação de proximidade com aqueles e aquilo que os cerca. Contudo, boa parte desses alunos
que decodificam palavras não sai do ensino primário apta a decodificar idéias, por mais simples que
sejam. A escola forma, hoje, leitores ineficientes que não lêem porque não entendem ou porque
entendem simplesmente o que está exposto nas páginas da forma como está.
Acredita-se que a eficiência da leitura não deva ignorar termos, palavras ou expressões que
apareçam nos textos. Levantar vários pontos pertinentes aumenta significativamente a chance de que o
texto lido toque o aluno ou lhe prenda a atenção.
O professor de língua portuguesa não deve se prender à idéia de que lhe assiste o dever de
ensinar a norma culta, de enumerar tópicos que aprimorem a produção de textos ou de fazer uma
análise dos aspectos construtivos de um texto. As variantes culturais devem integrar a escola para que
esta perpetue as culturas de modo que os alunos não desdenhem das que não lhes são familiares. Ao
educador que tratar especificamente a língua cabe o dever e o direito de levar os discentes materiais de
discussão que lhes permitam observar para refletir, discutir e contatar conhecimentos novos e, tão logo,
produzir.
Assim a escola deve ser espaço de observação, seguida da reflexão, deve permitir ligações entre
conhecimentos variados, tudo o que é produto de reflexão é matéria de discussão, e toda discussão
forma indivíduos únicos que produzem conhecimentos únicos.

Decifrando a Leitura

A leitura que se faz de qualquer texto é sensorial. O leitor, ao tomar em suas mãos uma
publicação, trata-a como um objeto em si, observando-a, apalpando-a, avaliando seu aspecto físico e a
sensação tátil que desperta. Essa atitude é um elemento importante do nosso relacionamento com a
realidade escrita.
A leitura sensorial do texto escrito é uma primeira etapa do nosso processo de decodificação. A
ela, costuma-se seguir a chamada leitura emocional. É quando passa-se ao conhecimento do texto
propriamente dito, percorrendo as páginas e travando contato com o “conteúdo”. A leitura então nos
produz emoções: a historia pode ser emocionante ou tediosa, o artigo ou matéria pode fazer rir ou
irritar, os poemas podem ser fáceis de ler e agradáveis ou complicados e aborrecidos. Normalmente, a
leitura emocional conduz a apreciações do tipo “ Gostei” / “Não gostei”, sem maiores pretensões
analíticas: é uma experiência descompromissada, da qual participa nosso gosto e a nossa formação.
A leitura emocional costuma ser criticada, sendo muitas vezes chamada de superficial e
alienante. Essa avaliação tem muito de racionalismo e nem sempre é verdadeira. Quando optamos por
ler um romance de ficção cientifica, por exemplo, por “pura distração”, podemos entrar num universo
cujas relações nos apresentam uma realidade diferente da nossa, capaz de nos conduzir sem grandes
floreios intelectuais, a pensar sobre nosso mundo. O mesmo pode acontecer com revistas em
quadrinhos e outros textos considerados “ menos nobres”. Isso não significa, no entanto, que não
existam publicações que realmente invistam na nossa vontade de “ descansar a cabeça”, oferecendo-nos
um elenco de informações e idéias que reforçam os valores sociais dominantes. Isso também é relativo,
pois há quem defenda esses valores...
A leitura sensorial e a emocional fornecem subsídios importantes para a realização de um
terceiro tipos de leitura: a intelectual. Essa leitura não deve ser vista como uma forma esterilizante de
abordar os textos, reduzindo-os a feixes de conceitos incapazes de despertar qualquer prazer. Ela
começa por um processo de analise que procura detectar a organização do texto, percebendo como ele
constitui uma unidade e como as partes se relacionam para formar essa unidade, é muito importante
para facilitar sua compreensão dos mecanismos de funcionamento da língua escrita. E esse trabalho
pode despertar muito prazer intelectual.
A leitura intelectual não se limita a analisar estruturalmente os textos. Na realidade, o que a
fundamenta é a consciência permanente de que todo o texto é um ato de comunicação, respondendo,
portanto, a um projeto de quem o produz. Em outras palavras: a leitura intelectual quando o leitor
nunca perde de vista o foto de que aquilo que está lendo foi escrito por alguém que tinha propósitos
determinados ao fazê-lo. Procurar detectar esses propósitos juntamente com a informação transmitida e
com a estruturação do texto é fazer uma leitura intelectual satisfatória.
Essa proposta de leitura intelectual se refere principalmente a textos informativos, como os que
encontramos em jornais, revistas, livros técnicos, livros didáticos. São textos que oferecem como fonte
de informações, mas que requerem uma abordagem critica permanente, pois apresentam sempre traços
que indicam as intenções de quem escreve e publica. Também os textos publicitários devem ser
incluídos nesse grupo, bem como aqueles escritos para apresentação oral (rádio) ou áudio-visual
(televisão). A leitura intelectual implica uma atitude critica, voltada não só para a compreensão do
“conteúdo” do texto, mas principalmente ligada a investigação dos procedimentos de quem o produziu.

