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Março/2009
Sumário
1 Lógica 4
1.1 Conceito de Proposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.1.1 Operadores lógicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.1.2 Tabela Verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.1.3 Negação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.1.4 Conjunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1.5 Disjunção . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.1.6 Condicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.1.7 Bicondicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.1.8 Construção da Tabela-Verdade de Proposições Compostas . . . . . 14
1.1.9 Parenteses e Precedência de Operadores lógicos . . . . . . . . . . . 15
1.1.10 Implicações e Equivalências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.1.11 Propriedades das Operações Entre Proposições e Conectivos . . . . 18
1.1.12 Noções de Cálculo Proposicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1.13 Quantificador Universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.1.14 Quantificador Existencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.1.15 Quantificador de Existência e Unicidade . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.1.16 Quantificador Universal e Existêncial . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.1.17 Negação de Proposiçães Quantificadas . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.1.18 Negação de Proposições com mais de um quantificado . . . . . . . . 24
1.1.19 Contra-Exemplo em Proposições Quantificadas . . . . . . . . . . . . 25
1.1.20 Teoremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.1.21 Teoremas Aparentados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
1.1.22 Provas Diretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
1.1.23 Provas Indiretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.1.24 Contra-Exemplo em Teoremas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
1.1.25 Teorema se e somente se . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.2 Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.2.1 Noções de argumento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2
2 Conjuntos 34
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.2 Relações entre conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.2.1 Conjuntos de Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.3 Operações em Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
2.4 União e Intersecção de uma Famı́lia de Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . 41
2.5 Produto Cartesiano de Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3 Relações 44
3.1 Relações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
3.2 Propriedades das relações sobre um conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.3 Relações de Equivalência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.4 Ordens Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
4 Funções 54
4.1 Definição e Exemplos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
4.2 Igualdade de Funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
4.3 Imagem e Imagem Inversa de Conjuntos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
4.4 Construindo novas funções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
4.4.1 Composição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
4.4.2 União . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
4.4.3 Restrição e Prolongamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
4.5 Funções Inversas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.5.1 Função Injetora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.5.2 Função Sobretora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
4.5.3 Função Bijetora e Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
5 Indução 66
5.1 Primeiro Princı́pio da Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
5.2 Segundo Princı́pio da Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3
Capı́tulo 1
Lógica
Definição 1.1.1 Uma Proposição é uma construção (sentença matemática, frase, pensa-
mento) que exprimem um pensamento de sentido completo e a qual podemos atribuir juizo,
ou seja, no sentido aqui definido, possui um valor verdade, ou seja verdadeiro, ou é falso.
Notação: p, q, r, s etc.
Definição 1.1.2 Chama-se de valor lógico de uma proposição a verdade (V) se a proposi-
ção é verdadeira e a falsidade (F) se a proposição for falsa. Notação: V(p)
(I) PRINCÍPIO DA NÃO CONTRADIÇÃO: Uma proposição não pode ser verdadeira
e falsa ao mesmo tempo.
4
5. O número 9 não é primo
1. O Grêmio é o melhor time do mundo. Não há como definir valor lógico para
Proposição.
Vamos discutir um pouco sobre dedução e indução, para isto, comecemos com os
seguintes exemplos
5
Exemplo 1.1.6 Exemplo de dedução
p: Todo brasileiro alfabetizado fala português.
q: Paulo é um brasileiro alfabetizado.
r: Paulo fala português.
Note que a proposição r é obtida da afirmação geral p com o auxı́lio da proposição q.
Podemos fazer, com base nesta afirmação particular, uma série de afirmações gerais. Por
exemplo:
x é um número primo
note que na frase acima não podemos determinar o seu valor lógico, há uma certa indeter-
minação, porém, se no lugar de x colocarmos 2 obtemos que a frase acima se torna uma
proposição verdadeira, se substituirmos x por 4 a frase se torna uma proposição falsa, neste
caso o fato acima é um exemplo de sentença aberta.
Definição 1.1.3 Uma sentença aberta p(x) sobre A (ou Proposição sobre um conjunto A)
é uma proposição cujo valor lógico depende do elemento x ∈ A.
Exemplo 1.1.8 : Note que x + 4 = 9 não é uma proposição, esta sentença não pode ser
classificada como V ou F pois seria como se estivéssemos atribuindo um valor lógico a uma
pergunta. Porêm: x + 4 = 9, onde x ∈ N é uma sentença aberta.
Observação 1.1.2 Uma sentença aberta pode conter uma ou mais variáveis. Por exemplo
p(x, y) : x + y = 0, x, y ∈ Z é um exemplo de sentença aberta nas variáveis x, y.
6
Definição 1.1.4 O conjunto verdade Vp , de uma sentença aberta p(x), onde x é uma
variável em A, é o conjunto de todos os valores possı́veis de x, que tornam p(x) uma
proposição verdadeira: Vp = {x : x ∈ A e p(x)é verdadeiro}
Exercı́cio 1.1.1 Determine o valor lógico de cada uma das seguintes proposições:
1. O número 17 é primo.
4. (3 + 5)2 = 32 + 52
5. −1 < −7
• p: Brasil é um paı́s.
• q: 3 + 4 > 5.
• r: 7 − 1 = 5.
Definição 1.1.6 Uma proposição é dita composta se e somente se possuem como compo-
nentes duas ou mais proposições conectadas por uma ligação que não é verbo.
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É possı́vel construir proposições mais complexas (proposições compostas) da seguintes
formas. Primeiro, compondo proposições usando operadores lógicos também chamados
conectivos lógicos. Adicionalmente, para uma determinada sentença aberta, freqüente-
mente é desejável quantificar os valores a serem considerados para obtermos um valor
lógico. Distinguiremos dois tipos de expressões lógicas, que nos permitam dividir o estudo
da lógica simbólica em duas partes principais.
• Os quantificadores “para todos”, “alguns”, “um pelo menos”, etc, que ocorre no
interior das proposições, influenciando o seu valor verdade.
Exemplo 1.1.12 Exemplo de senteça aberta que vira uma proposições após ser quantifi-
cada.
• x2 + 1 > 0
Exemplo 1.1.13 Uma proposição composta P = P (p, q) formada por duas proposições
simples p, q têm as seguintes possibilidades
p q
V V
V F
F V
F F
8
Exemplo 1.1.14 Uma proposição composta Q=Q(p,q,r) formada por duas proposições
simples p,q e r têm as seguintes possibilidades
p r s
V V V
V V F
V F V
V F F
F V V
F V F
F F V
F F F
Se uma proposição for composta por n proposições simples, então o número de linhas
na tabela verdade é dada por 2n .
1.1.3 Negação
Definição 1.1.8 A negação de uma proposição é construı́da, introduzindo-se a palavra não
de forma apropriada ou prefixando-se a proposição por “não e fato que”. (Ou expressão
equivalente). Chama-se então negação de uma proposição p a proposição “não p”cujo valor
lógico é V se p é falsa e F se p é verdadeira.
Notação: ∼ p
Exemplo 1.1.15 Considere as seguintes proposições
• p: 3 < 5
• q: Todo número primo é impar
A negação da proposições acima são
• ∼p:3≥5
• ∼ q : Existe número primo que não é impar
A tabela verdade da negação é dada por
p ∼p
V F
F V
Exercı́cio 1.1.2 Negue as seguintes proposições:
1. O número 7 é primo
2. Marcos é alto
3. Não é verdade que Marcos é baixo.
Observação 1.1.4 Note que ∼ (∼ p) = p.
