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XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.


Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

SISTEMA INTEGRADO DE GESTÃO -


EXPERIÊNCIA EM UMA EMPRESA DE
ESQUADRIA DE ALUMÍNIO E VIDROS
Aurelia A. A. Idrogo (UFPB)
aurelia@ct.ufpb.br
Christiane Sousa Ramos (UFPB)
christalsr@yahoo.com
Haline Cordeiro R. Vicentino (UFPB)
profhalinecordeiro@oi.com.br
Maria Albenisa Gadelha (UFPB)
benaonix@hotmail.com
Maria Walneide B. de C.astro Gadelha (UFPB)
walbarros@hotmail.com

RESUMO
Com o aumento da competição a nível global, expresso nas rápidas
inovações tecnológicas, à proliferação de produtos e serviços, à
crescente escassez de recursos humanos capacitados, tem obrigado as
empresas a um desenvolvimento sisttemático e diário com o objetivo de
se destacarem e até mesmo, sobreviverem no mercado. O trabalho foi
realizado numa pequena indústria de montagem de esquadria de
alumínio e vidros, tendo como produtos: janelas de alumínio, portões
automáticos de ferro e alumínio, estrutura metálicas para quadra de
esporte, box, e produtos customizados de vidros. O objetivo foi analisar
o processo de atuação estratégica, gerencial e operacional a partir da
integração dos Sistemas de Gestão Ambiental (NBR ISO 14000),
Gestão da Qualidade Total (NBR ISO 9001) e Saúde e Segurança (BS
8800 e Normas Regulamentadoras Brasileiras). A metodologia
utilizada compreendeu a coleta de dados, através das observações
diretas e indiretas na empresa e entrevistas semi-estruturadas com
seus colaboradores.
Os resultados apontam que na empresa analisada se faz um trabalho
mais efetivo na integração dos sistemas de gestão ambiental e de
segurança e saúde do trabalho com foco na promoção de melhorias em
relação à degradação do meio ambiente e nas condições de trabalho. E
relevante ressaltar que existe a necessidade de maior atenção ao
sistema de Qualidade, visto a não obrigatoriedade de uma certificação,
entretanto para assegurar sua sobrevivência deve estabelecer
estratégias na área de produção, vendas e finanças além de
empregarem métodos e técnicas destinadas à adoção de um modelo de
gestão da qualidade.
XXVIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A integração de cadeias produtivas com a abordagem da manufatura sustentável.
Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2008

Palavras-chaves: Gestão da Qualidade, Gestão Ambiental, Segurança


e Saúde no Trabalho, Sistema Integrado.

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1 – INTRODUÇÃO
Atualmente, as organizações devem estar preparadas para absorver mudanças culturais,
tecnológicas, econômicas e sociais de forma rápida e eficiente em um mercado competitivo,
assim, necessitando de uma verdadeira evolução nos processos produtivos e administrativos.
Em decorrência da competitividade crescente entre as empresas, a qualidade sob a ótica do
cliente passa a ser um fator de sucesso empresarial. Para sobreviver ao atual ambiente de
negócios turbulento e dinâmico as empresas devem ter reações cada vez mais rápidas, sempre
direcionando suas ações de forma a manter-se firme aos seus objetivos estratégicos.
Nesse sentido, a implantação dos sistemas de gestão integrados objetiva a gestão dos recursos
organizacionais de forma eficiente, assumido papel fundamental para a empresa,
independentemente de seu porte. Ressalta-se ainda que uma gestão integrada contribui para o
incremento da capacidade de inovação em relação aos seus concorrentes.
Com base no exposto, o presente estudo objetiva analisar o processo de atuação estratégica,
gerencial e operacional a partir da integração dos Sistemas de Gestão Ambiental, Gestão da
Qualidade Total e Saúde e Segurança numa pequena empresa de esquadrias de alumínio e
vidros. A análise considerou os parâmetros definidos pelas normas NBR ISO 14000, NBR
ISO 9000 e BS 8800.
Um sistema de gerenciamento integrado tem a capacidade de auxiliar na tomada de decisões
estratégicas e tático-operacionais relacionadas ao fluxo de produtos e informações ao longo
do processo produtivo, levando em consideração as restrições e custos existentes no sistema.
2 – A NORMATIZAÇÃO
2.1 – Sistema de gestão de qualidade
A preocupação com a qualidade, no sentido mais amplo da palavra, começou com W. A.
Shewhart, estatístico norte-americano que, já na década de 20, levantava questionamentos
acerca da qualidade e variabilidade encontrada na produção de bens e serviços. Longo (1996).
Shewhart desenvolveu um sistema de mensuração dessas variabilidades que ficou conhecido
como Controle Estatístico de Processo (CEP). Criou também o Ciclo PDCA (Plan, Do, Check
e Action), método essencial da gestão da qualidade, que foi amplamente difundido por W. E.
Deming, vindo a ser conhecido como Ciclo Deming da Qualidade.
O entendimento de Qualidade resulta de sua própria evolução enquanto acontecimento, este
resultante de contribuições da estatística, teoria de sistemas, estratégia, marketing, finanças
etc. No âmbito organizacional tem como propósito a melhoria contínua, mediante adoção de
princípios e políticas voltadas ao atendimento de expectativas dos consumidores e parceiros,
além de atenção a sociedade, seja com a adoção de uma gestão de processos, estabelecimento
de ambientes de trabalho satisfatórios, entre outras medidas adequadas a implantação de um
sistema integrado de gestão da qualidade, ambiental e segurança e saúde no trabalho.
É cunhado ainda nessa evolução o termo qualidade total, sendo abordado por Kotler (2000),
seis atributos ou dimensões básicas que lhe conferem características de totalidade, sejam elas:
qualidade intrínseca, custo, atendimento, moral, segurança e ética.
Por qualidade intrínseca entende-se a capacidade do produto ou serviço de cumprir o
objetivo ao qual se destina. A dimensão custo tem, em si, dois focos: custo para a organização

