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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

CENTRO INTERDISCIPLINAR DE NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO


CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM MÍDIAS NA EDUCAÇÃO

MARIA DO CARMO BIGOLIN

PROFESSORES BLOGUEIROS E O USO DOS BLOGS


EM SUA PRÁTICA DOCENTE
2

Porto Alegre
2010
MARIA DO CARMO BIGOLIN

PROFESSORES BLOGUEIROS E O USO DOS BLOGS


EM SUA PRÁTICA DOCENTE

Trabalho de Conclusão de Curso,


apresentado como requisito parcial para a
obtenção do grau de Especialista em
Mídias na Educação, pelo Centro
Interdisciplinar de Novas Tecnologias na
Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul – CINTED/UFRGS.

Orientador(a):
Maria Rosangela Bez
4

Porto Alegre
2010
DEDICATÓRIA

Para Bigolin, Michele, Felipe e Gustavo.


Meus eternos amores.
AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar a Deus, pela vida e pela saúde.

Em segundo lugar, é claro, para minha família, principalmente o maridão, por


dividir comigo o tempo que poderia ser nosso e acaba sendo do computador.

Não poderia deixar de agradecer também as queridas colegas Marlize, Elaine e


Maria Dalva; aos meus alunos do 2º ano do ensino médio do Ruyzão; as
multiplicadoras, colegas e amigas do NTE de Ijuí, aos professores e tutores do
curso Mídias na Educação e a querida orientadora professora Maria Rosangela
Benz
RESUMO

Hoje os blogs não se constituem apenas como um simples aparato técnico,


mas sim como um fenômeno social que cresce a cada dia, a sua utilização nas
mais diversas áreas, inclusive na educação. Os blogs tornam as notícias
independentes das fontes tradicionais, como rádio, TV e mídia impressa,
democratizando a informação. Tendo em vista esse rápido e grande
crescimento dos blogs, principalmente no meio educacional, optou-se por
realizar uma pesquisa qualitativa/quantitativa usando como instrumentos de
coleta de dados a observação nos blogs, o que me permitiu uma análise mais
aprofundada sobre suas características e potencialidades, sob a ótica do
contexto educativo. Realizou-se também uma análise de blogs de professores,
principalmente aqueles voltados à disciplina de geografia, que falassem e
refletissem sobre a prática docente, suas articulações, relacionamentos. Ainda
foi realizada uma análise procurando identificar se os mesmos são ou podem
ser considerados instrumentos de aprendizagem, quais suas potencialidades
dentro o contexto educativo e o que os alunos pensam sobre estes blogs.

Palavras-chave: Blogs – tecnologias da Informação e Comunicação


-Educação
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AVA Ambiente Virtual de Aprendizagem


BR Brasil
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
TIC Tecnologia da Informação e Comunicação

TDIC Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação

CMC Comunicação Mediada por Computador


9

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. – Blog baseado em textos (escrita) ...................................................19

Figura 2. – Exemplo da utilizando de imagens e sons em Blogs......................21

Figura 3. – Exemplo da organização do tempo nos Blogs................................23

Figura 4. – Exemplo do uso de links e outras informações nos Blogs..............24

Figura 5. – Exemplo do uso de textos curtos nos Blogs...................................24

Figura 6. – Exemplo de Blogs com idéias, conceitos e opiniões do autor.......25

Figura 7. – Exemplo de interatividade em Blogs...............................................25

Figura 8. – Exemplo de Hipertextualidade nos Blogs.......................................26

Figura 9: Quadro sete motivos pelos quais um professor deveria criar um


weblog.................................................................................................................36

Figura 10: Representação esquemática da exploração dos blogs como recurso


ou como estratégia pedagógica.........................................................................43

Figura 11: Representação esquemática das explorações educacionais dos


blogs, centradas na vertente de “recurso pedagógico” e na vertente de
”estratégia pedagógica”......................................................................................45

Figura 12: Questionário para entrevista aos Blogueiros...................................50


Figura 13: Atualizações do blog........................................................................55

Figura 14: Desvantagens no uso dos blogs.....................................................56

Figura 15 Benefícios do uso de Blogs ............................................................57


Figura 16: Quadro Contribuições dos Blogs para o processo
ensino/aprendizagem........................................................................................ 58
Figura 17: Quadro Contribuições dos blogs aos alunos.................................. 59

Figura 18 Blog como espaço para o diálogo, troca de experiências................60


LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Alternativas da questão de número 1................................................54

Tabela 2. Síntese das respostas da pergunta 3................................................55


SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS........................................................8

LISTA DE FIGURAS......................................................................................9

LISTA DE TABELAS...................................................................................10

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................13
1.1 Justificativa ...................................................................................................................................13

1.2 Problema de Pesquisa...................................................................................................................14


1.3.1 Objetivo geral.......................................................................................................................14
1.3.2 Objetivos específicos .............................................................................................................14

2.1 A tecnologia educacional ...........................................................................................................18

2.2 Blog – o que é?..............................................................................................................................20

2.3 Blog – Características..................................................................................................................25

2.4 A Blogosfera................................................................................................................................29

3 OS WEBBLOGS NA EDUCAÇÃO............................................................32
1.3 Os avanços tecnológicos na melhoria da educação....................................................................33

1.4 Weblogs Educacionais – Edublogs.............................................................................................36

3.3 Blog - ambiente de aprendizagem?.............................................................................................42

1.5 Blogs - recurso e/ou estratégia pedagógica?...........................................................................45

2 METODOLOGIA.........................................................................................51

3 ANÁLISE DE WEBLOGS E DOS DADOS COLETADOS........................54


3.1 Características observadas nos blogs..........................................................................................54
12

3.2 Análise dos dados coletados nas entrevistas...............................................................................57

4 CONCLUSÃO.............................................................................................66

REFERÊNCIAS............................................................................................71

ANEXO - QUESTIONÁRIO USO DO WEBLOG NA EDUCAÇÃO.............78

76
13

1 INTRODUÇÃO

Com os avanços tecnológicos e a facilidade de uso da internet os blogs


não se apresentam apenas como uma simples ferramenta de lazer, de
divulgação de conteúdos e notícias ou um mero aparato técnico, mas sim como
um fenômeno social. Cresce a cada dia a sua utilização nas mais diversas
áreas, inclusive na educação. Desta forma optou-se por analisar como os blogs
educativos podem influenciar no desempenho dos alunos, dando-se enfoque
na disciplina de geografia.

1.1 Justificativa

Ao se introduzir as TICs no setor educacional, se oportunizará a união de


novas formas de ensinar com novas formas de aprender. Dessa forma, entre
os diversos espaços disponíveis na web, os Weblogs Educacionais ou
Edublogs se constituem em uma excelente ferramenta para dinamizar o
processo de construção do conhecimento. A partir destes argumentos, por
acreditar que o uso das TIC na educação permite uma compreensão mais
profunda do mundo em que vivemos, por ter plena consciência da utilidade
prática e funcional que os blogs colocam nas mãos de nós professores, alunos,
e em especial para a disciplina de Geografia no Ensino Médio é que
desenvolvo este estudo monográfico. Também pelo fato da carência de
pesquisas na área de blogs educativos com enfoque na geografia.
14

1.2 Problema de Pesquisa

De que forma os blogs educativos podem contribuir para um maior


interesse e desempenho dos alunos, com enfoque na disciplina de geografia?

1.3 Objetivo

1.3.1 Objetivo geral

Realizar uma análise de blogs de professores de geografia quanto a


sua importância no processo pedagógico,

1.3.2 Objetivos específicos


• Identificar e observar as características dos weblogs de professores
da disciplina de geografia.

• Realizar um questionário com os professores escolhidos e que


possuem blogs na área da geografia.

• Analisar quais as vantagens e as desvantagens que o uso dos


edublogs apresentam para a aprendizagem e interesse pela
disciplina, e como esta ferramenta de apoio didático pode contribuir
em nossa prática pedagógica diária no ensino da disciplina de
Geografia no Ensino Médio.

Desta forma, para que se pudesse efetivar esta pesquisa procurando


responder aos questionamentos que propomos, esta monografia foi dividida em
capítulos, sendo que no capítulo dois buscamos apresentar um referencial
teórico a respeito dos blogs, mostrando-os como tecnologia educacional,
descrevendo conceitos e características. Já no capítulo três os estudos foram
focados nos weblogs na educação, estes sendo apresentados como avanços
tecnológicos para melhoria da educação, com apresentação dos Edublogs, do
blog como ambiente de aprendizagem e como recurso ou estratégia
15

pedagógica de ensino. No capítulo quatro mostra-se a metodologia empregada


e no capítulo seguinte a análise dos webblogs e dos dados coletados.
16

2 CONHECENDO MAIS SOBRE BLOGS

Não convém “pedagogizar” os blogs, convertendo-os numa


ferramenta para passar conteúdos previamente estruturados. Em
bons usos dessa alternativa de cibercomunicação o que se espera
são aprendizagens não reguladas, ou seja, aprendizagens que
nascem de um processo que se constrói na direção daqueles
famosos versos de Antonio Machado: “Caminante no hay camino. Se
hace camino al andar”. “Isso parece muito pouco pedagógico, pois o
que estou dizendo aqui é que a aprendizagem será conseqüência do
blogar, mas não é possível prever que resultados serão obtidos”.
(BARATO, 2010).

Segundo Castells (1999), em seu livro “A era da informação: economia,


sociedade e cultura”, a partir das décadas 60 e 70, passa a surgir “um novo
mundo”, em que sociedade, economia e cultura estão interligadas graças às
tecnologias, fazendo surgir uma sociedade em rede – a sociedade
informacional.

Ainda segundo o autor, graças às novidades trazidas pela era


tecnológica, ocorreu uma difusão de culturas pelo mundo, tornando-o cada vez
mais virtualizado, isso porque o espaço-tempo foi encurtado, fazendo com que
aumentasse a velocidade da informação passada.

Dowbor (2001, p. 37) complementa ao afirmar que “o século XX foi o


século da produção industrial, dos bens de consumo durável “e que o novo
milênio “será o século da informação, da sociedade do conhecimento”, indica
também que grandes mudanças paradigmáticas devem ocorrer no campo da
produção do conhecimento”.

Desse modo, ao se integrar à escola as Tecnologias da Informação e


Comunicação, estas introduzem novos desafios, entre eles a inclusão digital de
seus alunos. A utilização de tecnologias digitais na midiatização dos processos
17

educativos evidencia novos espaços de ensinar e aprender diferentes dos


espaços convencionais.

Assim sendo, Tecnologia é um conceito com múltiplos significados, que

variam conforme o contexto. E em 1995, Reis (apud Almeida e Moran, 2005, p.

40), afirmou: “A tecnologia possui múltiplos significados que variam conforme o

contexto, podendo ser vista como: artefato, cultura, atividade com determinado

objetivo, processo de criação, conhecimento sobre uma técnica e seus

respectivos processos, etc”.

Dentro dessa perspectiva Litwinc (1997) nos esclarece o que se


entende por Tecnologia Educacional:

Entendemos a Tecnologia Educacional como o corpo de


conhecimentos que, baseando-se em disciplinas científicas
encaminhadas para as práticas de ensino, incorpora todos os meios a
seu alcance e responde à realização de fins noscontextos sócio-
históricos que lhe conferem significação. A Tecnologia Educacional,
assim como a Didática, preocupa-se com as práticas do ensino, mas
diferentemente dela inclui entre suas preocupações o exame da teoria
da comunicação e dos novos desenvolvimentos tecnológicos: a
informática, hoje em primeiro lugar, o vídeo, a TV, o rádio, o áudio e
os impressos, velhos ou novos, desde os livros até os cartazes.
(LITWIN, 1997, p.13).

Essa forma de uso das tecnologias representa um impulso intelectual,


social e político em direção a uma sociedade menos excludente e mais
solidária, cujo exercício da democracia é interpretado como uma "forma de vida
associada, de experiência conjunta e mutuamente comunicada" (DEWEY,
1979, p.93). Coube a John Dewey fixar com clareza o papel que à educação
incumbia desempenhar na medida em que se consolidava e difundia o sistema
democrático representativo.
Nesse sentido a Tecnologia Educacional exerce um papel fundamental.
E o objetivo desse capítulo é justamente discutir os significados de Tecnologia
Educacional, o que são blogs e quais suas principais características, e o que se
entende por blogosfera.
18

2.1 A tecnologia educacional

Segundo Oliveira (1976), as propostas de uso da tecnologia apoiaram-


se, historicamente, nas ciências da informação e da comunicação, na
psicologia da aprendizagem e da instrução e nos novos métodos e conceitos
de planejamento. Desse modo, a tecnologia educacional surge como
conseqüência da constatação de um hiato entre as práticas educativas
consideradas convencionais e os conhecimentos científicos já disponíveis.

Atualmente a sociedade exige do indivíduo uma educação que


“prepare para o trabalho em equipe, para aprender a conviver, a desenvolver a
percepção de interdependência e a administrar conflitos” (Martins; Fiorentin,:
Michelin, 2007, p. 15). No entanto as práticas tradicionais da escola ainda
seguem a lógica da transmissão de conteúdos, em que o educando é um mero
receptor de informações e o educador o detentor do saber.

Desse modo, na educação, a tecnologia não deve ser encarada como


fim, mas como processo intermediário e sua inserção no processo educacional
têm possibilitado que tanto professores como alunos, avancem no sentido de
incorporar novos saberes e novos conhecimentos a partir do tempo de cada
um.

Assim, com suas inúmeras possibilidades pedagógicas, a Internet, é o


meio de comunicação de inigualável abrangência global e participação coletiva.
Para Pierre Lévy, através da Internet é possível “trocar idéias, compartilhar
informações e interesses comuns, criando comunidades e estimulando
conexões” (LÉVY 2000, p. 171).

