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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS


CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO JORNALISMO

ANDRESSA QUADRO

#COMOFAZ: COBERTURA COLABORATIVA PARA A WEB


DO 3º FESTIVAL DE TEATRO INDEPENDENTE DE SANTA MARIA

Santa Maria
2010
ANDRESSA QUADRO

#COMOFAZ: COBERTURA COLABORATIVA PARA A WEB


DO 3º FESTIVAL DE TEATRO INDEPENDENTE DE SANTA MARIA

Trabalho de Conclusão de Curso


Para a obtenção do grau de Bacharel em Jornalismo
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Comunicação Social, habilitação Jornalismo

Orientadora: Luciana Mielniczuk

Santa Maria
2010
ANDRESSA QUADRO

#COMOFAZ: COBERTURA COLABORATIVA PARA A WEB


DO 3º FESTIVAL DE TEATRO INDEPENDENTE DE SANTA MARIA

Trabalho de Conclusão de Curso como requisito para obtenção de grau de


Bacharel
em Jornalismo
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Curso de Comunicação Social habilitação Jornalismo

A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o


Trabalho de Conclusão de Curso

_____________________________________
Profª. Drª Luciana Mielniczuk
(Presidente/Orientador)

_____________________________________
Profª. Stefanie Carlan da Silveira
Mestre em Comunicação e Informação (UFRGS).

_____________________________________
Silvana Dalmaso
Mestranda em Comunicação Midiática (UFSM)

_____________________________________
Maurício Dias Souza
Mestrando em Comunicação Midiática (UFSM)

Santa Maria, 9 de dezembro de 2010


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente aos meus pais por terem me dado a


oportunidade de estudar e de chegar até aqui, sempre me apoiando.
Aos meus quatro irmãos por sempre torcerem por mim e por fazerem eu
me sentir segura em seguir adiante na profissão de jornalista.
Ao meu namorado Amarello Rodrigues por ter me feito acreditar que
chegaria até aqui e por me apoiar durante toda a graduação.
Aos meus amigos “emprestados” do Desenho Industrial que
despertaram em mim o gosto pela prática.
À minha amiga e companheira Bianca Villanova, que me proporcionou
diversos momentos de reflexão sobre este projeto, por me fazer perceber que
para tudo existe um lado bom e pela paciência em momentos de pura aflição.
Aos meus amigos do Macondo Coletivo, sem eles esse projeto com
certeza não existiria. Agradeço por me darem a oportunidade de descobrir os
caminhos que quero seguir daqui para adiante.
Aos meus amigos e colegas de faculdade pelo apoio, amizade e troca de
conhecimentos.
À minha professora e orientadora Luciana Mielniczuk, por acreditar neste
projeto e me dar todo o apoio necessário para que chegasse até o fim.
“Abram as portas das suas casas e
deixem os ladrões entrarem.
Eles vão tentar levar tudo que puderem”

Fernando Catatau
(Cidadão Instigado)
RESUMO

Variedade de olhares sobre um acontecimento, essa é a proposta de


uma cobertura colaborativa.
Este projeto realiza o planejamento de um trabalho coletivo com a intenção de
cobrir o 3º Festival de Teatro Independente de Santa Maria (FETISM), que
aconteceu de 10 a 19 de junho de 2010.
Além de caracterizar uma cobertura colaborativa, o trabalho apresenta
todas as etapas que envolvem o planejamento, a produção e a avaliação para
desenvolver a cobertura do 3º FETISM, através do blog fetism.blogspot.com.
Além da execução da cobertura coletiva, resulta desta experiência, o
manual #comofaz cobertura colaborativa (disponível em
andressaquadro.wordpress.com), que tem o objetivo de auxiliar interessados
em realizar essa prática, apresentando sugestões de planejamento,
organização de funções e também ferramentas midiáticas úteis à veiculação do
trabalho na internet.

PALAVRAS-CHAVE

Cobertura colaborativa; Blogs; Inteligência coletiva; “Pro-Am”; Conteúdo gerado


pelo usuário (UCG).
ABSTRACT

A variety of looks on an event, this is the purpose of a collaborative


coverage.This project make the planning of a collective work with the intention
of cover the Festival de Teatro Independente de Santa Maria (FETISM), held on
10 – 19 june 2010.
Beyond characterize a collaborative coverage, the project presents all of
steps that involve the planning, production and evaluation to develop the
coverage of 3º Fetism, by the blog fetism.blogspot.com.
The result of this experience is the manual #comofaz cobertura
colaborativa (available on andressaquadro.wordpress.com), which have the
purpose of help the interested in perform this practice, presenting planning
suggestions, organization of functions and tools and media platforms useful for
reproduce the work in the web.

KEY WORDS

Collaborative coverage; Blogs; Collective intelligence; “Pro-Am”; User-


generated content (UCG)
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ....................................................................................................9
1. COBERTURA COLABORATIVA ...............................................................11
1.1 O usuário como produtor de conteúdo ...............................................11
1.2 Cobertura................................................................................................15
1.2.1 Apuração ...........................................................................................16
1.2.2 Independência...................................................................................17
1.2.3 Compromisso público........................................................................17
1.3 Exemplos de coberturas .......................................................................18
1.4 Caracterização de cobertura colaborativa ..........................................23
2. PLANEJANDO UMA COBERTURA COLABORATIVA ............................28
2.1 Fase de pré-produção ...........................................................................30
2.2. Fase de produção .................................................................................38
2.3. Fase de avaliação .................................................................................41
3. AVALIAÇÃO DA COBERTURA COLABORATIVA DO 3º FETISM..........43
3.1 Entrevista com os colaboradores ........................................................44
3.2 Descrição e interpretação das categorias...........................................45
3.2.1 Pontos positivos ................................................................................45
3.3.3 Sugestões para suprir os problemas.................................................50
3.3.4 Execução das funções ......................................................................53
3.3.5 Utilização do #comofaz cobertura colaborativa.................................53
3.3.6 Blog ...................................................................................................54
3.3.7. Observações gerais sobre os dados................................................56
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................61
9

INTRODUÇÃO

A motivação para fazer este projeto experimental decorre da preocupação


em organizar a prática de coberturas colaborativas e de compreender o contexto
em que se insere o trabalho coletivo veiculado através da internet.
As redes de colaboração que se instalam no ciberespaço refletem as
transformações que ocorrem em ritmo cada vez mais acelerado da relação entre
o usuário e as tecnologias. Enxergar nessas mudanças possibilidades de
trabalho coletivo, unir o amadorismo ao profissionalismo da produção de
informações e ocupar a internet para expressar tudo isso é o que se pretende
em uma cobertura colaborativa.
O objetivo principal deste projeto experimental é desenvolver o
planejamento e a execução da cobertura colaborativa para a web do 3º Festival
de Teatro Independente de Santa Maria (FETISM), realizado de 10 a 19 de
junho de 2010, utilizando o blog www.fetism.blogspot.com para veicular o
material produzido durante os dias do festival. Como objetivos específicos,
relacionados ao planejamento, o projeto possui: a) o desenvolvimento e
divulgação na web do formulário de cadastramento dos voluntários a fim de
reunir informações importantes a respeito das áreas de interesse dos
interessados em participar da cobertura, b) a criação do blog
www.fetism.blogspot.com, c) a concepção de um manual para coberturas
colaborativas disponibilizando-o na internet. Além disso, é realizada uma
avaliação dos processos de planejamento, da aplicação das etapas do
planejamento e da cobertura executada a fim de efetuar ajustes no manual.
O interesse em desenvolver este projeto experimental surgiu da
participação como colaboradora em coberturas colaborativas, onde foram
observados alguns aspectos que poderiam ser modificados, agregados e
melhorados. Os principais deles foram a padronização das publicações, a
superficialidade de algumas informações contidas em textos, o despreparo dos
colaboradores ao executar suas funções e o pouco aproveitamento das redes
sociais e demais ferramentas disponibilizadas pela web.
Uma das funções da cobertura colaborativa é servir como um canal de
divulgação de acontecimentos de diversas áreas, uma delas são as ações
10

culturais. Então, por que não cobrir um evento cultural de Santa Maria que
ainda não tivesse o respaldo merecido tanto pela mídia local quanto nacional?
Por isso a opção pela cobertura do 3º Festival de Teatro Independente de
Santa Maria.
O Festival existe desde 2008 e, nas duas primeiras edições, possuía a
característica principal de competição entre espetáculos que eram submetidos
à avaliação de um júri formado por profissionais da área. Em 2010 o Festival se
tornou um evento cujo maior intuito passou a ser o estímulo à circulação de
grupos teatrais da cidade de Santa Maria e também do circuito nacional de
companhias de teatro independente. A terceira edição do FETISM foi realizada
pela Associação de Podutores Culturais Independentes Macondo Coletivo no
Espaço Cultural Victório Faccin e no Theatro Treze de Maio. Além de ocupar
esses dois teatros, o Macondo Coletivo também realizou dentro da
programação do Festival a 1ª Mostra de Teatro de Rua de Santa Maria, que
aconteceu na Praça Saldanha Marinho.
Esse projeto experimental estrutura-se em três capítulos. No primeiro
discorre-se acerca do termo cobertura colaborativa, do contexto em que o
termo está inserido, da atuação do usuário como gerador de conteúdo, da ideia
de inteligência coletiva, e de exemplos de coberturas jornalísticas e
colaborativas. O segundo capítulo é voltado para os procedimentos
metodológicos empregados no planejamento da cobertura colaborativa do 3º
FETISM, são apresentadas as fases de pré-produção, produção e avaliação da
cobertura, que são subdivididas em etapas. Já o terceiro capítulo é totalmente
dedicado à avaliação da cobertura colaborativa. O manual #comofaz
cobertura colaborativa está em anexo e no endereço
andressaquadro.wordpress.com.
Ao final é inferido que uma cobertura colaborativa é adaptável ao tipo de
evento em que se aplica e pode ser desenvolvido tanto por amadores quanto
por profissionais da área da comunicação. Este tipo de prática não compete de
forma alguma com a prática do jornalismo, pelo contrário, ambas podem
coexistir harmoniosamente, pois se propõe a diferentes propostas informativas.
11

1. COBERTURA COLABORATIVA

Antes de discorrer sobre “cobertura colaborativa” faz-se necessário,


em um primeiro momento, abordar o contexto em que o termo está inserido,
a atuação do usuário como gerador de conteúdo (UCG1) e a inteligência
coletiva, que diz respeito ao conhecimento gerado pelo equilíbrio entre a
troca de experiências, ou cooperação, e o confronto de ideias. Não se
pretende caracterizar a cobertura colaborativa como jornalismo nem
disputar espaço com ele, mas sim usá-lo como referência. Por isso abordar
aqui a prática da cobertura jornalística é igualmente relevante para a
contextualização do que se entende por cobertura colaborativa. Permeando
esses elementos estão alguns preceitos da cauda longa, da convergência
de mídias e também elementos da prática jornalística.
A seguir esses elementos e alguns exemplos são desdobrados em três
tópicos que tratam do usuário como produtor de conteúdo, de cobertura
jornalística e da caracterização de cobertura colaborativa.

1.1 O usuário como produtor de conteúdo

Os usuários cada vez mais se utilizam da internet para distribuir a sua


produção sobre assuntos que estão em pauta, divulgar ações e buscar
informações em meios alternativos de comunicação. Têm a possibilidade de
encontrar diferentes pontos de vista e formar assim sua própria visão e
entendimento sobre um determinado tema.
Além da facilidade de acesso à informação mais completa e plural,
cresce o acesso dos usuários à tecnologia. Celulares, câmeras de fotografia
digital, aparelhos de mp3 e notebooks, por exemplo, são produtos que as
pessoas adquirem para o uso pessoal e que podem se tornar instrumentos
de produção de conteúdo. Ou seja, qualquer pessoa pode gravar, fotografar
e divulgar via email, Twitter, blog, Youtube, Flickr, e demais ferramentas

1
User-generated content
12

midiáticas, o que quiser e da maneira que lhe interessar. À eclosão desse


fenômeno, Francisco Vacas (2010, p. 48) denomina UCG, ou Conteúdo
Gerado pelo Usuário, e diz que esses conteúdos ainda que não possam ser
classificados segundo os critérios tradicionais dos meios (séries, filmes,
jornais, etc) compartilham de algumas características que os diferenciam da
produção mainstream, como o lugar de publicação, a existência de um
trabalho criativo e sua não procedência do circuito profissional. Sobre a
primeira característica citada, o autor diz:

Todos podemos criar um conteúdo, o que não implica


necessariamente que ele seja publicado em algum lugar. Porém,
um conteúdo produzido por um usuário passa a ser realmente
UCG, quando os demais podem acessá-lo (publicamente), o que
em teoria implica em uma vontade explícita de seu criador.
2
(VACAS, 2010, p. 48)

A existência de um trabalho criativo, segunda característica


apresentada por Vacas (2010, p.49), trata de diferenciar aqueles conteúdos
encontrados na rede que simplesmente são espelhos de outros, daqueles
que possuem um valor agregado como, por exemplo, um vídeo baixado
pelo usuário no seu formato original e que, ao reeditá-lo, agrega algo que
antes não existia no vídeo, elaborando assim um novo produto.
Já a terceira característica de UCG considerada por Vacas (2010,
p.50), a origem não profissional da produção, diz respeito ao conteúdo
gerado tanto por usuários esporádicos com limitados conhecimentos
técnicos, quanto por profissionais do setor que utilizam as plataformas web
2.0 para publicar material não comercial. A partir desta última característica
o autor infere que os parâmetros de qualidade e das ferramentas usadas, já
dizem pouco ou nada na hora de diferenciar os conteúdos provenientes da
indústria tradicional daqueles que provêm de UCG.
Um exemplo que agrega essas três características é o blog Trezentos,
trezentos.blog.br (Figura 1), que funciona de maneira colaborativa, onde
170 usuários contribuem produzindo e postando conteúdos

2
Todos podemos crear un contenido lo que no implica necesariamente que aquel se
publique en algun sitio. Por lo tanto, un contenido producido por un usuário pasa a
convertirse realmente en UCG, cuando los demás pueden acceder (públicamente) a él, lo
que en teoria implica una voluntad explícita de su creador. (vacas, 2010, p. 48)
13

espontaneamente. Na aba “Autores” (número 1, Figuras 1 e 2) pode-se


encontrar o perfil de cada colaborador, links de seus blogs pessoais
(número 1, Figura 3) e links de suas produções individuais veiculadas no
blog Trezentos com a denominação “artigo” (número 2, Figura 3).

Figura 1 – Página principal do blog Trezentos. Em verde, o número 1 identifica a aba


Autores.

Figura 2 – Imagem aumentada que evidencia a localização da aba autores no blog


Trezentos
14

Figura 3 – Página da aba Autores do blog Trezentos. O número 1, em verde, identifica os


links dos blogs pessoais, e o número 2, em laranja, identifica as publicações (artigos) dos
autores no blog Trezentos.