A Interdisciplinaridade da Leitura

Trabalhar redação e leitura é também tarefa de todos os professores, não só dos que lecionam
Língua Portuguesa. A capacidade de entender e produzir textos é fundamental em qualquer disciplina.
Cada área tem textos com características especificas e cabe aos professores de cada disciplina cuidar da
correção dos termos e vocabulário próprio, não dá para deixar tudo por conta do professor de Língua
Portuguesa.
É comum o professor de Matemática propor problema às crianças e perceber que muitas teriam
conhecimento para solucioná-lo, mas não conseguem chegar lá porque não entendem o enunciado.A
atividade com textos nas aulas de Matemática envolve outros desafios, como a relação entre duas
linguagens diferentes – as palavras e os símbolos matemáticos. Só o professor da área pode trabalhar
satisfatoriamente a combinação de linguagens presente na resolução de problemas. Para solucioná-los,
pede-se ao aluno que traduza uma situação inicialmente descrita em palavras para uma forma mais
abstrata, composta de números e sinais.
Isso leva o aluno a desenvolver habilidades de raciocínio e representação, que ele poderá usar
em outras situações, cada vez mais complexas. Resolver uma questão matemática com desenhos pode
ser um bom começo para que os alunos sintam à vontade no transito entre as duas linguagens.
O estudo de texto nas aulas de Língua Portuguesa costuma se restringir a narrativas de ficção,
relatos pessoais (como cartas) ou, no máximo, noticias tiradas da imprensa. Para o estudante, isso não é
suficiente, porque há muitos outros tipos de texto que ele precisa compreender.
Os textos de ciências humanas têm outras características peculiares, como revelar a ideologia do
autor e expor visões diferentes sobre o tema. Se os alunos forem acostumados a ler vários modelos de
texto, vão desenvolver espírito critico para perceber essas nuances. Em pouco tempo saberão expor as
próprias idéias por escrito, com argumentos destinados a convencer o leitor.
Todo professor, independente da área que atua, pode e deve estimular o gosto pela leitura, fazer
perguntas e discutir o que foi lido, avaliar o aprendizado por escrito, mostrar a importância do
vocabulário especifico, incentivar a clareza ao escrever, treinar a habilidade de organizar idéias.
CAPÍTULO III - SUGESTÕES E ATIVIDADES PARA O DESENVOLVIMENTO DA
LEITURA

3.1 Biblioteca: Tesouro a Explorar

Há um tesouro na escola. Ao alcance de todos, é capaz de operar pequenos milagres em quem