Segundo o autor, a Internet deve ser um espaço onde:

Os professores e os estudantes partilhem os recursos materiais e


informacionais de que dispõem. Os professores aprendem ao mesmo
tempo que os estudantes e atualizam continuamente tanto seus
saberes 'disciplinares' como suas competências pedagógicas. A
formação contínua dos professores é uma das aplicações mais
evidentes dos métodos de aprendizagem aberta e a distância. (LÉVY,
2000, p. 171).
19

Daí por que, a utilização das tecnologias da informação e comunicação


potenciam o sucesso pedagógico quando utilizadas como ferramentas
mediadoras e promotoras do processo de ensino aprendizagem.

Para Valente (2007) atualmente as Tecnologias Digitais de Informação e


Comunicação (TDIC) resultam da convergência de distintas tecnologias, tais
como vídeo, TV digital, imagem, DVD, celular, Ipod, jogos, realidade virtual,
que se associam para compor novas tecnologias. E a tecnologia digital, ao
associar-se com as telecomunicações, incorporou a internet com os recursos
de navegação, envio e recebimento de textos, imagens, sons e vídeos. E, na
atualidade, temos também a telefonia móvel ou o telefone celular que
passaram a incorporar a câmera para captação de imagem, o gravador de som
e a imagem, o vídeo game, o acesso à internet.
Conforme o autor citado, devido ao processo atual de integração das
diferentes tecnologias em um mesmo artefato, é necessário se desenvolver
diferentes habilidades de comunicação em rede, navegação em hipermídias
em busca de informações para se obter aprendizagem significativa, autônoma
e contínua.
Daí por que se percebe cada vez mais o quanto ao uso da tecnologia
digital está presente nas práticas cotidianas. Segundo a autora Coscarelli
(2002).
Não há dúvidas de que a informática e, sobretudo, a Internet têm
provocado inúmeras mudanças em nossa sociedade. Já não
precisamos mais esperar tempos para uma carta chegar ao
destinatário, sair de casa para ir ao banco, ler enciclopédias
na estante, fazer supermercado, ir à escola. Podemos conversar com
desconhecidos sem que eles nos vejam e sem que saibamos quem
são; programar as músicas que a rádio vai tocar;enviar para o
destinatário cartões que cantam e dançam; criar histórias animadas
sem saber desenhar; entre outras coisas que soariam estranhas há
pouco tempo. ( Coscarelli, 2002:65)
Conforme Simões (2002) as teorias e estudos voltados para a área das
Tecnologias Educacionais hoje podem representar um caminho para se chegar
à aproximação entre tecnologia e escola, para que essa possa cumprir o papel
de preparar os alunos para dominarem, utilizarem e exercerem uma atitude
crítica em relação às modernas tecnologias. Podem, inclusive, servir como
instrumento para realizar um trabalho pedagógico de construção do
20

conhecimento e de interpretação e aplicação das tecnologias presentes na


sociedade.
Já Silva (2003, p. 14), afirma que,
“na medida em que há uma apropriação efetiva das novas tecnologias
de comunicação, alunos e professores podem fazer parte de uma
nova escrita e de uma nova dinâmica educacional, participando do
desenvolvimento desses gêneros emergentes, ao invés de ficar à
margem desse processo.
Hoje, com um simples toque em um mouse nos conectamos com o
mundo, visitando espaços diferentes e novas culturas. Podemos constatar que
a integração e o u so de múltiplas mídias na educação como fonte de
aprendizagem é cada vez maior. Essa interação pode ocorrer por diferentes
ambientes, tais como chats, e-mail, Orkut, MSN, e os blogs e podem levar o
aluno a engajar-se de forma mais efetiva e participativa nas atividades
escolares.
O texto a seguir nos leva a refletir e conhecer mais sobre essa
ferramenta de comunicação e hoje também considerada como ferramenta
pedagógica, os blogs.

2.2 Blog – o que é?

Hoje já é uma realidade a popularização dos computadores, e


consequentemente, da facilidade de acesso à informação que a Internet trouxe.
E como maior revolução está a possibilidade do usuário “interagir”, interferir
nesse processo, sendo autor e não apenas receptor de informações.

Encontramos novas e diversas ferramentas de comunicação, espaços


de comunicação instantânea sem fronteiras onde se desenvolvem os
processos de comunicação, onde a escrita on-line ou digital levou a linguagem
escritural novamente a um lugar de destaque na comunicação interpessoal.

E os weblogs são um exemplo de ferramenta do ambiente virtual


baseada na escrita e segundo Halmann,
21

dão espaço para algumas formas de expressão da linguagem, com


bastante destaque para a escrita, tanto na forma de processo quanto
na forma de produto. A escrita enquanto processo possibilita um
repensar do objeto da escrita e a provocação das idéias em um ato
de articulação de idéias, formulação de questões e respostas,
buscando a sistematização da ordem mental para uma forma
“compreensível” aos olhos dos outros, questionando-se sobre os
principais problemas, a forma como os temas se relacionam e o que
pensamos sobre eles. HALMANN,. 2006, p.2)
De forma bem específica, a seguir cita-se um exemplo de blog baseado
na escrita.

Figura 1. – Blog baseado em textos (escrita)


Fonte: (http://naohadeque.wordpress.com/)

O termo weblog, segundo Gutierrez (2004), surgiu com o hábito de


alguns pioneiros em logar a web “anotando, transcrevendo, comentado as suas
andanças por territórios virtuais”.

Quanto a sua definição, para Baltazar e Aguaded (2005, p. 01)

são várias as definições que encontramos para weblog. Podemos


começar por dividir a palavra para compreender o seu significado
original: Web(rede) e Log (diário de bordo), sendo que o verbo to
log significa registrar o diário e bordo. Assim, um blog pode ser
definido como uma espécie de diário pessoal electrónico
frequentemente actualizado [...]
A trajetória histórica do blog, de acordo com Orihuela e Santos (2008)
está relacionado ao sítio What's new in 92, de autoria do físico inglês Tim
Berners Lee, em janeiro 1992. Seu objetivo era tornar público o projeto World
22

Wide Web, que teve inicio em Genebra. Por volta de 1993, a página da web,
“What´s New” da NCSA, destacou-se no sítio denominado Nescape, ficando
em evidência até o ano de 1996. Já o primeiro a usar a palavra weblog foi Jorn
Barger, que juntamente com outros, deram continuidade aos primeiros
weblogs, ou blogs, como hoje são reconhecidos.
Assim, no início de 1999, a Page of Only Weblogs de Jesse
James Garrett apresentava somente 23 blogs, porém logo foram lançados
os serviços gratuitos de edição e publicação de weblogs Blogger e Pitas, o que
contribuiu para que essa mídia se tornasse mais popular e se consolidasse.
Conforme Pinto (2002), o surgimento dos blogs representou “uma
revolução dentro da revolução”, ou seja, revigorou o movimento de livre troca
de idéias, num momento em que a Internet já estava, na opinião do autor,
muito voltada para questões comerciais.

Diante disso, Guttierrez (2005, p.3), afirma que,


em 1999, foram criados os primeiros aplicativos e serviços de weblog,
como o Blogger, do Pyra Lab (hoje do Google), e o Edith ThisPage
(hojeManila), a Userland. Estes serviços gratuitos ou de baixo custo
facilitaram a disseminação da prática do weblog, por dispensarem
conhecimentos técnicos especializados e agregarem num mesmo
ambiente, diversas ferramentas para uso nos weblogs.

Portanto, Weblog ou blog, segundo Mantovani (2005, p.12), “é um tipo


de publicação on-line que tem origem no hábito de alguns pioneiros de logar
(entrar, conectar ou gravar) à web, fazer anotações, transcrever, comentar os
caminhos percorridos pelos espaços virtuais”.

Já Inagaki (2005, p.1) define blog como “um site regularmente


atualizado, cujos posts (entradas compostas por textos, fotos, ilustrações, links)
são armazenados em ordem cronologicamente inversa, com as atualizações
mais recentes no topo da página”.

Esta ferramenta permite, além da utilização de textos escritos, o uso de


imagens (fotos, desenhos, animações) e de sons. Atualmente, a maioria dos
provedores não cobra taxa para a hospedagem de um blog, o que contribui
para que sua criação e expansão.
23

Terra (2006, p. 1) afirma que:

weblog é uma palavra de origem inglesa composta das palavras web


(página de internet) e log (diário de bordo), mais conhecida como
blog”. No Brasil, a palavra blog foi adotada com grande facilidade e
blogueiro – aquele que possui um endereço de blog – também foi
assimilado muito bem por profissionais e acadêmicos.

Figura 2. – Exemplo da utilizando de imagens e sons em Blogs.


Fonte: quimilokos.blogspot.com

Segundo Guttierrez (2004, p. 3) “o que distingue os weblogs das


páginas e sítios que se costuma encontrar na rede é a facilidade com que
podem ser criados, editados e publicados, sem a necessidade de
conhecimentos técnicos especializados”.

Dando continuidade, Barbosa (2003), através do conceito estrutural


propõe ainda, a visão do blog como uma ferramenta que facilita a publicação
pessoal, anexando à estrutura o caráter da pessoalidade. Já Marlow (2004),
considera weblogs

uma mídia, que difere das demais pelo seu caráter social, expresso
através do seu caráter conversacional tanto dos textos
publicados quanto pelas ferramentas anexadas e que hoje são
características dos sistemas, como os comentários. Weblogs
constituem uma conversação massivamente descentralizada onde
milhões de autores escrevem para a sua própria audiência.
(MARLOW, 2004 p.3)
24

Para esses autores, o blog é mais do que uma ferramenta de publicação


caracterizada pelo seu formato: é uma ferramenta de comunicação, que é
utilizada como forma de publicar informações para uma audiência.

Os blogs são construídos de acordo com suas necessidades, como,


manter o registro de certos processos na web, como diário virtual, divulgação
de temas e discursos variados que se voltam para o entretenimento,
corporativismo e atividades de profissionais como jornalistas, empresários,
políticos, escritores. Dessa forma, as pessoas foram se apropriando,
adaptando os blogs às suas necessidades, e assim, eles chegam à educação.

Podemos constatar, baseados em Recuero (2004), que se os blogs são


primordialmente um espaço de construção do “eu” no ciberespaço, é preciso
concluir que blogs institucionais anônimos não podem ser considerados
verdadeiros blogs, ou que esse traço não pode ser determinante na definição
do que é um blog. Da mesma maneira, à medida que blogs passam a ser
criados visando exclusivamente à “monetização”, o cunho não-comercial deixa
de ser útil para delimitar esse objeto.

Dessa forma, podemos citar Barbosa e Granado (2004) que


defendem o uso dos blogs como ferramentas que apresentam
características especiais como ajudar alunos e professores a se
comunicarem mais e melhor, sem necessidade de grandes
conhecimentos em informática, recursos tecnológicos ou financeiros,
bastando apenas uma ligação à Internet.
Segundo Oliveira (2002), embora os blogs apresentem muitas
características específicas e marcantes, a organização da informação
publicada de forma cronológica, do mais recente para o mais antigo, e a
inclusão de links, vêm se diversificando tanto no tipo de áreas de intervenção
em que são utilizados, quer nos objetivos de sua criação, até no formato das
linguagens suportadas.
A seguir, será feita uma análise mais detalhada das características mais
marcantes dos weblogs apontadas por diferentes pesquisadores.
25

2.3 Blog – Características

Os weblogs fazem parte do contexto da Web 2.0 com um formato de


páginas dinâmicas que podem ser fácil e constantemente renovadas. Sua
administração é simples e propicia relacionamento que abrange todo o espaço
da web, enfim, podemos dizer que entre suas características também estão a
oportunidade de se expressar, divulgar projetos, manter contato com amigos,
colegas, profissionais da área de atuação e da família, etc.
Para distinguir os weblogs de outros tipos de websites na rede temos
algumas características principais responsáveis pela sua formatação:

1- Organização pelo tempo: Segundo Johnson (2002), os blogs são


organizados em torno dos tempos e são mostrados o dia e a hora em que o
texto foi escrito.

Figura 3. – Exemplo da organização do tempo nos Blogs.


Fonte: http://blogdofovest.folha.blog.uol.com.br/

Os textos de um blog ficam organizados em uma única página, de


modo que cada nova postagem fica no topo da página, e assim o leitor pode
acompanhar mais facilmente as novas atualizações.

2- Arquitetura da informação – sua divisão em uma das laterais pode


ser considerada uma característica marcante, é onde se pode inserir links para
outros blogs, colocar os blogs seguidores, contagem de visitas, etc, dando uma
identidade visual em cada blog.
26

Figura 4. – Exemplo do uso de links e outras informações nos Blogs.


Fonte: http://penaafrica.folha.blog.uol.com.br/

3- Microconteúdo – os textos são, geralmente, curtos, um apanhado de


informações e opiniões.

Figura 5. – Exemplo do uso de textos curtos nos Blogs.


Fonte: http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2007/09/24/297853436.asp

Pode também ocorrer, em alguns blogs, a publicação do primeiro


parágrafo de seu texto na página inicial e inserir um link para o restante do
texto, contribuindo assim que o leitor escolha se deseja ler os demais
parágrafos ou não.
27

4- Informação pessoal – a pessoalidade é a característica registrada


como unificadora dos blogs na rede. Portanto, a assinatura, a personificação
dos blogs com as idéias, os conceitos e opiniões do autor são marcas nos
weblogs.

Figura 6. – Exemplo de Blogs com idéias, conceitos e opiniões do autor.