A partir desse exemplo verifica-se a maneira como os usuários podem


se organizar na rede, unindo variados perfis individuais e desenvolvendo
conhecimento tanto para si mesmos quanto para quem tem acesso ao que
produzem. O que, de acordo com Lemos e Levy (2010, p.11) se caracteriza
como computação social, ação de construir e compartilhar de maneira
colaborativa as memórias numéricas coletivas em escala mundial, dizem:

“(...) as distinções de status entre produtores, consumidores,


críticos, editores e gestores da midiateca se apagam em proveito
de uma série contínua de intervenções onde cada um pode
desempenhar o papel que desejar. (...) Na era da computação
social, os conteúdos são criados e organizados pelos próprios
organizadores”. (LEMOS E LEVY, 2010, p.11)

No blog Trezentos os autores escrevem sobre assuntos relacionados à


cultura, política, economia, comunicação, etc, e que estão em voga na
sociedade. O fazem através de textos dos mais variados gêneros (como,
por exemplo, opinativos, interpretativos, informativos e literários). Neste
espaço os autores discorrem sobre temas que dominam (um economista
falando sobre a situação econômica brasileira atual, por exemplo),
permitindo que os leitores tenham acesso à opinião de um especialista. O
blog Trezentos é também um ambiente onde este mesmo especialista pode
15

discorrer a respeito de assuntos sobre os quais não tenha domínio, mas que
deseja divulgar ou simplesmente emitir opinião a respeito (um economista
escrevendo um texto a respeito de um filme que assistiu no cinema, por
exemplo). Esta inferência vai ao encontro das constatações acerca de
inteligência coletiva feitas por Pierre Levy:

A inteligência coletiva visa menos ao domínio de si por intermédio


das comunidades humanas que a um abandono essencial que diz
respeito à ideia de identidade, aos mecanismos de dominação e
de desencadeamento dos conflitos, ao desbloqueio de uma
comunicação confiscada, a voltar a trocar entre si pensamentos
isolados. (LEVY, 2007, p.17)

É possível deduzir ainda que a geração de conhecimento, permitida


pela inteligência coletiva, também se dá, além da cooperação ou da troca
de pensamentos isolados, através do confronto de idéias.
Em seguida são abordados exemplos de coberturas, tanto
jornalísticas, quanto desenvolvidas por usuários. O que se pretende nesse
momento do projeto é mostrar de uma maneira geral como se estrutura em
sites de notícias e blogs colaborativos a veiculação de conteúdos originários
de acontecimentos caracterizados por Muniz Sodré (2009, p. 72) como
“notícias previstas, aquelas que nos permitem um conhecimento
antecipado, anunciado com antecedência”. O acontecimento de caráter
previsto apresentado a seguir como exemplo é a cobertura das eleições de
2010.

1.2 Cobertura

O manual da Folha Online define cobertura como “trabalho de coleta de


informações realizado no próprio local dos acontecimentos. Refere-se também
ao trabalho de acompanhamento de um fato ou assunto pelo jornal” 3. Pode-se
aferir que a “cobertura jornalística” se refere ao espaço e à atenção dados a um
determinado acontecimento por parte da imprensa, utilizando como ferramenta

3
http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_producao_c.htm
16

a produção da reportagem e ou notícia para mostrá-lo e veiculá-lo em mídia


impressa, rádio, web, TV, etc.
Em coberturas de acontecimentos gerados por notícias previstas,
notam-se algumas característica bastante evidentes, como a presença de
um planejamento de cobertura e o cumprimento de alguns princípios
jornalísticos, com a apuração, a independência e o compromisso público.

1.2.1 Apuração

Para Kovach e Rosenstiel (2005), a disciplina da verificação é o que


separa o jornalismo de outras formas de comunicação. O jornalismo,
portanto, não pode se resumir à coerência das declarações das fontes, ainda
que deva fugir de incoerências. Sua obrigação é checar se as declarações
correspondem aos fatos, isto é, se são verdadeiras. Sobre o ato de apurar e
suas implicações, Nilson Lage, diz:

Poucas matérias jornalísticas originam-se integralmente da


observação direta. A maioria contém informações fornecidas por
instituições ou personagens que testemunham ou participam de
eventos de interesse público. São o que se chama de fontes. É
tarefa comum dos repórteres selecionar e questionar essas fontes,
colher dados e depoimentos, situá-los em algum contexto e
processá-los segundo técnicas jornalísticas. (LAGE, 2001, p.49)

Para Mendonça Jorge (2008), apurar é colher os fatos, juntar todos os


dados disponíveis sobre o acontecimento e construir uma notícia. Afirma que
cabe à pessoa designada a fazer isso, reportar aquilo que viu, ouviu,
constatou, sentiu ou investigou, a dar a quem não estava presente, a ideia -
a mais fiel possível – do que aconteceu.
Nilson Lage (2001) recomenda, como prática jornalística, que se ouça
mais de uma fonte para que o material adquira credibilidade, uma das
premissas do discurso jornalístico. O cuidado com a apuração é uma das
principais preocupações que se tem na realização de uma cobertura, pois é
o que pode diferenciar um material confiável daquele em que tal
característica não é verificada, podendo prejudicar o bom resultado do
trabalho.
17

1.2.2 Independência

Um dos fatores ligados à credibilidade é a independência. Segundo


Kovach e Rosenstiel (2005), esta última significa uma maneira de ser
jornalista sem negar a experiência pessoal, mas sem também se tornar
refém dela. Em primeiro lugar, o jornalista deve ser independente do veículo
para o qual trabalha, buscando sozinho enriquecer seu conhecimento sobre
determinados assuntos que irá cobrir. Para dominar o assunto, o jornalista
deve exercer uma "independência engajada" - algo que define o papel do
jornalista como alguém dedicado a informar o público.

1.2.3 Compromisso público

Para Kovach e Rosenstiel (2005), o jornalismo deve fornecer um


fórum para a crítica pública e a conciliação, com a mínima interferência de
discursos que fujam à verdade, aos fatos e à verificação. O desafio em um
cenário de mídias sociais em que qualquer um tornou-se um emissor de
informações pela rede é diferenciar o discurso jornalístico do discurso
privado. Segundo os autores:

Pela primeira vez em nossa história, mais e mais as notícias são


produzidas por empresas não jornalísticas (...). Existe o risco de
que a informação independente seja substituída por um
comercialismo egoísta fazendo pose de jornalismo. Se isso
acontecer, perderemos a imprensa como instituição
independente, livre para vigiar as outras poderosas forças e
instituições existentes na sociedade. (KOVACH E ROSENSTIEL,
2005, p. 24)

Os colaboradores devem priorizar a transmissão de informações do


que creem ser importante à população saber, independentemente de o
conteúdo ser favorável ou não ao evento ou ao acontecimento.
Devem priorizar também o planejamento, bastante considerado na
construção do discurso jornalístico, ferramenta técnica que precisa ser
18

desenvolvida individualmente e em equipe. Ele propicia, segundo o Manual


da redação do jornal Folha de São Paulo, “o domínio do tempo de trabalho
e do material noticioso, evitando assim o improviso, a confusão, o erro e o
mau acabamento da mercadoria-informação” (FOLHA, 2010, p.19).
A fim de observar o panorama em que podem ser aplicados esses
elementos e modos de organização jornalísticos, a seguir são observados
dois exemplos, um de cobertura realizada por veículo tradicional de
comunicação e outro por usuários de internet.

1.3 Exemplos de coberturas

As eleições de 2010 no Brasil receberam especial atenção de todos os


meios de comunicação do país. Por se tratar de um acontecimento de
interesse público e por afetar uma nação inteira em questões relacionadas à
educação, emprego, cultura, política, saúde, meio-ambiente, economia, etc,
as eleições ganharam destaque nas edições de telejornais, jornais, revistas,
programas de rádio e internet, durante os meses de campanha eleitoral, no
dia das votações e, posteriormente, com os resultados finais e as
campanhas para o segundo turno.
Na cobertura das eleições 2010 do site do Grupo RBS, clicrbs.com.br,
foi programada uma página (Figura 3) dentro da página principal do portal
que reúne todos os conteúdos produzidos sobre as eleições4. O ClicRBS se
preocupou em identificar visualmente a página voltada às eleições 2010
criando um logotipo que remete à bandeira do Brasil e à urna eletrônica
(número 1, Figura 3), criou divisões para elencar os assuntos com títulos
que variam conforme a notícia, como se fossem seções dentro da seção
especial “Eleições 2010” (número 2, Figura 3), além de seções fixas como o
“Mapa do Poder” (número 3, Figura 3), onde um gráfico apresenta o número
de candidatos eleitos por partido, um jogo interativo (número 4, Figura 3), o
“Promessômetro” (número 5, Figura 3), onde o internauta pode obter
conhecimento das promessas de cada candidato, um espaço que reúne os
blogs dos jornalistas do ClicRBS que escrevem sobre política (número 6,

4
http://www.clicrbs.com.br/especial/rs/eleicoes-2010/home,0,6727,Home.html
19

Figura 3) - conforme eles escrevem em seus blogs, o portal atualiza as


postagens colocando uma chamada na capa junto à foto de cada um dos
jornalistas. Há também um espaço onde o leitor pode encontrar todas as
notícias já veiculadas sobre as Eleições 2010 (número 7, Figura 3), que
funciona como uma página de armazenamento a ser usado como fonte de
pesquisa pelos leitores.
20

Figura 4 - Página especial sobre as Eleições 2010 do site clicrbs.com.br com as

numerações usadas para identificar os elementos que a compõem, explicados no texto.


21

A organização que se observa na página especial “Eleições 2010” do


clicrbs.com é semelhante a sites de notícias que dão conta de vários
assuntos divididos em seções ou editorias, a diferença é que nesse
exemplo o site utiliza o mesmo esquema de divisão (ou organização) para
abordar um único assunto.
O funcionamento de um veículo tradicional, como é o caso do
ClicRBS, segue uma linha editorial definida pela própria empresa, que
demonstra a postura que os profissionais devem assumir ao cobrir
determinado assunto, o que receberá maior destaque e como cada fato será
noticiado – se será através de fotografia, de um vídeo, de um texto, de um
infográfico ou de uma composição multimídia.
Já em uma cobertura colaborativa, a linha editorial é flexível, muda de
acordo com o evento e de acordo com os interesses de quem participa,
podendo ter enquadramentos diferentes e até contraditórios. Um exemplo
disso é a cobertura colaborativa das Eleições 2010 realizada pelo blog
Trezentos, trezentos.blog.br, onde todos os colaboradores do blog e
também o público em geral foram chamados à participar de “48 horas” de
cobertura.
A organização feita pelo blog permitiu que, durante os dias 2 e 3 de
outubro, fossem realizados debates com a participação de diversas
pessoas. Os diálogos formam transmitidos ao vivo durante os dois dias
através de vídeo direto da sede do blog em São Paulo. Os debatedores se
revezavam nas falas, cada um emitindo suas opiniões acerca de diversas
questões de cunho social e específicas de cada candidato, e também
transmitindo informações sobre o que acontecia em relação às eleições
naqueles dois dias. Além disso, o blog abriu espaço para que o público
participasse através de telefone ou chat debatendo igualmente com os
colaboradores que apareciam no vídeo.
Para acompanhar a transmissão bastava acessar através do post “48
HORAS DE DEMOCRACIA – Uma cobertura cidadã das eleições 2010”
(Figura 5) a página onde se encontrava a transmissão (Figura 6). Nesta
mesma página se encontrava o chat (Figura 6), onde o público poderia
escrever comentários, perguntas e monitorar as discussões.
22

Figura 5 – Post “48 horas de democracia – uma cobertura cidadã das eleições 2010,

veiculado no blog trezentos.blog.br

Figura 6 – Página do blog Trezentos onde foi veiculada a transmissão ao vivo da mesa

de debates.

A partir desses exemplos pode-se inferir que o comprometimento com


a apuração, a independência e o compromisso público é o que pode
diferenciar uma informação independente daquela que apenas representa a
visão da empresa enquanto instituição comercial ou da organização de um
evento que receba uma cobertura colaborativa. Ambas as coberturas
mencionadas correm o risco de transmitirem informações equivocadas se
mal apuradas e também se o planejamento prévio não acontecer. Mas,
23

enquanto na primeira existem profissionais que se dedicam exclusivamente


à prática da produção e transmissão de informações, na segunda qualquer
pessoa, independentemente de sua ocupação profissional, pode fazê-la. E
isso pode colocar a primeira em um patamar mais elevado em termos de
credibilidade em relação à segunda.

1.4 Caracterização de cobertura colaborativa

Uma cobertura colaborativa não descarta a figura do jornalista. Ela


pode ser realizada somente por jornalistas ou por pessoas de diversas
áreas do conhecimento, o chamado, segundo Chris Anderson, “advento da
era “Pro-Am”, época em que profissionais e amadores trabalham lado a
lado” (ANDERSON, 2008, p.58). Ao tomar como base alguns conceitos do
jornalismo, busca-se adaptá-los ao uso que será feito por parte de
amadores a fim de auxiliar seu trabalho, mostrando os caminhos para se
chegar a um resultado final de qualidade e que transmita credibilidade
informativa.
Além da característica de colaboração entre profissionais e amadores,
uma cobertura colaborativa possui outras mais, que são apresentadas a
seguir e que a diferenciam de uma cobertura convencional:
a) É desenvolvida em coletivo, valorizando a diversidade de olhares
em relação a um único evento e utilizando a internet para difundí-la.
b) Os colaboradores têm livre arbítrio para produzirem materiais da
sua preferência utilizando as ferramentas que dominam, mas têm
também a possibilidade de trabalhar em equipe experimentando e
aprendendo novas formas de trabalhar. O conhecimento individual
quando somado aos demais conhecimentos permite que, em uma
cobertura colaborativa, as informações sejam divulgadas de
maneira variada.
c) A autoria das produções é preservada. Os conteúdos são reflexo
da carga de experiências e criatividade de quem os produz. E, ao
desenvolver esse trabalho participativo, o colaborador pode utilizá-
lo como aprendizado e também como um meio de divulgação na
24

internet de suas produções, acrescentando material ao portfólio


profissional. Tais atividades talvez não fossem possíveis de serem
realizadas em um meio tradicional de comunicação.
d) Podem ser utilizados diferentes formatos de mídias como texto,
fotografia, vídeo e áudio para transmitir a mesma informação. Elas
podem ser desenvolvidas isoladamente (utilizar somente fotos para
transmitir informações de um show, por exemplo) ou em
convergência, definida por Henry Jenkins como “fluxo de conteúdos
através de múltiplos suportes midiáticos” (JENKINS, 2008, p.27).
Na cobertura colaborativa do Festival Macondo Circus 2009,
macondocircus.com (Figura 7) todas essas características podem ser
encontradas. A autoria das produções e as mídias utilizadas, por exemplo,
aparecem interligadas. Observa-se na Figura 8 o nome do autor (número 5),
as mídias texto (número 2), vídeo (número 3) em uma única postagem, que
pode ser encontrada em qualquer uma das abas (texto, vídeo ou autores)
elencadas na lateral (número 1), desde que citadas como tags no momento
da postagem. Na Figura 8 também é possível observar a ferramenta Flickr
(número 4), que funciona para o armazenamento de fotos que não
aparecem nas postagens e, portanto, não são encontradas na aba fotos.
25

Figura 7 – Página do blog macondocircus.com/2009, que mostra a interligação


entre abas, vídeo, texto e autores.

Já na cobertura colaborativa do 11º Fórum Internacional de Software


Livre, softwarelivre.org/fisl11/cobertura-colaborativa (Figura 8), foi utilizado o
compartilhamento de produções via Twitter armazenados através da
hashtag #fislcolab para veicular os materiais acerca do evento. O
colaborador poderia seguir as instruções indicadas pela organização da
cobertura (número 1, Figura 8) e linkar o seu próprio blog, onde estaria o
conteúdo produzido sobre o Fórum, ou enviar o conteúdo diretamente ao
email do site.
26

Figura 8 – Página softwarelivre.org/fisl11/cobertura-colaborativa, que mostra


postagem explicando como participar da cobertura colaborativa

Na Figura 9 aparece um exemplo de blog em que o autor produziu


fotografia e texto sobre o Fórum e que foi linkado via Twitter através da
hashtag #fislcolab.

Figura 9 – Postagem do blog colaborador bugiganga.digital.com, com texto e foto

sobre o 11º Fisl.