se apossa dele. Ele aumenta à medida que transfere sua riqueza (o conhecimento) para um numero cada
vez maior de professores e alunos. Por isso é preciso descobri-lo, torná-lo parte da vida de todos,
melhorá-lo constantemente os ganhos são visíveis.
Um cruzamento de dados realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
com base nos resultados de 300mil estudantes no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica
(Saeb) revela um desempenho quase 20% superior nos colégios em que mais de 75% dos alunos
manipulam e lêem regularmente as obras das estantes. “Existe uma clara correlação entre a existência e
o uso da biblioteca e notas melhores, principalmente em Língua Portuguesa”, afirma Carlos Henrique
Araújo, diretor de Avaliação do Ministério da Educação.
Infelizmente ainda se contam aos milhares de “ilhas sem tesouro” em nosso país. Das mais de
172 mil escolas de Ensino Fundamental, apenas 46 mil contam com biblioteca ou sala de leitura. O
quadro melhora no Ensino Médio, com 81% das unidades aparelhadas. Alem disso, muitas crianças
brasileiras nascem em lares com pouco material escrito. Um em cada quatro alunos de 4a série, segundo
o Saeb de 2001, não tem nenhum livro em casa. Daí a importância da biblioteca – e do professor, que é
o primeiro “leitor” da vida desses alunos.
Existem varias sugestões simples que ajudam a construir o hábito de leitura e reforçam o papel
da biblioteca escolar entre os estudantes: os livros devem estar sempre ao alcance dos alunos para que
estes visualizem a capa, manuseiem, fator importante para a escolha do livro; é essencial fazer novas
aquisições, repor e recuperar volumes danificados; incentivar os alunos a levar os livros para ler em
casa; a biblioteca fica mais rica quando o aluno se sente parte dela, coloque na estante livros
produzidos em classe, monte um painel com resenhas, entrevistas e textos dos alunos; boa infra-
estrutura é essencial, dedique atenção especial à iluminação da sala; ensine os alunos a localizar o que
procuram, dando-lhes autonomia, mostre que a biblioteca é parte do dia-a-dia.

3.2 A Leitura e suas Interações

Entende-se por leitura um processo de construção de sentido: ler é interagir com o autor,
procurar e produzir sentidos, vivenciar experiências. É ser competente para compreender e decifrar a
realidade.
Formar leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a
ler o que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabeleça relações entre o texto que
lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consiga
justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursos.
Portanto ler é, não só uma das maiores experiências da vida escolar, mas uma vivência única
para todo ser humano. Ao dominar a leitura abrimos a possibilidade de adquirir conhecimentos,
desenvolver raciocínios, participar ativamente da vida social, alargar a visão de mundo, do outro e de si
mesmo.
Atitudes como gostar de ler e interessar-se pela leitura e pelos livros são constituídas, para
algumas pessoas, no espaço familiar e em outras esferas de convivência em que a escrita circula. Mas,
para outros, é, sobretudo na escola que este gosto pode ser incentivado. Para isso é importante que o
aluno perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário.
Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do que a capacidade de ler, o
gosto e o compromisso com a leitura – a escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender ler (e
também ler para aprender) requer esforço. Precisará mostrar a eles que a leitura é algo interessante e
desafiador, algo que, conquistado plenamente, dará autonomia e independência. Precisará torná-los
confiantes, condição para poderem se desafiar a "aprender fazendo". Uma prática de leitura que não
desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática pedagógica eficiente.
A leitura não é a fala escrita, mas um processo de amadurecimento de habilidades lingüísticas
que em parte se difere da fala, mas consideremos que a leitura é a realização do objetivo da escrita.
Quem escreve, escreve para ser lido. Às vezes, ler é um processo de descoberta, como a busca do saber
científico; outras vezes requer um trabalho paciente, perseverante, desafiador e minucioso.
Neste sentido pode-se dizer que a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho
ativo de construção do significado do texto, a partir de seus objetivos, do seu conhecimento sobre o
assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do
sistema de escrita, etc.
Diante do exposto, pode-se perceber que a leitura exercitada corretamente possui vasta função
social na medida em que é parte fundamental para uma consciência crítica, que tem como fruto a
formação intelectual de homens críticos e formadores de opinião, participativos no processo de
evolução social.