Fonte:http://wp.clicrbs.com.br/rsvip/2010/10/06/

5- Interatividade – representa o eixo de desenvolvimento do estilo


weblog. A forma mais comum de interatividade é a ferramenta de comentários.

Figura 7. – Exemplo de interatividade em Blogs.


Fonte: http://wp.clicrbs.com.br/rsvip/

Situada abaixo do texto postado pelo autor, possibilita a interação entre


autor e leitor.
28

Segundo Primo (2007, p. 132), “nessas janelas que se abrem para a


discussão, não se responde apenas ao responsável pela página. Um
verdadeiro debate de fato passa a ocorre entre os visitantes diários”.

6- Hipertextualidade – característica mais importante, pois foi para a


divulgação de links que os blogs foram, originalmente, criados.

Figura 8. – Exemplo de Hipertextualidade nos Blogs

Fonte: www.bolsademulher.com

Lévy (1999) define o hipertexto dessa maneira:

Tecnicamente um hipertexto é um conjunto de nós ligados por


conexões. Os nós podem ser palavras, páginas, imagens, gráficos ou
parte de gráficos, seqüências sonoras, documentos complexos que
podem eles mesmos ser hipertexto. Os itens de informação não são
ligados linearmente, como em uma corda como nós, mas cada um
deles, ou a maioria, estende suas conexões em estrela, de modo
reticular. LÉVY (1999 p. 33)

Segundo Garcia (2007), os weblogs podem apresentar outras


características que completam sua utilidade, tais como: pesquisador, contador
de visitas, RSS, administração de arquivos gráficos, gestão de comentários e o
bloqueio de comentários e comentaristas não desejados.

Nessa perspectiva, como destacam Primo e Recuero (2003, p. 57)


“mais do que seguir links e trilhas preestabelecidos nos websites, o blog
29

permite ao blogueiro e aos internautas criar novas trilhas, criar novos nós e
links.”

De acordo com Oravec (2003), a identidade do blogueiro toma forma e


vai refletir em outros aspectos como a escolha do título do blog, a informação
pessoal oferecida, os diretórios nos quais nos inscrevemos, o formato utilizado,
os temas tratados, os links do blogroll, as fontes mais utilizadas, os
comentários postados em outros blogs etc. Lembrando que tudo isso vai
ficando na Rede e construindo uma idéia de quem somos e que visão de
mundo temos aos olhos de nossos leitores.

Podemos constatar por que se determinou nomear a comunidade de


blogueiros, ou, aos internautas que mantém blogs e que dialogam entre si (seja
através de comentários ou posts), de blogosfera. Portanto, o universo de blogs
na web é o que chamamos e blogosfera.

Dessa forma, o subcapítulo que segue pretende ilustrar um pouco mais


o que se entende por blogosfera.

2.4 A Blogosfera

Cunhado por Brad L. Graham, em 1999, o termo Blogosfera foi criado


para definir o universo dos blogs. Segundo Orduña (2007) foi quase como uma
brincadeira. Já em 2001, um conceituado blogueiro William Quick, mais
conhecido como Dailypundit, renomeou:

Sugiro um nome para o ciberespaço intelectual, que nós, blogueiros,


ocupamos: blogosfera. É suficientemente simples: a raiz da palavra é
`logos` que em filosofia pré-socrática significa princípio que governa o
cosmos, a fonte desse princípio ou a razão humana sobre o universo.
(William Quick apud Orduña, 2007:63)
Conforme o autor citado, a blogosfera é um “sistema complexo, auto-
regulado, extraordinariamente dinâmico e especialmente perceptível à
informação que produz os meios tradicionais” (p.3). É um meio coletivo que
compreende todos os blogs.
30

Esta comunidade cria-se através dos links a sites externos e dos links e
comentários que recebe, além da familiaridade que se adquire com o grupo de
referência.

No ano de 1995, a internet foi aberta para fins comerciais, a partir daí,
se iniciava uma nova era, e nos dias de hoje, a internet, é considerada o maior
sistema de comunicação desenvolvido pelo homem. Nesse contexto e segundo
Braga (2009),

a internet reforça e estende redes sociais ao interconectar indivíduos


em um diálogo de âmbito global, altera a maneira como muitas
pessoas trabalham, aprendem, jogam e se comunicam, tornando-se
difícil de imaginar hoje, um mundo sem a internet. (BRAGA, 2009, p.
76).
Percebe-se então que, a partir da evolução da internet, surgem
ferramentas que tornaram mais fácil a comunicação e viram uma verdadeira
febre entre os que se conectam a rede mundial de computadores, e vem
ganhando mais espaço. Desse modo,

desde a introdução dessa tecnologia, a Comunicação Mediada por


Computador (CMC), tem desenvolvido várias modalidades que
incluem e-mail, listas de discussão, salas de bate-papo, MUDs,
mensagens instantâneas, blogs, Orkut, MySpace, Facebook e a
própria web, cada uma delas a criar um ambiente social específico.
As modalidades de CMC são atualizadas rapidamente. Em um
período de desenvolvimento e estabelecimento de scripts,
ferramentas, interfaces e programas são aprimorados e substituídos
por outros mais avançados e condizentes com necessidades
específicas identificadas pelo uso (AMARAL; RECUERO;
MONTARDO, 2009, p.5).
É possível concluir que “Blogosfera” se refere a tudo que circula no
mundo dos blogs. Daí por que, Orihuela, quando analisa os blogs e a
blogosfera no meio e na comunidade, afirma que:

No novo cenário da comunicação, as funções da blogosfera são


múltiplas: um filtro social de opiniões e notícias, um sistema de alerta
prévio para as mídias, um sistema de controle e crítica dos meios de
comunicação, um fator de mobilização social, um novo canal para as
fontes convertidas em mídias, (...) um enorme arquivo que opera
como memória da web, o alinhamento privilegiado e uma alta
densidade de links de entrada e saída e, finalmente, a grande
conversação de múltiplas comunidades cujo objetivo comum é o
conhecimento compartilhado (2007, p.9).
Já segundo GUTIERREZ (2003. p. 5),

a blogosfera promove a globalização dos contatos e mantém suas


raízes com os territórios locais, procurando mapear e situar parceiros
próximos, com iniciativas pioneiras como o brasileiro Blogchalk, de
31

Daniel Pádua, que gera um código para ser anexado ao weblog e


que, capturado pelos mecanismos de busca, possibilita o encontro de
blogueiros. Há também o GeoUrl, que mapeia as coordenadas de
latitude e longitude que integramos ao código de nosso blog ou
página e nos possibilita listar todos as páginas situadas num raio de
500 milhas da nossa localização. Existe, também, o The world as a
blog, que captura, localiza e publica num enorme mapa a localização
do blog e cada post que for adicionado.
Como vimos, na blogosfera não há barreiras à entrada de conteúdo,
possui uma platéia quase ilimitada e pode também ser uma importante fonte de
consulta, informação e entretenimento. E os weblogs são uma ferramenta
alternativa na mediação do processo educativo, facilitam a interdisciplinaridade,
são um ambiente de criação, edição e publicação.

Segundo Barbosa e Granado (2004, p. 69) “se há uma área onde os


weblogs podem ser utilizados como ferramentas de comunicação e de troca de
experiências com excelentes resultados, essa área é, sem dúvida, a da
educação”.

Dando continuidade e para direcionar nosso olhar ao foco de nosso


estudo, o próximo capítulo explora esse mundo dos blogs no setor educacional
ou pedagógico. Iniciamos uma explanação sobre os avanços tecnológicos na
melhoria da educação, fazendo uma diferenciação entre blogs como ambientes
de aprendizagem e blogs como recurso ou estratégias pedagógicas. Fazemos
também uma reflexão sobre os edubglos ou os blogs educacionais bem como
uma a demonstração de boas práticas que ocorrem com o uso dos blogs na
educação.
32

3 OS WEBBLOGS NA EDUCAÇÃO

“Educar é colaborar para que professores e alunos - nas escolas e


organizações - transformem suas vidas em processos permanentes
de aprendizagem. É ajudar os alunos na construção da sua
identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de
vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção
e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais,
sociais e profissionais e tornarem-se cidadãos realizados e
produtivos”. MORAN (2000 p.137)
Segundo Valente (1988) o computador pode ser usado na educação
como máquina de ensinar quando consiste na informatização dos métodos de
ensino tradicionais, ou como ferramenta, quando o aprendiz esta construindo
algo através do computador. Vai mais além ao afirmar que “o objetivo da
introdução do computador na educação não deve ser o modismo ou estar
atualizado com relação às inovações tecnológicas”.

Portanto, Valente (1993a) sugere a reflexão sobre o contexto


educacional ou pedagógico ao se utilizar os novos recursos tecnológicos, a
necessidade de se analisar qual a finalidade educacional e do modo como ele
será utilizado. É necessário ter muito clara a abordagem educacional a partir da
qual as TICs serão utilizadas e qual o papel do computador, do professor e do
aluno nesse contexto. E isso implica ser capaz de refletir sobre a aprendizagem
a partir de dois pólos: a promoção do ensino ou a construção do conhecimento
pelo aluno.

Podemos afirmar que a história dos blogs voltados à educação, os


edublogs, ainda é curta, porém revela-se como uma poderosa ferramenta
interativa, que possibilita à professores e alunos publicarem suas produções,
interagir com outras pessoas, tornarem-se autores e construtores de
conhecimento, formando redes virtuais de aprendizagem, as quais utilizam
estratégias comuns para elaboração de projetos colaborativos.
33

Neste capítulo realizei uma reflexão de alguns aspectos relacionados


com as tecnologias da informação e comunicação, mais precisamente do
computador, e seu uso na educação, principalmente quanto aos avanços
tecnológicos na melhoria da educação, sobre o uso de blogs pelos professores
em sua prática docente como ambientes de aprendizagem ou como estratégia
pedagógica, no sentido de melhor compreender como têm sido exploradas as
potencialidades desta ferramenta no processo ensino-aprendizagem.

1.3 Os avanços tecnológicos na melhoria da educação

Em uma era marcada pelo intenso uso das ferramentas tecnológicas, a


educação passa a ser um dos campos que mais requer revisão e incorporação,
criteriosa, de novas propostas para a incorporação das novas tecnologias de
informação e comunicação (TIC) como um dos principais objetivos das políticas
públicas e programas educativos programados e impulsionados pelos
governos.

Segundo Moran (2007, p. 7), “na sociedade da informação, todos


estamos reaprendendo a conhecer, a nos comunicar, a ensinar e a aprender; a
integrar o humano e o tecnológico; a integrar o individual, o grupal e o social”,
sintetiza o especialista em projetos inovadores na educação presencial e a
distância.

Com tal responsabilidade, escolas e educadores precisam reconhecer


a infra-estrutura tecnológica disponível como um recado maior, pois,

cada docente pode encontrar sua forma mais adequada de integrar


as várias tecnologias e procedimentos metodológicos. Mas também é
importante que amplie, que aprenda a dominar as formas de
comunicação interpessoal/grupal e as de comunicação
audiovisual/telemática. Não se trata de dar receitas, porque as
situações são muito diversificadas. É importante que cada docente
encontre o que lhe ajuda mais a sentir-se bem, a comunicar-se bem,
ensinar bem, ajudar os alunos a aprenderem melhor. É importante
diversificar as formas de dar aula, de realizar atividades, de avaliar.
(MORAN, 2009 p. 101-111).
34

Portanto cabe ao professor a condução do aprendizado voltado para a


descoberta de novos significados, porém de forma colaborativa, criando
envolvimento, participação e muita criatividade. Moran (2009, p. 11) conclui: “O
conhecimento que é elaborado a partir da própria experiência se torna muito
mais forte e definitivo em nós”.

Ao se introduzir as novas tecnologias no setor educacional, se estará


oportunizando a apropriação significativa das mesmas. Hoje, através de
programas governamentais, as escolas públicas estão sendo providas de
equipamentos de informática, no entanto, há ainda uma carência de
capacitação de docentes para atuarem e utilizarem as tecnologias da
informação e comunicação em seu fazer pedagógico. E é desse modo que a
escola, deixará de ser um mero centro educativo, passando a ser a instituição
que vai em busca de uma saída possível na modificação das estratégias de
ensino com propostas didáticas inovadoras.

Segundo Perrenoud, (2000, p.125), a escola não pode ignorar o que se


passa no mundo, uma vez que as novas tecnologias da informação e
comunicação “transformam espetacularmente não só a maneira de comunicar,
mas também de trabalhar, de decidir, de pensar”.

Ainda conforme autor citado, a escola que não ficar atenta a essas
modificações, se desqualificará. Portanto, hoje temos como desafio enfrentar a
‘era da telemática’, que une as telecomunicações e a informática, com todas as
suas possibilidades técnicas, fortalecendo o sistema educacional e apontando
para uma nova sociedade, rompendo velhos paradigmas, e abrindo novos
espaços para a nova era midiática.

Nesse sentido, em matéria tecnológica, a formação dos professores é


fundamental, já que eles têm que se atualizar no uso das ferramentas que seus
alunos dominam quase à perfeição. Segundo Correa (2002, p.44):

as inovações tecnológicas não significam inovações pedagógicas.


Por meio de recursos considerados inovadores, reproduzem as
mesmas atitudes, o mesmo paradigma educacional pelo qual fomos
formados. Não basta trocar de metodologia, sem antes de reformular
a sua prática, porque senão estaremos repetindo os mesmos erros.
Devemos [...] compreender a tecnologia para além do artefato,
recuperando sua dimensão humana e social”
35

Segundo Perrenoud (2000, p. 128):

Formar para as novas tecnologias é formar o julgamento, o senso-


crítico, o pensamento hipotético e dedutivo, as faculdades de
observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de memorizar
e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens, a
representação de redes, de procedimentos e de estratégias de
comunicação.