9
1.1.4 Conjunção
Definição 1.1.9 A conjunção p ∧ q lê-se “p e q”reflete a noção e simultaneidade para ser
verdadeira . Assim, a proposição composta p ∧ q é : Verdadeira, apenas quando p ∧ q são
simultaneamente Verdadeiras, Falsa, em qualquer outro caso.
p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F
1.1.5 Disjunção
Definição 1.1.10 A proposição formada pela união de duas proposição simples através do
operador lógico “ou”chama-se disjunção p ∨ q, ou seja, a disjunção reflete a noção de que
uma das proposições componentes deve ser verdadeira para que p ∨ q seja verdadeiro.
10
Exemplo 1.1.20 Considere as seguintes proposições. Determine o valor lógico de p ∨ q.
p: O número 2 é par.
q: O número 3 é impar.
p ∨ q : O número 2 é par ou o número 3 é impar.
p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F
1.1.6 Condicional
Definição 1.1.11 A condição envolve duas proposições p e q, denotado por p → q le-
sê “se p então q”, reflete a noção de que, a partir de uma premissa Verdadeira (ou seja
p Verdadeira) obrigatoriamente deve se chegar a uma conclusão Verdadeira. (ou seja q
Verdadeira ) para que a proposição composta p → q seja Verdadeira. Entretanto, a partir
de uma premissa falsa qualquer conclusão pode ser considerada.
Para que a idéia da definição acima fique mais clara, considere o seguinte exemplo
Exemplo 1.1.23 Imaginemos que um individuo chamado João todas as vezes que lê, sente
dor de cabeça, assim temos as proposições
p: João lê
q: João tem dor de cabeça.
João lê João tem dor de cabeça se João lê então João tem dor de cabeça
V V V
V F F
F V V
F F V
11
Na tabela acima
• Na primeira linha, se João lê seguramente ele vai ter dor de cabeça.
• Na segunda linha, se João lê ele não vai ter dor de cabeça é falso.
• Na terceira linha, se João pode estar com dor de cabeça sem ter lido.
• Na última linha, neste caso se João estivesse lendo seguramente ele teria dor de
cabeça.
p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
1.1.7 Bicondicional
Definição 1.1.12 A bicondicional envolvendo duas proposições p e q denotado por p ↔ q
a qual é lida “p se e somente se q”reflete a condição nos dois sentidos, ou seja, a primeira
nos leva a segunda e segunda nos leva a primeira.
Exemplo 1.1.27 Consideremos a segunda situação: O sol tem luz própria e, graças a
isso, podemos dizer que ele é uma estrela.
p: O sol tem luz própria
q: O sol é uma estrela.
12
p q O sol tem luz própria se e somente se sol é uma estrela.
V V V
V F F
F V F
F F V
p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
1. ∼ p
2. p ∧ q
3. p ∨ q
4. q ↔ p
5. p ↔∼ q
6. p∨ ∼ q
13
7. ∼∼ p
p q ∼q (p∧ ∼ q) ∼ (p∧ ∼ q)
V V F F V
V F V V F
F V F F V
F F V F V
Exercı́cio 1.1.6 Sabendo que os valores lógicos das proposições p e q são respectivamente
V e F, determine o valor lógico (V ou F) da proposição:
P (p, q) =∼ (p ∨ q) ↔∼ p∧ ∼ q
14
Exercı́cio 1.1.7 Sabendo as proposições p: π = 3 e q: sin( π2 ) = 0. Determine o valor
lógico (V ou F) da proposição:
P (p, q) = (p → q) → (p → p ∧ q)
Tautologia e Contradição
p q r ∼q p∧q ∼q∨r p ∧ q →∼ q ∨ r
V V V F V V V
V V F F F F V
V F V V V V V
V F F V F V V
F V V F F V V
F V F F F F V
F F V V F V V
F F F V F V V
Definição 1.1.14 Chama-se contradição a proposição composta que é sempre falsa inde-
pendente dos valores lógicos das proposições que a compõe.
15
Exemplo 1.1.35 Considere
(p ∧ q) ∨ r
p∧q∨r =
p ∧ (q ∨ r)
a tabela verdade de (p ∧ q) ∨ r e de (p ∧ q) ∨ r é dada por
p q r p∧q (p ∧ q) ∨ r q∨r p ∧ (q ∨ r)
V V V V V V V
V V F V V V V
V F V F V V V
V F F F F F F
F V V F V V F
F V F F F V F
F F V F V V F
F F F F F F F
16
1.1.10 Implicações e Equivalências
Definição 1.1.15 Diz-se que uma proposição P(p,q,r,..) implica uma proposição
Q(p, q, r, ...) se e somente se a condição P → Q é uma tautologia. Resumindo: P ⇒ Q se
e somente se P → Q é uma tautologia.
Observação 1.1.8 Todo Teorema é uma implicação da forma Hipótese ⇒ Tese, demon-
strar um Teorema significa mostrar que não ocorre o caso da hipótese ser verdadeira e a
tese ser falsa, isto é, a verdade da hipótese e suficiente para garantir a verdade da Tese.
Veremos isso com mais detalhes adiante.
Definição 1.1.16 Diz-se que uma proposição P(p,q,r,..) é equivalente a uma proposição
Q(p,q,r,...) se e somente se a becondicional P ↔ Q é uma tautologia. Resumindo: P ⇔ Q
se e somente se P ↔ Q é uma tautologia.
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1.1.11 Propriedades das Operações Entre Proposições e Conec-
tivos
Algumas equivalências pela sua importância e uso maior são consideradas como leis do
cálculo proposicional e seu conhecimento se faz necessário, deixamos ao leitor a tarefa de
verifica-las por tabelas-verdades. Indiquemos por V as tautologias e por F as contradições,
temos as propriedades que se seguem.
Propriedades da operação conjunção.
1. p ∧ q ⇔ q ∧ p (comutativa)
2. (p ∧ q) ∧ r ⇔ p ∧ (q ∧ r) (assotiativa)
3. p ∧ p ⇔ p (idempotente)
4. p ∧ V ⇔ p
5. p ∧ F ⇔ F
1. p ∨ q ⇔ q ∨ p (comutativa)
2. (p ∨ q) ∨ r ⇔ p ∨ (q ∨ r) (assotiativa)
3. p ∨ p ⇔ p (idempotente)
4. p ∨ V ⇔ V
5. p ∨ F ⇔ p
1. p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) (distributiva)
2. p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) (distributiva)
3. p ∧ (p ∨ q) ⇔ p (absorção)
4. p ∨ (p ∧ q) ⇔ p (absorção)
1. ∼∼ p ⇔ p (dupla negação)
2. ∼ (p ∧ q) ⇔∼ p∨ ∼ q (negação da conjunção)
3. ∼ (p ∨ q) ⇔∼ p∧ ∼ q (negação da disjunção)
4. ∼ (p → q) ⇔ p∧ ∼ q (negação da condição)
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6. ∼ F ⇔ V (negação da contradição é a tautologia)
7. ∼ V ⇔ F (negação da tautologia é a contradição)
(p ∧ q) → r ⇔ ∼ ((p ∧ q)∧ ∼ r)
⇔ ∼ (p ∧ (q∧ ∼ r)
⇔ ∼ (p∧ ∼ (∼ (q∧ ∼ r))
⇔ p →∼ (q∧ ∼ r))
⇔ p → (q → r)
p → q ⇔ ∼ (p∧ ∼ q)
⇔ ∼ p∨ ∼∼ q
⇔ ∼p∨q
p ∧ (∼ p ∨ q) ⇔ (p∧ ∼ p) ∨ (p ∧ q)
⇔ F ∨ (p ∧ q)
⇔ p∧q
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Exercı́cio 1.1.11 Prove usando cálculo proposicional as seguintes equivalências
1. (∼ p ∧ q) →∼ p ⇔ V
2. (p ∨ q)∧ ∼ p ⇔ q∧ ∼ p
3. p → (q → (p ∧ q))) ⇔ V
Quando fazemos isso a sentença aberta ganha valor lógico. Na sı́mbologia da lógica
Matemática indica-se este fato, abreviadamente, de umas das seguintes formas:
• (∀ x ∈ A)(p(x));
• ∀ x ∈ A, p(x);
• ∀ x ∈ A : p(x);
le-sê: “Para todo x ∈ A, p(x)”ou “Qualquer que seja x ∈ A, p(x).”
