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1. (Ufscar-SP)
"Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, pois Deus o disse, perguntar-me-eis,
e com muita razão, em que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos são pó, nós
também somos pó: em que nos distinguimos uns dos outros? Distinguimo-nos os vivos dos
mortos, assim como se distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são pó
caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: Hic jacet. Estão essas praças no
verão cobertas de pó: dá um pé-de-vento, levanta-se o pó no ar e que faz? O que fazem os
vivos, e muito vivos. não aquieta o pó, nem pode estar quedo: anda, corre, voa; entra por esta
rua, sai por aquela; já vai adiante, já torna atrás; tudo enche, tudo cobre, tudo envolve, tudo
perturba, tudo toma, tudo cega, tudo penetra, em tudo e por tudo se mete, sem aquietar nem
sossegar um momento, enquanto o vento dura. Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento
parou, ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um telhado, ou no mar, ou no rio,
ou no monte, ou na campanha. Não é assim? Assim é."
Antônio Vieira. Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza.
Apud: Sermões de Padre Antônio Vieira. São Paulo: Núcleo, 1994, p.123-124.
b) Antes de iniciar sua pregação, Vieira fundamenta-se num argumento que, do ponto de vista
religioso, mostra-se incontestável. Transcreva esse argumento.
Resposta
V - Emprega a gradação.
Resposta
b) Gregório de Matos.
d) José de Anchieta.
e) Antonio Vieira.
Resposta
4. (UEL-PR) O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais
da Reforma entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das
artes uma difícil conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo. A alternativa que
contém os versos que melhor expressam esse conflito é:
a) "Um paiá de Monal, bonzo bramá,
Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu,
Quer ser filho do sol, nascendo cá."
Botelho de Oliveira
Botelho de Oliveira
Resposta
a) V - F - F - F - F
b) V - V - V - V - F
c) V - V - F - V - F
d) F - F - V - V - V
e) F - F - F - V – V
Resposta
6. (UFRRJ)
Gregório de Matos Guerra. Antologia poética. Rio de Janeiro: Ediouro, 1991. p. 84.
Um dos aspectos da arquitetura do poema barroco é aquele em que conceitos e/ou palavras
são inicialmente citados ao longo do poema para, mais adiante, serem retomados
conclusivamente. Esse recurso, no soneto de Gregório de Matos, acontece respectivamente:
b) No 1º quarteto e no 2º quarteto.
d) No 2º quarteto e no 1º terceto.
e) No 1º terceto e no 2º terceto.
Resposta
7. (Fatec-SP)
As cousas do mundo
a) Inversões da sintaxe corrente, como em “Com sua língua, ao nobre o vil decepa” e
“Quem menos falar pode”.
b) Conflito entre os universos do profano e do sagrado, como se vê na oposição “Quem
dinheiro tiver” e “pode ser Papa”.
c) Metáforas raras e desusadas, como no verso experimental “a Musa topa/Em apa, epa,
ipa, opa, upa”.
Resposta
a) 1 e 2.
b) 1 e 3.
c) 2 e 4.
d) 1, 3 e 4.
e) 2, 3 e 4.
Resposta
9. (Ufscar-SP)
"O pregar há-de ser como quem semeia,e não como quem ladrilha ou
azuleja.Ordenado,mas como as estrelas.(...) Todas as estrelas estão por sua ordem;mas é
ordem que faz influência,não é ordem que faça lavor.Não fez Deus o céu em xadrez de
estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se de uma parte
há-de estar branco, da outra há-de estar negro; se de uma parte está dia, da outra há-de
estar noite; se de uma parte dizem luz, da outra hão-de dizer sombra; se de uma parte
dizem desceu,da outra hão-de dizer subiu.Basta que não havemos de ver num sermão
duas palavras em paz? Todas hão-de estar sempre em fronteira com o seu contrário?
Aprendamos do céu o estilo da disposição,e também o das palavras."
Vieira, Sermão da sexagésima.
No texto, Vieira critica um certo estilo de fazer sermão, que era comum na arte de
pregar dos padres dominicanos da época. O uso da palavra xadrez tem o objetivo de:
Resposta
11. (UFPA)
Soneto
In: DIMAS, Antonio (Org.) Literatura Comentada. São Paulo: Abril, 1981.
(A) Como representante dos poemas encomendados, elogia Sergipe, um dos centros
urbanos que Gregório de Matos enalteceu, assim como o fez à Bahia, a Recife e a Lisboa.
(B) Satiriza Sergipe, um dos centros urbanos que Gregório de Matos criticou,
ressaltando a pobreza do local, o que dá ao poema um tom social, próprio da poética
gregoriana.
(C) Pertence à lírica filosófica do autor, que se caracteriza por tecer uma série de elogios
a um local ou a uma pessoa, para em seguida lhe traçar os defeitos e pedir por sua
redenção.