Ler por Prazer

Alguns navegam no prazer da leitura, vivem as mais fantásticas aventuras, experiências,


transpiram ao ler um livro de suspense, ou choram ao ler um romance, se deixam levar pelas linhas
escritas, são esses os motivos emocionais, pois é necessário que o leitor tenha esse nível emocional,
muitas vezes a leitura se torna insuportável, um verdadeiro exercício de angústia, pode ser que o
próprio leitor tenha obtido uma rejeição, isso acontece devido fatores externos que ocorrem no nosso
dia a dia.
Magia, fantasia e imaginação são apenas alguns dos elementos presentes nos momentos de
leitura , porém, as escolas formam tão poucos leitores e o gosto pelos livros é uma raridade em nosso
país..
Todos os estudos apontam que o vilão da história é a mistura da literatura com atividades
didáticas. Os estudantes não gostam quando precisam fazer resumos ou preencher fichas após a leitura
de um romance ou conto. Afinal, se o negócio é ler por prazer, não há sentido em exigir tarefas que não
têm nenhuma relação com isso. O correto é apenas trocar idéias e privilegiar a construção de sentido
dos textos, estabelecendo relações com a realidade dos alunos.
Acredita-se que as aulas de literatura deveriam conter apenas textos literários, porem, muitos
professores organizam o currículo com base na ordem cronológica e histórica dos movimentos
literários. Discutem problemas e conflitos sociais presentes nas obras, debatem a biografia dos autores
e lêem muito pouco. Vale a máxima que só vendemos o que acreditamos.
Há cerca de 20 anos, vem se difundindo o ensino da Literatura pelo estudo dos diferentes
gêneros. Hoje, outros caminhos são mais explorados, como a criação de seqüências de leitura para
conhecer o universo de um autor, diferentes versões de uma mesma obra ou a exploração de uma
temática literária.
O principal objetivo de qualquer atividade ou projeto de leitura por prazer é justamente
desenvolver esse comportamento leitor: fazer com que os alunos se tornem leitores autônomos e
busquem nos livros, o prazer de viajar em suas páginas.

Ler para Estudar

De todos os comportamentos leitores, o de ler para estudar é certamente o mais cobrado pelos
professores desde os primeiros anos do Ensino Fundamental – ainda que muitos não saibam como
ensiná-lo a seus alunos. Sem dúvida, aprender a ler textos informativos, artigos científicos, ensaios e
livros didáticos ou para didáticos é uma habilidade fundamental para toda a vida, dentro e fora da
escola.
O aluno que ao final do Ensino Fundamental, não consegue compreender corretamente essas
informações acaba se convencendo de que não é bom e, muitas vezes, desiste definitivamente dos
estudos.
Orientar a leitura desses textos é mais difícil, porque o próprio material de estudo é pouco
atraente: muitas letras, poucas ilustrações, um conjunto de idéias que precisam fazer sentido. O ritmo
de trabalho é, necessariamente, mais lento, para alcançar o objetivo de localizar informações sobre um
assunto especifico e reler trechos difíceis. Entender isso é essencial para criar situações didáticas
coerentes com a realidade. Aqui, sim, faz todo sentido pedir resumos, esquemas e sínteses para facilitar
o entendimento. O foco não deve ser apenas a avaliação, mas principalmente o registro, pois, ao
escrever e esquematizar, reelaborar-se o que foi lido. E isso é estudar.

Ler para se Informar

A leitura descontraída e dinâmica repete o que ocorre do lado de fora da escola. E é assim que
deveria ser sempre. Só lendo , o aluno será capaz de entender a linguagem rápida e concisa –
acompanhada de símbolos, gráficos, fotografias e ilustrações – do texto da imprensa.
Essa pratica aproxima os alunos do mundo cotidiano – distante das metáforas e “viagens” da
literatura – e ajuda a formar leitores assíduos e interessados pelos fatos reais.
Jornais e revistas cumprem a função básica de produtores de conhecimento. Como a informação é a
matéria-prima do trabalho escolar, não há como falar em educação sem ler essas publicações todo dia.
Nenhuma leitura dá tanta oportunidade de desenvolver o senso crítico. Há uma distância enorme
entre o que acontece dentro e fora da escola. A exploração do texto jornalístico contribui para
aproximar essas realidades, ajudando formar jovens mais críticos e com opiniões próprias, capazes de
brigar por seus direitos.
Nesse processo de aprendizagem, cabe ao professor provocar, instigar a curiosidade, fazer
relações com outros textos e utilizar as reportagens para a construção do saber. Informação aliada ao
trabalho docente é conhecimento. Nessas condições, o ensino deixa de ser abstrato – e também a
relação entre diferentes disciplinas fica facilitada. O texto jornalístico e assunto para todo dia e para
toda conversa.