Observação 1.1.10 Observe que p(x), simplesmente, é uma sentença aberta, e por isso,
carece de valor lógico, mas a sentença “ ∀x ∈ A, p(x)”torna-se uma proposição e, portanto,
tem um valor lógico que é V se Vp = A e F quando Vp 6= A. A esta operação dá-se o nome de
quantificador universal e ao respectivo sı́mbolo ∀ “Para Todo”o de quantificador universal.
20
1.1.14 Quantificador Existencial
Seja p(x) uma sentença aberta em um conjunto A, e seja Vp seu conjunto verdade. Quando
Vp 6= ∅ ou Vp = ∅. Podemos criar proposições usando
• Existe x ∈ A tal que p(x).
• Para algum x ∈ A, p(x).
No sı́mbolo da lógica Matemática indica-se este fato, abreviadamente, de uma das seguintes
maneiras:
• (∃ x ∈ A)(p(x));
• ∃ x ∈ A, p(x);
• ∃ x ∈ A : p(x).
Dessa forma a sentença aberta ganha valor lógico.
Exemplo 1.1.49 Note que:
• A expressão “y 2 − 1 = 0”é uma sentença aberta sobre R
• A expressão “∃ y ∈ R tal que y 2 − 1 = 0”é uma proposição (ganha valor lógico.)
Observação 1.1.11 Note que “p(x)”é uma sentença aberta, sem valor lógico, mas a sen-
tença “ ∃ x ∈ A, p(x)”torna-se uma proposição e, portanto, tem valor lógico, que é V se
Vp 6= ∅ e F se Vp = ∅. A esta operação dá-se o nome de quantificador existencial e ao
respectivo sı́mbolo ∃ “Existe”o de quantificador existêncial.
Exemplo 1.1.50 As proposições abaixo são verdadeiras ou falsas.
1. ∃ n ∈ N, n + 4 < 8;
2. ∃ n ∈ N, n + 5 < 3;
3. ∃ x ∈ R, x2 < 0;
4. ∃ x ∈ R, 2x − 1 = 0.
21
1.1.16 Quantificador Universal e Existêncial
Considere como exemplo a seguinte sentença aberta nas variáveis x, y sobre R,
x > y.
∃ x, x > y.
A sentença acima ainda é uma sentença aberta, pois y ainda é uma variável livre.
Porêm, podemos formar uma proposição também quantificando y da forma
O que significa que, para todo y ∈ R existe x ∈ R tal que x > y, a qual é uma proposição
verdadeira.
Deforma geral, se P (x, y) é uma sentença aberta nas variáveis x e y, podemos formar
as proposições
∃x, ∀ y, P (x, y),
∀ y, ∃ x, P (x, y),
∃x, ∃ y, P (x, y),
∀ y, ∀ x, P (x, y).
∀ y, ∃ x, x > y.
∀ y, ∃ x = y + 1, y + 1 > y.
A proposição
∃ x, ∀ y, x > y,
declara um fato muito diferente, isto é, existe um número real x o qual é maior de todos,
que é uma proposição falsa. Portanto, a ordem do quantificador existencial e Universal
podem alterar valor lógico da Proposição.
Mais geralmente, se P (x, y) é uma sentença aberta nas variáveis x e y, a proposição
∀ y, ∃ x, P (x, y).
22
1. ∃ x, ∀ y ∈ I, x ≥ y
2. ∀ y, ∃ y ∈ I, x ≥ y
onde I é um subconjunto dos números reais. Note que (1) é mais forte que (2) é portanto
é mais provável de ser falsa. Para ver isto, tome I = [0, 1). Existe x ∈ [0, 1) tal que para
todo y ∈ [0, 1), x ≥ y é falsa. Para todo x ∈ [0, 1) existe y ∈ [0, 1), x ≥ y é verdadeira, basta
tomar x = y.
∀ x ∈ R, ∀ y ∈ R, x2 − y 2 = (x + y)(x − y),
∀ y ∈ R, ∀ x ∈ R, x2 − y 2 = (x + y)(x − y).
De fato, estas duas proposições afirmam a mesma coisa, isto é,
x2 − y 2 = (x + y)(x − y)
Pelo motivo acima, quantificadores de mesmo tipo são usualmente colocados juntos. O
simbolo
∀x, y
pode ser usado como abreviação para
∀x, ∀y.
∀ x ∈ A, p(x),
cujo valor verdade é verdadeira se e somente se p(x) for verdade para todos os elementos
de A. A negação de ∀ x ∈ A, p(x), seria então
23
Exemplo 1.1.56 Negação de Proposições Quantificadas.
1. ∼ (∀ n ∈ N, n < 1) ⇔ ∃ n ∈ N, n ≥ 1;
3. ∼ (∀ n ∈ N, n + 1 > n) ⇔ ∃ n ∈ N, n + 1 ≥ n;
∃ x ∈ A, p(x),
cujo valor verdade é verdadeira se e somente se p(x) for verdade para algum elemento de
A. A negação de ∃ x ∈ A, p(x), seria então
1. ∼ (∃ n ∈ N, n < 1) ⇔ ∀ n ∈ N, n ≥ 1;
3. ∼ (∃ n ∈ N, n + 1 > n) ⇔ ∀ n ∈ N, n + 1 ≥ n;
• ∼ (∀ x, ∀ y, x2 + y 2 = (x + y)2 ) ⇔ ∃ x, ∃ y, x2 + y 2 6= (x + y)2 ;
24
• ∼ (∃ x, ∃ y, x < y) ⇔ ∀ x, ∀ y, x ≥ y;
• ∀ x, ∀ y, x2 + y 2 < 12;
• ∃ x, ∃ y, x2 + 2y < 10;
• ∃ x, ∀ y, x2 + y 2 = 12;
∀ x ∈ A, p(x) é falsa,
∃ x ∈ A, ∼ p(x) é verdadeira,
isto é, que existe pelo menos um elemento x0 ∈ A tal que p(x0 ) é uma proposição falsa. O
elemento x0 diz se contra-exemplo para a proposição “∀ x ∈ A, p(x)”.
• ∀ x ∈ R, x2 > x;
• ∀ x ∈ R, (x + 2)2 = x2 + 4;
• ∀ x ∈ R, x2 − 1 > 60;
25
1.1.20 Teoremas
Nas primeiras lições de geometria elementar o estudante já se encontra com a noção de
teoremas: proposições que podem ser provadas verdadeiras. Costuma-se mesmo dizer que
um teorema consta de duas partes, a hipótese H e a tese T. São os teoremas implicações
H ⇒ T, cujo significado aprendemos, isto é, entendemos que, quando H se verifica teremos
a verificação de T. Do ponto de vista do vocábulo, tese significa “proposição que se avança,
se obtem”, e o prefixo “hipo”tem o sentido de “anterior”de “suporte”; portanto a hipótese
surge como fundamento capaz de suportar o edifı́fio que constitui a tese. Hipótese é para
a tese a condição suficiente, e a tese é uma conseqüência necessária da hipótese.
