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Sumário
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 1
3. CONCLUSÃO ........................................................................................................................... 3
1. INTRODUÇÃO
Com base nos meios pelos quais o poder é exercido Norberto Bobbio formulou a
tipologia moderna das formas de poder, diferentemente da tipologia clássica formulada por
Aristóteles, a qual se baseava no elemento fim do poder, isto é, o interesse em favor do qual o
poder é exercido. Segundo Bobbio, o poder exercido pode ser econômico, ideológico ou
político. O exercício do poder econômico se dá através da posse de determinados bens, os
quais conferem àquele que o detém, a capacidade de induzir outros indivíduos a determinados
comportamentos ou trabalho. O poder ideológico baseia-se na influência de um indivíduo ou
um grupo a partir da formulação e disseminação de determinadas idéias, capazes de
condicionar ou determinar o comportamento dos demais indivíduos. Por fim, o poder político,
do qual trataremos neste texto, é definido por Bobbio a partir da posse dos meios e
instrumentos com os quais se exerce a coerção física.
De acordo com a tipologia moderna, o poder exercido pelo Estado é o poder político.
Porém, em uma sociedade é possível existir exercício de poder político sem que este seja o
poder legítimo do Estado. Por exemplo, a ação de organizações criminosas armadas dentro de
um território, no qual disputam o controle sobre determinados bens e indivíduos através do
uso da força, é considerada como exercício de poder político sem que, no entanto, esse seja o
poder político do Estado.
Segundo Coelho (2010), existe três características inerentes ao poder do Estado, as
quais o diferenciam do poder político exercido por demais grupos. São estas: a exclusividade,
a universalidade e a inclusividade. A exclusividade refere-se à característica de monopólio do
poder do Estado citado por Weber, isto é, somente o Estado pode exercer o poder legítimo. A
universalidade refere-se à abrangência das ações e decisões tomadas pelo Estado, às quais
todos os indivíduos que compõe uma determinada sociedade estão submetidos. Por fim, a
inclusividade é a característica que determina a esfera de ação do Estado, isto é, confere ao
Estado a possibilidade de intervir em toda esfera da vida social dos indivíduos.
Diante da caracterização do poder do Estado, faz-se necessário definir a organização
do Estado, isto é, a estrutura que determina a forma com que o poder é exercido. A definição
clássica para a organização do Estado foi apresentada por Montesquieu através da teoria da
separação dos poderes, na qual o poder do Estado pode ser dividido de acordo com as três
funções fundamentais que norteiam as ações do Estado: a função de criar as leis, a função de
fazer cumprir as leis e a função de julgar o cumprimento e execução das leis. Também
Aristóteles citou em sua obra “A política”, séculos antes de Montesquieu, a caracterização do
poder político do Estado com base nas funções de produzir leis, administrar e julgar. Porém,
foi Montesquieu quem propôs formalmente a divisão funcional do poder, enumerando as
funções: legislativa, executiva judiciária.
Embora outros estudiosos tenham se referido à divisão dos poderes do Estado de
acordo com as funções exercidas, como por exemplo, John Locke, no século XVII, seguido de
Rousseau, no século XVIII, o fato da teoria da divisão dos poderes ser classicamente atribuída
à Montesquieu deve-se ao fato deste ter introduzido o conceito de igualdade entre os poderes,
isto é, ao se dividir as ações que deveriam ser exercidas por pessoas ou instituições diferentes,
os poderes deveriam funcionar harmonicamente, com pesos iguais, assegurando o equilíbrio e
a unicidade do poder do Estado.
Da mesma forma, o Prof. Antonio Marcelo Jackson1 enfatiza que, em termos visuais,
para a sociedade, é sempre o Poder Executivo que mantém a preponderância, pois é este o que
mais se destaca através de sua atuação expressiva, sendo na administração da educação, da
saúde pública, no recolhimento dos impostos e em todas as demais áreas de atuação previstas
de acordo com a organização do Estado.
A partir da preponderância do Executivo em relação aos demais poderes, observa-se
um impasse ao estabelecimento do princípio de igualdade entre os poderes concebido por
Montesquieu. Ao propor a divisão funcional, o filósofo não pretendia dividir o poder do
Estado, mas apenas dividir as diferentes funções de forma igualitária, para que o exercício do
poder não se tornasse absoluto.
3. CONCLUSÃO
Diante do exposto, pode-se concluir que o princípio de igualdade na divisão dos
poderes existe enquanto se refere às funções e não às hierarquias do Estado, embora por
diversidade de interesses não sejam igualmente exercidos. Isto é, o Poder Executivo têm
autonomia para exercer a função legislativa, porém isso não significa que irá assumir esse
papel, salvo casos de interesse do seu exercício. Da mesma forma, entende-se que o poder
Legislativo possui autonomia para exercer função executiva ou judiciária, mas isso não
significa que irá fazê-lo salvo em situações específicas.
A preponderância do Poder Executivo é, portanto, uma não aplicação do principio de
igualdade, no que se refere às hierarquias do estado, o que representa um impasse à
contraposição ao poder absoluto, defendida por Montesquieu, com o intuito de evitar a
concentração de poder em um único organismo e com isso ameaçar a liberdade dos indivíduos
governados.
4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
Video-Aula Características do Poder do Estado ministrada pelo Prof. Antônio Marcelo Jackson. Disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=XQQr-xJsPoE . Acesso em out/2010.