Como o professor pode desenvolver o hábito da leitura em seus alunos

Não se formam bons leitores se eles não têm um contato intimo com os textos. Há inúmeras
maneiras de fazer isso: os alunos podem ler em silêncio, ou em voz alta, em grupo ou em
individualmente, ou o professor lê um texto para turma. Tais possibilidades devem ser escolhidas de
acordo com a atividade que está sendo desenvolvida em classe incentivando a leitura diária.
Em muitas escolas a Língua Portuguesa ainda é ensinada de maneira formal, sem entusiasmo.
Esse tipo de ensino não atende mais às necessidades da sociedade. Cada vez mais o aluno terá de
compreender e escrever textos diferenciados, claros e criativos. Textos diversificados estão por toda
parte: jornais, folhetos de propaganda, revistas, embalagens de produtos alimentícios trazem pequenos
textos repletos de informações. O importante é que o material escrito apresentado aos alunos seja
interessante e desperte curiosidade. Textos literários e poesias também devem ser usados.

Organize um dia de leitura em sua escola

Convide os pais de seus alunos e pessoas da comunidade. Combine com algumas pessoas para
que contem suas historias de leitura, isto é, como foram que aprenderam a ler que adultos as ajudaram
nesta aprendizagem, o que as levou a gostarem de ler, de que leituras gostaram mais, que novas leituras
gostariam de fazer (entrevista). Um grupo de alunos pode também “inventar” e contar ou encenar para
todos uma situação de iniciação à leitura. É importante que o professor fale de suas experiências
pessoais de leitura. Para concluir a atividade organize um livro com as historias, entrevistas e
depoimentos coletados durante o trabalho realizado.

Mostre aos alunos como são amplas as possibilidades de criação literária

Criar um ambiente descontraído e afetivo na sala de aula e diga aos alunos que será lida ou
contada uma historia muito interessante. Comece então a ler ou contar uma historia, de preferência com
muita ação, e quando todos estiverem bem interessados, depois de já ter lido ou contado um bom
trecho, interrompa e proponha que cada aluno vá dando continuidade a historia.

Projetos e atividades de leitura por prazer devem:

- Ser um convite à imaginação.


- Desenvolver a escuta atenta.
- Prever situações de leitura em voz alta pelo professor e pelos alunos.
- Ter como foco a leitura de textos literários.
- Quando for pertinente envolver outras linguagens, como musica, pintura e cinema.
- No caso de livros longos, promover a leitura do texto em capítulos (ou partes), interrompida por
desafios para os alunos.
- Propor a leitura individual para estimular preferências e formar leitores autônomos.
CAPÍTULO IV - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se concluir, com base na análise desse tema, que a Leitura permite sonhar, enfrentar
medos, vencer angustias, desenvolver a imaginação, conhecer outras civilizações – dando acesso a uma
parte da herança cultural, pois é nos escritos que se desvendam outras culturas. O professor deve ser o
agente estimulador, cabe a escola dar o exemplo e despertar a curiosidade dos alunos. E é por isso que
ler, seja talvez a coisa mais importante que a escola tem a ensinar.
A pesquisa realizada surgiu da necessidade de uma maior compreensão sobre o trabalho dos
professores com relação à leitura , visto que um grande número de alunos apresenta dificuldades e falta
de interesse, demonstrando não ter consolidadas as competências e habilidades de leitura.
Consideramos esse tema relevante, pois a investigação aprofundada pôde contribuir para
entendermos melhor, as competências e habilidades de leitura não consolidadas pelos alunos, na
medida em que forneceu elementos essenciais para analisá-lo e, diante de uma determinada realidade,
criou-se a possibilidade de ir além das aparências para maior compreensão do problema, isto é, da
teoria para a prática.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARTHES, Roland. O prazer do texto – ed. 70 - Lisboa: Coleção Signos 5, 1974.