No último exemplo dado, pode-se observar como age o usuário em


relação à convergência. Conforme relaciona Jenkins, é importante levar em
27

consideração “o comportamento migratório dos públicos dos meios de


comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca do que desejam”
(JENKINS, 2008, p.27). Por isso, ao divulgar o evento e consequentemente
fazer as produções das coberturas colaborativas chegarem até o público, é
essencial criar estratégias de divulgação que despertem o interesse das
pessoas em acompanhar a cobertura e também atuar como colaboradores,
usando, principalmente, as redes sociais como Facebook, Orkut e Twitter,
além das versões Beta desenvolvidas com softwares livres.
A divulgação pode ocorrer previamente ao evento e durante os dias
em que ocorre acompanhando o ritmo das atividades e prendendo
constantemente a atenção do público sobre o que se quer mostrar. Por isso
há a necessidade de publicar as produções quase em tempo real e quando
possível, realizar transmissões ao vivo.
Com o intuito de fomentar a circulação de informações de maneira
descentralizada, em uma cobertura colaborativa os participantes
compartilham o que veem e o que fazem com o caráter de inteligência
coletiva que, segundo Jenkins (2008, p. 28), pode ser vista como uma fonte
alternativa do poder midiático explorando o mercado de nichos, conceituado
por Chris Anderson como Cauda Longa. Para Anderson (2006, p. 5) a era
do tamanho único está chegando ao fim, ou seja, apesar de ainda existir
demanda para a cultura de massa esse já não é mais o único mercado, e
em seu lugar está surgindo algo novo, o mercado de variedades. E, como
traz à tona, Vacas:

A credibilidade dos meios convencionais, e portanto seu poder


para se converter em referentes sociais, está mais questionada
que nunca diante da evidência de milhões de pequenos
produtores/editores cujo poder de influência e acesso direto à
informação e ao conhecimento começa a se equiparar ao dos
5
antigos grandes meios. (VACAS, 2010, p. 53)

A internet oferece espaço para a produção e o consumo de novos


modelos de produtos midiáticos e é nesse espaço em que a cobertura

5
La credibilidad de los medios convencionales, y por lo tanto su poder para convertirse en
referentes sociales, está más cuestionada que nunca ante la evidencia de miles de pequeños
productores/editores cuyo poder de influencia y acceso directo a la información y el
conocimiento comienza a equiparse al de los antiguos grandes medios.
28

colaborativa se insere. Ela não tem a pretensão de competir com o


jornalismo, ambos podem conviver de maneira paralela, pois se propõe a
diferentes formas de transmissão de informações.
Em uma cobertura colaborativa, a linha editorial é flexível, muda de
acordo com o evento e de acordo com os interesses de quem dela participa.
Em um veículo tradicional de comunicação as pessoas são contratadas
para exercer uma função necessária à empresa para cobrir um determinado
evento ou acontecimento, já em uma cobertura colaborativa são os
participantes que ajudam a moldar a maneira e a definir através de quais
mídias o evento será coberto.
Esta última constatação é inerente à premissa de que os
consumidores de informações via internet estão deixando de atuar somente
na condição de destinatários passivos da produção de conteúdos e até
mesmo das tecnologias, reivindicando um espaço na construção das novas
formas de expressão.

2. PLANEJANDO UMA COBERTURA


COLABORATIVA

Os objetivos principais deste projeto experimental foram os de planejar


e executar a cobertura colaborativa para a web do 3º Festival de Teatro
Independente de Santa Maria utilizando o blog fetism.blogspot.com para
veicular o material produzido durante os dias do festival. Depois de
observado o funcionamento de outras coberturas colaborativas pela rede,
foi realizado o detalhamento de cada fase de elaboração da cobertura a fim
de se criar estratégias de organização que se assemelhassem ao
funcionamento de uma redação de jornal, mas que fossem flexíveis em
relação ao perfil dos colaboradores e abertas a adaptações demandadas
pelo tipo de evento que estaria sendo coberto. Ou seja, as fases e as
etapas aqui especificadas foram criadas e cumpridas para um festival de
teatro, mas poderiam ter sido feitas de maneira diferente e as pessoas que
29

se cadastraram poderiam possuir um perfil distinto, se a cobertura fosse de


um congresso de economia, por exemplo.
Faz parte das estratégias de organização da cobertura colaborativa
do º 3 FETISM, a maneira como este projeto experimental foi desenvolvido.
Ocorreu em três fases: pré-produção, produção (ou execução) e avaliação.
Todas foram organizadas e realizadas separadamente, mas indispensáveis
para que as outras duas se concretizassem.
Durante a pré–produção ocorreu a aproximação com as
particularidades que dizem respeito ao teatro, o conhecimento tanto da
história quanto da proposta do FETISM e a definição de questões
importantes para a execução do projeto, como planejamento estrutural e
técnico.
Nessa fase, foram elaborados importantes materiais que seriam
peças-chave para a execução da cobertura colaborativa: o cadastro dos
colaboradores e o desenvolvimento do blog e do #comofaz cobertura
colaborativa. A partir da organização prévia é que a cobertura se efetivou
e, durante a sua produção, é que a proposta e o planejamento deste projeto
foram experimentados.
Na segunda fase, a da produção, fotos, programas de rádio, textos e
vídeos, produzidos pelos vinte e quatro participantes da cobertura
colaborativa do 3º FETISM, foram elementos que deram sentido ao conceito
de trabalho colaborativo e ao resultado final.
Na avaliação, a pré-produção e a produção puderam ser vistas e
analisadas pela autora deste projeto através de observações pessoais e de
entrevistas com os participantes da cobertura colaborativa.
Cada uma das três fases sucedeu-se em etapas (Tabela 1) que
marcam a evolução do trabalho tanto prático quanto teórico. Essa divisão
permite observar mais diretamente as partes que compõe o projeto como um
todo e também entender como e porque cada passo foi dado.

Tabela 1 – Planejamento dividido em fases e etapas


1ª etapa - Participação em
reuniões semanais da organização
do 3º FETISM
30

1ª etapa - Participação em
reuniões semanais da organização
do 3º FETISM
2ª etapa - Cadastramento e
divulgação da cobertura
FASE DE PRÉ-
PRODUÇÃO 3ª etapa - Reuniões presenciais e
escala de trabalho/funções

4ª etapa - Desenvolvimento do
blog
PLANEJAMENTO
5ª etapa – Elaboração do
#comofaz cobertura colaborativa

1ª etapa – Espaço Cultural Victório


Faccin

FASE DE
PRODUÇÃO 2ª etapa - Praça Saldanha
Marinho

3ª etapa - Theatro Treze de Maio

1ª etapa - Elaboração do roteiro


da entrevista

2ª etapa – Realização das


entrevistas
FASE DE
AVALIAÇÃO 3ª etapa – Divisão das unidades e
categorização de avaliação

4ª etapa – Tratamento dos dados


e das informações

2.1 Fase de pré-produção

O planejamento do projeto começou em abril de 2010 com a escolha


do 3º FETISM como o evento cultural onde se realizaria a cobertura
colaborativa e seguiu até o início do festival em 10 de junho. Nessa fase se
conheceu a fundo a história do Festival, seus objetivos no cenário cultural e
independente, no que diz respeito à Santa Maria e também ao Brasil, como
funcionaria a dinâmica de trabalho da equipe organizadora além da
disponibilidade técnica e de infraestrutura do evento. Durante a pré-
produção houve também a preocupação em se aproximar do “mundo” das
31

artes cênicas, ou seja, conhecer como acontece a preparação de uma peça


de teatro em dia de espetáculo e também obter informações a respeito de
cada grupo que se apresentaria no Festival. A partir dessas informações e
entendimentos foram elaborados materiais importantes durante o
planejamento, que seriam peças fundamentais para a execução da
cobertura colaborativa: o cadastro dos colaboradores e o desenvolvimento
do blog e do manual.

1ª etapa - Participação em reuniões semanais da organização do


3º FETISM
Nos meses de abril e maio ocorreu a participação em reuniões
semanais junto à organização do 3º FETISM a fim de acompanhar o
processo de construção do Festival. A partir desse envolvimento inicial,
começou-se a traçar o planejamento das estruturas físicas e técnicas
necessárias para a cobertura. Tendo em vista que os espetáculos seriam
apresentados em diferentes locais durante os dez dias em que ocorreria –
Theatro Treze de Maio, Espaço Cultural Victório Faccin e Praça Saldanha
Marinho – foram observadas as necessidades de migrar tanto a equipe
quanto a infraestrutura da cobertura colaborativa de um local para o outro.

2ª etapa – Cadastramento e divulgação da cobertura


Na metade do mês de maio foi desenvolvido o formulário de
cadastramento dos voluntários (APÊNDICE A). O objetivo do cadastramento
foi o de reunir informações a respeito das áreas de interesses individuais e
também dos equipamentos que estariam disponíveis durante o Festival.
Não foi estipulado um prazo para o fechamento do cadastramento, pois,
conforme eram observadas as equipes sendo formadas (texto, vídeo, foto,
rádio), verificava-se para quais seriam necessários mais voluntários. Para
divulgar a cobertura colaborativa e atrair pessoas interessadas em colaborar
com a produção de conteúdos, foi desenvolvido um relise, com informações
sobre o festival e também sobre a cobertura, para divulgação em mailing,
grupos de e-mails e também para postagem nos blogs do Macondo Coletivo
(www.macondocoletivo.com) e do Palco Fora do Eixo
32

(www.palcoforadoeixo.blogspot.com), ambos realizadores do 3º FETISM. A


divulgação também ocorreu através de comunicação oral e pelas redes
sociais como o Twitter – utilizando o perfil do Festival (@festivalfetism) -,
Facebook e Orkut – através dos perfis e comunidades das associações
realizadoras.

3ª etapa – Reuniões presenciais, preenchimento da escala de


trabalho e divisão das funções
No final do mês de maio aconteceu o contato inicial com os cadastrados
através de e-mail e reuniões presenciais para organizar a escala de trabalho.
Foi utilizado o grupo de e-mail do google para a comunicação entre a equipe,
através do qual reuniões presenciais foram marcadas, as dúvidas, tanto da
coordenação quanto dos colaboradores, foram esclarecidas e sugestões e
ideias para a cobertura foram amadurecendo. Essa dinâmica de
relacionamento interpessoal, e também via e-mail e redes sociais, deu
consistência ao grupo e às decisões tomadas em relação à organização do
trabalho e às mídias que seriam utilizadas. Conforme foram esclarecidas as
propostas e o formato de cada mídia, é que foram estabelecidas as funções e
suas características.
Três fatores foram determinantes para as escolhas das mídias que seriam
trabalhadas e das funções que precisariam ser exercidas (e como seriam
exercidas). São eles: a) o fato de o Festival ser de teatro - leva-se em
consideração espaço físico, público, tipo de arte, artista, bastidores e dinâmica
de funcionamento de um espetáculo; b) a quantidade de pessoas que se
dispunham a trabalhar na cobertura; c) as mídias com que essas pessoas
gostariam de trabalhar – leva-se em consideração o interesse nas mídias
oferecidas no cadastramento e também a que foi utilizada por haver o interesse
de alguns dos cadastrados em exercê-la (o caso da web-rádio).
Na Tabela 2, é possível observar as funções que seriam exercidas em
cada mídia e como elas funcionariam. Permeando todas elas, ficou uma
pessoa responsável pela coordenação geral das atividades em todos os dias
do evento, circulando por todos os formatos de mídia e auxiliando os
colaboradores no desempenho de suas funções. Caberia ao coordenador atuar
como uma ponte entre a produção do evento e os colaboradores da cobertura.
33

Tabela 2 – Divisão das funções de acordo com o formato de mídia

FORMAT FUNÇÕES DESCRIÇÃO


O DE
MÍDIA

Responsável por pesquisar possíveis pautas, apurar


informações, contatar as fontes e realizar entrevistas. O tipo de
texto é de critério de escolha do próprio autor, podendo variar
Produtor de entre diversos gêneros jornalísticos como entrevista, matéria
texto factual, perfil, crônica, artigo, texto opinativo, texto literário, etc. O
autor do texto também deve estar atento à necessidade ou não
de serem utilizadas fotografias junto ao post.
Texto
Cabe ao revisor corrigir erros gramaticais e de digitação, e
Revisor de sugerir ao autor, que alguns trechos sejam reformulados para
dar coesão e coerência ao que se quer informar. O revisor pode
texto alertar o autor para algo que esteja faltado como, por exemplo,
título, legenda, etc, sugerindo ideias e propondo modificações.

O fotógrafo deve atentar para a estética da fotografia e para a


informação transmitida por ela. Quando há mais de um fotógrafo
pra cobrir o mesmo acontecimento é interessante que o foco de
Fotografia Fotógrafo um seja diferente do outro.
É o fotógrafo quem realiza a seleção e a pós-produção de suas
próprias fotos.

É quem realiza a captura das imagens. Trabalha em conjunto


Cinegrafista com o repórter realizando um planejamento prévio do que será
filmado, através da elaboração de um roteiro de gravação.

Vídeo
Repórter / Responsável por pesquisar possíveis pautas, apurar
Entrevistador/ informações, contatar as fontes e realizar entrevistas. Trabalha
em conjunto com o cinegrafista realizando um planejamento
Produtor prévio do que será filmado, através da elaboração de um roteiro
de gravação.

É quem edita os vídeos, seguindo um roteiro de gravação


Editor de vídeo desenvolvido pelo cinegrafista e pelo repórter / entrevistador. O
editor é responsável por inserir as vinhetas e os créditos, pelo
ajuste estético (cor, áudio, etc.) e pode sugerir modificações no
roteiro ou que mais imagens sejam produzidas e capturadas.

O produtor auxilia o apresentador tanto na execução do script do


Produtor de Programa Mamulengo, quanto na apresentação e recepção de
entrevistados passando orientações sobre o programa. É o
rádio responsável também por contatar os entrevistados.
34

Web Deve estar inteirado das informações acerca do evento, de


preferência dominar o assunto. É responsável pelo script
Rádio Apresentador juntamente com o produtor. O script funciona como um guia, mas
de rádio o apresentador deve estar preparado para improvisar caso
aconteça algo inesperado durante a transmissão. É quem faz a
apresentação e as entrevistas do Programa Mamulengo.

Técnico Inserem vinheta, cortina e músicas seguindo o script. Regulam


os áudios e os microfones do apresentador e dos entrevistados.

Cabe ao atualizador multimídia fazer a divulgação constante do


evento e das atividades da cobertura colaborativa através das
redes sociais (Twitter, facebook, Orkut).
É responsável também por monitorar a caixa de e-mails da
Atualizador cobertura do evento, para onde serão enviados materiais
Web multimídia produzidos por pessoas interessadas em colaborar mesmo não
fazendo parte da equipe da cobertura colaborativa (público).
Também pode ser o responsável pelo mapeamento de
veiculações realizadas por outros meios de comunicação sobre o
evento (clipagem e compartilhamento).

Nas reuniões presenciais foi desenvolvida uma escala de trabalho na qual


as pessoas se dividiram para cobrir o evento cumprindo uma ou mais das
funções estabelecidas, levando em consideração que cada dia era apresentada
apenas uma peça de teatro. Por exemplo: o colaborador A se cadastrou para
ser produtor e revisor de texto, entrevistador e produtor de vídeo e
apresentador e produtor da web rádio. Na escala dos dez dias do evento
colocou seu nome em um dos dias para produzir texto, três dias para revisar
texto, cinco dias para ser entrevistador e produtor de vídeo, dois dias para
apresentar o programa de rádio e cinco dias para fazer a produção do
programa.
O colaborador A se disponibilizou a exercer, em um mesmo dia, diferentes
funções, como as produções do programa de rádio e de vídeo. Assim como o
colaborador aqui utilizado como exemplo, outros membros da equipe foram
escalados para cumprir diferentes funções em um mesmo dia.
Para que os participantes pudessem ter acesso à escala da cobertura, a
qualquer hora do dia e de qualquer computador, foi utilizada a ferramenta
Google Docs (Figura 14). Nela ficaram registrados em uma tabela o nome da
peça de teatro, o dia e a hora em seria apresentada (número 1, Figura 13) –
foram dez dias de Festival e havia a apresentação de somente um espetáculo
35

por dia -, a função a ser exercida pelo colaborador (número 2, Figura 13) e o
nome dos colaboradores interligando função e data (número 3, Figura 13).

Figura 13 – Planilha de escala de trabalho criada no Google Docs para que cada
colaborador preenchesse.