Nessa perspectiva o professor é um mediador do processo educativo, o


que segundo Gutierréz (1996, p. 11),

condicionaria o uso das tecnologias a quatro aspectos: o


desenvolvimento de relações subjetivas, suportes necessários para o
desenvolvimento da interlocução no processo; a utopia de uma
sociedade melhor, consciente dos riscos a correr; dar um sentido ao
processo, objetivando assegurar uma meta; crença na produção
pedagógica como resultado do processo, que é ao mesmo tempo
tangível, interrelacionado e participativo.

Por outro lado, Medeiros e Medeiros (2006), apontam para o fato de


que para que o estudante se envolva cognitivamente, é necessário se propor
atividades que o leve para além da pura memorização. Esse conhecimento
deve ser construído e reconstruído, pois se for apenas implementado ou
transferido, incorre-se no erro de se estar no patamar da aprendizagem
mecânica, que não é o objetivo desta pesquisa.

Já Veiga (2001, p. 2), enfatiza que:

Ao utilizar o computador os alunos entram em um ambiente


multidisciplinar e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas
receberem informações, os alunos também constroem
conhecimentos, formando assim um processo onde o professor educa
o aluno e ao educar, é, transformado através do diálogo com os
alunos.
Podemos constatar que, mudanças profundas estão ocorrendo e em
um período de tempo muito curto. É necessário analisarmos e repensarmos a
educação hoje, a escola de hoje. A maneira de se ensinar hoje, século XXI, é
igual, ou deve continuar igual, a de anos ou séculos passados? E a maneira de
ensinar a estes jovens, os nativos virtuais, como deveria/poderia ser? O
professor nesse novo contexto, qual o papel que deve desempenhar?

Em busca de um maior entendimento a respeito de educação TICs e


weblog, discutiremos a seguir, sobre alguns dos elementos da blogosfera mais
36

focados ou direcionados para a área educacional, ou seja, discutiremos sobre o


uso dos weblogs na educação, os edublogs.

1.4 Weblogs Educacionais – Edublogs

Como vimos, vivenciamos numa sociedade com mudanças em todos


os sentidos e essas mudanças também estão atingindo a educação em suas
formas de ensinar e de aprender.

Segundo Moran (2000, p.11) “muitas formas de ensinar não se


justificam mais”, e há de se questionar e refletir sobre os tipos de aula
tradicionais hoje ainda existentes no meio escolar.

Diante disso, Valente, (1993 apud ALMEIDA, 2000) nos lembra que a
entrada e uso dos computadores na educação acontecem juntamente com
essa necessidade de repensarmos os rumos da educação, da escola e do
papel do professor nesse mundo globalizado.

Prosseguindo nesse sentido, e para aqueles que acham que o uso do


computador e a introdução das TICs na educação resolverão todos os
problemas da educação, Moran (2000,p.12) nos adverte: “se ensinar
dependesse só de tecnologias já teríamos achado soluções há muito tempo”.

Sobre o mesmo tema, Castells (1999), no início desse século,


mencionava a incapacidade do sistema educativo tradicional em introduzir os
estudantes nessa enorme quantidade de opções e plataformas tecnológicas
existentes e que surgem a todo instante. Isso devido a estrutura financeira
existente bem como a necessidade de estimular uma cultura de inovação e
identidade, como estímulo social.

Nesse sentido vale a pena lembrar o que Drucker (1993 apud


ALMEIDA, 2000, p.15) enfatiza sobre o papel da escola e do professor diante
da tecnologia da informática na educação: “A tecnologia será importante, mas
principalmente porque irá nos forçar a fazer coisas novas, e não porque irá
permitir que façamos melhor a coisas velhas”.
37

Diante disso vemos nossos jovens estudantes rodeados de novas


tecnologias e formas de comunicação tais como emails, orkut, MSN, You Tube,
My Space, Twiter, celulares, participando de comunidades, de grupos onde
encontram novas e diferentes formas de informação, saberes e
relacionamentos com o mundo. Assim, Castellón & Jaramillo (2005), nos levam
a concluir que hoje a universidade perdeu o monopólio do conhecimento e o
professor deixou de ser a única forma de sabedoria e informação. Daí por que
a nova geração é “digital” (TAPSCOTT, 1998) e vive na “galáxia da internet”
(CASTELLS, 2003).

Já Ciltelli (2000) dá ênfase a velocidade das linguagens midiáticas e


questiona: “Como pensar o sistema educacional, a escola, o discurso
pedagógico exercitado nas salas de aula, considerando esse mundo
fortemente mediado pelas relações comunicacionais, na sua dupla face de
sedução e desconforto?” (Citelli; 2000, p.16).

Nesse contexto vamos analisar as competências das TICs em outro


campo, o da educação, reorientar um novo olhar entre os processos educativos
e novos caminhos à aprendizagem que se transformará e trará aspectos mais
contemporâneos à educação. Assim as possibilidades criativas e
transformadoras das tecnologias poderão ser exploradas a fim de proporcionar
ao aluno e aos professores novos meios de construção do conhecimento.

Portanto, a educomunicação, conforme Soares (2002) pode ser


definido como:

O conjunto das ações inerentes ao planejamento, implementação e


avaliação de processos, programas e produtos destinados a criar e
fortalecer ecossistemas comunicativos em espaços educativos
presenciais ou virtuais, assim como a melhorar o coeficiente
comunicativo das ações educativas, incluindo as relacionadas ao uso
dos recursos da informação no processo de aprendizagem.
(SOARES, 2002a, p. 115).
A junção das palavras education e blog derivou o termo “edublog”, que
devemos entender como os edublogs ou aqueles weblogs cujo principal
objetivo é apoiar o processo de ensino e aprendizagem em um contexto
educativo.
38

Os professores inovadores, ou pioneiros na adoção dos weblogs na


educação surgiram no portal britânico Schoolblogs, em 2001, e nos EUA, com
o grupoEducation Bloggers Network (LARA, 2005). Hoje podemos encontrar
vários blogs educativos povoando o dia a dia dos alunos, dos professores e
suas disciplinas, também se constituindo em uma ferramenta a mais no
processo ensino e aprendizagem das crianças e jovens.

Betina von Staa coordenadora de pesquisa em tecnologia educacional


e articulista da divisão de portais da Positivo Informática, autora e docente de
cursos on-line para a COGEAE, a Fundação Vanzolini e o UnicenP, aponta
sete motivos pelos quais um professor deveria criar um weblog:

1- Pois é divertido: ao fazer um post, pensou, escreveu e os outros comentam. O professor vira
autor e pode conferir a reação de seus leitores. Nos weblogs a linguagem é a do cotidiano,
gostosa de escrever e de ler, sem compromisso nem necessidade de textos longos. Inserindo
imagens o professor tem a oportunidade de explorar essa linguagem. Também descobrirá a
magia da repercussão de suas palavras digitais e das imagens selecionadas (ou criadas).

2- Pois aproxima professor e alunos: hábito de escrever e ter seu texto lido e comentado e é
um excelente canal de comunicação com os alunos. O weblog serve para a troca de idéias com
a turma, este bate papo entre professor e aluno é realizado em um meio conhecido por eles, a
internet. O professor “blogueiro” certamente se torna um ser mais próximo deles, comenta
Betina von Staa.

3- Pois permite refletir sobre suas colocações: os comentários que os weblogs propiciam é um
aspecto saudável, encantador, onde o professor “blogueiro” tem oportunidades de refletir sobre
as suas colocações, o que só lhe trará crescimento pessoal e profissional. Desse modo,
começa a refletir mais sobre suas próprias opiniões, prática desejável para um professor que
acredita que a construção do conhecimento se dá pelo diálogo.

4- Liga o professor ao mundo: ao se conectar às tecnologias e com um nova maneira de se


comunicar com os alunos, o professor vai conectando-se mais ao mundo em que vive. Isso
ocorre por meio dos links (que significam “elos”, em inglês) que ele irá inserir em seu espaço.
Indicando um link, o professor acaba descobrindo uma novidade ou outra e tornando-se uma
pessoa ainda mais interessante. E assim estamos todos conectados: professor, seus colegas,
alunos e mundo reforça Betina von Staa.

5- Pois amplia a aula: o professor ampliar sua aula, pois o que não foi debatido nos 45 minutos
de seu período poderá ser explorado com maior profundidade no weblog. Desse modo os
alunos interessados podem pensar mais um pouco sobre o tema.
39

6- Pois permite trocar experiências com colegas: os colegas professores entrar nos weblogs
uns dos outros, trocar de experiências e reflexões. Em um ambiente onde a comunicação é
entrecortada e limitada poderá propiciar oportunidade de se aprender uns com os outros.

7- Torna o trabalho visível: é muito bom e interessante saber que saber que tudo o que é
publicado (até os comentários) no weblog está disponível para quem quiser ver. O weblog é
uma vitrine que possibilita ser visto, comentado e conhecido por seu trabalho e suas reflexões.

Figura 9: Quadro sete motivos pelos quais um professor deveria criar um weblog
Fonte: (http://www.educacional.com.br/articulistas/betina_bd.asp?
codtexto=636%20)

É possível concluir que os weblogs pedagógicos permitem uma


abordagem diferenciada no cotidiano escolar, onde os professores se tornam
co-autores de atividades e de assuntos, que podem ser abordados com os
alunos ao mesmo tempo em que vão desenvolvendo o domínio da ferramenta.
O weblog substitui o antigo paradigma linear onde o professor ensina e o aluno
aprende sem nenhuma interação. Portanto, o professor é o mediador de todo o
processo, levando o aluno a alcançar a autonomia necessária para aquisição
de aprendizagens significativas (CARVALHO et al, 2006).

Para Baumgartner (2004) os weblogs têm potencial para revolucionar a


estrutura organizacional tradicional do ensino. Conforme autor citado, o
diferencial é permitir controlar o nível de abertura desejado, facilitando sua
integração nas instituições educativas em relação a outros sistemas de gestão
de conteúdo mais abertos, como é o caso específico dos wikis. O autor ainda
aponta para uma outra vantagem dos weblogs em relação ao espaço
educativo, uma vez que os mesmos são formados de hiperlinks e porque não
dependem exclusivamente de um servidor único centralizado.

No artigo Weblogs in education de David Carraher (2003), (professor


de Educação Matemática no TERC – Massachusetts – USA), o autor sugere a
utilização dos weblogs nas seguintes categorias:

• weblog de estudante: onde os estudantes mantivessem uma linha


de pensamento com o passar do tempo, postar assuntos e receber
comentários através dos colegas.
40

• weblog de professor: documentaria a evolução do seu pensamento


e de sua pesquisa com o passar do tempo, compartilhando seus
pensamentos com outros colegas, contribuindo assim para a
educação continuada. Certas seções poderiam estar abertas a
estudantes, outras para professores, algumas para ambos.

• weblog de elaborador de currículo serviria a ele, mas permitiria que


os pesquisadores entendessem como o elaborador pensa e toma
decisões com o passar do tempo. Ainda, os elaboradores de
currículos poderiam ter acesso a exemplos de estudantes,
professores e ao pensamento dos pesquisadores.

É importante lembrar também, segundo Ferreira (2007), que os


weblogs não se restringem apenas à língua portuguesa. Ao contrário, eles são
um ótimo recurso para todas as áreas do conhecimento, pois o conhecimento
busca uma apresentação menos fragmentada. É certo que em alguns
momentos eles podem conter mais informações sobre uma determinada área,
ou disciplina, mas de maneira nenhuma se fecham para qualquer outra e em
nenhum momento.

Daí por que lembrar, segundo a autora citada, das inúmeras


possibilidades educativas dos blogs, tais como: aproximam as pessoas e as
idéias, permitem reflexões, colocações, troca de experiências, amplia a aula e
a visão de mundo. E a melhor vantagem a ser destacada é o fato de ser um
recurso extremamente prazeroso a quem o elabora e a quem o desenvolve.
Assim se constata que, “partindo do espaço comentários, o professor interage
com o aluno mais facilmente, instigando-o a pensar e resolver soluções”.

Dando continuidade, Carvalho (2006) também destaca possibilidades


que as tecnologias da informação oferecem para o uso de uma série de
suportes em sala de aula - através da internet, os professores têm acesso a
ferramentas gratuitas que podem auxiliar suas atividades na classe. Destaca
ainda a área de geografia, pois na web encontramos diversos e interessantes
sites que disponibilizam gráficos, cartografias, dados populacionais e
indicadores sociais, dando condições, por exemplo, para a realização de uma
41

análise comparativa de geografia física e política entre todas as regiões do


mundo. E com um adicional: as grandes possibilidades de manipulação e
interação com todos os dados apresentados.

Do mesmo modo percebe-se que, por ter como uma de suas


características mais importantes a capacidade de interatividade, esta permite
que o edublog passe de um monólogo a um diálogo, sendo um convite para o
diálogo (EFIMOVA & DE MOOR, 2005; WREDE, 2003). Assim o aluno pode
receber o feedback de outros participantes no debate e tornar-se mais
consciente de sua aprendizagem (FERDIG & TRAMMELL, 2004). Além de
observar as conversas em seu edublog por meio dos comentários, ou ver as
referências a seu edublog com os trackbacks [referências inversas], o aluno
também pode acompanhar a evolução do debate dos blogs onde tenha deixado
seus comentários, graças aos serviços de agregação de conteúdos. Os blogs,
entretanto, são mais úteis na organização da conversa se o objetivo for inserir
novos dados e links (WISE, 2005).