H → T Direto,
T → H Recı́proca,
∼ H →∼ T Contrário,
∼ T →∼ H Contrapositivo,
26
O Teorema Direto é equivalente ao Teorema Contrapositivo, isto é
H → T ⇔∼ T →∼ H,
podemos verificar via tabela-verdade ou por cálculo proposicional. De fato, por cálculo
proposicional
H→T ⇔ ∼ (H∧ ∼ T )
⇔ ∼ (∼ T ∧ H)
⇔ ∼ (∼ T ∧ ∼∼ H)
⇔ ∼ T →∼ H.
Segue da equivalência anterior que o teorema recı́proco equivale ao teorema contrário, isto
é
T → H ⇔∼ H →∼ T.
Observação 1.1.14 Resulta que para os quatro Teoremas possı́veis, teremos sempre ou 0,
ou 2 ou 4 teoremas verdadeiros, nunca 1 ou 3, devidos as equivalências estabelecidas acima.
A vantagem dessas equivalências é óbvia, pois provados dois, um de cada par, podemos
afirmar a validade dos outros dois teoremas. Para fins metodológicos, essas equivalências
são de grande importância, pois permitem utilizar o que mais convém na hora em que
demonstrarmos um teorema.
Exemplo 1.1.62 Teorema 1.1.1 Seja n um inteiro positivo impar, então, n2 é impar.
Prova:
Para isto,
R2 : n2 = (2k + 1) = 4k 2 + 4k + 1 ⇒
R3 : n2 = 2(2k 2 + 2k) + 1 ⇒
R4 : n2 = 2m + 1, m = 2k 2 + 2k ∈ Z. ⇒
27
T: n2 é um número inteiro par.
Prova: Por hipótese n e m são números pares, logo existem k e q naturais tais que n = 2k
e m = 2q, portanto n + m = 2k + 2q = 2(k + q) = 2l onde l = k + q ∈ N. Logo n + m é um
número par, isto concluı́ a prova.
Teorema 1.1.3 Se n é um número inteiro positivo e n2 for par, então n é positivo par.
Teorema 1.1.4 Se n for um número inteiro positivo impar, então n2 é inteiro positivo
impar.
Assim devemos provar o Teorema acima, mas um já foi feito no exemplo anterior.
28
Prova por Anexação à Hipótese da Negação da Tese: Primeiro provemos a equivalência
H → T ⇔ (H∧ ∼ T ) → T
(H∧ ∼ T ) → T ⇔ ∼ ((H∧ ∼ T )∧ ∼ T )
⇔ ∼ (H ∧ (∼ T ∧ ∼ T ))
⇔ ∼ (H∧ ∼ T )
⇔ H → T.
Com esta equivalência verificamos que é correto que para provar um teorema, podemos
provar um outro cuja a hipótese foi anexada a negação da tese.
Prova:
√
H : d= 2
T : d é irracional.
Para isto,
√
H∧ ∼ T : d = 2 e d é racional irredutı́vel.
a
R1 : Como d é racional, então d = b
⇒
R2 : a = db ⇒
√
R3 : a2 = d2 b2 , mas como d = 2⇒
T: d é irracional.
H → T ⇔ (H∧ ∼ T ) → F
29
(H∧ ∼ T ) → F ⇔ ∼ ((H∧ ∼ T )∧ ∼ F )
⇔ ∼ ((H∧ ∼ T ) ∧ V )
⇔ ∼ ((H∧ ∼ T )
⇔ H → T.
Prova:
Para isto,
Exemplo 1.1.66 Considere a proposição: Se dois ângulos são congruentes, então são
opostos pelo vértice. Para mostrar que o teorema é falso, construa dois dois ângulos são
congruentes e que não são opostos pelo vértice.
30
1.1.25 Teorema se e somente se
Vimos que um teorma da forma H ⇒ T, H é a condição suficiente para T. No caso de
existir o teorma reciproco T ⇒ H, então T é a condição suficiente para H, mas, H será
conseqüência necessária de T, então, diz-se que H é condição suficiente e necessária de T.
Em outras palavras, é suficiente H para T se e somente se verificar, e, se T se verificou
necessariamente se verificada H.
31
1.2 Apêndice
1.2.1 Noções de argumento
Definição 1.2.1 Argumento é uma seqüência de proposições, na qual uma das proposições
é a conclusão e as demais, chamadas premissas, formam as provas ou evidências para a
conclusão.
Exemplo 1.2.1 “Como todo brasileiro é sul-americano e todo paulista é brasileiro, então
todo paulista é sul-americano.”
Premissas: Todo brasileiro é sul-americano, todo paulista é brasileiro
Conclusão: todo paulista é sul-americano
Exemplo 1.2.2 “Como todo matemático é louco e eu sou matemático, então eu sou louco.”
Premissas: todo matemático é louco , eu sou matemático
Conclusão: eu sou louco
Premissa falsas.
Observação 1.2.2 Verdade (V) e Falsidade (F) podem ser atributos das proposições,
nunca dos argumentos, assim como propriedades de validade ou invalidade só podem per-
tencer a argumentos dedutivos, mas nunca a proposições.
Exemplo 1.2.5 Alguns argumentos válidos contém apenas proposições verdadeiras, por
exemplo:
32
Mas um argumento pode conter proposições falsas e , mesmo assim, ser válido.
Esse argumento é válido porque, se suas premissas fossem verdadeiras, sua conclusão seria
verdadeira. Um argumento pode ter todas as premissas verdadeiras, porém o raciocı́nio
pode não ser válido.
Observação 1.2.3 Pode-se observar que existem argumentos válidos com conclusões falsa,
bem como argumentos inválidos com conclusões verdadeiras. Logo, a verdade ou falsidade
da sua conclusão não determinam a validade ou não validade de um argumento.
33
Capı́tulo 2
Conjuntos
2.1 Introdução
Elemento e conjunto são conceitos primitivos na Matemática, isto é, eles não possuem
definicão formal. Mas, apesar disso, podemos afirmar que um conjunto é uma coleção
de objetos, sem repetição e não ordenada, isto é, um elemento aparece em um conjunto
apenas uma vez e não importa a ordem em que os elementos são apresentados. Nesta
definição informal, elemento é um objeto do conjunto. Então como fazemos para dizer que
um elemento está em um determinado conjunto? Para isso utilizamos um outro conceito
primitivo: pertinência. Assim definimos:
34
• o conjunto A possui um número finito de elementos, neste caso |A| = n, onde n é um
número inteiro;
• o conjunto A possui um número infinito de elementos, neste caso |A| = ∞.
3. {x|x é um múltiplo de 3} =
4. {x|x é um número par e primo } =
Note que todos os elementos do conjunto B pertencem ao conjunto A, por conta deste fato,
temos a seguinte definição:
Observação 2.2.1 Pela definição acima todo conjunto está contido em si mesmo.
35
Definição 2.2.2 Diremos que o conjunto B é igual ao conjunto A, denotamos por A = B,
se todos os elementos de A pertencerem a B e se todo elemento de B pertencer a A, ou
seja, se A ⊂ B e B ⊂ A.
A⊆B e B ⊆ A.
Demonstração:
Teorema 2.2.1 Seja A um conjunto qualquer. Então o conjunto com nenhum elemento
está contido em A.
Demonstração:
Demonstração:
Definição 2.2.3 O conjunto com nenhum elemento é denominado conjunto vazio e é de-
notado por ∅.