A ferramenta Google Agenda também foi utilizada pela equipe a fim de


visualizar a programação como um todo. Os espetáculos e as oficinas foram
separadas por cores diferentes, para se diferenciarem uma da outra, e
colocadas no calendário dos dez dias conforme os horários em que ocorriam.
Através dela a equipe se organizou para cobrir todas as atividades do FETISM
sem que houvesse choques de horários ou falha na escala de trabalho.
Nesta etapa ocorreu também a adesão de membros que não haviam se
cadastrado anteriormente. Alguns foram procurados pela coordenação da
cobertura colaborativa, pois algumas funções necessitavam de mais pessoas,
como a edição de vídeo, produtor de rádio e apresentador de rádio. neste
momento a equipe recebeu o reforço de mais colaboradores que não haviam
tido conhecimento anterior sobre a cobertura. e demonstraram interesse em
participar.
36

4ª etapa – Desenvolvimento do blog


Tanto o layout quanto a programação do blog fetism.blogspot.com (Figura
14) foram desenvolvidos pelo artista visual Elias Maroso6 durante os dias 28 de
maio e 3 de junho. A plataforma blogspot foi escolhida por vários fatores,
dentre eles por ser de fácil usabilidade, por ser de uso gratuito e pelo fato do
programador possuir domínio técnico e conhecimento necessário para
trabalhar com a linguagem de programação HTML.
Na figura 14, observa-se que foi desenvolvida uma aba fixa para breve
explicação do que se trata cobertura colaborativa (número 1) e uma caixa com
abas destinadas às mídias texto, vídeo, web rádio e foto, e à aba “autores”,
onde ficariam armazenadas as produções de cada autor (número 2). Também
é possível observar o espaço destinado ao Flickr, ferramenta utilizada para
armazenar fotografias (número 3) e o plugin instalado no blog que permitiu a
exibição dos tweets veiculados pelo Twitter @festivalfetism (número 4). No
número 5 a frase “Mais informações” indica que ao clicá-la o post pode ser lido
por completo, ou seja, na capa do blog foi veiculado apenas o post resumo,
para que o usuário pudesse ter uma ideia mais dinâmica das postagens. Já no
número 6 aparecem os marcadores ou tags, onde, conforme eram postados os
materiais, eram linkados os seus respectivos autores e mídias.

6
Elias Maroso é artisa visual graduado pela Universidade Federal de Santa Maria, membro da
Associação de Produtores Culturais Independentes Macondo Coletivo (um dos realizadores do
3º Fetism) e um dos fundadores da Sala Dobradiça, núcleo de ações culturais localizado na
cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul, que concebe e viabiliza exposições artísticas
visuais de propositores tanto da região sul quanto de outras localidades do Brasil e exterior.
37

Figura 14 – Imagem da página inicial do blog fetism.blogspot.com.


38

5ª etapa – Elaboração do #comofaz cobertura colaborativa


Elaboração e finalização do #comofaz cobertura colaborativa para ser
utilizado como uma orientação para as equipes e suas produções (APÊNDICE
B). O material se assemelha a um manual de redação, mas é aberto a
modificações futuras por estar registrado no Creative Commons7. Através dele
o colaborador pode ter acesso: a) informações do que se trata uma cobertura
colaborativa, b) de que maneira ela pode ser estruturada, c) sugestões de
organização, d) detalhamento das funções que podem ser exercidas em uma
cobertura colaborativa, e) mídias que podem ser utilizadas, f) sugestões de
ferramentas a serem usadas, com links para tutoriais gratuitos.

2.2. Fase de produção

Na fase de produção se colocou em prática a cobertura colaborativa do 3º


FETISM.Neste momento os colaboradores produziram vídeos, textos, fotos,
programa de rádio, transmissão ao vivo e atualização multimídia, sustentados
pela pré-produção e auxiliados pela coordenação geral. O planejamento
realizado previamente foi colocado à prova e se pode observar com clareza o
que deveria ser modificado durante a cobertura e o que poderia permanecer
como o planejado.
Os ajustes necessários em relação à escala de trabalho, infraestrutura e
acesso à internet ocorreram naturalmente, de acordo com os locais,
disponibilidade dos colaboradores e à programação do Festival.
Nessa segunda fase as etapas são consideradas conforme os locais em
que o 3º FETISM aconteceu: 1ª etapa - Espaço Victório Faccin8, 2ª etapa –
Praça Saldanha Marinho e 3ª etapa – Theatro Treze de Maio. Esta divisão foi
feita por se tratarem de situações bastante diferentes umas das outras e que
influenciaram na maioria dos ajustes efetivados. O que interessa nessa fase

7
André Lemos ao discutir como diversas práticas ciberculturais modificam a comunicação e a
sociedade, declarou que o “princípio que rege a cibercultura é a re-mixagem”. (LEMOS, 2006,
p.52). O remix, a colagem, a recombinação de conteúdos e formas são expressões da idéia de
commons, ou seja, a cultura das redes é um terreno típico dos commons.
8
O local é popularmente conhecido em Santa Maria como TUI, Teatro Universitário
Independente, seu antigo nome.
39

não é descrever o trabalho de cada um dos colaboradores durante o Festival,


mas sim relatar como funcionou a dinâmica de trabalho no decorrer dos dez
dias de espetáculos.
De maneira geral, como se observa na Tabela 1, os únicos formatos de
mídia que tiveram apenas uma função sendo exercida foram a fotografia e a
web, mas mais de uma pessoa, assim como em outros formatos de mídia,
realizaram a mesma função em um mesmo dia.

1ª Etapa - Espaço Cultural Victório Faccin


A cobertura colaborativa começou a ser executada no Espaço Victório
Faccin no dia 10 de junho e foi até o dia 13, quando os espetáculos aconteciam
no período da noite, a partir das 20 horas. Durante estes quatro dias a escala
de trabalho foi seguida normalmente, com exceção da cobertura de duas das
oficinas, que foram canceladas um dia antes de começar, no dia 12.
As produções de vídeo, texto e fotografia foram realizadas como o
planejado na pré-produção e os colaboradores seguiram as sugestões dadas
no manual. Já a dinâmica de organização e a execução das funções ligadas à
web rádio9 (produção, apresentação e técnica) e à web (atualização multimídia)
foram prejudicadas por problemas com a conexão à internet. Estavam
disponíveis dois equipamentos de tecnologia 3G, um para o notebook da
técnica de rádio e outro para o notebook do atualizador multimídia. O problema
resultou na não transmissão da quarta edição do Programa (de web rádio)
Mamulengo – que ia ao ar sempre uma hora e meia antes dos espetáculos, e
tinha a duração de 45 minutos. A solução encontrada pela coordenação e pelos
colaboradores escalados para a produção e a apresentação do rádio foi a de
entrevistar os convidados do programa daquele dia e produzir texto e
fotografia, ambos veiculados no post “O dia em que a conversa não foi ao ar”
(Figura 16). Já a falta de atualização multimídia não teve como ser suprida e,
no dia 14 de junho, o responsável por essa função auxiliou na coordenação
geral da cobertura.

9
Também chamada de rádio via internet ou rádio online.
40

Figura 15 – Post “O dia em que a conversa não foi ao ar”, publicado dia 15 de junho de 2010
no blog fetism.blogspot.com

2ª etapa – Praça Saldanha Marinho


Durante os acontecimentos do Festival na Praça Saldanha Marinho, a
equipe da cobertura se instalou no hall de entrada do Theatro Treze de Maio
(espaço cedido gentilmente pela diretoria do Teatro. Nos dias 14, 15 e 16 de
junho foram apresentadas três peças de teatro de rua no turno da tarde e, por
isso, o horário do programa de rádio também mudou (quando o festival
acontecia no Espaço Cultural Victório Faccin era transmitido das 19h às 19h e
45min da noite, mas quando os espetáculos eram apresentados na Praça, o
programa passou a ser transmitido das 15 h às 15h e 45min).
Na primeira tarde de apresentação na Praça apareceu uma pessoa, que
até então não fazia parte da equipe, querendo colaborar fotografando e
filmando. A adesão desse novo membro veio ao encontro da necessidade de
equipamento de gravação, já que até então prevíamos a falta da produção de
vídeo, pois ninguém da equipe poderia disponibilizar câmera nos dias em que o
evento ocorreu na Praça.

3ª etapa – Theatro Treze de Maio


Nos dias 17, 18 e 19 os espetáculos foram apresentados no Theatro
Treze de Maio, voltando a iniciar às 20 horas. Foi o ambiente mais acessível
para trabalhar devido ao espaço físico maior e à melhor qualidade da internet.
41

Aqui a equipe já se encontrava mais afinada, pois todos já se conheciam,


ajudando-se mutuamente.
O programa de rádio atrasou em um dos dias por falha técnica devido a
problemas com o software de transmissão, mas o restante das mídias
funcionaram normalmente nos três dias. Foram os dias em que o twitter foi
mais utilizado tanto pelo responsável pela atualização multimídia quanto pelo
restante da equipe.

2.3. Fase de avaliação

A avaliação ocorreu em quatro etapas e começou logo depois do término


do evento, através de entrevistas realizadas com os participantes, com o
objetivo dar espaço às opiniões de quem ajudou a desenvolver a cobertura
colaborativa do 3º FETISM e consequentemente emitir pareceres sobre
aspectos não observados pelo entrevistador.

1ª etapa - Elaboração do roteiro da entrevista


Elaboração de um roteiro de entrevista semiestruturado (APÊNDICE C)
de avaliação dos resultados da cobertura colaborativa, abordando os assuntos:
1º) pontos positivos; 2º pontos negativos; 3º) o que poderia ser melhorado; 4º)
execução das funções; 5º) utilização do #comofaz cobertura colaborativa; 6º)
Blog; 7º) considerações finais.

2ª etapa – Realização das entrevistas


Realização das entrevistas, ocorridas desde o início de julho ao final de
agosto, com os participantes da cobertura colaborativa. A entrevista foi feita
individualmente em encontros informais utilizando o roteiro semiestruturado.
Todas as entrevistas foram gravadas, com durações que variaram de três a
dez minutos e sendo posteriormente transcritas

3ª etapa – Divisão das unidades e categorização de avaliação


Preparação dos dados obtidos nas entrevistas com os participantes da
cobertura. Ou seja, nessa fase o conteúdo das entrevistas foi desmembrado e
42

transformado em unidades que posteriormente foram reunidas em categorias.


Para efeito de organização dos aspectos que deveriam ser analisados, foram
criadas duas tabelas para cada uma das perguntas presentes no roteiro. A
primeira, para a divisão das unidades e a segunda para a categorização de
avaliação.
Conforme as unidades se repetiam, era feita a anotação numérica ao lado
e posteriormente foram agrupadas por cor de acordo com a categoria em que
se encaixavam. Esse método colaborou para que nenhuma informação fosse
perdida e para que durante a interpretação dos dados existisse a possibilidade
de recorrer às tabelas a fim de sanar eventuais dúvidas, além de evitar
equívocos.
Os aspectos apontados pelos colaboradores em perguntas feitas além
das que estavam no roteiro, acabaram se encaixando de alguma maneira em
uma das tabelas. Portanto, não foi necessário criar novas tabelas para cada
uma dessas “perguntas-extra”.
Nessa etapa também foram feitas anotações por parte do entrevistador de
pontos não mencionados pelos colaboradores, mas que também eram
importantes para a análise. Quando esses aspectos são discorridos no capítulo
de análise, sempre há referência de que são frutos de percepções do
entrevistador.

4ª etapa – Tratamento dos dados e das informações citadas


Depois de divididas as unidades e definidas as categorias, foram eleitas
algumas frases faladas pelos colaboradores durante as entrevistas e que se
destacaram em cada uma delas para enfim começar o tratamento dos dados.
Tratamento dos dados obtidos a partir da divisão das unidades e
categorização de avaliação com base nas tabelas criadas para: 1º) pontos
positivos; 2º pontos negativos; 3º) sugestões para suprir os problemas; 4º)
execução das funções; 5º) uso do #comofaz cobertura colaborativa; 6º) Blog;
7º) considerações finais.
43

3. AVALIAÇÃO DA COBERTURA COLABORATIVA


DO 3º FETISM

Avaliar a cobertura realizada faz parte de um dos objetivos desse projeto


experimental. A partir dessa reflexão pós-produção, foi possível detectar as
falhas e os acertos do planejamento (e suas fases e etapas) e do #comofaz
cobertura colaborativa, desenvolvidos para a cobertura colaborativa do 3º
FETISM. a avaliação da cobertura colaborativa nos leva a refletir a respeito de
erros e acertos, problemas e soluções, para condução de forma mais eficaz de
trabalho semelhante no futuro. Da mesma forma, nos conduz para uma
reformulação do #comofaz de maneira segura e eficiente.
Procurou-se planejar a cobertura colaborativa para que sua execução se
aproximasse ao máximo da premissa aqui desenvolvida, a do trabalho coletivo.
Por isso é importante, nesse momento, levar em consideração a opinião dos
colaboradores que vivenciaram a cobertura. Para tanto, foram entrevistadas
aquelas pessoas que tiveram o seu nome linkado como “autor” no blog
fetism.blogspot.com, utilizando um roteiro semiestruturado.
Além de informações obtidas nas entrevistas, observações foram feitas
pela entrevistadora não só com relação às entrevistas, mas desde a fase de
pré-produção, passando pela execução até o momento de reflexão sobre o
trabalho como um todo. Tais observações aparecem nas considerações finais
da avaliação.
Para guiar a avaliação segue-se o mesmo esquema criado no roteiro das
entrevistas, onde os entrevistados foram questionados sobre aspectos
relevantes de avaliação como pontos positivos e negativos da cobertura, a
utilização do #comofaz cobertura colaborativa, o desempenho das funções,
a organização da cobertura, aspectos que poderiam ser melhorados e como
poderiam ser feitos, e demais fatores que são considerados pontos importantes
para a avaliação e que adiante são expostos e interpretados.
44

3.1 Entrevista com os colaboradores

10
Dos vinte e três colaboradores identificados na aba “autores” no blog
fetism.blogspot.com, todos concederam entrevista informal. De acordo com
Cohen & Manion (2007, p. 353) “nesse tipo de entrevista o pesquisador possui
liberdade para mudar a ordem das perguntas, explicar com outras palavras ou
até ampliá-las”.
Nas entrevistas foi utilizado um roteiro para que fosse assegurada a
abordagem de todos os tópicos importantes com todos os entrevistados. Isto
não significa que o roteiro tenha funcionado como um fator limitador, ele
apenas serviu para lembrar o entrevistador dos aspectos importantes para a
entrevista. Ao longo dos diálogos foram levadas em consideração as
particularidades dos entrevistados como as áreas em que cada um atuou
durante o 3º FETISM e também as experiências que alguns já haviam tido em
outras coberturas colaborativas.
É importante ressaltar que as entrevistas duraram entre três a dez
minutos e que isso variou conforme o envolvimento de cada colaborador
durante a cobertura. Alguns participaram em mais dias e estiveram presentes
nas reuniões que ocorreram antes de iniciar o evento e por isso podem ter visto
o processo de uma maneira diferente e mais ampla de quem atuou em um dia
apenas, por exemplo. Mas ocorreram também situações em que algumas
pessoas que atuaram em apenas um dia mencionaram questões não
observadas por aqueles colaboradores mais assíduos. Também houve
momentos em que perguntas não foram respondidas. Isso aconteceu porque
ou as pessoas não sabiam o que responder ou não vivenciaram a situação
exposta.
Dois colaboradores mereceram especial atenção na hora das entrevistas,
um por ter se agregado à equipe durante o festival exercendo a função de
fotógrafo e cinegrafista e o outro por não fazer parte da equipe em nenhum
momento, mas ter colaborado enviando um texto para ser postado no blog. Nas
entrevistas com esses dois colaboradores algumas perguntas do roteiro não
foram feitas e outras não foram respondidas. Mas possuem igual importância

10
Na aba autores constam os nomes de vinte e quatro colaboradores, mas uma dessas
pessoas é a autora deste projeto, portanto não faria sentido a autora se auto-entrevistar.
45

para a avaliação, a reformulação do #comofaz cobertura colaborativa e a


conclusão deste projeto experimental.

