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Parte 1

Estrutura atômica
1. Breve histórico dos modelos atômicos

Em 1807, o Professor e químico inglês John Dalton, fez a primeira contribuição acerca
da existência dos átomos a partir de experimentos em que considerava a razão entre as
massas dos elementos que se combinavam para formar as substâncias. Segundo Dalton:

1. Todos os átomos de um determinado elemento são idênticos.


2. Os átomos de diferentes elementos têm massas diferentes.
3. Um composto tem uma combinação específica de átomos de mais de um elemento.
4. Em uma reação química, os átomos não são criados nem destruídos, porém trocam de
parceiros para produzir novas substâncias.

Entretanto, no modelo de Dalton, os átomos eram considerados como se fossem


esperas perfeitas, como as bolas de bilhar, desprezando a existência de qualquer partícula
subatômica.

Em 1897 o físico britânico J. J. Thomson teve a primeira evidência experimental sobre a


estrutura interna dos átomos. Foi atribuída a Thomson a descoberta do elétron, que segundo
ele, eram partículas carregadas negativamente, comuns a qualquer tipo de átomo. Ele
verificou que um feixe de raios catódicos (carregados negativamente) era desviado ao ser
submetido a campos elétrico e magnético perpendiculares entre si. Juntamente com dados
experimentais coletados pelo físico estadonidense Robert Millikan, que determinou a carga do
elétron (- 1,602 x 10-19 Coulomb), foi possível calcular a massa do elétron, sendo o valor aceito
9,1 x 10-31 kg.
O modelo atômico de Thomson considerava ainda a neutralidade do átomo. Se haviam
partículas negativas, deveria haver uma parte positiva de forma a produzir um átomo neutro.
Desta forma, Thomson sugeriu que o átomo seria análogo a um pudim de passas, onde as
partículas negativas (elétrons) estariam dispersas em uma bolha de material gelatinoso
carregado positivamente.

Entretanto, em 1908, o físico neozelandês Ernest Rutherford observou


experimentalmente a existência de partículas positivas como parte constituinte dos átomos.
Ele sabia que alguns elementos, incluindo o radônio, emitiam feixes de partículas com carga
positiva, chamadas partículas  (alfa). Esse feixe foi direcionado a uma lâmina de platina muito
fina e, ao contrário do que era esperado caso os átomos fossem mesmo como uma bolha
gelatinosa de carga positiva, não ocorreu passagem total do feixe e pequenas deflexões, o que
ocorreu, em cerca de 1 em 20.000 casos, foram deflexões superiores a 90° !
Esses resultados sugeriram que os átomos eram formados por um núcleo bastante
denso com carga positiva e um grande volume periférico, quase vazio, carregado
negativamente.
2. Prótons e nêutrons
As partículas de carga positiva que ocupam o núcleo são chamadas prótons (p), possui
carga +1 e massa igual a 1,673x10-27 kg. Um próton é 2.000 vezes mais pesado do que um
elétron. O número de prótons no núcleo atômico é chamado de número atômico (Z). Para o
hidrogênio, Z = 1, pois ele possui um próton no seu núcleo.
Já no século XX foi descoberto que a massa de um átomo não é proporcional ao
número de prótons, de fato ela aumenta mais rapidamente do que seria esperado se
contássemos apenas os prótons. Esse comportamento é uma evidência da presença de outra
partícula chamada de nêutron (n). A existência dos nêutrons permitiu a descoberta de que
nem todos os átomos de um mesmo elemento têm a mesma massa. Os nêutrons não possuem
carga, sua massa é igual a 1,675x10-27 kg e estão localizados no núcleo do átomo.

Desta forma, o modelo moderno do átomo permite dizer que:

1. Os átomos são feitos de partículas subatômicas chamadas prótons, elétrons e


nêutrons.
2. Os prótons e os nêutrons formam um corpo central, minúsculo e denso, chamado
núcleo do átomo.
3. Os elétrons se distribuem no espaço em torno do núcleo.

3. Isótopos
O número total de prótons e nêutrons de um núcleo é chamado de número de massa,
A, do átomo. Os átomos que possuem o mesmo número atômico e diferem entre si pelo
número de massa são chamados isótopos. Devido ao número atômico e número de elétrons
em comum, os isótopos apresentam essencialmente as mesmas propriedades físicas e
químicas, entretanto, para o hidrogênio, átomo de pequena massa, a presença de um ou dois
nêutrons a mais no seu núcleo ocasionam diferenças nas propriedades físicas consideráveis.
Quimicamente, os isótopos do hidrogênio são semelhantes.

Para o hidrogênio, são três isótopos:

O hidrogênio (1H), com um próton e nenhum nêutron (abundância de 99,985 %). O deutério
(2H, D), com um próton e um nêutron (abundância de 0,015 %) e o trítio (3H, T), com um
próton e dois nêutrons (é radioativo, possui vida curta).