Desse modo e apoiada na fala de Moran (2007) é possível concluir que


existem diversas possibilidades de utilização dos blogs na escola, quer pela
facilidade de sua publicação, que não exigirá conhecimentos específicos de
tecnologia de seus usuários; quer pelo fascínio que estes recursos exercem
sobre os alunos. No entanto, aos professores, cabe a tarefa de se adequarem
ao mundo virtual de seus alunos e não ficar alheios a este contexto. Devem se
estimular os alunos para a construção de seus próprios conteúdos, com
práticas abertas em que se estimule o enfrentamento à tecnologia, desde a
intuição e a reflexão. Esse é o verdadeiro objetivo dos blogs pedagógicos.

Os autores Orihuela e Santos (2004, p. 65) enfatizam três vantagens


facilitadoras da utilização dos blogs na educação:

- a facilidade de aprender a criar e a publicar a informação num blogs,


isto comparativamente com uma página web;
- a disponibilização de templates com design de qualidade e bastante
interessantes, por parte dos serviços de alojamento;
- e a existência de um conjunto de recursos associados aos blogs,
facultando a exploração pedagógica.
Todas estas vantagens associadas ao caráter gratuito e à facilidade de
interação fazem com o que blog se torne cada vez mais popular, com um
42

número cada vez mais elevado de adeptos, resultando assim numa forma
privilegiada de publicação na Web.

Uma proposta de ensino com weblogs numa perspectiva construtivista


entende o blog como um meio particular e próprio do aluno, de tal maneira que
possa utilizá-lo transversalmente ao longo de sua vida acadêmica, e não dentro
de uma determinada classe. Nesse modelo, o papel do professor seria o de
facilitador nesse novo espaço de liberdade, acompanhando o aluno em seu
caminho de experimentação e de aprendizagem por meio do blog
(O’DONNELL, 2005).

A seguir propomos uma análise a respeito dos que sejam os weblogs:


ambientes de aprendizagem ou recurso e/ou estratégia pedagógica?

3.3 Blog - ambiente de aprendizagem?

Diante do mundo tecnológico em que vivemos a informática educativa


possibilita os mais diversos caminhos para que o professor incorpore as novas
tecnologias no processo educativo, na sua prática docente, contribuindo assim
com a melhoria nos processos de aprendizagem.

Podemos constatar que as pessoas hoje são bombardeadas


simultaneamente com uma grande quantidade de informações. É a sociedade
do conhecimento, que

traduz-se por redes, ‘teias’ (Illich), árvores do conhecimento, sem


hierarquias, em unidades dinâmicas e criativas, em conectividade,
intercâmbio, consulta entre instituições e pessoas, articulando
contatos e vínculos.(GADOTTI, 2000, p.251)
Dessa forma e segundo Citelli (2002), “os novos cidadãos que estamos
formando necessitam saber ‘ler e interpretar’ o que vêem e também produzir e
se expressar em meio audiovisual e virtual”. (CITELLI, 2002, p. 119).

Conforme Primo e Recuero (2003), tecnologias como o sistema wiki


bem como os weblogs, possibilitam espaços cooperativos e viabilizam a
construção de uma "web viva", pois passa a ser redigida e interligada pelos
próprios usuários.
43

Dando continuidade e se entendermos por ambiente tudo aquilo que


envolve as pessoas, a natureza ou as coisas, bem como objetos técnicos
(SANTOS 2003, p. 2) e que aprender é incorporar um novo comportamento
(NORONHA e NORONHA 1985), os weblogs segundo GUTIEREZ (2003, p.7),

terão cada vez maior importância, especialmente na comunicação e


na educação” uma vez que os mesmos vêm se fortalecendo como
ambientes de construção cooperativa do conhecimento, onde o
processo de construção ocorre aberta e livremente, colocando o uso
social da informação e do conhecimento, como direito de todos.
Conforme autor citado, ao se utilizar os weblogs em projetos
educacionais, estes

podem desencadear entre os participantes o exercício da expressão


criadora escrita, artística, hipertextual. Pela sua estrutura, permitem o
exercício do diálogo, da autoria e co-autoria, inclusive na alteração da
própria estrutura. Eles possibilitam, também, o retorno à própria
produção, a reflexão crítica, a re-interpretação de conceitos e
práticas. Professores e alunos, parceiros de aprendizagem, podem
retroagir sobre seu trabalho, revendo etapas e processos, tomando
consciência de sua prática. O weblog registra de forma dinâmica todo
o processo de construção do conhecimento e abre espaço para a
pesquisa. Deste modo, os weblogs contribuem para a consolidação
de novos papéis para alunos e professores no processo educativos,
com uma atuação menos diretiva destes e mais participante de todos.
(GUTIEREZ, 2003, p.7 e 8)

Entendemos que um ambiente de aprendizagem seja o modo ou a


ferramenta que irá dar suporte para as atividades realizadas pelo aluno, e que
poderão ser usadas em quaisquer situações no seu processo de
aprendizagem. Ou nos dizeres de Galvis (1992, p. 52), “um ambiente de
aprendizagem poderá ser muito rico, porém, se o aluno não desenvolve
atividades para o aproveitamento de seu potencial, nada acontecerá”.

Já para Soares e Almeida (2005, p. 3):


Um ambiente de aprendizagem pode ser concebido de forma a
romper com as práticas usuais e tradicionais de ensino-aprendizagem
como transmissão e passividade do aluno e possibilitar a construção
de uma cultura informatizada e um saber cooperativo, onde a
interação e a comunicação são fontes da construção da
aprendizagem.

Diante disso e se considerarmos que, conforme Lollini,


[...] ante o computador, aluno e professor são pesquisadores. O
professor procura quais sejam as interações mais produtivas dentre
as possibilidades que a máquina apresenta ao usuário. O aluno, por
sua vez, procura a solução dos seus problemas e, assim fazendo,
44

constrói ao mesmo tempo concreta, física e mentalmente o próprio


pensamento (1991 p.43).

O uso das TICs, e por conseguinte, a criação de weblogs, vai


proporcionar um ambiente facilitador de investigação e de crítica, que irá
despertar no aluno o prazer pela pesquisa e por conseqüência, a construção do
conhecimento.

Nesse contexto é necessário que o ambiente permita a interação do


aprendiz com o objeto de estudo. Segundo FERREIRA (2001, p. 5),
o quesito mais importante para a construção de um "ambiente
construtivista" é que o professor realmente conscientize-se da
importância do "educador-educando", e que todos os processos de
aprendizagem passam necessariamente por uma interação muito
forte entre o sujeito da aprendizagem e o objeto, aqui simbolizando
como objeto o todo envolvido no processo, seja o professor, o
computador, os colegas, o assunto. Somente a partir desta interação
completa é que poderemos dizer que estamos "construindo" novos
estágios de conhecimento, tanto no aprendiz como no feiticeiro.

Conforme Oliveira e Pereira (apud RIBEIRO, 2001), acredita-se que os


ambientes Web devem ser concebidos para apoiar a aprendizagem,
providenciando mecanismo de representação do espaço conceitual diferente
das ligações e nós do hiperespaço, e instrumentos para o aprendente construir,
modificar e interagir com o seu próprio mapa conceitual. As ligações entre nós
devem ser visíveis, e aquelas que forem percorridas deverão estar assinaladas,
apoiando, assim, a aprendizagem.

Nesse contexto conclui-se que, com o uso do weblog, o professor instiga


os alunos a estudar mais. Eles, os alunos, poderão buscar no weblog
conteúdos para complementar seus conhecimentos, desafios, exercícios e
gabaritos. O weblog também coloca na vitrine da internet as atividades da
escola para pessoas de outras escolas, cidades e até países conhecerem e
colaborarem. Isso amplia a visão de mundo da turma. O weblog pode servir
também para divulgar o trabalho do aluno e do professor, uma vez que as
produções do aluno ou do professor podem ser vistas, comentadas e
conhecidas por qualquer internauta do mundo.
45

1.5 Blogs - recurso e/ou estratégia pedagógica?

As novas tecnologias podem se unir as novas formas de ensinar e de


aprender, permitindo maior dinamismo no processo de construção do
conhecimento. Se os blogs são uma nova forma de mídia estratégia, uma
revolução como querem alguns, a grande variedade de blogs existentes hoje
dificulta categorizá-los, respeitando suas diferenças.

Uma tendência que cresce a cada dia são os chamados weblogs


grupais, os weblogs organizacionais e até mesmo aqueles weblogs gerados
automaticamente por algoritmos para a divulgação de spams, os chamados
splogs (Keen, 2007). Diante de tal variedade, como diferenciar os blogs?

Diante disso, temos a seguinte afirmação de Primo (2008, p. 5):


Ao expressar-se como arquiteto ou professor, a fala do blogueiro é
restrita por sua posição no mercado, pelo papel de profissional que
desempenha. Ou seja, seus textos não podem ser tomados como
sinceras e livres manifestações de sua subjetividade. O sujeito pode
manter dois blogs individuais: um pessoal e outro profissional. Nesta
situação, o primeiro é mantido para interação com seus amigos e
familiares. Ali ele narra suas viagens, fala de suas preferências
musicais e publica divertidos posts sobre festas, seus filhos e animais
de estimação. Já em seu blog profissional ele escreve como professor
de arquitetura de uma universidade católica. Naquele blog/espaço ele
discute grandes obras internacionais, seus estilos, problemas de
execução e características de conforto, design e circulação. Enquanto
no primeiro blog a voz é de um pai/amigo/parente, no segundo tipo
quem fala é um profissional de respeito no mercado e na academia.
Ainda que esses dois perfis identitários sejam desempenhados por
um mesmo sujeito, eles se manifestam de forma distinta em espaços
virtuais distintos. Além disso, é possível que a audiência de um blog
desconheça a existência da outra publicação.

Já Gomes (2005, p.312-313) considera que enquanto recurso, os blogs


podem constituir-se como "um espaço de acesso à informação especializada"
e/ou” um espaço de disponibilização de informação por parte do professor".

Autores como Gomes e Lopes (2007, p. 121) apresentam uma


representação esquemática da exploração dos blogs como recurso ou como
estratégia pedagógica que se apresenta a seguir.
46

Figura 10: Representação esquemática da exploração dos blogs como recurso ou como
estratégia pedagógica.
Fonte: http://tecnologiasnaeducacao.pro.br/revista/a1n1/art10.pdf

Conforme autor citado, o que diferencia os weblog utilizados como um


recurso pedagógico dos weblog utilizados como uma estratégia pedagógica
são as atividades e estratégias propostas no ambiente e o papel assumido pelo
professor e pelos alunos.

Desse modo cabe ressaltar que: as estratégias e atividades que serão


propostas pelos professores, utilizando qualquer tipo de ambiente (sala de
aula, laboratório de informática ou ambiente virtual de aprendizagem) e ou
utilizando qualquer tipo de recurso (giz, livro, computador...) vão depender da
sua Epistemologia, da sua visão e concepção de aprendizagem, do seu
conhecimento e do tipo de aluno que apóia sua prática.

Os weblogs educativos exercem um papel relevante na interação


pedagóica e a sua utilização como um recurso ocorre quando este é utilizado
como um depósito de informações, onde o papel dos alunos é um mais papel
receptivo e do professor, um papel mais ativo, quando disponibilizar links,
materiais de aula e conteúdos selecionados que devem ser consultados pelos
alunos na sua disciplina. Desse modo o professor assume uma posição mais
diretiva, uma vez que impõe os conteúdos e fontes de pesquisa e o aluno tem
um papel de mero receptor de informações.
47

Entretanto também encontramos blogs que disponibilizam espaço para


os comentários e a livre exposição de idéias dos alunos. Estes podem ler,
refletir sobre os conteúdos estudados e links acessados e a partir daí, fazer
seus comentários, sua reflexão, deixar sua opinião, seu entendimento, as
possíveis dúvidas e sugestões sobre o assunto estudado, o que possibilitará
uma troca de opiniões sobre determinado assunto.

Novamente nos reportamos a Gomes e Lopes (2007, p. 124) cuja


representação esquemática apresenta e expõe os principais tipos de
explorações pedagógicas dos weblogs, tanto em uma perspectiva de “recurso”
como em uma perspectiva de “estratégia pedagógica”. Desse modo teremos
um ótimo suporte e interface tecnológica para diversas atividades de
aprendizagem

Figura 11: Representação esquemática das explorações educacionais dos blogs, centradas na
vertente de “recurso pedagógico” e na vertente de ”estratégia pedagógica”.
Fonte: http://tecnologiasnaeducacao.pro.br/revista/a1n1/art10.pdf

Dando continuidade, outra estratégia para a utilização dos weblogs


educativos que o professor poderá lançar mão é convidando seus alunos para
que participem junto com ele como autores de um weblog. Nesse contexto
teremos uma construção coletiva que valoriza a interação e a linguagem, para
o desenvolvimento dos alunos. Conforme Vygotsky:
A colaboração entre pares ajuda a desenvolver estratégias e
habilidades gerais de solução de problemas pelo processo cognitivo
48

implícito na interação e na comunicação. A linguagem é fundamental


na estruturação do pensamento, sendo necessário para comunicar o
conhecimento, as idéias do indivíduo e para entender o pensamento
do outro envolvido na discussão ou na conversação. O trabalho em
colaboração com o outro, enfatiza a zona de desenvolvimento
proximal (ZDP) que é “algo coletivo” porque transcende os limites dos
indivíduos. A aprendizagem acontece através do compartilhamento
de diferentes perspectivas, pela necessidade de tornar explícito seu
pensamento e pelo entendimento do pensamento do outro mediante
interação oral ou escrita. (VYGOTSKY, apud MANTOVANI (2005, p.
12)

É possível também aos professores, desafiarem seus alunos para que


criem e administrem seus próprios weblogs, proporcionando a eles, além da
oportunidade de criarem um espaço seu, a interação social, a capacidade de
comunicar-se, o desenvolvimento do pensamento crítico e o prazer de
aprender, na qual a construção coletiva do conhecimento ocorra, também
explorarem os weblogs dos colegas e conheçam um pouco mais de seus
interesses.