Observação 2.2.2 Cuidado! {∅} não representa o conjunto vazio, pois este conjunto na
realidade representa o conjunto que possui um elemento: o conjunto vazio. Assim as únicas
representações válidas para o conjunto vazio são: ∅ e { }
Demonstração:
36
1. B ⊆ A
2. A ⊆ B
3. C ⊆ A
4. a ∈ B
5. a ∈ C
6. {c} ∈ C
7. ∅ ⊂ B
8. {c, k, t, x} ∈ B
9. {c, k, t, x} ⊂ B
10. e ⊂ A
A = {x|x ∈ N ∧ x ≥ 7}
B = {x|(∃y)(y ∈ N ∧ x = 2y)}
C = {10, 12, 16, 20}
1. B ⊆ C
2. B ⊂ A
3. A ⊆ C
6. {12} ∈ B
7. {12} ⊂ B
8. 12 ∈ B
9. ∅ ∈
/A
10. {∅} ∈
/B
37
2.2.1 Conjuntos de Conjuntos
Definição 2.2.5 Dado um conjunto A chamamos de conjunto das partes de A (ou
conjunto potência) ao conjunto formado por todos os subconjuntos de A, ou seja:
℘(A) = {x : x ⊆ A}
Demonstração:
Observação 2.2.3 Se A for um conjunto finito com n elementos então ℘(A) terá 2n ele-
mentos.
Assim, temos:
A ∪ B = {x : (x ∈ A) ∨ (x ∈ B)}
1. A ∪ B = B ∪ A (Comutatividade)
2. (A ∪ B) ∪ C = A ∪ (B ∪ C) (Associatividade)
38
3. A ∪ ∅ = A (Existência de elemento neutro)
4. A ∪ A = A (Idempotência)
5. A ∪ S = S
Assim, temos:
A ∩ B = {x : (x ∈ A) ∧ (x ∈ B)
1. A ∩ B = B ∩ A (Comutatividade)
2. (A ∩ B) ∩ C = A ∩ (B ∩ C) (Associatividade)
4. A ∩ A = A (Idempotência)
5. A ∩ ∅ = ∅
1. A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C)
2. A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C)
39
Definição 2.3.5 (Diferença Simétrica entre Conjuntos) Suponhamos que A ⊆ S e
que B ⊆ S. Definimos a diferença simétrica entre A e B, que denotamos por A∆B, o
conjunto de todos os elementos que estão em A mas não estão em B ou que estão em B
mas não estão em A.
Ac = {x ∈ S : x ∈
/ A}
A − B = {x ∈ S : x ∈ A ∧ x ∈
/ B}
A∆B = {x ∈ S : x ∈ (A − B) ∨ x ∈ (B − A)} = (A − B) ∪ (B − A)
1. C − (A ∩ B) = (C − A) ∪ (C − B);
2. C − (A ∪ B) = (C − A) ∩ (C − B);
3. C − (B − A) = (A ∩ C) ∪ (C − B);
4. A − (A − B) = A ∩ B;
5. A ∩ (B − C) = (A ∩ B) − (A ∩ C);
6. A − A = ∅;
7. A − ∅ = A;
8. A ⊆ B se e somente se A − B = ∅;
9. A ∩ B = ∅ se e somente se B − A = B.
1. ∅c = S e S c = ∅;
2. (Ac )c = A;
3. A ∩ Ac = ∅
4. A ∪ Ac = S;
5. Ac ∩ B = B − A;
6. A ∪ B c = (B − A)c ;
7. Se A ⊆ B então {B A = Ac ∩ B;
40
8. Se A ⊆ B se e somente se B c ⊆ Ac .
(A ∩ B)c = Ac ∪ B c e (A ∪ B)c = Ac ∩ B c .
A∆B = (A ∪ B) − (A ∩ B)
A = {x|x ∈ N ∧ x ≥ 7}
B = {x|x ∈ N ∧ x ≤ 15}
A∪B =
A∩B =
Ac =
Bc =
A−B =
B−A=
41
Pela definição acima temos:
[
A = {x ∈ S : x ∈ A, para algum A em F}
A∈F
ou, equivalentemente: [
x∈ A ⇔ (∃A ∈ F)(x ∈ A).
A∈F
ou, equivalentemente: [
x∈ A ⇔ (∀A ∈ F)(x ∈ A).
A∈F
Exemplo
[ 2.4.1 Seja F = {{a, b}, {a, b, c}, {a, e, i, o, u}, {a, d, e}, {a, d, f }} então:
A=
A∈F
\
A=
A∈F
42
[
7. Se X ∈ F1 então X ⊆ A.
A∈F1
Demonstração:
Teorema 2.4.2 Suponhamos que F seja uma famı́lia qualquer de conjuntos. Então:
!
\ \
1. ℘ A = ℘(A).
A∈F A∈F
!
[ [
2. ℘ A ⊆ ℘(A).
A∈F A∈F
Demonstração:
43
Capı́tulo 3
Relações
3.1 Relações
Definição 3.1.1 (Relação entre Conjuntos) Consideremos A e B dois conjuntos não
vazios em S. Definimos uma relação de A em B, ou relação binária de A em B, que
denotamos por R(A, B), por um subconjunto de A × B. Se um par (x, y) pertencer a uma
relação R, diremos que x está relacionado com y pela relação R e denotaremos por
xRy ou (x, y) ∈ R. Quando A = B diremos que R é uma relação sobre o conjunto A
ou que R é uma relação em A.
Exemplo 3.1.1 As relações mais triviais entre dois conjuntos são o conjunto vazio e o
próprio produto cartesiano A × B.
44
Definição 3.1.2 O domı́nio de uma relação R, denotado por D(R), é um subconjunto
de A dado por:
D(R) = {a ∈ A : aRb para algum b ∈ B}
A imagem de uma relação R, denotada por Im(R), é um subconjunto de B dado por:
D(R) = {b ∈ B : aRb para algum a ∈ A}
Se R(A, B) for uma relação de A em B, diremos que R−1 (A, B) é a relação inversa ou
relação recı́proca de R, em que:
R−1 (A, B) = {(y, x) ∈ B × A : xRy}
Observação 3.1.1 Considere a relação dada por R = A × B. Note que neste caso temos:
D(R) = A Im(R) = B R−1 = B × A.
Exemplo 3.1.6 Sejam A = R, B = R e a regra P (x, y): “x é menor que y”. O conjunto:
R(A, B, P ) = {(x, y) ∈ A × B : P (x, y)é verdadeira} = {(x, y) ∈ R × R : x < y}
é uma relação em R. Aqui temos que, para todo x ∈ R, existem y, z ∈ R tais que x < y e
x > z. Deste modo, temos que D(R) = R e Im(R) = R. Temos também que:
R−1 = {(y, x) ∈ R × R : x < y}.
Exemplo 3.1.7 Sejam X = {0, 1, 2} e ℘(X) o conjunto das partes de X. É claro que:
℘(X) = {∅, {0}, {1}, {2}, {0, 1}, {0, 2}, {1, 2}, X}
Consideremos a seguinte proposição em X × ℘(X):
P (x, y) : “x ∈ y”.
Portanto
R(X, ℘(X), P ) = {(0, {0}), (0, {0, 1}), (0, {0, 2}), (0, X), (1, {1}), (1, {0, 1}),
(1, {1, 2}), (1, X), (2, {2}), (2, {0, 2}), (2, {1, 2}), (2, X)}.
45
Definição 3.1.3 Sejam A e B conjuntos não vazios em S e seja R uma relação de A em
B.