3.2 Descrição e interpretação das categorias

Antes de começar a avaliação dos dados obtidos nas entrevistas, foi


preciso organizá-los em unidades que em seguida foram agrupadas em
categorias de avaliação11. Para isso foram utilizados como critérios as
semelhanças de significados entre as unidades e também no que implicavam
esses significados para a avaliação. Por exemplo, ao avaliar pontos positivos,
foram aglutinadas as unidades vídeo, texto, web rádio, multimídia e
imparcialidade e se criou a categoria conteúdo, pois se entendeu que era a isso
que se referiam. Depois de definidas as categorias, foram eleitas algumas
frases dos colaboradores durante as entrevistas e que se destacaram em cada
uma delas.
Assim como nas entrevistas, os pontos importantes presentes no roteiro
também servirão como guia para a avaliação. Em somente uma dessas
questões, sobre a utilização do #comofaz cobertura colaborativa, é que não
se fazem necessárias as apresentações de tabelas, de unidades nem de
categorização.

3.2.1 Pontos positivos

Das vinte e três pessoas entrevistadas, dezoito mencionaram questões


que dizem respeito ao conteúdo produzido, como se observa nas tabelas 3 e 4,
sendo que a maioria dessas citou a produção do programa de rádio
“Mamulengo” e o uso de diferentes mídias para transmitir as informações
(multimídia). Quinze pessoas deram ênfase ao trabalho coletivo, onde a equipe
e a pluralidade de olhares foram aspectos mais repetidos. Em seguida, em

11
Serviram como referência para esta avaliação as fases da análise de conteúdo definidas por
Laurence Bardin (1977) como a) Preparação das informações e definição da amostra; b)
Transformação do conteúdo em unidades – escolha das unidades e enumeração das
unidades; c) Classificação das unidades em categorias; d) Descrição das categorias; e)
Interpretação.
46

ordem decrescente, foram destacadas questões que dizem respeito à


organização, como o uso, o imediatismo (ritmo das postagens acompanharam
o ritmo dos acontecimentos), a pré-produção e o uso do #comofaz cobertura
colaborativa (que faz parte da pré-produção). A essa última unidade um dos
entrevistados disse, “Ninguém tinha muita dúvida do que estava fazendo,
estavam muito bem definidas as tarefas”. Foram feitos comentários a respeito
do evento como o fato de se tratar de teatro. Um dos colaboradores referiu-se
sobre a “visibilidade que o Fetism ganhou com a cobertura, porque eu achei
que pouca gente iria participar do evento e não foi o que aconteceu”. Também
teve alusões aos usos do dropbox como ferramenta de compartilhamento de
fotos e do blogspot como plataforma do blog.
Sobre o Dropbox, somente uma pessoa comentou: “Achei
importantíssimo e virei fã do Dropbox”. Infere-se dessa fala que o colaborador
fez uso sistemático da ferramenta sugerida no #comofaz, armazenando suas
fotografias em uma pasta dentro do sistema que, de qualquer computador, o
restante da equipe poderia ter acesso.

Tabela 3 – Definição e numeração das unidades sobre os temas


abordados pelos entrevistados na pergunta sobre os pontos positivos da
cobertura
UNIDADES REPETIÇÃO
Equipe 10
Pré-produção 6
Multimídia 6
Web Rádio 6
Cobrir teatro 5
Textos 3
Pluralidade de olhares 3
Imediatismo 2
Visibilidade ao Festival 1
Vídeos 1
Imparcialidade 1
Blog 1
Utilização do #comofaz 1
Trabalhar com o que gosta 1
Autoria 1
12
Dropbox 1

12
Ferramenta de compartilhamento de arquivos que oferece gratuitamente o espaço de até 2
Giga. Disponível em www.dropbox.com.
47

Tabela 4 – Agrupamento das unidades em categorias sobre os pontos


positivos da cobertura.
UNIDADES CATEGORIA FRASE EXEMPLO
Equipe “Acho legal essa ideia de trabalhar
Pluralidade de olhares de uma maneira mais democrática,
Trabalhar com o que gosta Trabalho em coletivo com liberdade de criação e de fazer
Autoria (13) escolhas, sem a rigidez de uma
edição tradicional.”
Pré-produção “Ninguém tinha muita dúvida do que
Imediatismo Organização estava fazendo, estavam muito bem
Utilização do #comofaz (8) definidas as tarefas.”
Textos
Imparcialidade “Os textos ficaram bons e entravam
Vídeo Conteúdo dentro do prazo. Isso é importante
Web rádio (18) em um evento diário se não o
Multimídia material fica defasado”
Cobrir teatro
Evento “Gostei do desafio de trabalhar com
Visibilidade ao festival (5) teatro, nunca havia trabalhado
antes.”
Dropbox Uso das ferramentas e
Blog plataformas “Achei importantíssimo e virei fã do
(2) Dropbox”

3.2.2 Pontos negativos

Ao mesmo tempo em que foi um dos mais citados como ponto positivo, a
web rádio também foi alvo da maioria dos comentários negativos,
contabilizando doze no total. Infere-se que este contraponto ocorre porque,
embora o programa “Mamulengo” tenha sido estimulante para quem o fez e
tenha atingido os objetivos propostos no início, ele teve problemas técnicos e
de pré-produção e. Infere-se também que os problemas técnicos ocorreram
devido à junção de diversos fatores mencionados pelos entrevistados como a
falta de conexão com a internet quando o evento aconteceu no Espaço Cultural
Victório Faccin e falha técnica, pelo fato de o equipamento disponível não estar
em boas condições, por alguns dias faltar equipamento (como cabos de áudio,
por exemplo), e por problemas com o software utilizado para a transmissão.
Além disso, como relembra um dos colaboradores que atuou na função de
técnico de rádio, “Fomos emendando uma coisa na outra, não nos
organizamos e pré-produzimos muito bem, fomos resolvendo os problemas
conforme iam aparecendo”.
Problemas relacionados à edição dos vídeos compõem o segundo
48

aspecto negativo mais apontado pelos participantes, foram sete no total. Uma
destas pessoas chamou atenção pelo fato de não ter sido utilizado um roteiro
tanto para as gravações quanto para a edição e outro completou esse ponto
negativo dizendo que “faltou diálogo entre repórter e editor” e citou ainda o
“pouco tempo disponível para a edição dos vídeos”. Outros dois fatores que,
segundo os colaboradores, atrapalharam o trabalho dos editores foram a falta
de um local específico que centralizasse as edições e a demora no upload dos
vídeos.
Outros quatro entrevistados enfatizaram questões categorizadas como
falha de divulgação. O que engloba a pouca divulgação prévia da cobertura
colaborativa e, como afirmou um dos participantes, “Faltou uma divulgação só
para a cobertura colaborativa para que as pessoas soubessem do que se
tratava e tivessem interesse em participar”. Uma pessoa destacou ainda o
pouco uso do twitter como ferramenta de divulgação instantânea do evento, e
disse: “Todos tinham twitter, mas na semana em que estava acontecendo o
evento não utilizaram para fazer divulgação do evento dentro do evento. Isso
aumenta o número de pessoas que são “atingidas”, que ficam sabendo da
existência do FETISM”.
Uma pessoa expôs a opinião a respeito de situações consideradas por
ela como negativas e que dizem respeito ao trabalho em coletivo, “(...) às vezes
podem ocorrer desentendimentos, pessoas disputarem o mesmo espaço, mas
aí não é problema do sistema da cobertura, é problema de que algumas
pessoas não entendem a proposta”.
Um dos participantes chamou a atenção para “a falta de material mais
consistente para a pesquisa, já que muitas vezes é difícil encontrar
informações sobre determinadas peças”. Ao suprir essa falha, outra poderia ter
sido sanada como o aspecto mencionado por apenas um dos entrevistados:
“Eu acho que o que não funcionou foi determinar que alguns textos deveriam
ser feitos, como os das peças, e largar a possibilidade para que quem tivesse
alguma outra ideia de pauta poderia fazer também, sobre o que quisesse”.
Somente uma pessoa não mencionou nenhum ponto negativo, alegando
que não se recordava de nada no momento.
49

Tabela 5 – Definição e numeração das unidades sobre os temas


abordados pelos entrevistados na pergunta a respeito dos pontos negativos da
cobertura
UNIDADES REPETIÇÃO
Falha na técnica do rádio 8
Equipamento 6
Falha na pré-produção dos 3
programas
Pouca divulgação da cobertura 2
Faltou maior abertura para outros 1
colaboradores durante o evento
Roteiro pra edição não foi utilizado 1
Problemas TUI 1
Falta de comunicação entre editor 1
e repórter
Divulgação twitter 1
Pouco tempo para a edição dos
vídeos
Falta de informações sobre as 1
peças
Demora no upload vídeos 1
Explorar pautas 1
Faltou central de edição 1
Alguns não estavam abertos à 1
proposta inicial ou não
entenderam

Tabela 6 – Agrupamento das unidades em categorias sobre os pontos


negativos da cobertura
UNIDADES CATEGORIA FRASE EXEMPLO
Roteiro para edição não foi
usado “Faltou diálogo entre repórter e
Falta de comunicação entre Edição editor”
editor e repórter (4)
Demora no upload vídeos “Faltou o editor e o repórter
trabalharem juntos, ou o repórter
Faltou central de edição
fazer um roteiro detalhado”
Pouco tempo para a edição
dos vídeos
Falha na técnica do rádio “Fomos emendando uma coisa na
Web Rádio outra, não nos organizamos e
Falha na pré-produção dos (12) pré-produzimos muito bem, fomos
programas resolvendo os problemas
*Problemas TUI conforme iam aparecendo”
Faltou maior abertura para
outros colaboradores durante Falha de “Faltou uma divulgação só para a
o evento Divulgação cobertura colaborativa para que
Pouca divulgação da (4) as pessoas soubessem do que se
cobertura tratava e tivessem interesse em
Divulgação twitter participar”
*Problemas TUI
Equipamento

(7)
50

*Problemas TUI
Falta de equipamento Equipamento

(7)
Alguns não estavam abertos
à proposta inicial ou não “(...) às vezes podem ocorrer
entenderam 1 desentendimentos, pessoas
disputarem o mesmo espaço,
mas aí não é problema do
sistema da cobertura, é problema
de que algumas pessoas não
entendem a proposta.”

Falta de informações sobre


as peças “Falta de material mais
1 consistente para a pesquisa, já
que muitas vezes é difícil
encontrar informações sobre
determinadas peças”

Explorar pautas
“Eu acho que o que não
1 funcionou foi determinar que
alguns textos deveriam ser feitos
(como os das peças) e largar a
possibilidade para que quem
tivesse alguma outra ideia de
pauta poderia fazer também
(sobre o que quisesse)”

13
*Problemas TUI

3.3.3 Sugestões para suprir os problemas

Quatro pessoas deram sugestões para suprir o problema com os textos


e a falta de propostas de pautas por parte dos colaboradores. Duas delas
sugeriram que a comunicação entre toda a equipe e a coordenação fosse
reforçada e que reuniões de pauta fossem realizadas diariamente. Outros dois
colaboradores sugeriram desenvolver alguns critérios como exemplifica um
deles, “cada dia uma pessoa tem um texto extra para fazer e tem que dar uma
ideia de pauta, por exemplo: perfil da atriz do espetáculo tal”. Outra sugestão
dada foi a de desenvolver “Uma base de dados sobre os grupos teatrais,
autores, diretores e atores de peças”.
No que diz respeito aos problemas ocorridos com a web rádio, seis
pessoas fizeram sugestões como oferecer oficinas antes de começar o evento

13
A unidade se encaixa, exclusivamente, às categorias “web rádio” e “equipamento”.
51

ensinando os interessados a lidar com a parte técnica (software e áudio),


“Intensificar a pré-produção dos programas de rádio. Mais pessoas para a
produção e coordenação”, como diz um dos colaboradores; ele sugere ainda
que deve ser feita “cobrança mútua de maior comprometimento na execução
das funções”. Outro colaborador frisa também que falhas podem ocorrer e que,
sendo assim, devem-se estudar possibilidades de outras mídias cobrí-las,
(produção de texto e fotografia, por exemplo) e gravar os programas para
disponibilizá-los em podcast no blog, permitindo assim o “registro do trabalho
de quem fez os programas de rádio”.
Para melhorar a produção e edição dos vídeos, foi sugerido que os
produtores fizessem a decupagem dos vídeos antes de passar para os
editores, ou seja, que assistissem o que foi gravado e anotassem o tempo da
gravação que gostariam que fosse utilizado na edição. Outra sugestão feita em
relação ao vídeo foi a de se reforçar a comunicação entre quem produz e quem
edita os materiais, um dos entrevistados diz “O vídeo ser editado sempre em
dupla, por quem grava e edita, de preferência logo depois de ser gravado”.
Infere-se que tal atitude evitaria problemas como o que ocorreu em um dos
dias de Festival quando um dos vídeos teve que se retirado do youtube e,
portanto do blog, por conter uma cena que não deveria ter sido veiculada. Foi
sugerido também que fizesse uma central de edição, onde a equipe poderia
trabalhar junto e evitar problemas como o citado anteriormente. A fim de tornar
os vídeos mais atrativos, uma pessoa mencionou que poderiam ter ficado mais
curtos.
Duas pessoas fizeram sugestões em relação à fotografia. Para que
recebessem mais destaque no blog, uma pessoa sugere que poderiam ser
criados posts só contento fotografias e para que não ficasse um post muito
longo, “Poderíamos veicular várias fotos de uma vez só. Acho que slideshow
seria uma boa opção”. Outra ideia sugerida para valorizar mais as fotografias é
que na aba “Fotos” aparecessem somente fotografias, e não todos os textos
que contenham uma foto pelo menos, como aconteceu no blog
fetism.blogspot.com.
Uma pessoa sugeriu que para suprir os problemas com a falta de
equipamentos, fosse enviado projeto para Lei de Incentivo à Cultura a fim de
adquirir verba.
52

Sete pessoas não fizeram nenhuma sugestão para suprir os problemas


ocorridos.

Tabela 7 - Definição e numeração das unidades sobre os temas


abordados pelos entrevistados na pergunta a respeito das sugestões para
suprir os problemas ocorridos na cobertura
UNIDADES REPETIÇÃO
Buscar outras pautas 2
Mais comunicação entre a equipe 2
Decupar imagens e entrevistas 2
Fortalecer a produção dos 2
programas
Sugere que se faça projeto na LIC 1
para se ter verba
Sala de redação com central de 1
edição
Usar slideshow para as fotos 1
Deixar na aba fotos só posts de 1
fotos (sem os com texto)
Treinamento para a técnica 1
(oficinas)
Vídeos mais curtos 1
Cobrar maior comprometimento 1
das pessoas
Melhorar a base de dados 1
Estudar outros meios de cobrir 1
falhas (uma mídia pode substituir
a outra)
Disponibilizar o programa em 1
podcast

Tabela 8 – Agrupamento das unidades em categorias sobre as


sugestões para suprir os problemas da cobertura

UNIDADES CATEGORIA FRASE EXEMPLO


Decupar imagens e
entrevistas “O vídeo ser editado sempre em
Edição dupla, por quem grava e edita,
Mais comunicação entre a (5) de preferência logo depois de ser
equipe gravado”
Vídeos mais curtos

Sala de redação com central


de edição
Usar slideshow
Fotos “Poderíamos veicular várias fotos
(2) de uma vez só. Acho que
Deixar na aba fotos só posts slideshow seria uma boa opção”
de fotos (sem os com texto)
53

Treinamento para a técnica


(oficinas)
Fortalecer a produção dos
programas
Cobrar maior Web rádio “Intensificar a pré-produção dos
comprometimento das (6) programas de rádio. Mais
pessoas pessoas para a produção e
Disponibilizar o programa em coordenação”
podcast
Estudar outros meios de cobrir
falhas (uma mídia pode
substituir a outra)
Mais comunicação entre a “cada dia uma pessoa tem um
equipe Texto texto extra para fazer e tem que
Buscar outras pautas (4) dar uma ideia de pauta, por
exemplo: perfil da atriz do
espetáculo tal”
Melhorar a base de dados 1 “Uma base de dados sobre os
grupos teatrais, autores,
diretores e atores de peças”
Sugere que se faça projeto na “Poderia ser feito algum projeto
LIC para obter verba Equipamentos em Lei de Incentivo à Cultura
para supri problemas técnicos”

3.3.4 Execução das funções

Ao serem questionados se a função que se propuseram a exercer no


cadastro foi a mesma que efetivamente exerceram durante a cobertura dez
pessoas responderam que sim: outras onze responderam que sim, mas com
ressalvas. Essas últimas disseram que exerceram funções além das quais se
cadastraram e somente uma respondeu que exerceu funções a menos. Esta
única pessoa se cadastrou para trabalhar com texto, vídeo e áudio, mas com a
criação do programa de rádio passou as funções de texto e vídeo para outras
pessoas, se dedicando somente à web rádio.