Nesse sentido estes ou quaisquer weblogs podem também ser criados


a partir das perguntas sobre os assuntos que os alunos tenham interesse em
pesquisar, não direcionando a um conteúdo específico em que todos
pesquisam nas mesmas fontes.

Já a coordenadora do projeto de Comunidades Virtuais do EducaRede,


Sônia Bertocchi (2005), salienta que os weblogs oportunizam o reinventar o
trabalho pedagógico e desse modo passam a envolver muito mais os alunos
em suas atividades e nas disciplinas escolares: "Há aqui um grande poder de
comunicação e os alunos passam a ser escritores, leitores e pensadores”. A
coordenadora afirma também que os weblogs são um excelente recurso para
desenvolver trabalhos em equipe, discutir e elaborar projetos, servem como
espaço para anotações de aula e discussão de textos: "os blogs ajudam a
construir redes sociais e redes de saberes, mas é a criatividade, de professores
e alunos, que vai determinar a otimização da ferramenta”.

Como vimos, as possibilidades de uso dos weblogs são inúmeras,


cabendo ao professor ou professores usarem de criatividade para colocar em
prática com seus alunos.
49

E quanto a avaliação formativa e contínua, os weblogs são excelentes


instrumentos, pois permitem avaliar a redação e a qualidade da escrita
hipertextual (links), a capacidade de criar ligações, a forma de redigir e de fazer
comentários. Deverá ser avaliado também o grau de consciência crítica sobre a
ciência e os fatos, a capacidade de transformar as informações e os dados em
conhecimento (GUTIERREZ MARTIN, 2003), a capacidade do aluno de
trabalhar em grupo em colaboração com colegas, a capacidade e a qualidade
de seus post, a capacidade de inserir pluggins ou agregadores (tagclouds,
últimos comentários, etc.). Gutierrez sugere também, por ser muito interessante
e motivador para os alunos, acompanharem o dia a dia e o sucesso de seu
weblog, colocar um medidor de acessos, pois eles saberão que seus posts são
lidos por tantas pessoas e até mesmo em quais localidades geograficamente
distantes.

O grande desafio está aí, a nossa frente: explorar as infinitas


informações disponíveis na web, e das TIC, e transformá-las em conhecimento.

Mas o que é necessário para que isso ocorra?

É necessário agir levando em conta o aprendizado, o conhecimento, a


capacidade e compreensão sobre as informações que temos acesso e não
apenas e simplesmente ter acesso à informação, pois isso sozinho não garante
conhecimento. É nessa perspectiva que a exploração de weblogs transforma-o
numa estratégia de ensino-aprendizagem em que o papel do professor é
fundamental e não simplesmente em um recurso pedagógico.

Daí por que, no âmbito pedagógico-metodológico, o professor de


geeografia se depara com o seguinte desafio: conduzir o processo de
ensinoaprendizagem dos conteúdos da Geografia de uma forma que eles
tenham relações significativas com a realidade espacial vivida pelo alunoe de
uma maneira que cative a participação e envolvimento dos alunos.

Portanto, os weblogs como uma estratégia para a aprendizagem, torna


os alunos mais participativos e não apenas como meros receptores de
informações, cabendo ao professor mediar todo o processo em que os alunos
realizam atividades de pesquisa, seleção, análise, síntese e publicação de
50

informação com o uso da web. Enfim, processo em que os alunos utilizam as


estruturas mentais existentes para trabalhar as novas informações e a partir
desta reflexão-ação modificar suas estruturas e construírem seu conhecimento.

É cada vez maior o uso dos weblogs na sociedade contemporânea, e


nas escolas seu uso ocorre como mais uma ferramenta para produção e até
mesmo de divulgação de conhecimentos. Professores e alunos devem estar
preparados para esta sociedade cada vez mais dinâmica e globalizada, por
isso a importância da atualização permanente.
51

2 METODOLOGIA

No presente trabalho, optou-se por adotar uma abordagem qualitativa-


quantitativa. A abordagem qualitativa, por ser o método mais utilizado e
necessário nas ciências sociais, onde o pesquisador participa, compreende e
interpreta os dados coletados (MICHEL, 2005). Também porque o pesquisador
é o instrumento principal, que valoriza o processo e não apenas o resultado,
dado que abre espaço para a interpretação. Segundo Minayo (1999), na
abordagem qualitativa não podemos pretender encontrar a verdade com o que
é certo ou errado, ou seja, devemos ter como primeira preocupação à
compreensão da lógica que permeia a prática que se dá na realidade. Ela se
preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado.

Já a condução de uma pesquisa quantitativa, se justifica em razão de


ser mais apropriada para medir as opiniões, atitudes e preferências dos
entrevistados. Segundo Falcão e Régnier (2000, p. 232), a análise de dados
quantitativos é um trabalho que propicia que,

"a informação que não pode ser diretamente visualizada a partir de


uma massa de dados poderá sê-lo se tais dados sofrerem algum tipo
de transformação que permita uma observação de um outro ponto de
vista". E que "a quantificação abrange um conjunto de procedimentos,
técnicas e algoritmos destinados a auxiliar o pesquisador a extrair de
seus dados subsídios para responder à(s) pergunta(s) que o mesmo
estabeleceu como objetivo(s) de seu trabalho".

A definição dos critérios para a seleção dos blogs a serem observados


e analisados deu-se a partir de: o primeiro critério é que seja um blog
educativo; o segundo critério refere-se à seu conteúdo, ou seja, que trate de
questões relativas a disciplina de Geografia e sobre a prática pedagógica; o
52

terceiro critério é que seja blog do Brasil, apresentar na língua portuguesa; o


terceiro critério diz respeito ao estilo dos blogs.

Definiu-se, assim, que os blogs selecionados e que fizeram parte desta


pesquisa seriam os seguintes:

1-Geografia Hoje, ( http://geografianovest.blogspot.com/);


2-Galera em ação (http://tusgeo.blogspot.com/);
3-Geografia e Tal (http://geografiaetal.blogspot.com/);
4- Geografia http://geografia.blogspot.com/);
5-Lucianogeo,com (http://www.lucianogeo.com/);
6-Visão Geográfica (http://visaogeografica.blogspot.com/);
7-Geoteorizando (http://geoteorizando.blogspot.com/)

A referida pesquisa nos permitiu a observação, a descrição, a


compreensão e a análise da experiência de professores sobre a criação e o
uso de weblogs em sua prática pedagógica, com vistas a responder ao
problema de pesquisa: De que forma os blogs podem influenciar no processo
de aprendizagem dos alunos, com enfoque na disciplina de geografia?

Nesse sentido a pesquisa qualitativa/quantitativa constou de um


trabalho com observação, comparações, descrição, análise e interpretações
que nos levou a uma compreensão mais rica da ferramenta de comunicação
weblogs na educação.

Foram usados como instrumentos para coleta de dados a observação,


leitura na web de weblogs, na busca de melhor entender e em maior
profundidade a respeito do uso de weblogs educativos pelos professores
denominados blogueiros, especialmente aqueles voltados à disciplina de
geografia, se os mesmos são ou podem ser considerados instrumentos de
aprendizagem, quais suas potencialidades dentro o contexto educativo e o que
alguns professores blogueiros pensam sobre estes weblogs e como os avaliam
como instrumento para a aprendizagem dos alunos.
Foram utilizados também entrevistas por meio eletrônico, visando
esclarecer as questões de nosso objeto de pesquisa. Desse modo, queria
saber dos professores blogueiros:
53

1) Qual o motivo que te faz usar, ou ter um BLOG?

2) Com qual freqüência você atualiza seus post?

3) Aponte algumas vantagens sobre o uso do BLOG para as aulas de geografia:

4) Aponte cinco desvantagens sobre o uso do BLOG para as aulas de geografia.

5) O uso de um Blog trouxe benefícios na sua prática pedagógica?

( ) SIM ( ) NÃO

6) Em que aspectos pedagógicos o blog contribuiu para o processo


ensino/aprendizagem do seu aluno. Cite alguns deles.

7) Seu blog é voltado para sua disciplina? Quais as contribuições que percebes que o
mesmo trás para o aluno?

8) Seu blog propicia espaço para o diálogo, troca de experiências? Com colegas
professores? Com alunos? Com a comunidade escolar?

Figura 12. Quadro questionário para entrevista aos Blogueiros

Como vimos, a grande novidade educacional neste novo milênio é a


difusão do conhecimento e a evolução das tecnologias centradas na
comunicação de massa. Assim também a educação ultrapassa as operações
ligadas somente na linguagem escrita e caminha ao encontro de operações da
cultura atual, ou seja, passa a operar também uma nova linguagem, a das
mídias.

Dando continuidade, e a fim de esclarecer melhor a presente


pesquisa, o capítulo que segue contém a análise efetuada em blogs com
enfoque na disciplina de geografia e em entrevista com professores blogueiros.
54

3 ANÁLISE DE WEBLOGS E DOS DADOS COLETADOS

Como foi anteriormente apresentado, a pesquisa qualitativa-


quantitativa, constou da analise a partir das observações de blogs que tratavam
de assuntos com enfoque na disciplina de geografia, e de um questionário
(anexo 1) com questões relativas ao uso de blogs pelos professores e sua
importância como ferramenta, recurso, de melhoria do processo ensino
aprendizagem dos alunos .

Nesse contexto, e dentre os recursos computacionais que podem


auxiliar no processo de ensino e aprendizagem, estão os aplicativos de
programas para produção de textos, planilhas, gráficos e apresentações de
trabalhos (Word, Excel e PowerPoint). Também citamos os jogos educativos e
a internet com suas possibilidades como a pesquisa, o correio eletrônico, os
chats, as teleconferências e o hipertexto. Portanto, uma ação do professor
inovador precisa contemplar a instrumentalização desses recursos disponíveis.

Diante disso, o ensino de Geografia por meio do uso do computador


permite que os alunos se insiram cada vez mais nesses ambientes interativos,
pois estes recursos tecnológicos podem tornar as aulas mais dinâmicas e
motivadoras. A dinâmica moderna exige do ensino de Geografia sua
adaptação às novas tendências pedagógicas e aos novos caminhos que a
tecnologia apresenta. Portanto, cabe ao professor de Geografia deve conhecer
novas tecnologias para tornar suas aulas mais atrativas.

3.1 Características observadas nos blogs

Como vimos nos capítulos anteriores, as novas tecnologias vêm


modificando significativamente as relações do homem com o mundo, visto que
55

em cada segmento social encontramos a presença de instrumentos


tecnológicos.

E os weblogs permitem a socialização on-line de acordo com os mais


variados interesses, é um meio acessível e de fácil de comunicação, são
baseados em mecanismos que facilitam a colocação de um website no ar, "a
qualquer hora, em qualquer lugar" (necessita somente ligação à Internet), o
que se publica aparece no ecrã quase de imediato, tem facilidade em seu uso
(simples de criar e manter), é flexível, ou seja, pode ser usado individual ou
colaborativamente, e para diversos fins, podendo ser automaticamente
atualizado (diário, semanal ou mensalmente).

Daí porque durante a análise e pesquisa em weblogs, algumas


características que observamos navegando pela blogosfera e que são comuns
à maioria deles foram:

Quanto ao layout: a maioria dos weblogs observados possui layouts


prontos dispensando a necessidade de que o blogueiro saiba a linguagem
HTML. Conforme Prange (2003), nos weblogs, em sua maioria,

[...] há um layout padronizado, constituído de alguns elementos,


alguns fixos e outros variáveis. Entre os elementos fixos dos blogs
podemos citar três. A apresentação do blog – ou do autor do mesmo
– inclui, geralmente, uma frase e, em alguns casos, imagens. Essas
imagens são exibidas como sendo próprias do próprio autor ou, então
apresentadas como representações do mesmo. Há também links para
outros blogs e links para arquivos de outros meses. (Prange, 2003,
p.63)
Quanto a apresentação do weblog, ou de seu autor: encontramos
alguns com o título, o uso de uma frase com o objetivo do mesmo e
apresentação do mesmo e, em outros casos, algumas imagens ilustrativas.

Como o próprio site que oferece o serviço e a hospedagem também


disponibiliza alguns formatos disponíveis, o autor escolhe os templates
(modelos prontos para serem usados).

Quanto aos textos: na maioria dos weblogs os textos dos posts, ou


seja, as atualizações são curtas, somente com as informações relevantes
colocados de modo padrão, em blocos, e com atualização freqüente.
56

Já nos espaços para conteúdos variáveis, estes incluem os textos, as


imagens e as reproduções publicadas por seus autores. Também a
interatividade se encontra presente quando do uso de textos e enunciados
interrogativos explicitando um convite à participação do leitor, dos alunos, para
a discussão dos temas nos blogs.

Porém, é importante salientar que nem todas as características foram


encontradas em todos os blogs, mas em todo o grupo. Alguns blogs
apresentam mais indicativos de personalização, outros, menos. Além disso,
outras características encontradas e analisadas serão destaque nos próximos
itens.