• Diremos que a relação R é um para muitos se existir pelo menos uma primeira
componente que aparece mais de uma vez na relação.
• Diremos que a relação R é muitos para um se existir pelo menos uma segunda
componente que aparece mais de uma vez na relação.
• Diremos que a relação R é muitos para muitos se existir pelo menos uma primeira
componente que aparece mais de uma vez na relação e se existir pelo menos uma
segunda componente que aparece mais de uma vez na relação.
• R1 é um para um
• R2 é um para muitos
• R3 é muitos para um
46
1. R1 ∪ R2
2. R1c
3. R2c
4. R1 ∩ R2 =
1. R1 ∪ R2 = R2 ∪ R1
2. R1 ∩ R2 = R2 ∩ R1
3. R1 ∪ (R2 ∪ R3 ) = (R1 ∪ R2 ) ∪ R3
4. R1 ∩ (R2 ∩ R3 ) = (R1 ∩ R2 ) ∩ R3
7. R1 ∪ ∅ = R1
8. R1 ∩ (A × B) = R1
9. R1 ∪ R1c = A × B
10. R1 ∩ R1c = ∅.
• Se, para todo x ∈ A tivermos que xRx então diremos que R é reflexiva.
• Se, para todo x, y ∈ A tivermos que xRy ⇒ yRx então diremos que R é simétrica.
• Se, para todo x, y ∈ A tivermos que (xRy ∧ yRx) ⇒ x = y então diremos que R é
anti-simétrica.
• Se, para todo x, y, z ∈ A tivermos que (xRy ∧ yRz) ⇒ xRz então diremos que R é
transitiva.
ARB ↔ A ⊆ B
47
Exemplo 3.2.2 Seja A = {0, 1, 2}.
1. Se R for uma relação reflexiva em A então o que podemos afirmar?
2. Se R for uma relação simétrica em A e se (a, b) ∈ R então que outro par ordenado
deve pertencer a R?
3. Se R for uma relação anti-simétrica em A e se (a, b) ∈ R e (b, a) ∈ R, o que deve
acontecer?
4. A relação R = {(1, 2)} em A é transitiva?
Exercı́cio 3.2.1 Seja A um conjunto não-vazio qualquer. Prove que a relação identidade
IA é reflexica, simétrica, anti-simétrica e transitiva.
Como podemos ver pelo exercı́cio anterior uma relação pode ser simétrica e anti-
simétrica simultaneamente, assim anti-simétrica não quer dizer “não-simétrica”!!!
Exercı́cio 3.2.2 Em cada item abaixo verifique se a relação é reflexiva, simétrica, anti-
simétrica ou transitiva.
1. A = Z+
∗ ; xRy ↔ x ≤ y.
2. A = Z+
∗ ; xRy ↔ x + y for par.
3. A = Z+ ; xRy ↔ x dividir y.
4. A = conjunto de todas as retas do plano; xRy ↔ x for paralela a y ou x coincidir
com y.
5. A = Z+ ; xRy ↔ x = y 2 .
6. A = {0, 1}; xRy ↔ x = y 2 .
7. A = {0, 1, 2}; R = {(0, 0), (1, 1), (2, 2), (0, 1), (1, 0)}.
Teorema 3.2.1 Seja R uma relação sobre um conjunto não-vazio A, então:
1. R será reflexiva se, e somente se, IA ⊆ R;
2. R será simétrica se, e somente se, R = R−1 ;
3. R será anti-simétrica se, e somente se, R ∩ R−1 ⊆ IA .
Demonstração:
Teorema 3.2.2 Seja R uma relação sobre um conjunto não-vazio A, então:
1. R será reflexiva se, e somente se, R−1 for reflexiva;
2. R será simétrica se, e somente se, R−1 for simétrica;
3. R será anti-simétrica se, e somente se, R−1 for anti-simétrica;
4. R será transitiva se, e somente se, R−1 for transitiva.
Demonstração:
48
3.3 Relações de Equivalência
Definição 3.3.1 (Relação de Equivalência) Suponhamos que A seja um conjunto não-
vazio e que R seja uma relação sobre A. Diremos que R é uma relação de equivalência em
A se R for reflexiva, simétrica e transitiva.
Exemplo 3.3.1 Como podemos observar pelo Exercı́cio 3.2.2, as seguintes relações são
relações de equivalência em A.
1. A = Z+
∗ ; xRy ↔ x + y for par.
3. A = Z+ ; xRy ↔ x = y 2 .
4. A = {0, 1, 2}; R = {(0, 0), (1, 1), (2, 2), (0, 1), (1, 0)}.
A = Z+
∗ ; xRy ↔ x ≤ y
Demonstração:
Exercı́cio 3.3.1 Suponhamos que A seja um conjunto [ não-vazio. Se F for uma famı́lia
de relações de equivalência sobre A, então S = R não é, necessariamente, uma relação
R∈F
de equivalência sobre A.
Definição 3.3.2 Suponhamos que A seja um conjunto não-vazio e que R = (A, A, P ) seja
uma relação de equivalência sobre A. Dado a ∈ A, a classe de equivalência de a
módulo R, denotada por [a], é o subconjunto de A constituı́do por todos os elementos
x ∈ A tais que xRa, ou seja:
[a] = {x ∈ A : xRa}.
Proposição 3.3.4 Suponhamos que A seja um conjunto não-vazio, que R = (A, A, P ) seja
uma relação de equivalência sobre A e que a, x, y ∈ A. Se x, y ∈ [a] então xRy.
49
Teorema 3.3.1 Suponhamos que A seja um conjunto não-vazio e que R = (A, A, P ) seja
uma relação de equivalência sobre A. Então:
Demonstração:
Segue imediatamente do Teorema 3.3.1 que toda relação de equivalência determina uma
partição sobre A.
(1) não-vazios;
(2) disjuntos dois a dois a dois;
(3) sua união é A.
Teorema 3.3.2 Suponhamos que A seja um conjunto não-vazio e que R seja existe uma
relação de equivalência de R sobre A. Então R define uma partição de A, denotada por
A/R = F.
Demonstração:
Teorema 3.3.3 Suponhamos que A seja um conjunto não-vazio. Se F for uma partição
de A então existe uma relação de equivalência de R sobre A de modo que A/R = F.
Demonstração:
50
Assim, temos que x e y são congruentes módulo m se, e somente se, x e y diferem por
um múltiplo de n.
• 3 ≡ 13 mod 5
• 4 ≡ 4 mod 5
• 16 ≡ 3 mod 5
Exemplo 3.3.5 Seja R a relação que tem o mesmo tamanho que definida no conjunto de
subconjuntos finitos de Z. Que é [∅]?
Exemplo 3.4.1 Se voltarmos ao Exercı́cio 3.2.2 podemos ver que as relações abaixo são
ordens parciais:
1. A = Z+
∗ ; xRy ↔ x ≤ y.
2. A = Z+ ; xRy ↔ x dividir y.
A = ±(R); ARB ↔ A ⊆ B
51
Se R for uma ordem parcial em A então o par ordenado (A, R) é chamado de conjunto
parcialmente ordenado. Denotaremos um conjunto parcialmente ordenado por (S, 4);
em qualquer caso particular 4 tem um significado preciso, como “menor ou igual a”, “é
um subconjunto de”, “divide”, e assim por diante.
Seja (A, 4) um conjunto parcialmente ordenado e seja B ⊆ A. Então (B, 4) é uma
restrição de 4 a B. Como pode ser mostrado, (B, 4) é parcialmente ordenado.