3.3.5 Utilização do #comofaz cobertura colaborativa

Quatorze pessoas responderam que leram o manual e oito que não


leram. Em relação às que leram, a maioria indicou como mais úteis as
informações a respeito da postagem no blogspot e ao funcionamento da
revisão dos textos e todos acharam o material de fácil compreensão. Uma das
pessoas que leu observou que, “Acho que ele serve mais para quem não tem
54

muita experiência, se tu já tem uma base acho que ler rapidamente e uma vez
o que cabe à tua função já é o suficiente”, já para outra “Todos os dias eu
levava ele ao teatro e me guiava por ele. Só não consegui utilizar o Dropbox
porque o meu computador é muito lento”. Dos quatro colaboradores que
trabalharam com edição de vídeo, dois deles fizeram uso do manual para
seguir a padronização sugerida de como colocar os créditos. Os outros dois
seguiram o padrão assistindo aos que já haviam sido postados, mas, como
conta um deles, problemas surgiram por isso “Tive que refazer um dos vídeos e
se eu tivesse lido o manual não teria que refazê-lo”.
Das oito pessoas que não leram, uma, que exercia a função de
fotógrafo, foi o único fotógrafo que não utilizou nem o Dropbox nem o Flickr. Os
demais que não leram, disseram que não precisaram postar nada no blog e
que por isso não sentiram falta da leitura do material.

3.3.6 Blog

Das vinte e três pessoas indagadas sobre o blog, todas teceram


respostas em relação ao visual agradável do layout. Quando questionados
novamente sobre aspectos de usabilidade e plataforma escolhida, quatro dos
colaboradores não souberam responder, pois alegaram ter utilizado apenas
como usuários, não precisando administrá-lo em nenhum momento durante a
cobertura14.
A categorização foi dividida entre fatores positivos e negativos do blog
fetism.blogspot.com, com treze referências para cada. Sobre os fatores
positivos a maioria, quatro pessoas, destacou a boa usabilidade. Um dos
colaboradores disse: “Acho difícil unir bom estilo ao bom uso e esse blog
conseguiu atender aos dois”, outras três pessoas mencionaram o uso do
#comofaz cobertura colaborativa, como fator que facilitou na hora usar o
blog, “O manual já dava dicas que ajudavam na postagem”. Uma pessoa achou

14
Foi utilizado um usuário apenas para administrar o blog, ou seja, todos, quando fossem
postar algum material acessavam o usuário “fetism”. Isso foi feito para que todos pudessem
postar não somente as suas produções mas também as do restante da equipe, acelerando
o processo de postagem. Os créditos de cada material apareciam no final de cada
postagem (quando se tratava de texto e foto) e no decorrer dos vídeos (quando se tratava
de vídeo).
55

interessante o fato de as postagens serem linkadas diretamente aos nomes de


quem produziu o material, fazendo assim o armazenamento do trabalho
coletivo, mas também individual.
A respeito dos fatores negativos, três pessoas disseram que preferiam
trabalhar com blogs desenvolvidos na plataforma wordpress, uma delas falou,
“Tivemos problemas técnicos de postagem. Não chegou a prejudicar nosso
trabalho, mas ainda assim prefiro o wordpress”. Problemas com a configuração
das postagens foi ressaltado por cinco entrevistados nessa segunda categoria,
um deles explica “As fontes davam problema na postagem (...) quem não
estava acostumado com o blogspot teve dificuldade”, outro entrevistado
relembrou que quando esse problema surgiu o trabalho de equipe foi
importante, pois aqueles que tinham maior conhecimento sobre a plataforma
ajudaram quem não a dominava explicando via e-mail e também pessoalmente
os procedimentos que deveriam ser adotados ao efetuar postagens.

Tabela 10 - Definição e numeração das unidades sobre os temas


abordados pelos entrevistados na pergunta a respeito do blog
fetism.blogspot.com
UNIDADE REPETIÇÃO
Problema de configuração 5
Boa usabilidade 4
Atendeu às necessidades 3
Wordpress seria melhor do que 3
blogspot
Manual ajudou 3
Funcionou bem 2
Postagens ligadas aos seus 1
autores
Melhorar o sistema de busca 1
Faltou linkar postagens direto ao 1
twitter
Funcionou melhor para texto do 1
que para vídeo
Preferiria o Picasa do que o Flickr 1
Faltou player de rádio 1
56

Tabela 11 – Agrupamento das unidades em categorias sobre o blog


fetism.blogspot.com
UNIDADE CATEGORIA FRASE EXEMPLO
Atendeu às necessidades
“Acho difícil unir bom estilo ao
Funcionou bem
bom uso e esse blog
Postagens ligadas aos seus conseguiu atender aos dois”
autores Fatores positivos
“O manual já dava dicas que
Manual ajudou (13) ajudavam na postagem“
Boa usabilidade
Problema de configuração “Tivemos problemas técnicos
de postagem. Não chegou a
Melhorar o sistema de busca
prejudicar nosso trabalho,
Wordpress seria melhor do mas ainda assim prefiro o
wordpress”
que blogspot
Faltou linkar postagens direto
“As fontes davam problema
ao twitter Fatores negativos
na postagem (...) quem não
Funcionou melhor para texto estava acostumado com o
blogspot teve dificuldade”
do que para vídeo
Preferiria o Picasa do que o
Flickr
Faltou player de rádio

3.3.7. Observações gerais sobre os dados

Observações podem ser feitas a partir da avaliação dos entrevistados.


Alguns fatores não foram mencionados pelos participantes da cobertura do 3º
FETISM quando indagados sobre os aspectos negativos, mas foram citados
posteriormente como sugestões para suprir os problemas. Um deles foi a
sugestão de gravar os programas de rádio e disponibilizá-los como podcasts no
blog, para que, quem não acompanhou a transmissão, pudesse ouvi-lo a
qualquer momento. O podcast também seria importante para que a produção
dos envolvidos ficasse registrada de alguma forma.
Observa-se também que a falta de equipamento não prejudicou somente
a produção da web rádio, mas também a produção dos vídeos e o andamento
das postagens, como em um dos dias de evento em que não havia microfone e
as entrevistas tiveram que ser feitas com uma câmera que gravava em formato
que precisou ser convertido antes de ir para a edição. Esse processo foi
57

demorado e atrasou o trabalho do editor, prejudicou a qualidade das imagens e


provocou o adiamento das postagens de vídeos seguintes.
Algumas sugestões descritas no #comofaz cobertura colaborativa não
foram adotadas por todos os colaboradores durante a cobertura como o roteiro
para gravação e edição de vídeo, o que implicou em alguns atropelos de
funções. Ou seja, em alguns vídeos o editor não recebia instruções de quem os
gravou e acabava colocando as imagens que achava importante para aquele
vídeo, sendo que quem os produziu deveria ajudar na definição desses
conteúdos.
Infere-se também que a falta de diálogo entre produtor/entrevistador e
editor de vídeo, o pouco tempo para a edição e a demora do upload dos
vídeos, prejudicou o trabalho dos envolvidos. Na intenção de postar os vídeos
o quanto antes, o planejamento dos mesmos e a execução das funções deveria
ter sido repensado durante a cobertura.
Sobre a produção dos textos, entende-se que poderiam fugir da matéria
somente factual e variar, explorando outros gêneros como crônica, perfil, artigo,
comentário, reportagem literária, etc. Nas reuniões que ocorreram na pré-
produção buscou-se instigar os colaboradores a, além de desenvolverem
textos contendo informações a respeito especificamente dos espetáculos,
encontrarem pautas olhando para o restante do evento. Mas isso poderia ter
sido reforçado ainda mais através da realização de pequenas reuniões de
pauta a cada dia do evento, onde os colaboradores fizessem sugestões de
possíveis diferentes abordagens.
Outra alternativa, pensada a partir da sugestão de um dos
colaboradores, de criar projeto para a Lei de Incentivo à Cultura para conseguir
verba para a cobertura e suprir problemas técnicos, é o de fazer parcerias com
instituições locais que possuam material técnico necessário ou então reforçar a
idéia de que as produções possam ser efetuadas com materiais mais simples e
que dos quais os próprios colaboradores disponham, como câmeras de celular
ou compactas, por exemplo, que façam vídeo, tirem foto e/ou gravem áudio.
Um fator a ser observado é que o uso do Dropbox também serviu como
um “banco de dados fotográfico” do Festival, ou seja, depois de terminado o
evento se têm armazenadas e compartilhadas uma seleção de fotografias de
todos os dias de espetáculos.
58

Também faz-se necessário discorrer sobre o programa de rádio


“Mamulengo”, pois ele não estava nos planos desta cobertura colaborativa e
corria o risco de não dar certo. A ideia surgiu a partir do interesse de sete
pessoas que se cadastraram para, a princípio, trabalhar com áudio e que,
durante uma reunião realizada duas semanas antes do início do Festival, se
uniram para criar um programa ao vivo. Ele foi transmitido dos locais do evento
com entrevistas e informações sobre temas relacionados ao teatro e à cultura e
acabou se tornando uma das mídias que mais estimularam os colaboradores a
produzirem, o que se encaixa a proposta do trabalho coletivo.
Esta avaliação foi crucial para a elaboração final do #comofaz
cobertura colaborativa, pois vários aspectos observados como positivos e
negativos pelos entrevistados foram repensados e reformulados e as
sugestões feitas pelos colaboradores serviram como fontes de inspiração para
este projeto. Algumas delas dizem respeito às funções. Para o vídeo, por
exemplo, foram executadas as funções de produtor de vídeo, cinegrafista e
editor de vídeo. Depois das entrevistas verificou-se a necessidade de criar a
função de revisor de edição, que seria responsável por assistir o vídeo editado
e conferir se os créditos estão corretos, se o volume do áudio está igual do
início ao fim e se existe alguma imagem que não poderia ser divulgada.
Além de agregar mais funções a alguns formatos de mídia, foi
acrescentado ao manual #comofaz cobertura colaborativa sugestões de
ferramentas disponíveis na web, e como são empregadas, exemplos de
coberturas colaborativas já realizadas e o maior detalhamento de como
começar e por onde começar o planejamento de uma cobertura colaborativa.
59

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Acima de tudo uma cobertura colaborativa é feita de pessoas, com suas


cargas de experiências e que juntas constroem um produto em comum. Depois
de refletir sobre o resultado final desse projeto experimental, percebe-se que o
manual tem a função de fazer as pessoas compreenderem desde o início a
proposta do trabalho coletivo e que, se não for possível entender e acatar isso,
então a cobertura deixa de ser colaborativa, coletiva e aberta para se tornar
fechada à diversidade de olhares, ideias e principalmente às críticas
construtivas.
Conclui-se que o objetivo principal deste projeto experimental, de
desenvolver o planejamento e a execução da cobertura colaborativa para a
web do 3º Festival de Teatro Independente de Santa Maria utilizando o blog
www.fetism.blogspot.com, foi alcançado. Os objetivos específicos também se
concretizaram. Foram realizados o desenvolvimento e a divulgação na web do
formulário de cadastramento dos voluntários a fim de reunir informações
importantes a respeito das áreas de interesse dos participantes em participar
da cobertura, a criação do blog, a avaliação da cobertura com base nas
entrevistas com os colaboradores e a reformulação do manual para coberturas
colaborativas, resultando na produção final do #comofaz cobertura
colaborativa.
O #comofaz cobertura colaborativa, durante este projeto experimental,
foi diversas vezes reescrito e nunca estará cem por cento finalizado. Ele deverá
ser constantemente atualizado de acordo com as novas tecnologias, novas
redes digitais e o comportamento dos usuários e dos futuros interessados em
praticar e refletir sobre cobertura colaborativa.
A flexibilidade possibilitada por esse tipo de trabalho é a mensagem que
se quer transmitir a quem quiser ou puder transformá-lo no futuro. O limite de
experimentação é não ter limites. Nem a falta de recursos técnicos ou
financeiros pode servir como desculpa para um resultado negativo em relação
ao conteúdo. Se partimos do pressuposto de que é possível comunicar algo de
qualquer lugar por qualquer pessoa, então basta querer, se planejar e
60

organizar para que as informações possam ser disponibilizadas ao público com


qualidade e através da diversidade de olhares.
Uma cobertura colaborativa é adaptável a qualquer tipo de evento em
que se aplica, podendo ser desenvolvido por pessoas das mais variadas áreas
do conhecimento. Este tipo de prática não veio para disputar espaço ou brigar
com a prática tradicional do jornalismo. A cobertura colaborativa permite que a
maioria das ocorrências em um evento sejam mostradas, pois as pessoas se
organizam para cobrir somente o que diz respeito a ele não precisando se
preocupar com outros acontecimentos. Já um veículo tradicional de jornalismo
não pode disponibilizar toda a sua equipe para que se dedique a somente um
evento e deixe de cobrir outros acontecimentos de igual relevância para a
sociedade.
Portanto, ambos os tipos de cobertura podem coexistir
harmoniosamente, pois se propõem a diferentes formas de comunicar, que
estão sempre se reformulando e se adaptando à relação do usuário com as
tecnologias em constante evolução.
A partir das sugestões feitas pelos colaboradores, aspectos como a
utilização das mídias, a definição das funções, elementos a serem levados em
consideração na pré-produção e também a organização do trabalho em
coletivo foram reavaliados e modificados para a elaboração final do #comofaz
cobertura colaborativa. Tal observação faz jus à própria proposta deste
projeto, que é a realização de um trabalho colaborativo.
61

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDERSON, Chris. A Cauda Longa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus Elsevier,


2006

COHEN, Louis; MANION, Laurence. Métodos de Investigación Educativa.


Madri: La Muralla, 1990.

JORGE, Tahïs de M. Manual do Foca: Guia de sobrevivência para jornalista,


1ª ed. São Paulo: Contexto, 2008

KOVACH, Bill; ROSENSTIEL, Tom. Os elementos do jornalismo: o que os


jornalistas devem saber e o público exigir, 1ª ed. São Paulo: Geração, 2008

JENKINS, Henry. Cultura da Convergência, 1ª ed. São Paulo: Aleph, 2008

LAGE, Nilson. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa


jornalística, 1ª ed . São Paulo: Record, 2001

LEMOS, André; LEVY, Pierre. O futuro da internet: Em direção a uma


ciberdemocracia planetária, 1ª ed. São Paulo: Paulus, 2010

MIELNICZUK, Luciana. Jornalismo online e os espaços do leitor: um estudo


de caso do netestado: 1998 - Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação,
Universidade federal do Rio grande do Sul, Rio grande do Sul

SÃO PAULO. Folha de São Paulo. Divisão de Publicações do Grupo Folha.


Manual da Redação da Folha de São Paulo. São Paulo, 2010, 388p.

SILVEIRA, Sérgio A. O Conceito de commons na cibercultura, In: XXX


Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Santos, 2007
SODRÉ, Muniz. A narração do Fato, 1ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009

VACAS, Francisco. La cominicación vertical: medio personales y mercado de


nicho.1ª ed. Buenos Aires: la Crujia, 2010
62

APÊNDICE A - Formulário de cadastramento de voluntários para a


Cobertura Colaborativa do FETISM 2010 (via Google Docs)

Nome *

E-mail *

Telefone *

Gostaria de trabalhar com: *


• Áudio (produção e edição)
• Vídeo (produção)
• Edição de Vídeo
• Foto
• Texto
• Other:

Equipamento * Indique aqui o equipamento que possui para usar durante


o FETISM
• Câmera de foto digital (compacta)
• Câmera de foto (SLR)
• Câmera de Vídeo (mini-dv)
• Microfone
• Gravador de Áudio
• Notebook
• Computador de mesa (para editar os vídeos e áudios em outro local)
• Computador com entrada firewire
• Nada
• Other:

Em quais turnos tem maior disponibilidade de tempo? *


• Manhã
• Tarde
• Noite

Qual sua experiência com o que quer contribuir? *

Comentários / Dúvidas / Sugestões

RG *
63

APÊNDICE B – Manual #comofaz cobertura colaborativa

#comofaz
cobertura colaborativa

Por @andressaqdro
2

#comofaz cobertura colaborativa – Manual para


planejamento e execução de coberturas colaborativas
desenvolvido como Trabalho de Conclusão de Curso de
Comunicação Social – Habilitação Jornalismo / Universidade
Federal de Santa Maria.