Foi possível constatar que muitos weblogs apresentam constantemente


como característica, o uso da informação opinativa. Como exemplo podemos
citar a existência de discussão e debate estimulados através da constante
análise e opinião nos textos dos posts. Ou seja, os professores blogueiros
utilizam-se de exploração de assuntos que, em geral foram levantados pela
grande mídia (atualidades), assuntos que fazem parte do currículo escolar,
atividades para revisão e fixação, ou pela leitura de outros weblogs, e passam
a discutí-los com seus alunos, quer através dos comentários, quer com o uso
de links para os posts de outros blogs ou sites.

Nesse contexto lembramos de Lejeune (2000, citado por Komesu,


2004, p. 114), que menciona a importância dada ao tempo, ao espaço e à
estética como uma das características mais importantes dos weblogs.

Constatamos também, que a relação de tempo está presente no


cabeçalho e na data que antecedem o corpo do texto e na própria
apresentação dos textos [em ordem de data, da mais recente para a mais
antiga ou ao contrário]. Daí porque os blogs serem considerados como
produções síncronas, em razão da quase simultaneidade entre o que se
escreve, sua veiculação na rede e seu acesso por alguém que esteja
conectado.

Agora, quanto às questões de espaço, é comum que, nas matérias


publicadas, se faça menções a locais determinados, para contextualizar as
experiências sobre as quais se escreve.
57

Já no quesito estético (design ou layout), o próprio site que oferece o


serviço e a hospedagem do blog, dispõe de alguns formatos prontos, que
facilita ao leigo a utilização dos templates (modelos prontos para serem
usados). Esses modelos subdividem o blog com texto em colunas, editoriais,
imagens, comentários com uma ótima estética.

Portanto, cabe ao blogueiro, no nosso caso observado, aos


professores, escolher um modelo que esteticamente lhe agrade mais e tenha a
ver com o assunto e conteúdo que irá desenvolver no blog.

3.2 Análise dos dados coletados nas entrevistas

De posse de todos os questionários distribuídos e respondidos pelos


professores blogueiros, passou-se para a tabulação e posterior análise dos
mesmos.

Os dados coletados e sintetizados a seguir reportam as opiniões dos


seis entrevistados, referentes aos questionários para pesquisar o que pensam
os professores blogueiros.

Pela análise dos questionários respondidos podemos constatar que na


questão de número um: Qual o motivo que te faz usar, ou ter um BLOG? Dos
seis entrevistados, a sua totalidade, cerca de 100%, usam o blog como apoio
no processo ensino-aprendizagem, pois esta ferramenta constituiu uma
importante ferramenta de partilha de informação, de recursos e de resultados
de pesquisas na Internet. As alternativas E e F ( vide tabela 1), foram
elencadas por 5 entrevistados, como motivo para terem um blog.

Tabela 1. Alternativas da questão de número 1

Nº DE RESPOSTAS
ALTERNATIVAS
A) É um elemento facilitador da relação aluno X professor 2
B) Auxilia a fixar os conteúdos programáticos, melhorando o 3
desempenho dos alunos.
58

C) Desperta o interesse dos alunos 4


D) Serve como apoio no processo ensino/aprendizagem 6
E) Torna as aulas mais dinâmicas e enriquecedoras. 5
F) Registrar os trabalhos feitos pelos meus alunos 5

Quanto a freqüência ou periodicidade com que é feita a atualização dos


post, pergunta dois ( Figura 13), dois professores responderam que sempre
que possível dão atenção ao seu blog, pois a falta de tempo muitas vezes
impedem de atualizem com mais freqüência, dois professores responderam
que foi pouca a atualização enquanto um lembrou que somente usou o blog
para atualização uma vez neste semestre. No entanto, uma das professoras
respondeu:” Eu atualizo, se necessário, todos os dias, mas os alunos autores
de secções tem dia fixo de postagem”.

Nesse sentido Zabalza ( 2004) argumenta que os “diários” ou blogs

“não têm por que ser uma atividade diária. Cumprem perfeitamente
sua função ( e sua realização se torna menos trabalhosa em tempo e
esforço) mesmo que sua periodicidade seja menor: duas vezes por
semana, por exemplo, variando os dias para que a narração seja
mais representativa. O importante é manter uma certa linha de
continuidade na coleta e na redação da narrações ( enfim, que não
seja uma atividade intermitente, feita apenas de vez em quando e
sem nenhuma sistematicidade” . Zabalza ( 2004 p. 13)

17%

33%
Sempre que possível
Pouca atualização
17%
Uma vez neste ano
Todos os dias

33%

Figura 13 Atualizações do blog

Dando continuidade, a pergunta três solicitava que o entrevistado


citasse vantagens do uso do BLOG na sala de aula. Nesse sentido o resultado
demonstrou que os entrevistados elencam (Tabela 2) certas vantagens como
fundamentais, tais como, é um espaço virtual onde o aluno constrói e reconstrói
59

o seu conhecimento de forma contínua, permanente e sustentável, maior


socialização das produções dos alunos, permite e favorece ao aluno o
processo criativo de suas produções de autoria ou de co-autoria, oferece
liberdade e flexibilidade de criação, e ainda, utilizar a linguagem das novas
gerações (web). E como nos lembra Papert (1985, p.29) “a melhor
aprendizagem ocorre quando o aprendiz assume o comando, de seu próprio
desenvolvimento em atividades que sejam significativas e lhe despertem o
prazer”.

Tabela 2. Síntese das respostas da pergunta 3

Vantagens no uso de blogs na sala de aula. Nº de


respostas

1. Estimula a criatividade, a participação dos alunos; 6


2. Incentiva a autoria, a escrita e a leitura; 4
3. Aumenta o interesse pelo conteúdo e disciplina, bem como o 6
diálogo e comunicação professor e aluno;
4. Gera cooperação e colaboração; 4

5. É do gosto dos alunos; 3


6. Inserção no mundo digital; 1
7. Divulgação de projetos, atividades dos alunos e escola; 6
8. Complementação de estudos; 4
9. Incorpora materiais audiovisuais nem sempre disponíveis em 3
classe
10. Propicia o desenvolvimento de experiências pedagógicas 4
inovadoras

Na pergunta quatro, quando questionados sobre possíveis


desvantagens que viam no uso de blogs nas aulas de geografia (Figura 14),
três dos entrevistados afirmaram não verem desvantagens. Porém cabe
ressaltar as colocações dos demais entrevistados que declararam:

Entrevistado 2: “Não vejo desvantagens, porém talvez o fato de que


muitos blogs são abandonados depois de tarefas concluídas, trabalhos feitos e
apresentados, participação em cursos ... possa ser citado como desvantagem”
60

Entrevistado 3: “Pode fazer com q se fique “dependente” do blog pois


exige tempo e disponibilidade para alimenta-lo sempre”.

Entrevistado 4: “ Não acho que tenham desvantagens porem, alguns


pontos merecem ser discutidos: O texto (quase jornalístico) necessita ser
direto e relativamente curto o que pode levar o aluno a uma preguiça a leituras
mais elaboradas. Dificuldade temporária ou permanente de alguns alunos com
acesso a web”.

Não vê
50% de svantagens
Com algum as
restrições

Figura 14 Desvantagens no uso dos blogs

Já nas respostas à pergunta cinco (Figura 15) tivemos uma


unanimidade, pois todos os professores blogueiros afirmaram que o uso de um
Blog trouxe somente benefícios em sua prática pedagógica.

O uso de blogs trouxe benefícios na


sua prática pedagógica?
0%

SIM
NÂO

100%

Figura 15 Benefícios do uso de Blogs


Como vimos, existem inúmeros recursos tecnológicos que podem
facilitar o processo de aprendizagem do ensino da Geografia. O computador
ganha destaque e importância neste quesito. Sendo rico em recursos
audiovisuais, possibilita o entrecruzamento de imagens, sons e textos.
Exemplificando: os Atlas digitais, podem ser muito utilizados na educação
61

geográfica, assim como diversos softwares educativos de apoio aos conteúdos


curriculares, de jogos e simulações para o ensino de Geografia que podem
estimular os alunos para a aprendizagem desta disciplina.

Nesse sentido Richardson (2006, citado por MARINHO 2007 p.2),


afirmam serem vários os aspectos que confirmam os benefícios dos blogs e
importância de sua utilização para a escola e especialmente à geografia. Trata-
se de uma ferramenta construtivista de aprendizagem; sua audiência potencial
ultrapassa os limites da escola, permitindo que aquilo que os alunos produzem
de relevante vá muito além da sala de aula; são arquivos da aprendizagem que
alunos e até professores construíram; é uma ferramenta democrática que
suporta vários estilos de escrita e podem favorecer o desenvolvimento da
competência em determinados tópicos quando os alunos focam leitura e escrita
num tema.

Desse modo, através das respostas dos entrevistados à pergunta seis:


“Em que aspectos pedagógicos o blog contribuiu para o processo
ensino/aprendizagem do seu aluno”, podem-se inferir opiniões diversas.

Diante disso e conforme Glogoff (2005, citado por MARINHO 2007 p.3),
os blogs educacionais são vistos

como uma ferramenta instrucional centrada na aprendizagem. Como


atividade centrada nos alunos, os blogs permitem a eles construir
capacidade de atuarem tanto individualmente como em grupo,
atributos que hoje são reconhecidos como importantes, essenciais
para as pessoas na sociedade contemporânea.

Desse modo, as opiniões dos entrevistados são unânimes em afirmar


os seguintes aspectos:
62

- Maior participação e interesse pelas aulas e disciplina; maior e melhor


relacionamento professor e aluno; mais motivação à pesquisa e estudo; alunos
adoram, pois se usa as tecnologias que eles tanto prezam e manuseiam.

- As aulas tornaram-se mais agradáveis e estimulantes; incentiva a pratica da


leitura e também da escrita; proporciona o uso das tecnologias; saímos dos
livros e apostilas para uma parte mais pratica.

- Dá autonomia ao aluno; exige criatividade e independência em relação a


manutenção dos mesmos; propicia a colaboração e cooperação entre os
alunos e com os professores.

- Construção do conhecimento de forma colaborativa. Oportuniza aos alunos a


possibilidade de reorganizar suas idéias, pensamentos e deixar escrito seu
posicionamento. Também i favorece a análise reflexiva.

- Acesso fácil a assuntos e matérias desenvolvidas em classe (nos marcadores:


Que país é esse? Brasil, Mundo em transformação, textos de apôio, etc...);
Postagem de pesquisas e trabalhos produzidos por alunos ( nos marcadores
acesse : trabalhos de alunos) ; Exercícios ou tarefas propostas às turmas ;
Diferentes secções semanais como: Você Sabia? Dicas do Vestibular, salageo
Literária, salageo Meio Ambiente e muito mais...

Figura 16: Quadro Contribuições dos Blogs para o processo


ensino/aprendizagem

Sabemos que a Geografia no Ensino Fundamental e Médio enfrentam


grandes barreiras. É vista como uma disciplina de menor importância em
relação a outras. Para os alunos, na maioria dos casos é percebida como uma
disciplina desinteressante, com pouca finalidade prática, como algo de pouca
relevância. Como afirma Lacoste (2004, p.7): “a pergunta essencial que
perpassa é esta: Para que serve a geografia? Ou em outros termos, qual é sua
função social? Possui alguma utilidade que não seja dar aula de geografia? e
afinal para que existem essas aulas?”. Porém as demais disciplinas da área
de humana são vistas pelos alunos como desinteressante, apenas como
integrantes do currículo escolar, consideradas como disciplinas decorativas.
63

Os alunos não consideram a Geografia importante, pois não sabem


identificar qual a importância do conhecimento da disciplina para sua vida, para
que serve tal conhecimento, não conseguem perceber possíveis relações em
seu cotidiano que exemplifique os temas tratados em sala de aula. No dizer de
Penteado (2003, p.167),
“Um dos sérios problemas do ensino de geografia é o fato de que
tais conhecimentos são apresentados aos alunos como uma série de
fatos a ser decorados, totalmente desvinculado da vida e da realidade
social”.
Diante do uso das TIC e mais diretamente, do uso dos blogs na sala de
aula de geografia, encontramos hoje muitos professores que pensam e se
preocupam em fazer sua prática pedagógica de forma diferente, se propondo a
testarem novas ferramentas como alternativas de educação. Nesse sentido a
pergunta sete questionou a respeito do tipo de orientação dado ao blog do
entrevistado, ou seja, se o blog é ou não voltado para sua disciplina?

Podemos constatar que todos os seis professores blogueiros


entrevistados possuem blog voltados a sua disciplina, a geografia, e como
afirma uma das entrevistadas: “uso mais para postagens em minha disciplina
nas minhas disciplinas que são três, Ensino Religioso, Historia e Geografia.”
Também esclareceram que em seus posts as contribuições que o mesmo trás
para o aluno:

- Uso para fazer postagens relacionadas com a disciplina de Geografia,


conteúdos, exercícios e os trabalhos trimestrais. Também assuntos da
atualidade. Vejo que os alunos valorizam + o professor, deixam recados fazem
visitas comentam trabalhos é isso, aproximam + prof e alunos.

- É voltado á disciplina de geografia, com conteúdos, tarefas, projetos, enfim, é


um canal de comunicação com os alunos, fora da sala de aula. Vejo o blog
como uma ótima ferramenta para o aluno e professores. O aluno só tem
vantagens com o blog do professor e se este também construir o seu blog. -
Tudo tem como foco a Geografia, mas, trata de outros assuntos também como,
por exemplo, a seção SalageoLitérária postada sempre às quintas-feiras
(ultimamente ausente em razão da aproximação do vestibular) pelo aluno
Marcos Heloy que além de falar de autores brasileiros faz uma referência
geográfica ao local de origem do mesmo. ( localize nos marcadores esta
64

secção .

