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2. PREVISÃO CONSTITUCIONAL
Dispõe o art. 5º, XLIII da Carta Magna:
3. PREVISÃO LEGAL
Para regulamentar o dispositivo constitucional já mencionado, o legislador
ordinário editou a lei 8072/90.
4. SISTEMAS
Para a concepção de crime hediondo, há três sistemas básicos. São eles:
1. Sistema Legal – Cabe a lei definir quais são os crimes considerados hediondos;
2. Sistema Judicial – Cabe ao juiz, de acordo com o caso concreto, estabelecer os
delitos que serão considerados hediondos;
3. Sistema Misto – Como o próprio nome sugere neste sistema, a lei define os
crimes hediondos, facultando ao juiz diante do caso em concreto, estabelecer
outros delitos.
5. TENTATIVA E CONSUMAÇÃO
Como rege a cabeça do art. 1º da lei 8072/90, consideram-se hediondos todos os
crimes arrolados neste artigo, consumados ou tentados.
“Art. 1o - São considerados hediondos os seguintes crimes,
todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro
de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados (...)”
Grifo nosso.
Apesar de o crime de estupro estar previsto no código penal militar, tal delito
não é considerado hediondo.
Os estudantes devem se atentar para o recente posicionamento do Tribunal de
Justiça de São Paulo acerca do caráter não-hediondo dos crimes de estupro e atentado ao
pudor, na forma simples.
Ocorre que a Lei se refere à forma simples e qualificada. Assim, não há
distinção: neste sentido o STF já se manifestou – HC 89554/DF; HC 90706/BA.
Entende-se, ainda, que o estupro e o atentado violento ao pudor com violência
presumida também são hediondos – HC 87495/SP; HC87281/MG.
Por fim, o homem é o sujeito ativo do crime, sendo que a mulher pode ser co-
autora ou partícipe.
A vítima do delito em estudo é a mulher.
Cumpre ressaltar que o sujeito ativo do atentado violento ao pudor pode ser
qualquer pessoa. Também homem ou mulher poderão ser vítimas de tal crime.
7 - EFEITOS JURÍDICOS
Como rege o art. 2º desta Lei, os crimes hediondos e os equiparados, são
insuscetíveis de anistia, graça, indulto e de fiança.
7.1. ANISTIA
Entende-se por anistia o “esquecimento” jurídico de uma ou mais infrações. É
atribuição do Congresso Nacional, por meio de lei federal, a concessão da anistia.
Todos os efeitos de natureza penal deixam de existir.
É causa extintiva da punibilidade do agente.
7.2. GRAÇA
É a concessão de “perdão” pelo Presidente da República por meio de decreto.
Trata-se de uma espécie de perdão estatal.
É causa extintiva da punibilidade.
É correto afirmar que a graça é o indulto individual.
7.3. INDULTO
Também é concedido pelo Presidente da República por meio de decreto. É
coletivo, pois possui um caráter de generalidade, ou seja, abrange várias pessoas.
A inclusão do indulto no artigo 2 º da Lei dos Crimes Hediondos gerou
discussões acerca da sua constitucionalidade, já que no art. 5º, inc. XLIII, da CF, proíbe,
tão somente, a concessão de graça, a anistia e fiança.
Todavia, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento pela
constitucionalidade do art. 2º, I, da Lei nº 8.072/90 - ADI 2795 MC/DF.
Entendeu-se que a concessão de indulto aos condenados a penas privativas de
liberdade insere-se no exercício do poder discricionário do Presidente da República,
LIMITADO à vedação prevista no inciso XLIII, do art. 5º, da CF, de onde o artigo
supracitado retira a sua validade. Foi argüido que o termo ‘graça’, previsto no
dispositivo constitucional, abrange ‘indulto’ e ‘comutação de penas’.
Por delegação do Presidente da República, podem conceder indulto ou comutar
penas no caso de crimes não-hediondos, o Ministro de Estado, o Procurador-Geral da
República e o Advogado-Geral da União.
9. PROGRESSÃO DE REGIME
A antiga redação do art. 2º da Lei nº 8.072/90 afirmava que a pena privativa de
liberdade por crime previsto na lei deveria ser cumprida em regime integralmente
fechado.
Em 1997, a Lei de Tortura inovou no ordenamento jurídico dispondo que era
possível que o condenado por tal delito pudesse progredir de regime. Muitos
sustentaram que tal possibilidade deveria ser dada aos demais crimes hediondos e
equiparados. Porém o STF, por meio da Súmula 698 disse que não se estenderia aos
demais crimes hediondos e equiparados a admissibilidade de progressão no regime de
execução da pena aplicada ao crime de tortura.
A súmula perdeu a razão de ser com a declaração de inconstitucionalidade da
vedação à progressão de regime prevista na lei dos Crimes Hediondos e a conseqüente
alteração realizada pela lei 11464 de 2007.
Vale indicar que a antiga redação do artigo 2º não encontrava perfeita sintonia
com o princípio constitucional da individualização da pena. Assim, quase 16 anos
depois da edição da Lei dos Crimes Hediondos, o Supremo Tribunal Federal entendeu
no julgamento do HC 82.959, que a vedação de progressão de regime ofendia, em sua
essência, a regra constitucional em estudo.
II - latrocínio (art. 157, § 3º, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930,
de 6.9.1994)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lº, 2º e
3º); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso
incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e
parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1º). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930,
de 6.9.1994)
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts.
1º, 2 º e 3 º da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado.
(Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime
fechado. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
§ 2º A progressão de regime, no caso dos condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e
de 3/5 (três quintos), se reincidente. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007)
Art. 4º (Vetado).
“V - cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime
hediondo, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo,
se o apenado não for reincidente específico em crimes dessa natureza.”
Art. 6º Os arts. 157, § 3º; 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º; 213; 214; 223, caput e seu
parágrafo único; 267, caput e 270; caput, todos do Código Penal, passam a vigorar com
a seguinte redação:
........................................................................
§ 1º .................................................................
§ 3º...
...
...
...
...
“...”
"Art. 159...
........................................................................
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do Código Penal,
quando se tratar de crimes hediondos, prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes
e drogas afins ou terrorismo.
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou
quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois
terços.
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, §
2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e
parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos
do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos
de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do
Código Penal.
Art. 10. O art. 35 da Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976, passa a vigorar acrescido
de parágrafo único, com a seguinte redação:
FERNANDO COLLOR
Bernardo Cabral