Andressa Quadro
Santa Maria - RS
Novembro de 2010

Licenciado pelo Creative Commons – Atribuição, uso não-comercial e


compartilhamento pela mesma licença
3

Aos meus amigos do Macondo Coletivo.


4

SUMÁRIO

O início pg. 5

O que é cobertura colaborativa pg. 6

Por que e para quê isso? pg. 7

Na prática, com exemplos pg. 8

Por onde começar pg. 9

Estrutura pg. 11

Ferramentas e plataformas existem para serem usadas pg. 11

Organização e divisão de tarefas pg. 14

• Criar estratégias de comunicação interna pg.14

• Dividindo as funções pg. 15

• Execução das funções pg. 15

COORDENAÇÃO pg. 16

ATUALIZAÇÃO MULTIMÍDIA pg. 16

FOTOGRAFIA pg. 17

TEXTO pg. 17

VÍDEO pg. 19

PODCAST pg. 23

WEB RÁDIO pg. 24


5

Início

Este trabalho é uma compilação de ideias, sugestões e soluções


deduzidas por diversas pessoas acerca do tema cobertura colaborativa. O
material encontrado aqui foi reunido durante o planejamento, a organização e
a execução da cobertura colaborativa do 3º Festival de Teatro Independente
de Santa Maria, ocorrido em junho de 2010.
A vontade de organizar este produto nasceu depois de vivenciar a
experiência, junto com mais 15 pessoas, da cobertura colaborativa do Festival
Macondo Circus 2009, coordenada por Fernando Krum. Algumas das sugestões
aqui presentes foram inspiradas neste primeiro trabalho colaborativo.
Contribuíram para o desenvolvimento do #comofaz cobertura
colaborativa integrantes do Núcleo de Comunicação do Macondo Coletivo e
participantes das coberturas colaborativas do 3º Festival de Teatro
Independente de Santa Maria (fetism.blogspot.com), do Festival Macondo
Circus 2009 (macondocircus.com/2009), do Festival Grito Rock Santa Maria
(macondocoletivo.com) e da 10ª edição do Festival Demo Sul
(demosul.blogspot.com).
Este manual é destinado a qualquer pessoa que tenha o interesse em
desenvolver uma cobertura colaborativa. Nele se encontram os caminhos que
podem ser seguidos no planejamento e na organização de funções. Além de
ferramentas e plataformas midiáticas úteis à veiculação do trabalho na
internet.
O #comofaz cobertura colaborativa estará sempre suscetível a
modificações e adaptações conforme as tecnologias forem evoluindo e
conforme as relações humanas frente a essas tecnologias se modificarem.
Todos são livres para colaborar e fazer com que este material seja divulgado e
melhorado a cada nova experiência. Todos que queiram levar adiante a ideia
do trabalho coletivo.
6

O que é cobertura colaborativa

Cobertura Colaborativa é um exercício de produção multimídia onde


várias pessoas de diferentes áreas do conhecimento se unem para cobrir um
evento coletivamente. O meio utilizado para veicular as informações são as
redes digitais, onde o espaço é aberto à variedade de olhares sobre o mesmo
acontecimento. A produção de conteúdo pode ser desenvolvida utilizando
diferentes formatos de mídias como texto, foto, vídeo e rádio, por exemplo, ou
utilizando somente uma delas.

A flexibilidade de escolha não está somente nos formatos de mídia, mas


também no modo de organização. Ela pode ser realizada:

- Estruturando-se uma equipe de pessoas interessadas em produzir os


conteúdos, utilizando seus próprios equipamentos, para um site específico,
realizar transmissão ao vivo (rádio e ou tv), efetuar divulgação constante nas
redes sociais do evento e das produções, ajudar na manutenção do site e ou
coordenar as ações;

- Estimulando o público do evento a também produzir conteúdo e


veiculá-lo no site criado para a cobertura colaborativa (não precisando fazer
parte da equipe, mas podendo vir a se integrar a ela durante a cobertura);

- Compartilhando conteúdo: diversos usuários e também meios de


comunicação cobrem o mesmo evento, veiculando o material em seus
próprios blogs, sites ou portais e compartilham suas produções através das redes
sociais (linkando os conteúdos no twitter, por exemplo, utilizando a mesma
hashtag para armazená-los) e/ou citando-se uns aos outros através de hiperlinks
no decorrer das postagens, fortalecendo assim a rede de informações sobre o
evento.
7

A cobertura colaborativa pode ser desenvolvida por quaisquer pessoas


com o desejo de experimentar essas maneiras de desenvolvê-la a fim de dar
atenção exclusiva a um determinado acontecimento através da diversidade
de olhares acerca dele.

Independentemente da maneira como ela será feita e por quem, a


cobertura colaborativa demanda organização prévia e divisão de tarefas que
se encaixem ao perfil de cada participante. O ritmo de criação, publicação e
divulgação pela web dos materiais produzidos, visa acompanhar o ritmo em
que as atividades do evento acontecem.

Por que e para quê isso?

Cobertura colaborativa é uma forma de organização do que já


acontece na internet: colaboração e transmissão de conteúdos desenvolvidos
pelos usuários. A abrangência de olhares já está difundida na rede. Cada vez
mais as pessoas têm acesso a tecnologias que facilitam a produção de
conteúdo, como celulares, câmeras digitais de vídeo e de fotografia,
computadores, etc. As pessoas já não têm acesso à informação somente
através dos meios de comunicação de massa, podendo formar suas opiniões
baseados em meios que se diferenciam dela – revistas e blogs especializados,
TV a cabo e web rádios independentes, por exemplo -, criar seu próprio
conteúdo dando a sua visão dos acontecimentos, veiculá-lo se quiser e onde
quiser, podendo se tornar também uma fonte de informação.

Busca-se com uma cobertura colaborativa, a) canalizar em um evento as


várias maneiras de comunicar fatos, acontecimentos e impressões através do
olhar de diversas pessoas e meios; b) estimular a criação individual e coletiva; c)
viabilizar e divulgar essa criação; d) possibilitar a troca de experiências; e)
despertar o gosto individual em determinada função exercida na cobertura; f)
8

oportunizar possíveis trabalhos futuros individuais e coletivos; g) dar visibilidade à


produção coletiva e individual através do evento; h) dar visibilidade ao evento
através dos conteúdos produzidos; i) desenvolver um produto final (todo o
conteúdo criado) que se aproxime ao máximo da variedade de olhares.

Na prática, com exemplos

Conheça algumas coberturas colaborativas, que se encaixam na


contextualização anterior, realizadas em eventos ocorridos nos anos de 2009 e
2010.

Festival de Artes Integradas Macondo Circus 2009, Santa Maria - RS


www.macondocircus.com
Festival Independente realizado há sete anos na cidade de Santa Maria.
Reúne diversas expressões artísticas como música, artes visuais, artes do corpo e
audiovisual e também oferece oficinas e debates sobre questões que
envolvem cultura. Nas cinco primeiras edições acontecia em locais afastados
da cidade, mas a partir da edição de 2009 passou a ser organizado pelo
Macondo Coletivo e a ocupar espaços públicos do centro da cidade e
também o bar Macondo Lugar.

3º Festival de Teatro Independente de Santa Maria


www.fetism.blogspot.com
O Festival, realizado pelo Macondo Coletivo, possuía a característica
principal da competição entre espetáculos, submetidos à avaliação de um júri
formado por profissionais da área. A partir do ano de 2010 a intenção mudou e
o festival passou a dedicar-se em estimular a circulação de grupos teatrais
independentes.
9

11º Fórum Internacional de Software Livre, Porto Alegre - RS


http://softwarelivre.org/fisl11/noticias/se-voce-esta-no-evento-e-produz-textos-
videos-imagens-ou-audio-participe-da-cobertura-do-fisl-11
O Fórum Internacional Software Livre (FISL) é considerado o maior
encontro de comunidades de software livre da América Latina e um dos
maiores do mundo. Promovido, organizado e realizado pelo Projeto Software
Livre Brasil e pela Associação Software Livre.Org – ASL, o FISL se tornou um ponto
de encontro anual, de pessoas de todos os lugares do Brasil e do mundo para
debates técnicos e estratégicos sobre o desenvolvimento e o uso do Software
Livre.

Festival Demo Sul, Londrina - PR


http://demosul.blogspot.com/
O Festival existe desde 2001. Produzido pela Braço Direito Produções, é
um festival anual de música independente que acontece em Londrina, norte
do estado do Paraná.
Foi criado para fortalecer a cena musical local, possibilitando a
descoberta de novos artistas potenciais.

Por onde começar

Quanto mais cedo se começa o planejamento de uma cobertura


colaborativa, mais chances ela tem de dar certo e mais fácil se torna a
resolução de eventuais problemas que venham a ocorrer durante a sua
execução.
Dedicar tempo à organização (pré-produção) e estar aberto a
possibilidades de mudanças de estratégias, durante e depois do evento, pode
tornar a execução das funções e o uso das mídias mais coesos do início ao fim
da cobertura.
10

As questões primordiais para começar são:


1) Mapeamento de possíveis públicos-alvo de colaboração
(universidades, escolas, pontos de cultura, meios de comunicação
como blogs, sites e ou portais especializados no assunto que será
coberto, são alguns exemplos)
2) Definir a estratégia de divulgação da cobertura colaborativa (pode
ser feita utilizando elementos visuais que mostrem o que vai ter no
evento, escrevendo releases e disseminando a divulgação em redes
sociais e ambientes onde o colaborador-alvo circule, por exemplo)
3) Elaboração e divulgação do cadastro a ser preenchido pelos
colaboradores
4) Definição de como será veiculada a cobertura colaborativa (se será
usado um site ou blog já existente ou se será criado algum específico)
5) Estudar qual a infraestrutura mínima que será necessária para os
colaboradores trabalharem (local com internet e segurança para os
equipamentos, por exemplo)
6) Definir se cada colaborador deverá levar o seu equipamento ou se
será disponibilizado pela organização da cobertura.
7) Se necessário, buscar parcerias, apoios ou patrocínios para viabilizar
transmissão ao vivo (rádio e ou TV), internet e disponibilidade técnica.

Estrutura

Depois do planejamento inicial é hora de estruturar como a cobertura


colaborativa vai ser realizada. A primeira definição é quem irá exercer a função
de coordenador, podendo ser uma ou mais pessoas responsáveis. Os
coordenadores exercem um papel importante para a organização do
trabalho, pois atuam como uma ponte entre a produção do evento e os
11

colaboradores da cobertura. São eles também que organizam a dinâmica de


trabalho das equipes e dão suporte aos membros da cobertura - no que diz
respeito às plataformas midiáticas utilizadas, aos equipamentos e à
infraestrutura - para que consigam produzir os conteúdos e, além disso, trocar
conhecimentos entre si. São os coordenadores também que realizam a
divulgação, o cadastramento dos colaboradores (Por onde começar),
realização de oficinas (onde é mostrado como se usa o site, o blog e as
ferramentas) e reuniões com os colaboradores para afinar a organização antes
do início do evento e criara a escala de trabalho.

Ferramentas e plataformas existem para serem usadas

Cabe aos coordenadores descobrir e escolher ferramentas midiáticas


que possam facilitar a sistematização do trabalho coletivo em relação ao
compartilhamento de arquivos de foto e vídeo, divulgação constante nas redes
sociais, edição de vídeo e áudio, etc. Aqui são mencionados os usos de
algumas ferramentas e plataformas midiáticas como Dropbox, Blogspot, Flickr,
Picasa, Megaupload, 4shared, Google Docs, Google Agenda e Wordpress.

• Dropbox
É um sistema de compartilhamento de arquivos que disponibiliza
gratuitamente dois giga de memória para cada usuário cadastrado. Basta
acessar o link https://www.dropbox.com e instalá-lo no computador, criando
um login com o e-mail pessoal. O arquivo é leve e rápido de baixar. Na página
dropbox.com há um vídeo explicando do que se trata e como funciona o
software.
http://www.blogdodiego.net/2009/04/tutorial-dropbox-sincronizacao-
de.html
12

• Blogspot
O Blogspot é uma plataforma de blog, onde é possível publicar e atualizar
seu conteúdo a todo instante, de qualquer lugar do planeta. As postagens
aparecem de forma cronológica, como uma página de notícias ou um jornal
que segue uma linha de tempo com um fato após o outro.
http://tutorialdoblog.blogspot.com/

• Flickr
É um site que disponibiliza a hospedagem e compartilhamento de imagens
fotográficas gratuitamente aos seus usuários. É também considerado com uma
rede social devido a possibilidade de criação de álbuns para o
armazenamento de imagens e entrar em contato com qualquer usuário de
qualquer parte do mundo. Além disso, o Flickr pode ser considerado um fotolog,
pois permite aos usuários não cadastrados visualizarem as fotografias
publicadas e de comentarem as mesmas.
http://oitopassos.com/2007/05/19/flickr-tutorial-mastigado-para-voc-e-muito-
mais/

• Picasa
É um software que o ajuda a encontrar, editar e compartilhar
instantaneamente todas as imagens no PC. Sempre que você abre o Picasa,
ele localiza automaticamente todas as imagens (inclusive aquelas que você
nem lembrava mais) e classifica-as em álbuns visuais organizados por data com
nomes de pastas facilmente reconhecidos.
http://www.baixatudo.com.br/picasa
13

• 4shared
É um site de armazenamento de arquivos. Após enviar seus arquivos o
4Shared permite ainda que você execute-os no próprio site e disponibiliza um
link específico para compartilhamento.
http://www.acemprol.com/viewtopic.php?f=16&t=15666

• Google Docs
É um pacote de aplicativos do Google. Funciona totalmente online
diretamente no browser. Os aplicativos são compatíveis com o
OpenOffice.org/BrOffice.org, KOffice e Microsoft Office, e atualmente compõe-
se de um processador de texto, um editor de apresentações, um editor de
planilhas e um editor de formulários.
http://www.scribd.com/doc/6060057/Tutorial-Google-Docs

• Google Agenda
É um serviço de agenda e calendário online oferecido gratuitamente pelo
Google. Disponível em uma interface web, é possível adicionar, controlar
eventos, compromissos, compartilhar a programação com outras pessoas,
agregar à sua agenda diversas agendas públicas, entre outras funcionalidades.
http://tudodownloads.uol.com.br/tutoriais/google/aq214-
criando_uma_agenda_online_com_o_google_agenda.html

• Wordpress
É uma plataforma semântica de vanguarda para publicação pessoal, com
foco na estética, nos Padrões Web e na usabilidade. O WordPress é ao mesmo
tempo um software livre e gratuito.
http://issuu.com/fabianocc/docs/tutorial_wordpress
14

Organização e divisão de tarefas


Uma cobertura colaborativa costuma reunir dezenas de pessoas querendo
atuar em diversas frentes de trabalho. Cabe aos coordenadores encontrar
maneiras de organizar o funcionamento da cobertura e o ritmo de produção.
Depois de saber quantos são os colaboradores e em quais frentes querem
colaborar, são sugeridos alguns passos que podem ajudar na execução da
cobertura.