- Para o aluno em geral, é usado de forma prazerosa como complemento do


currículo escolar e para os alunos autores acrescenta-se ainda o crescimento
individual como ser humano e como produtor de cultura.
Figura 17: Quadro Contribuições dos blogs aos alunos

De acordo com Carlos (2002, p.111) “o docente de geografia precisa


propor atividades para desenvolver o raciocínio geográfico dos alunos, como
pensar nesse espaço, como dialogar com esse espaço”.

Diante disso, constata-se que a estrutura dos weblogs, ou blogs,


permite a elaboração do pensamento de modo seqüencial e estabelece grande
controle sobre o que se produz. A liberdade de poder fazer modificações, para
publicar e republicar em um blog sem afetar sua disposição geral: pois se pode
reeditar uma postagem, indicar uma nova categoria, adicionar novos links ao
blogroll e inclusive mudar o formato quando desejado, dá autonomia ao aluno
blogueiro,o revela um esforço de reflexão constante no estudante e torna-o
partícipe de um projeto global, aberto e colaborativo, em que o conhecimento é
construído de baixo para cima. Ou nas palavras de LÉVY (1999):

Aprendizagens permanentes e personalizadas através de


navegação, orientação dos estudantes em um espaço do saber
flutuante e destotalizado, aprendizagens cooperativas, inteligência
coletiva no centro de comunidades virtuais, desregulamentação
parcial dos modos de reconhecimento dos saberes, gerenciamento
dinâmico das competências em tempo real... esses processos sociais
atualizam a nova relação com o saber” (LÉVY, 1999: p. 177).
Assim, os elementos obtidos do levantamento feito com os
questionários respondidos pelos professores blogueiros na última pergunta nos
indicam que, seus blogs propiciam espaço para o diálogo e troca de
experiências.
65

Blogs como espaço de diálogo

14% 29% Propicia m ostrarm os


nosso trabalho
Troca atravéz dos links
19%
Com entários com
função de Fórum
Mais com os alunos por
14% enquanto,
Entre alunos e alunos
24% ou alunos e professor

Figura 18 Blog como espaço para o diálogo, troca de experiências.

Em suma, o que se pode depreender da realidade pesquisada é que o


uso de blogs na disciplina de geografia influencia positivamente na
aprendizagem dos alunos. Percebe-se a valorização e estímulo à criatividade
e produção dos alunos. Também amplia a autonomia e a aprendizagem, pois o
aluno vai relacionando os temas abordados em sala com o contexto. Atravéz
dos blogs se ultrapassa os muros da escola, pois se estabelece contato entre o
conteúdo produzido e o público externo. Pode-se perceber também que o blog
provoca grande atração pelos recursos da multimídia que possibilita utilizar.
66

4 CONCLUSÃO

[...] no processo de aprendizagem, só aprende verdadeiramente


aquele que se apropria do aprendido, transformando-o em
apreendido, [...] Aquele que é “enchido” por outro de conteúdo cuja
inteligência não percebe; de conteúdos que contradizem a forma
própria de estar em seu mundo, sem que seja desafiado, não aprende
(FREIRE, 1979, p.28).

Atualmente, com a emergência das Tecnologias da Informação e


Comunicação, modifica-se a forma de pensar e construir conhecimentos, de se
relacionar e de trabalhar. A escola não pode e não deve ficar alheia a essas
transformações, ao contrário, necessita interagir, na perspectiva de que o
conhecimento seja construído a partir de múltiplas relações, trazendo outros
elementos que possam ressignificar a aprendizagem, dentro e fora dos
espaços escolar, envolvendo as diversas linguagens e suportes tecnológicos
que estão à disposição.

Desse modo, de acordo com Silva (2003, p. 138) o professor deve


assumir uma postura dialógica e “passar a exercer o papel de condutor de um
conjunto de atividades que leve a construção do conhecimento”.

Conforme Kenski (2007, p. 85)

Independentemente do uso mais ou menos intensivo de


equipamentos midiáticos nas salas de aula, professores e alunos têm
contato durante todo o dia com as mais diversas mídias. Guardam em
suas memórias informações e vivências que foram incorporadas das
interações com filmes, programas de rádio e televisão, atividades em
computadores e na internet.
Nesse contexto, a busca pela qualidade do ensino deve ser uma
constante na vida do geógrafo-professor, quando pode recorrer a recursos
didáticos, tais como: documentários, filmes, músicas, cartilhas educativas,
cordéis, mapas temáticos, imagens de satélites, músicas, jogos educativos,
67

computadores com acesso à internet e suas ferramentas tais como os


blogs. Evidencia-se que estes recursos, propiciam ao professor adotar uma
metodologia mais participativa.
Podemos constatar que cresce a cada dia a utilização dos blogs nas
mais diversas áreas, e na educação não poderia ser diferente. Daí porque o
referido tema “PROFESSORES BLOGUEIROS E O USO DOS BLOGS EM SUA
PRÁTICA DOCENTE“ se impõe pela atualidade, pois muito se tem discutido
sobre a importância e a validade das TICs. As escolas estão sendo
permanentemente desafiadas e, portanto devem ser um espaço que estimule a
criatividade, ser dinâmica, participativa e democrática. Também seus
professores não podem fazer de conta que os blogs não existem e sim fazer
uso e reflexão sobre as sua possibilidades pedagógicas dessa ferramenta no
seu fazer pedagógico.

Nesse contexto a indagação que se faz neste Trabalho de Conclusão


de Curso é em relação a forma que os blogs podem influenciar no processo de
aprendizagem dos alunos, com enfoque na disciplina de geografia.

Através da pesquisa foi possível identificar, analisar e caracterizar


algumas práticas existentes nos blogs escolhidos, tais como: a criação e
manutenção dos blogs possuem autoria individual dos professores; são
espaços de publicação na web utilizados para maior contato com os alunos e
colegas blogueiros, para divulgação de projetos, atividades e trabalhos
desenvolvidos durante um período; um espaço de troca de idéias e reflexões
que disponibiliza informações Interessantes e da atualidade para seus alunos,
sempre procurando acompanhar abordagens dos conteúdos curriculares de
suas disciplina, no caso, a geografia.

Constata-se e ressalta-se também que a utilização dos blogs como


uma estratégia e ferramenta que influencia no processo de aprendizagem dos
alunos, depende do interesse do professor, da sua concepção de educação, de
aprendizagem, de conhecimento e de aluno, em que apóia sua prática.

Como vimos, os blogs continuam sendo bastante explorados e a cada


dia surgem novas formas de explorar seus recursos e potencialidades. Neste
aspecto, destaca-se que cabe ao professor apropriar-se destas possibilidades,
68

propondo atividades e estratégias diferenciadas. E um ponto que nos chamou a


atenção quanto a utilização dos blogs na educação, e mais precisamente em
geografia, é o fato de que propicia o desenvolvimento de experiências
pedagógicas inovadoras como, por exemplo, a que uma das entrevistadas
cita:” a subida virtual a Pedra da Gávea que uma turma simulou (acesse pelos
marcadores: Geólogo Ivo Medina Uma excursão ecológica a Pedra da Gávea
e veja o resultado nos comentários )”.

Levando em consideração que os blogs possuem muitas


características que propiciam a melhor qualidade no processo ensino-
aprendizagem, convém destacar que, através das respostas às entrevistas, são
diversas as habilidades e capacidades que podem ser desenvolvidas pelo
aluno autor de um blog na disciplina de geografia: sua estrutura a elaboração
do pensamento de uma maneira sequencial, pois o aluno pode editar e reeditar
conteúdo quantas vezes desejar; há a possibilidade do debate uma vez que as
pessoas que visitam o blog poderão se comunicar com o autor através dos
comentários; o aluno é autor em seu blog, e será o leitor de outro. O blog do
aluno possibilita também maior contato com o professor e com colegas;
melhoram as técnicas de escrever, pois passam a ser responsáveis pelos
conteúdos postados, para manter atualizado seu blog, realiza muita pesquisa,
tornando-se um “especialista” no tema tratado.

Diante disso ficou demonstrado que o processo ensino-aprendizagem


na disciplina de Geografia, utilizando os blogs como uma ferramenta e o
Laboratório de Informática como espaço de aprendizagem, procura produzir um
meio capaz de auxiliar a compreensão e a construção do conhecimento bem
como de conceitos da referida disciplina. Também aumentam o interesse dos
alunos pelo estudo e pesquisa da matéria, possibilita a promoção de debates,
com temas de interesse da turma de alunos, como geografia e educação
ambiental, diversidade cultural e alfabetização cartográfica entre outros,
oferecendo subsídios para a formação e melhor desempenho do aluno

Ainda podemos destacar segundo Valente (1998, p.49) que está sendo
proposta uma nova abordagem educacional que muda o paradigma
pedagógico do instrucionismo para o construcionismo, onde o objetivo do uso
69

do computador na educação não deve ser um modismo ou estar atualizado


com relação às inovações tecnológicas.

Desse modo, apesar de todas as novas relações estabelecidas entre


os elementos envolvidos no processo ensino/aprendizagem, nenhum deixou de
ser importante, pelo contrário, todos ganharam novas possibilidades e
percepções através das novas interações entre os mesmos. Assim o aluno,
através do computador, ganhou uma nova ferramenta de pesquisa; o professor
ganhou uma nova fonte de atualização e conhecimento; e o computador se
estabeleceu como uma ferramenta determinante nos níveis de informação e
conhecimentos através das diversas possibilidades de armazenamento,
acessibilidade, difusão, interatividade. Todo este conjunto acima é responsável
por alterar o processo de aprendizagem da educação na era da informática.

Portanto, diferentes e criativas situações de ensino – aprendizagem


organizados pelo professor devem integrar o maior número possível de
aspectos pertinentes ao objeto geográfico de estudo, de forma a promover uma
visão contextualizada do mesmo. O uso de blogs nas aulas de geografia
proporciona uma organização de tarefas em grupos, valorizando o trabalho
colaborativo e cooperativo e as experiências vividas, permitem também
desenvolver a pluralidade de percepções sobre o tema e aprofundar a
argumentação. (Schäffer, 2003, p.169)

É possível concluir que os blogs podem ser muito eficazes no processo


de ensino/aprendizagem, pois: é uma forma muito útil de comunicação
professor/aluno, sobretudo na disciplina de geografia, com reduzida carga
horária semanal, uma vez que vai mantendo o aluno ligado à disciplina; pode
ser mais um instrumento de estudo e de apoio às aulas, através da divulgação
de outros documentos, imagens, aprofundar temas e, ainda pode conter
correção de testes e divulgação de sites de interesse.

Também pode ser uma forma muito eficaz para a motivação dos
alunos, para as diferentes unidades temáticas, nele estão publicados
numerosos trabalhos de alunos que sentem orgulho em ver o seu nome
nos artigos e seu trabalho tornado visível. Cabe ressaltar ainda que os
blogs não requerem muitos recursos da escola, somente a sala de
70

informática com alguns computadores com ligação à internet são


suficientes. Implica, no entanto, algum envolvimento extra do professor
que gere o blog.

Para finalizar reafirmamos a necessidade de se ampliar o espaço para


o professor se qualificar, para buscar novas possibilidades de utilização e
exploração dos inúmeros recursos disponíveis atualmente e suas
potencialidades, utilizando os blogs como recurso e como estratégia
pedagógica de motivação e aprendizagem dos alunos, bem como um ambiente
de aprendizagem valorizando também o papel mais ativo para seus alunos no
processo de aprendizagem.
71

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SP: UNICAMP: NIED, 1998. p. 29-53. 501p.
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VALENTE, José Armando. As tecnologias e os diferentes letramentos. Pátio:
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ZABALZA, Miguel A. Diários de aula: um instrumento de pesquisa e
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REVISTAS
Revista on‐line da ComBase – Base de Estudos e Pesquisas em Meios de Comunicação e
Educação (DEPEd ‐ PPGEd ‐ UFRN).Site: www.prometeu.educ.ufrn.br ‐ Ano I ‐ Nº 0 ‐
dezembro/janeiro/fevereiro de 2008/2009
Revista Telos, nº 65, Outubro- Dezembro de 2005, p.86-93. Blogs na educação. O uso dos
blogs na perspectiva do construtivismo

Revista Prisma. Paula Peres. Edublogs como mediadores de Processos Educativos. Instituto
Superior de Contabilidade e Administração do Porto 4150-564 Porto PORTUGAL Email:
p_peres@iscap.ipp.pt

REVISTA PROMETEU. Publicação TRIMESTRAL exclusivamente on-line da ComBase – Base


de Estudos e Pesquisas em Meios de Comunicação e Educação (DEPEd - PPGEd - UFRN).
www.prometeu.educ.ufrn.br (http://www.prometeu.educ.ufrn.br/prometeu_ano1_n0.pdf)
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ANEXO - QUESTIONÁRIO USO DO WEBLOG NA EDUCAÇÃO

Colega:

Você poderia responder as questões abaixo?

1) Qual o motivo que te faz usar, ou ter um BLOG:


2) Com qual freqüência você atualiza seus post?
3) Aponte algumas vantagens sobre o uso do BLOG para as aulas de
geografia:
_______________________________________________________________
4) Aponte cinco desvantagens sobre o uso do BLOG para as aulas de
geografia.
_______________________________________________________________
5) O uso de um Blog trouxe benefícios na sua prática pedagógica?
( ) SIM ( ) NÃO
6) Em que aspectos pedagógicos o blog contribuiu para o processo
ensino/aprendizagem do seu aluno.
Cite alguns deles.
7) Seu blog é voltado para sua disciplina? Quais as contribuições que percebes
que o mesmo trás para o aluno?
____________________________________________________
8) Seu blog propicia espaço para o diálogo, troca de experiências? Com
colegas professores? Com alunos? Com a comunidade escolar?

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