Seja (A, 4) um conjunto parcialmente ordenado e sejam x, y, z ∈ A. Se x 4 y, então
x = y ou x 6= y. Se x 4 y, mas x 6= y então diremos que x é um predecessor de y, e neste
caso, escrevemos x ≺ y. Um dado y pode ter muitos predecessores, mas se x ≺ y e se não
existir nenhum z com x 4 z 4 y então diremos que x é um predecessor imediato de y.
52
Não há a necessidade de todos os elementos se relacionarem em uma ordem parcial,
como podemos ver no Exemplo 3.4.2 tanto o 2 e 3, quanto 12 e 18, não estão relacionados.
Uma ordem parcial onde todos os elementos do conjunto se relacionam com todos os outros
elementos é chamada de uma ordem total ou uma cadeia. O diagrama de Hasse para
uma ordem total é da forma ilustrada abaixo. A relação ≤ em N é umna ordem total.
Consideremos novamente um conjunto parcialmente ordenado (A, 4). Se existir um
y ∈ A tal que y 4 x para todo x ∈ A, então y é um elemento mı́nimo (ou o menor
elemento) do conjunto ordenado. Se existir um elemento mı́nimo então ele será único.
(Prove!) Um elemento y ∈ A é dito minimal se não existir x ∈ A com x ≺ y. Como
podemos diferenciar minimal de elemento mı́nimo? Basta olharmos o diagrama de Hasse,
o elemento mı́nimo está abaixo de todos os outros, enquanto um elemento minimal não
tem elementos abaixo dele. Se existir um y ∈ A tal que x 4 y para todo x ∈ A, então y é
um elemento máximo (ou o maior elemento) do conjunto ordenado. Se existir um elemento
máximo então ele será único. (Prove!) Um elemento y ∈ A é dito maximal se não existir
x ∈ A com y ≺ x. Como podemos diferenciar maximal de elemento máximo? Sim, basta
olharmos o diagrama de Hasse, o elemento máximo está acima de todos os outros, enquanto
um elemento maximal não tem elementos acima dele.
53
Capı́tulo 4
Funções
b Se x f y e x f z então y = z.
Observação 4.1.1
1. Uma relação R que possui a propriedade (b) é denominada unı́voca e garante que
cada elemento de A está relacionado com um único elemento de B.
54
4. Considerando x ∈ A e y = f (x), o elemento y é denominado imagem de x sob
f e o elemento x é denominado pré-imagem de y sob f . Além disso, o conjunto
Im (f ) = {f (x) : x ∈ A} é denominado imagem de f .
6. Quando o contradomı́nio for o conjunto dos números reais, a função f será denomi-
nada função real.
Exemplo 4.1.1 Sejam A = {1, 3, 4} e B = {3, 6, 9, 12, 15} e a relação f = {(x, 3x) : x ∈
A}. Então a terna (f, A, B) define uma função f : A → B dada por f (x) = 3x.
Exemplo 4.1.2 Nem toda terna (f, A, B) define uma função, para que possamos ver isto
basta considerarmos os conjuntos A = {1, 2, 3} e B = {5, 10, 15} e as relações:
Exemplo 4.1.3 Consideremos R o conjunto dos números reais e a relação f dada por
x f y ⇔ y2 = x
A terna (f, R, R) não determina uma função pois 1 f 1 e 1 f − 1, assim f não satisfaz o
item (b) da Definição 4.1.1. Porém de definirmos f pela relação
x f y ⇔ y = x2
Exemplo 4.1.4 (A função identidade) Dado um conjunto qualquer, a terna (IA , A, A),
onde IA é a relação identidade é uma função denominada função identidade e denotada
por IA : A → A, que é dada por IA (x) = x.
55
Exemplo 4.1.5 (A função constante) Dados dois conjuntos A e B quaisquer e um el-
emento b ∈ B, definimos em A × B a relação f = {(x, b) : x ∈ A}. Temos que D(f ) = A
e, além disso, se x f y e x f z, temos que y = b e z = b, portanto y = z. Assim a terna
(f, A, A) é uma função f : A → B, f (x) = b, denominada função constante.
fC = {(x, y) ∈ A × B : y = 1 se x ∈ C e y = 0 se x ∈
/ C}.
Exemplo 4.1.8 (A função maior inteiro) Sejam R o conjunto dos números reais e a
regra dada por ϕ(x) = [|x|], onde [|x|] representa o maior número inteiro entre todos os
inteiros menores ou iguais a x. Então temos a função ϕ : R → R, denominada função
maior inteiro.
(a) Gf (f ) = Gf (g);
x2 − 1
f (x) = e g(x) = x − 1
x+1
não são iguais, pois as relações não são iguais, não satisfazendo a condição (a) da Definição
4.2.1. A condição (b) está trivialmente satisfeita. Por outro lado, se tomarmos a função
h : R − {−1} → R definida por h(x) = x − 1, então f = h.
56
Exemplo 4.2.2 Considere os conjuntos A = {a, b, c}, B = {1, 2, 3} e C = {1, 2, 3, 4} e as
funções definidas por
Note que
• As funções f1 e f2 não são iguais pois não satisfazem o item (a) da Definição 4.2.1,
apesar de satisfazerem o item (b).
• As funções f1 e f3 não são iguais pois não satisfazem o item (b) da Definição 4.2.1,
apesar de satisfazerem o item (a).
• As funções f1 e f4 não são iguais pois não satisfazem os itens (a) e (b) da Definição
4.2.1.
• As funções f2 e f3 não são iguais pois não satisfazem os itens (a) e (b) da Definição
4.2.1.
Observe que o item (a) da Definição 4.2.1 tem como conseqüência que D(f ) = D(g).
Quando os contradomı́nios de duas funções são iguais a verificação da igualdade de duas
funções se limita a verificar a igualdade de elementos. É isso o que diz o próximo teorema:
f −1 (Y ) = {x ∈ A : f (x) ∈ Y }.
57
Teorema 4.3.1 Seja f : A → B uma função, então:
(a) f (∅) = ∅.
Observação 4.3.1 Existem situações em que a igualdade não ocorre no item (c) do Teo-
rema 4.3.1. Para que possamos verificar isto basta considarmos a função (f, A, B), onde
A = {a, b, c}, B{1, 2, 3} e Gr(f ) = {(a, 1), (b, 2), (c, 2)}, temos que
f ({a, b}) = {1, 2}, f (A) = {1, 2}, f (A − {a, b}) = f ({c}) = {2}
58
4.4.1 Composição
Para que possamos definir a composição de duas funções, precisamos do seguinte resultado:
(b) h ◦ (g ◦ f ) = (h ◦ g) ◦ f .
f (a) = a + 3 e g(a) = a − 3
então:
e
(f ◦ g) : Z → Z é dada por (f ◦ g)(a) = f (g(a)) = f (a − 3) = (a − 3) + 3 = a
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Exemplo 4.4.4 Normalmente a propriedade comutativa não é válida para a composição
de funções. Para que possamos verificar este fato basta considerarmos as funções:
f: R → R g: R → R
x 7→ f (x) = 2x x 7→ g(x) = x + 1
Observe que:
(g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(2x) = 2x + 1
(f ◦ g)(x) = f (g(x)) = g(x + 1) = 2(x + 1) = 2x + 2
que são distintas, pois (g ◦ f )(0) = 1 enquanto que (f ◦ g)(0) = 2.
4.4.2 União
Como no caso da função composta precisaremos de um resultado para que possamos definir
união de funções.
f (x) = g(x), ∀x ∈ A ∩ C
Muito mais facil de entender é a seguinte expressão para a função união de f por g:
f (x) se x ∈ A
(f ∪ g)(x) =
g(x) se x ∈ C − A
f (x) = x2 + 1 g(x) = x + 1.