• Criar estratégias de comunicação interna

1) Fazer um grupo de e-mails da cobertura colaborativa


2) Compartilhar a programação através do Google Agenda
3) Fazer um banco de dados no Google Docs com as informações sobre as
atrações do evento (propor que os colaboradores atualizem
constantemente o documento conforme forem pesquisando as atrações)
4) Dividir o trabalho em funções conforme os formatos de mídia utilizados e
colocar em uma planilha compartilhada por toda a equipe (assim todos
visualizam o que deve ser feito e quem irá fazer)

• Dividindo as funções

A divisão do trabalho em funções, conforme o formato de mídia, não visa


engessar a produção de conteúdo, mas sim unir competências individuais para
uma criação coletiva de forma organizada. O objetivo é possibilitar que através
da cobertura se consiga mostrar o máximo de acontecimentos de um evento.
15

FORMATO DE MÍDIA FUNÇÃO


Produção de texto
Texto Revisão de texto
Cinegrafista
Produção
Edição de vídeo
Vídeo Revisão de edição
Produção
Edição de áudio
Podcast Revisão de Edição
Técnica
Web rádio Produção
Apresentação

• Execução das funções

A liberdade de expressão é preservada no momento de produzir qualquer


um dos formatos de mídia utilizados, mas o cuidado com questões éticas e
estruturais deve ser de preocupação constante de todos os colaboradores
envolvidos, bem como o apreço pela apuração dos fatos, a fim de que não
sejam veiculadas informações equivocadas.

COORDENAÇÃO

Além de serem responsáveis por verificar se as informações que estão


sendo transmitidas não se contradizem ou possuem erros, os coordenadores
atuam também como uma ponte entre a produção do evento e os
colaboradores. São eles também que organizam a dinâmica de trabalho das
16

equipes e dão suporte aos membros da cobertura - no que diz respeito às


plataformas midiáticas utilizadas, aos equipamentos e à infrastrutura. Pode
haver um coordenador para cada formato de mídia ou apenas um que irá
auxiliar na execução das demais funções.

ATUALIZAÇÃO MULTIMÍDIA

Cabe ao atualizador multimídia fazer a divulgação constante do evento e


das atividades da cobertura colaborativa através das redes sociais, utilizando o
Twitter para relatar o que está acontecendo no evento no momento em que
acontece e também depois (pode ser utilizado o Twitpic para veicular fotos, e o
Tweettube para veicular vídeos via Twitter), divulgando as atrações que ainda
não aconteceram e utilizando o Facebook e o Orkut para a divulgação pré-
evento, veiculando a programação completa, por exemplo.
O atualizador multimídia é responsável ainda por monitorar a caixa de e-
mails da cobertura do evento, para onde serão enviados materiais produzidos
por pessoas interessadas em colaborar mesmo não fazendo parte da equipe da
cobertura colaborativa (o público). Também pode se responsabilizar pelo
mapeamento de veiculações realizadas por outros meios de comunicação
sobre o evento (clipagem e compartilhamento).

FOTOGRAFIA

Os fotógrafos devem estar atentos à estética da fotografia e à


informação transmitida por ela. Quando há mais de um fotógrafo pra cobrir o
mesmo acontecimento é interessante que o foco de um seja diferente do foco
do outro. Ou seja, em um show, por exemplo, alguns fotógrafos podem se
responsabilizar em fotografar os artistas no palco e outros, o público. Algumas
17

fotografias podem ser veiculadas em um post específico, só para elas,


enquanto outras podem ser usadas para complementar a informação de um
texto ou de um vídeo. Outras ainda podem ser arquivadas e disponibilizadas
em ferramentas como o Flikr ou Picasa.

TEXTO

Produção de texto
Cabe às pessoas responsáveis pelo texto encontrarem pautas não só
correspondentes à programação do evento (como escrever sobre uma peça
de teatro entrevistando os artistas, por exemplo), mas também no que
acontece ao seu redor (produzindo um texto sobre as reações do público, por
exemplo). O tipo de texto pode variar entre diversos gêneros jornalísticos como
entrevista, matéria factual, perfil, crônica, artigo, texto opinativo, texto literário,
etc. É importante levar em consideração a necessidade ou não de ilustrar o
texto com uma fotografia. Se a fotografia é importante para o texto, é essencial
conversar com os fotógrafos antes de começar o trabalho explicando sobre o
que vai ser escrito. Isso facilitará a produção tanto do texto quanto das fotos.
Depois de pronto é importante que o texto passe por uma revisão, a fim
de evitar equívocos na transmissão das informações e também erros
gramaticais e de digitação. Criar uma padronização para o formato dos textos
pode agilizar essa fase da produção do texto.
Exemplo de padronização:
- Documento Word
- Fonte: Arial, corpo 12
- Indicação de título, subtítulo, local das fotos em vermelho no decorrer do texto
- Legendas nos locais das fotos em itálico
- Indicação de palavras linkadas em negrito
18

- Links no final da página. Assim: Theatro Treze de Maio -


www.theatro13maio.com.br/site/index.asp
- Créditos das fotos e assinatura do autor no final do texto em negrito. Ex: Texto:
Colaborador A, Foto1: Colaborador B, Foto2: Colaborador C

Exemplo de padronização de texto15

TÍTULO: Desconstruindo Beckett

Luz e passos. Dois andarilhos caminham pelo vazio da existência


em direção a lugar nenhum. Com uma mala na mão, percorrem com
passos cadenciados um
. percurso sem destino. De repente, a música para e o cenário sai do breu
esverdeado para uma claridade azulada. A cada tom diferente de luz,
tem-se um universo de possibilidades na teia das relações humanas. Em
uma composição de dança e teatro, o Grupo Jogo de Experimentação
Cênica (POA) abriu a 3ª edição do FETISM em um espetáculo que joga
com situações absurdas, mostrando as limitações do ser humano.

FOTO Natália 10.06 (01)


Legenda: X e Y movimentam-se enquanto jogam.

Enquanto espero, jogo. Essa é a máxima que rege as vidas vazias


dos dois clochards, vagabundos que perambulam pelas ruas. (...)

Texto: Sarah Quines


Fotos: Nathália Schneider

Grupo Jogo de Experimentação Cênica - http://grupojogo.blogspotcom/

Depois de revisado, o texto volta ao autor e ele mesmo pode efetuar a


postagem no blog e ou site, seguindo também uma padronização e atentando
para a inserção de hiperlinks e marcadores (ou tags). A padronização pode ser
definida levando em consideração o tipo de plataforma utilizada para o
desenvolvimento do blog.
15
Trecho do texto “Desconstruindo Beckett” escrito por Sarah Quines. Veiculado no blog
fetism.blogspot.com
19

Revisão de texto
Faz parte da função do revisor, corrigir erros gramaticais e de digitação e
sugerir ao autor, que alguns trechos sejam reformulados para dar coesão e
coerência ao que se quer informar. O revisor pode alertar o autor para algo
que esteja faltado como, por exemplo, título, legenda, etc, sugerindo ideias
além de verificar se alguma informação está incompleta ou se deve ser melhor
apurada.

VÍDEO

Cinegrafista
O cinegrafista pode trabalhar em conjunto com o produtor do vídeo ou
pode ser o próprio produtor. Podem ser criados vídeos com câmeras
profissionais, mini dv, compactas de vídeo e foto, celulares, etc. Para tornar
mais eficaz a captura de imagens, sem que haja desperdício de tempo e
excesso de material, a solução é realizar um planejamento prévio do que será
filmado, criando um roteiro (modelo na página 16).
O cinegrafista e o produtor do vídeo podem inserir no roteiro os créditos
dos entrevistados especificando os trechos que sugerem serem usados (ver
página 18). Devem colocar também os seus nomes (cinegrafista e produtor) e
entregar ao editor.
Algumas sugestões para as gravações:
− Se a gravação for feita com câmera mini dv, verificar o funcionamento
da fita, do áudio da câmera e do microfone antes de começar a gravar
(o mesmo vale para qualquer tipo de câmera, exceto verificar o
funcionamento da fita).
− Verificar a quantidade de luz ambiente disponível.
− Definir o enquadramento das entrevistas (se aparecerá imagem da
20

pessoa da cintura para cima, do corpo inteiro ou close do rosto, por


exemplo)

Produção de vídeo – produtor / entrevistador


Trabalha em conjunto com o cinegrafista, ou pode ser o próprio
cinegrafista. Aplica-se a esta função o mesmo que se aplica ao cinegrafista.
Mas algumas sugestões se diferenciam e são válidas de ser especificadas:
− Preparar os entrevistados, posicionando-os frente à câmera e explicando
do que se trata a gravação para deixá-los à vontade
− O entrevistador nunca deve largar o microfone para os entrevistados.
− Deve posicionar-se de maneira que o cinegrafista possa enquadrar o
entrevistado deixando evidente que o entrevistado está olhando para o
entrevistador.
− Fazer perguntas breves e diretas.
− Controlar o tempo das entrevistas para que não fiquem muito longas (o
tempo de duração varia conforme a situação, o assunto que está sendo
abordado e também o local onde é feito). No exemplo mostrado abaixo,
a entrevista com os artistas da peça “Fim de Partida” durou cerca de 10
minutos, pois o grupo era composto por oito pessoas que, além de
apresentarem o espetáculo de encerramento do 3º Festival de Teatro
Independente de Santa Maria, também participaram da organização do
evento.
21

Sugestão de formato de roteiro para vídeo


Vídeo: FETISM – Fim de Partida (ANEXO A)16

Figura VÍDEO ÁUDIO


1
Vinheta de abertura Vinheta de abertura

2 Entrevista Sonora entrevista


crédito: Luíza de Rossi – Teatro (especificar o trecho)
Por Quê Não?
3 Imagem do espetáculo Trilha

4 Entrevista
crédito: André Galarça - Sonora entrevista
Teatro Por Quê Não? (especificar o trecho)

Imagem do espetáculo Trilha


5
6 Entrevista Sonora entrevista
Crédito: Éverton Nogueira - (especificar o trecho)
Espectador
7 Entrevista Sonora entrevista
crédito: Felipe Martinez - (especificar o trecho)
Teatro Por Quê Não?

8 Imagem do espetáculo Trilha


9 Entrevista Sonora entrevista
crédito: Luíza de Rossi – Teatro (especificar o trecho)
Por Quê Não?
10 Imagem do espetáculo Trilha
11 Entrevista Sonora entrevista
Crédito: Rafaela Chaves - (especificar o trecho)
Espectador
12 Entrevista Sonora entrevista
crédito: Deivd Machado (especificar o trecho)
Gomez– Teatro Por Quê Não?
13 Imagem do espetáculo Trilha

14 Créditos vinheta e Trilha


programação visual
15 Créditos entrevistas e Trilha
produção, imagens e edição

16
Disponível em http://www.fetism.blogspot.com/ e em http://www.youtube.com/watch?v=DH2x-
_30VqA&feature=player_embedded#!
22

Edição de vídeo
O editor é quem escolhe o programa de edição de sua preferência.
Adobe Premiere, Final Cut, Kino e Cinelerra são alguns exemplos.
Cabem aos produtores de vídeo entregar aos editores o material
gravado juntamente com um roteiro e podem acompanhar, colaborar ou até
mesmo realizar a edição.
Para os vídeos é interessante serem criadas, ainda durante o processo de
planejamento da cobertura, vinheta de abertura e de encerramento, além de
um padrão pra exibir os créditos.
Sugestões para a edição:
− O editor pode seguir o roteiro proposto pelos produtores de vídeo, mas
também pode efetuar modificações quando necessário.
− Colocar os créditos dos entrevistados quando os mesmos aparecerem
utilizando o padrão para a exibição dos créditos
− Colocar os créditos do produtor, cinegrafista e editor no decorrer do
vídeo.
− Colocar as vinhetas de abertura e encerramento
− Depois de finalizada a edição pode mostrar o vídeo ao revisor de edição.
− Após ser revisado o vídeo já pode ser veiculado na internet. A ferramenta
sugerida para armazenar os vídeos é o Youtube
− No Youtube, fazer o upload do vídeo através da conta da cobertura
colaborativa ou de alguma previamente escolhida, inserindo as tags, o
título e a descrição do vídeo.
− Sugere-se que os vídeos de cada dia sejam postados antes dos vídeos do
dia posterior. Ou seja, que acompanhem a ordem em que o evento
acontece.
− A postagem dos vídeos pode ser feita pelos editores, produtores ou
revisores, o que pode ser definido pela coordenação em acordo com os
23

envolvidos.

Revisão de edição
O revisor confere se os créditos estão corretos e também se há algum
problema estético a ser corrigido, como áudio e cor da imagem, por exemplo.
O revisor também pode sugerir a retirada de alguma imagem ou entrevista que
ache desnecessária a divulgação.

PODCAST (áudio)

Produção
O produtor de áudio pode procurar pautas que se encaixem a diferentes
gêneros, como entrevista, narração descritiva, boletim (informes ao vivo com
entrevistas), crônica, etc, utilizando qualquer equipamento que possibilite a
gravação de som, como celulares, mp3, mp4, ipod, gravador digital, gravador
analógico, etc.

Edição de podcast
A edição pode ser realizada pelo próprio produtor ou por alguém
específico para exercer essa função, utilizando qualquer programa de edição
de áudio de seu conhecimento. Audacity, Sound Forge, Adobe Audition, FL
Studio e Ardour, são alguns exemplos.

Revisão de podcast
O revisor confere se o nível de áudio está igual do início ao fim do
podcast, se ruídos externos captados durante a gravação interferem na
qualidade do material e se as informações estão corretas e compreensíveis. O
revisor pode sugerir que a edição seja alterada caso detecte algum problema
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na qualidade do som e alguma informação equivocada ou desnecessária ao


podcast.

WEB RÁDIO

Pode ser criado um programa específico para a transmissão ao vivo ou


gravado com apresentação, entrevistas e informações. Também pode ser feita
a transmissão direta do que acontece no evento, sem a necessidade de
apresentação.
No caso de se criar um programa, é interessante elaborar um script
contendo informações sobre o evento, mas no decorrer da programação o
improviso pode ser utilizado para tornar a transmissão mais dinâmica. O script
serve como um guia para a técnica, a apresentação e a produção.

Técnica
São responsáveis pela instalação dos softwares necessários para a
transmissão do programa e pelo contato com o servidor. Inserem vinheta e
cortina seguindo o script, regulam o áudio de ambas e também os microfones.

Produção
Para cada programa é necessário que pelo menos uma pessoa fique
responsável por centralizar as ações de produção, ou seja, pode haver mais de
uma pessoa encarregada de produzir o programa, mas o “produtor-chefe”
(que pode ser o coordenador de web rádio) deve estar preparado para lidar
com os imprevistos e com a organização geral da transmissão.
O produtor deve auxiliar o apresentador tanto na execução do script
quanto na apresentação e recepção dos entrevistados passando orientações
sobre o programa. É também quem disponibiliza o script para a técnica.
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Apresentação
Deve estar inteirado das informações acerca do evento e dominar os
assuntos que serão abordados no programa. É responsável pelo script
juntamente com o produtor. O script funciona como um guia, mas o
apresentador deve estar preparado para improvisar caso aconteça algo
inesperado durante a transmissão. Nessa situação é sugerido que se tenha o
máximo de informações anotadas em papel para serem lidas, o que funciona
como uma segurança ao apresentador, não deixando que se perca o ritmo da
transmissão.
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ANEXO A

Figura 1 Figura 2

Figura 3 Figura 4

Figura 5 Figura 6

Figura 7 Figura 8

Figura 9 Figura 10
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Figura 11 Figura 12

Figura 13 Figura 14

Figura 15 Figura 16
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APÊNDICE C - Roteiro da entrevista com os participantes da cobertura


colaborativa

1) Quais os pontos positivos da cobertura colaborativa do Fetism que tu


observaste?

2) Quais os pontos negativos da cobertura colaborativa do Fetism que tu


observaste?

3) O que, na tua opinião, deveria ter sido feito de diferente para sanar os
problemas que observaste?

4) A função à que tu te propuseste exercer no cadastro foi a mesma que tu


exerceste durante a cobertura?

5) Tu leste o manual de redação antes ou durante a cobertura? Achou necessária


a existência dele? Compreendeu o manual?

6) Observou ou passou alguma dificuldade ao utilizar o blog (tanto como usuário /


leitor quanto como administrador)?

7) Tens mais alguma colocação a fazer? Algo a falar que não foi perguntado?

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