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e lingüística. Ed. 6 – São Paulo: Scipione, 1993

CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização sem o ba, be, bi, bo, bu – São Paulo: Scipione, 1993

FOUCAMBERT, Jean. A leitura em questão – Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. ed. 5 – São Paulo:
Associados Cortez, 1984.

FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade – ed. 11 – Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra,
1980.

INFANTE, Ulisses. Do texto ao texto: curso prático de leitura e redação – São Paulo: Scipione,
1998.

JOLIBERT, Josette. Formando crianças leitoras – Porto Alegre: Artmed, 1994.

KLEIMAN, Ângela. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura – Campinas: Pontes, 2000.

MORAIS, Antônio M. P. – Distúrbios da aprendizagem: uma abordagem pisicopedagógica. Ed. 7


– São Paulo: Edicon, 1997.

OLIVEIRA, Alaíde Lisboa. Ensino de língua e literatura – Rio de Janeiro: Cátedra, 1980.

PINHEIRO, Edna Gomes. A renovação da biblioteca através do marketing – Revista Comunicação


Social. Fortaleza: v.18, n.1, p.23-42, jan/jun, 1988.

RÖSING, Tânia M.K. A formação do professor e a questão da leitura – Passo Fundo: Ediupf. 1996.

Seminário de Pesquisas da Graduação do Instituto de Estudo da Linguagem da Universidade Estadual


de Campinas. Língua, literatura e ensino – Campinas, SP: Unicamp, Publicações IEL, 2006.

ZIBERMAN, Regina ett alii. Leitura em crise na escola: as alternativas do professor – Porto algre:
Mercado Aberto, 1982.

ANEXOS
ANEXO 1: Depoimento de Ana Maria Saquetti Bernardinelli

Meu contato com a leitura teve inicio no ensino fundamental, no 1° ano. Tive o privilégio de
estudar em um colégio onde os professores sempre deram muito valor aos livros e as artes em geral.
Vim de uma família que sempre me incentivou a estudar muito e me deram várias oportunidades de
contato com a leitura.
Quando fiz nove anos comecei a estudar música e ter contato direto com pessoas ligadas as
artes. Estudei piano até meus 25 anos e sempre gostei de saber mais sobre o mundo da música e
literatura.
Acho que fui uma pessoa privilegiada, e sei que o incentivo ainda é a melhor forma de motivar
as pessoas a tomar gosto pela leitura. Como professora gosto de despertar a curiosidade em meus
alunos, pois assim eles farão da leitura um meio de suprir esta necessidade.
ANEXO 2: Depoimento de Daniela Gatolini de Souza

O meu primeiro contato com o mundo da leitura e escrita se deu de forma marcante e
significativa contribuindo de certa forma para a escolha deste tema: A Leitura.
Tudo começou da seguinte forma: o meu pai lia para mim e meus irmãos, todas as noites,
inúmeras histórias de literatura de cordel e contava oralmente os mais variadas contos populares,
contos de fadas, fábulas, lendas, adivinhações , superstições, piadas e outros. Lia também o
almanaque , signos das pessoas, histórias em quadrinhos, cruzadinhas, caça-palavras e outros gêneros.
Ele era uma pessoa apaixonada por leitura e, assim, tudo que pegava, bula de remédio, jornal, rótulo de
embalagem, livros, qualquer material escrito, lia e explicava para nós o significado. E mais: sempre que
podia comprava livros e me apresentava a alguns escritores como Ligia Fagundes Telles que
freqüentavam o Hotel que ele trabalhava. Lá também existia uma bela biblioteca, e eu ficava encantada
com tantos livros.
Foi com o meu pai que eu despertei o gosto pela leitura e aprendi o significado e a função da
escrita. Porém, na escola não tive a oportunidade de me desenvolver adequadamente, pois o processo se
deu de forma sofrido baseado na memorização e decodificação das palavras, o que me fez até sentir
medo da leitura e da escrita. O que eu aprendi fora da escola me fascinava, porem a cartilha e as
orientações na escola matavam o meu interesse.
Pude perceber com a minha história de leitura, que as tradições orais representam conteúdo e
recursos didáticos da melhor qualidade para trabalhar a oralidade e a escrita da criança de forma
significativa e motivadora. Mas que é uma forma também de valorizar a cultura popular e o
conhecimento do aluno e superar as dificuldades no processo ensino aprendizagem. Pesquisas
demonstram (Smolka, 2003) que essas narrativas possibilitam o desenvolvimento da criança como um
todo. Por meio dos contos dos casos, as crianças podem aprender a lidar com as suas próprias emoções
sentimento e desejos, e ainda elaboram o seu mundo da imaginação, indo além do sentido habitual das
coisas, ampliando o conhecimento de si e do mundo.
Atualmente, em razão do tempo e da cultura modernas, as famílias perderam esses valores, os
pais não têm mais tempo para ficarem juntos, lerem e contarem história para os filhos. Agora mais que
nunca, a escola necessita proporcionar um ambiente alfabetizador para que a criança possa desenvolver
adequadamente a leitura e escrita e constituir-se como leitora e escritora e agente transformador na
sociedade.
ANEXO 3: Depoimento de Renata Pinheiro da Silva