(D) Os dois tercetos enaltecem a beleza da mulher e elogiam a boa alimentação local, por
meio da perífrase, recurso lingüístico muito utilizado pela estética barroca.
Resposta
(A) Gregório de Matos é considerado o autor mais importante do Barroco brasileiro por ter
introduzido a estética no país e ter escrito poemas épicos, de herança camoniana, em louvor à
pátria, traço do nativismo literário da época.
(B) A crítica reconhece a obra lírica de Gregório de Matos como superior à satírica, porque,
nela, o autor não trabalha com o jogo de palavras que instaura o erótico e às vezes até o
licencioso.
(D) Conceptismo e cultismo são processos técnicos e expressivos do Barroco que dão
simplicidade aos textos, principal objetivo da estética que repudiava os torneios na linguagem.
(E) O Barroco se destaca como movimento literário único, uma vez que somente em sua
estética encontramos o uso de sugestões de luz, cor e som, bem como o uso de metáforas,
hipérboles, perífrases, antíteses e paradoxos.
Resposta
13. (UFPA)
Soneto
(A) Comparação, figura central da estética barroca, uma vez que possibilitava ao poeta utilizar
sempre a natureza para ilustrar os temas de sua poética.
(B) Ironia, recurso abundantemente utilizado por Gregório de Matos em seus poemas satíricos
que criticavam, sobretudo, figuras políticas de sua época.
(C) Paradoxo, figura das mais utilizadas na estética barroca, que, no poema, confronta e funde
opostos, tematizando a paixão em oposição ao refreamento.
(D) Invocação, figura utilizada pelo poeta barroco para imprecar contra os deuses e para
demonstrar-se dilacerado e angustiado no mundo.
Resposta
14. (UFPA)
A alternativa cujo texto ilustra o que disse o crítico José Aderaldo Castelo a respeito da
poética de Gregório de Matos é
(A) “É a vaidade, Fábio, nesta vida,/Rosa, que da manhã lisonjeada,/Púrpuras mil, com
ambição dourada,/Airosa rompe, arrasta presumida.”
(B) “Senhora Florenciana, isto me embaça,/Contares vós de mim tantos agrados,/E estar eu
vendo que por meus pecados/Tenho para convosco pouca graça.”
(C) “Ofendi-vos, meu Deus, é bem verdade,/É verdade, Senhor, que hei
delinqüido,/Delinqüido vos tenho, e ofendido,/Ofendido vos tem minha maldade.”
(D) “Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,/Da vossa alta clemência me
despido;/Porque quanto mais tenho delinqüido,/Vos tenho a perdoar mais empenhado.”
(E) “Triste Bahia! Ó quão dessemelhante/Estás e estou do nosso antigo estado!/Pobre te vejo
a ti, tu a mi empenhado,/Rica te vi eu já, tu a mi abundante.”
Resposta
15. (UPE)
Sabe-se que Gregório de Matos, entre outros textos, teria escrito poemas satíricos, de
caráter erótico-irônico. O poema acima é um exemplo disso. Os enunciados abaixo
trazem alguns comentários sobre esse poema e sobre o contexto histórico em que se
insere. Analise-os.
II. Foi tomando por referência poemas como este, entre outras razões, que Gregório de
Matos ficou conhecido como ‘Boca do Inferno'.
III. O poema pode ser considerado barroco, pois aborda, claramente, um tema religioso,
representado na figura das religiosas em ato de celebração.
IV. O subtítulo ‘Décima'faz referência ao poema de estrutura fixa, composto por uma
ou mais estrofes de dez versos. No Barroco brasileiro, esses versos costumam dispensar o
recurso à rima.
V. A antítese, recurso retórico tão comum ao Barroco, predomina na composição deste
poema, como revelam sobretudo os quatro primeiros versos.
B) I e II, apenas.
C) I, II e III, apenas.
D) I, II e IV, apenas.
E) II, IV e V, apenas.
Resposta
"A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que comeis uns aos outros. Grande
escândalo é este, mas a circunstância o faz ainda maior. Não só vos comeis uns aos outros,
senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os
pequenos comeram os grandes, bastara um grande para muitos pequenos; mas como os
grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande [...]. Os
homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes que se comem uns aos
outros. Tão alheia cousa é não só da razão, mas da mesma natureza, que, sendo criados no
mesmo elemento, todos cidadãos da mesma pátria, e todos finalmente irmãos, vivais de vos
comer."
VIEIRA, Antônio. Obras completas do padre Antônio Vieira: sermões.
Prefaciados e revistos pelo Pe. Gonçalo Alves.
Porto: Lello e Irmão - Editores, 1993. v. III, p. 264-265.