Teste B.1A (pg. 42) e B.2A (pg. 43)

4. Características da radiação eletromagnética


Um feixe de radiação eletromagnética é o produto de campos elétricos e magnéticos
oscilantes (isto é, que variam com o tempo) que atravessam o vácuo a 3,00x10 8 m.s-1, ou cerca
de 1.080 milhões de quilômetros por hora. Essa velocidade tem o símbolo c e é chamada de
“velocidade da luz”. Um campo elétrico afeta partículas carregadas como os elétrons
ocasionando um deslocamento periódico em uma direção e depois na direção oposta.
O número de ciclos com que os elétrons são
submetidos a este deslocamento em relação ao tempo é
chamado de freqüência. A freqüência da luz que podemos ver
é de cerda de 1015 vezes por segundo. As ondas ainda
apresentam comprimento de onda e amplitude.

Comprimento de onda x frequência = velocidade da luz, ou


c


Fig. 3: Onda eletromagnética. 

Teste 1.1A e 1.1B (pg. 115)

Espectro da radiação eletromagnética:

A cor da luz depende da sua freqüência ou comprimento de


onda. A radiação de grande comprimento de onda tem
freqüência menor do que a radiação de pequeno
comprimento de onda.

Fig. 4: Representação das regiões do espectro eletromagnético.

5. Quantização da energia
Em 1900, o físico alemão Max Planck apresentou sua idéia a respeito do caráter
quantizado da matéria, ou seja, na sua visão, ao oscilar na freqüência , os átomos só
poderiam trocar energia com sua vizinhança em pacotes de magnitude igual a

E = h( h = um fóton de luz)



Onde: h é a constante de Planck (6,626x10-34 J.s).

Planck descartou a física clássica, que não restringe a quantidade de energia que pode
ser transferida de um objeto para outro. Ele propôs descrever a transferência de energia em
termos de pacotes discretos.

Essa teoria foi reiterada a partir do efeito fotoelétrico de Einstein:


1. Nenhum elétron é ejetado até que a radiação tenha freqüência acima de um
determinado valor, característico do metal.
2. Os elétrons são ejetados imediatamente, por menor que seja a intensidade da
radiação.
3. A energia cinética dos elétrons ejetados aumenta linearmente com a freqüência da
radiação incidente.
A partir do efeito fotoelétrico, a radiação
eletromagnética pode ser encarada como fótons que possuem
caráter de partícula, entretanto, evidências tais como a
difração da luz nos leva a concluir que a radiação
eletromagnética também possui características de onda. De
fato, aos olhos da mecânica quântica, não só a radiação
eletromagnética, mas também o elétron matéria possuem
caráter dual, ou seja, características de partícula e onda ao
mesmo tempo.

½ mev2 = h
Onde: ½ mev2 energia cinética do
elétron ejetado, henergia do
fótone = energia necessária para
ejetar o elétron.
Fig. 5: Efeito fotoelétrico. Ejeção de elétrons pelo metal.

Uma implicação da dualidade é a impossibilidade de se conhecer o momento linear (o


produto da massa pela velocidade) e a localização da partícula. Essa restrição é o conteúdo do
princípio da incerteza de Heisenberg.

Schrödinger formulou uma equação que levou em conta a dualidade onda-partícula e


considerou o movimento dos elétrons nos átomos. Para fazer isso introduziu a função de
onda, psi), uma função matemática das coordenadas de posição x, y e z. A equação de
Schrödinger, da qual a função de onda é uma solução, é:



V é a energia potencial do elétron no campo do núcleo. E é a energia total. = h/2

O físico alemão Max Born propôs uma interpretação física para a função de onda. A
probabilidade de se encontrar uma partícula em uma região é proporcional ao valor de
aparece como uma densidade de probabilidade. Para valores altos de a probabilidade é
alta, para valores baixos de esta probabilidade é baixa.

Testes 1.3A e 1.3B (p. 118)

6. Modelos atômicos
Conforme o modelo atômico de Rutherford, que considera a existência de prótons,
elétron e nêutrons, e a visão moderna da mecânica quântica, no que se refere à quantização
da energia, a compreensão da estrutura dos átomos deve levar em conta algumas etapas:

Tomamos como exemplo o átomo monoeletrônico de hidrogênio, o sistema mais simples.