Devo a minha iniciação na leitura aos meus pais e meus irmãos.


Desde muito pequena me interessei por livros e qualquer outro material que contivesse letras.
Não sabia ler nenhuma palavra, porém sempre inventava histórias fingindo ler.
Nesta época meu pai, Antonio, estava fazendo faculdade, sempre que estava em casa os seus
livros estavam ao seu redor e lá estava eu folheando-os e “lendo” para o meu pai. Ele sempre, com
muita paciência, me ouvia e mostrava-se interessado no que eu dizia, mesmo quando às vezes estava
atrapalhando. Meu pai sempre foi para mim um grande incentivo à leitura e aos estudos, pois com
muito esforço e sacrifício conseguiu completar seus estudos.
Minha mãe, Sônia, me levava aos cultos de sua igreja e lá eu sempre estava com a bíblia ou
livros de estudo nas mãos atenta ao que estava sendo lido, mesmo não compreendendo o que aquelas
palavras significavam, eu as ouvia e gostava muito. Todas as vezes que as outras pessoas mudavam a
página para continuarem a leitura, eu também mudava fingindo ler com muita atenção.
O meu irmão, Ricardo é três anos mais velho que eu, quando ele começou a freqüentar a escola,
eu também queria ir junto, arrumava alguns papeis e livros velhos e queria ir junto, quando ele voltava
e tinha tarefa eu sentava com ele na mesa e “escrevia” e “lia” com ele.
Quando minha irmã, Mariana, nasceu eu já estava com 7 anos e freqüentava a escola, aí sim, eu
me sentia muito importante, ainda não sabia ler muitas palavras, porém contava histórias para ela
dormir, sempre com um livro nas mãos.
Ler, sempre foi para mim, uma atividade muito prazerosa, foi “lendo” que aprendi a ler e cada
vez mais gosto de ler e foi também por este motivo que escolhi o curso de Letras, para que eu possa
transmitir o hábito da leitura para outras pessoas.
ANEXO 4: Apenas 35,5% dos municípios brasileiros têm livraria.

REGIÃO SIM NÃO


Norte 24,7 % 75,3 %
Nordeste 24,7 % 75,3 %
Sudeste 32,2 % 67,8 %
Sul 58,0 % 42,0 %
Centro-Oeste 43,0 % 57,0 %
ANEXO 5: Só uma em cada cinco cidades brasileira possui biblioteca pública

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CIDADE A

CIDADE B CIDADE C

CIDADE D CIDADE E

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BERNARDINELLI, Ana Maria Saquetti


SOUZA, Daniela Gatolini
SILVA, Renata Pinheiro
N.º Catalog
Leitura Um Mundo Mágico. Ouro Fino, 2006
40f

Orientadora: Prof.- Maria Ruth de Carvalho

Monografia (Trabalho de Conclusão do Curso de Letras da Faculdade de Filosofia,


Ciências e Letras de Ouro Fino.

N.º

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