Temos que D(f ) ∩ D(g) = {0} e f (0) = 1 = g(0). Logo, a união de f e g é dada por
f ∪ g : R → R definida por:
x + 1, x ≥ 0,
(f ∪ g)(x) =
x2 + 1, x < 0.
A função união h pode ainda ser definida, quando interessar, utilizando parte do domı́nio
de f e parte do domı́nio de g, lembrando sempre que f e g devem coincidir na intersecção
dos domı́nios quando for não-vazia. Nesse caso, a função união é chamada função definida
por partes. Para ilustrar como isso ocorre vejamos o exemplo a seguir:
60
Exemplo 4.4.6 Considere as funções:
f : R+ → R √ g : R∗− → R
x 7→ f (x) = x x 7→ g(x) = x + 1
f |C = {(x, y) ∈ f : x ∈ C}.
Observe que cada subconjunto de A determina uma função restrição de f , e cada par
(C, D) de superconjuntos de A e B, respectivamente, determinam funções prolongamnetos
que dependem dos valores relacionados fora do conjunto A.
Exemplo 4.4.7 A função IN : N → N, definida por IN (x) = x, tem, como um dos pro-
longamento R, a função identidade IR : R → R, dada por IR (x) = x. Neste caso, podemos
dizer que IN é a restrição IR |N sobre o conjunto N.
61
4.5 Funções Inversas
4.5.1 Função Injetora
Sabemos que toda função f : A → B associa a cada elemento de A um único elemento de
B, mas nada garante o contrário, ou seja, não se pode dizer que todo elemento da imagem
de f é imagem de um único elemento de A. As funções que satisfazem esta caracterı́stica
recebem um nome especial, veremos isto através da definição a seguir:
ou equivalentemente quando,
A primeira consequência importante dessa propriedade é a igualdade dos itens (e) e (g)
do Teorema 4.3.1:
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Exemplo 4.5.2 Sejam os conjuntos A = {a, b, c} e B = {1, 2, 3} e a função (f, A, B),
com Gr(f ) = {(a, 1), (b, 2), (c, 3)}. Consideremos os conjuntos X1 = {a}, X2 = {a, b},
X3 = {a, b, c}, Y1 = {1}, Y2 = {1, 3} e Y3 = {2, 3}. Temos, pelo Teorema 4.5.1 que
(a) X2 − X1 = {b}, assim f (X2 − X1 ) = f ({b}) = {2}. Como f (X1 ) = {1} e f (X2 ) =
{1, 2} temos também que f (X1 ) − f (X2 ) = {1, 2} − {1} = {2} = f (X2 − X1 ).
Teorema 4.5.2 Suponhamos que f : A → B seja uma função. Então existirá uma função
g : Im(f ) → A tal que g ◦ f = IA se, e somente se, f for injetora.
Teorema 4.5.3 Suponhamos que f : A → B seja uma função. Então se existir uma
função g : B → A tal que f ◦ g = IB , então f será sobretora.
63
4.5.3 Função Bijetora e Inversa
Unindo as condições de injetividade e sobretividade, obtemos uma classe especial de funções:
Exemplo 4.5.5 As hipóteses de f ser injetora e sobrejetora no Teorema 4.5.4 são neces-
sárias. De fato, se considerarmos a função f : R → R dada por f (x) = x2 e X = [0, 2].
Temos que 4 ∈ f (R − X) = f ((−∞, 0) ∪ (2, +∞)), pois f (−2) = 4, mas f (2) = 4 e, assim,
4∈ / R − f (X). Assim, f (R − X) não está contido em R − f (X). Além disso, todo elemento
negativo y está em R − f (X), pois nenhum elemento de X é levado pela função f em y.
Mas y ∈ / f (R − X) pois nenhum elemento de R − f (X) é levado em um número negativo.
Portanto R − f (X) não está contido em f (R − X).
Teorema 4.5.5 Suponhamos que f : A → B seja uma função. Então existirá uma função
g : B → A tal que g ◦ f = IA e f ◦ g = IB se, e somente se, f for bijetora.
Definição 4.5.4 Uma função gB → A que satisfaz ascondições do Teorema 4.5.5, quando
existir, será denominada inversa de f e será denotada por f −1 . Neste caso, diremos
que f é invertı́vel.
Apesar da notação f −1 ser ambı́gua, devemos saber a diferença entre imagem inversa
de um conjunto e de função inversa de uma função. De fato, f −1 (C), com C ⊆ B, é
um subconjunto de A, entquanto que f −1 (y) com y ∈ B, se existir, é um elemento de A.
Quando f for invertı́vel, e C ⊆ B, temos que a imagem inversa de C é igual à imagem
f −1 (C) sob a função inversa.
64
Exemplo 4.5.8 Verifique se a função f : R → R dada por f (x) = 2x + 1 é invertı́vel.
Caso seja, determine sua inversa.
f : R → R+ g: R → R
x 7→ x2 x 7→ x
ambas sobrejetoras. Temos que g ◦ f : R → R dada por (g ◦ f )(x) = g(f (x)) = g(x2 ) = x2 ,
que não é sobrejetora.
65
Capı́tulo 5
Indução
• 0 ∈ A,
Então A = N.
Se observarmos o teorema acima, podemos ver que, sua primeira condição diz que 0
está em A e a segunda diz que, se um natural k estiver em A então k + 1 também está em
A. E, como conclusão dessas duas hipóteses é que um conjunto construido de tal forma só
pode ser o conjunto dos números naturais.
Este teorema e, na realidade, uma importante técnica de demonstração. Vejamos como
ele se aplica nos exemplos a seguir:
Observação 5.1.1 (Esquema da Prova por Indução) Para provarmos por indução,
ou seja, provar que todo número natural tem determinada propriedade devemos:
1o Passo: Definir A como sendo o conjunto dos números naturais para os quais tal pro-
priedade é válida.
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2o Passo: Provar que 0 ∈ A. Esta é a chamada etapa básica.
1 + 3 + 5 + 7 + · · · + (2n − 1) = n2
1 + 2 + 22 + 23 + · · · + 2n = 2n+1 − 1,
para todo n ≥ 0
Exemplo 5.1.7 Prove que, para qualquer inteiro positivo n, o número 22n − 1 é divisı́vel
por 3.
Exemplo 5.1.9 Prove que, para qualquer inteiro n > 1, 2n+1 < 3n .
• 0 ∈ A,
67
Então A = N.
Se observarmos o teorema acima, podemos ver que, sua primeira condição diz que 0
está em A e a segunda diz que, se todo natural de 0 a k estiver em A então k + 1 também
está em A. E, como conclusão dessas duas hipóteses é que um conjunto construido de tal
forma só pode ser o conjunto dos números naturais. Note que este teorema é mais forte que
o anterior visto que aqui temos a hipótese da propriedade ser válida para todos os naturais
de 0 a k e, utilizando este fato, provamos que a propriedade é valida para k + 1.
Observação 5.2.1 (Esquema da Prova por Indução Forte) Para provarmos uti-
lizando o Segundo Princı́pio de Indução, ou seja, provar que todo número natural tem
determinada propriedade devemos:
1o Passo: Definir A como sendo o conjunto dos números naturais para os quais tal pro-
priedade é válida.
Novamente temos uma importante ferramente para demonstração. Vejamos como tal
teorema se aplica nos exemplos a seguir:
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Referências Bibliográficas
[4] SCHEINERMAN, E.R. Matemática Discreta - Uma Introdução. São Paulo. Thomson
Learning Edições, 2006.
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