6.1. Números quânticos: Cada uma das funções de onda obtidas pela resolução da equação de
Schrödinger para um átomo hidrogenóide é especificada por um único conjunto de três
números inteiros chamados números quânticos designados por n, l e ml:

n é chamado de número quântico principal e especifica a energia do elétron em um


determinado nível de energia. Indica o tamanho do orbital, sendo os orbitais com maior n mais
difusos do que os com menor n.

l é o número quântico momento angular orbital e indica o momento angular orbital, ou seja,
o deslocamento do elétron ao redor do núcleo. l também indica a forma angular do orbital,
com o número de lóbulos aumentando à medida que l aumenta.

ml é chamado de número quântico magnético e indica a orientação do momento angular,


horário ou anti-horário. Indica também a orientação do orbital.

As energias permitidas são especificadas pelo número quântico principal, n. Para um


átomo hidrogenóide de número atômico Z, elas são dadas por:

En = , com n = 1, 2, 3 ... e R =

Onde: hcR pode ser abreviado como 13,6 eV, h (constante de Planck)= 6,626x10-34 J.s, me
(massa do elétron) = 9,109x10-31 kg, Ɛ0 (permissividade no vácuo) = 8,854x10-12 J-1.C2.m-1,

Conforme o diagrama abaixo, uma vez que a energia é proporcional a 1/n 2, os níveis de
energia convergem à medida que a energia aumenta, tornando-se menos negativa.

Para o hidrogênio, o nível de menor energia, n =1


(estado fundamental), possui energia proporcional a -hR e
um elétron que possui esta energia pode absorver um
fóton de energia (h) e passar para um nível mais
energético, n > 1. Em seguida o elétron emite o fóton de
energia absorvido e retorna ao nível mais baixo de energia.
A este fenômeno dá-se o nome de transição eletrônica.
Algumas transições são características do hidrogênio e
recebem nomes especiais, tais como, a série de transições
de Lyman, que ocorre na presença de radiação UV de alta
freqüência e a série de transições de Balmer, que ocorre na
região do visível. Com n tendendo ao infinito, ou seja, um
elétron muito distante do núcleo, a energia é igual a zero,
caracterizando que um elétron estacionário, longe do núcleo, é maior do que a energia de um
elétron ligado.

Figura 6: Os níveis de energia quantizados


para um átomo de hidrogênio, Z=1.

Em um átomo hidrogenóide, todos os orbitais como o mesmo valor de n possuem a


mesma energia e são chamados orbitais degenerados. Cada nível energético é como uma
camada e cada camada possui subcamadas diferenciadas pelo número quântico momento
angular orbital, l. Para um dado valor de n, o número quântico l pode ter os valores l = 0, 1, ...,
n-1. Por exemplo, a camada com n=2 consiste em duas subcamadas, uma como l=0 e outra
com l=1. A camada com n=3 possui três subcamadas com l=0, l=1 e l=2.

As subcamadas são identificadas por letras:

Valor de l 0 1 2 3 4 ...
Designação do orbital s p d f g ...

Uma subcamada com número quântico l consiste em 2l + 1 orbitais individuais. Estes


orbitais são diferenciados pelo número quântico magnético, m l. Desta forma, na subcamada s
(l = 0) há apenas um orbital, ml = 0, na subcamada p (l = 1), há três orbitais p com números
quânticos ml = +1, 0 , -1. Na subcamada d (l = 2), há cinco orbitais d com números
quânticos ml = +2, +1, 0, -1, -2.

Além dos números quânticos vistos até


aqui, necessários para especificar a distribuição
espacial de um elétron, outro número quântico,
chamado número quântico magnético de spin (ms),
é necessário para definir o estado de um elétron. O
spin do elétron é análogo quanto-mecânico ao
movimento de rotação de um planeta à medida que
ele viaja ao redor do Sol. Os valores de ms são
somente dois, +½ ou -½, caracterizando o giro do
elétron em torno do seu próprio eixo no sentido
anti-horário e horário, respectivamente.

Figura 7: Sumário do arranjo das camadas, subcamadas e orbitais em um átomo e os números quânticos
correspondentes.

6.2. Forma dos orbitais: Os elétrons ocupam a região em torno do núcleo atômico atraídos por
uma força coulombiana e podem ser caracterizados em orbitais pelos diferentes números
quânticos. Um orbital atômico é uma região delimitada que possui uma determinada forma
obtida através de cálculos mecânico-quânticos. A superfície limite dentro de um orbital indica
a região do espaço na qual é mais provável encontrar o elétron. Os orbitais assumem várias
formas, dependendo da energia envolvida.
Figura 8: Acima à esquerda, representação dos orbitais s. Acima à direita, representação dos orbitais p. Abaixo,
representação dos orbitais d.

Teste 1.11A e 1.11B (pg. 139)

Referências bibliográficas:

 Atkins, P e. Jones, L. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente. Porto Alegre: Bookman.
2001. Terceira Edição. Fundamentos seções A e B e capítulos 1.

 Shriver, D.F. e Atkins, P.W. Química Inorgânica. Porto Alegre: Bookman. Quarta edição. 2008. Capítulo 1.

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