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do serviço prestado e o seu preço para o cliente. Portanto, não é suficiente ter o produto mais
barato, mas sim ter o maior valor pelo preço justo. A dimensão Atendimento contempla os
aspectos como local, prazo, quantidade e acesso que por si só demonstram a sua importância
na produção de bens e na prestação de serviços de excelência.
Por sua vez, Moral e segurança dos clientes internos de uma organização são fatores
decisivos na prestação de serviços de excelência, visto que funcionários desmotivados, mal-
treinados, inconscientes da importância de seus papéis na organização não conseguem
produzir adequadamente. Finalmente, a sexta dimensão do conceito de qualidade total, a
ética, é representada pelos códigos ou regras de conduta e valores que têm que permear todas
as pessoas e todos os processos de todas as organizações que pretendem sobreviver no mundo
competitivo de hoje.
Para Bateman e Snell (1998), sistema de gestão da qualidade extrapola a excelência do
produto, inclui a atratividade, ausência de defeitos, confiabilidade e segurança em longo
prazo. Dentro do contexto empresarial, o fator qualidade, mais precisamente a qualidade de
conformação, que seria o grau em que o bem é produzido segundo as especificações
estabelecidas pelo projeto, é visto não só como uma exigência do consumidor, mas também
como um fator de redução de custos, ou seja, quanto maior o número de produtos produzido
de acordo com as especificações, menor será o custo de perdas.
2.2 – Sistema de gestão ambiental
A gestão ambiental é motivada por uma mudança nos valores da cultura empresarial,
voltando-se para a parceria e substituição da ideologia do crescimento econômico para a
ideologia da sustentabilidade. Para Tachizawa (2004), envolve uma mudança do pensamento
mecanicista para o pensamento sistêmico e, por conseguinte, adoção de um novo estilo de
administração, conhecido como administração sistêmica, onde a percepção do mundo como
máquina cede lugar à percepção do mundo como sistema vivo.
Andrade et al. (2002) entendem por sistema de gestão ambiental um processo contínuo e
adaptativo, por meio do qual uma organização define (e redefine) seus objetivos e metas
relativas à proteção do ambiente e à saúde e segurança de seus empregados, clientes e
comunidade, assim como seleciona as estratégias e meios para atingir tais objetivos em
determinado período de tempo, por meio da constante interação com o meio ambiente
externo.
Nesse sentido Donaire (1999, p.58) apud Winter (1987) assinala seis razões principais pelas
qual um gerente deve aplicar um sistema de gestão ambiental:
a) Sem empresas orientadas para o ambiente, não poderá existir uma economia orientada para
o ambiente - e sem esta última não se poderá esperar para a espécie humana uma vida com o
mínimo de qualidade;
b) Sem empresas orientadas para o ambiente, não poderá existir consenso entre o público e a
comunidade empresarial - e sem consenso entre ambos não poderá existir livre economia de
mercado;
c) Sem gestão ambiental na empresa, esta perderá oportunidades no mercado em rápido
crescimento e aumentará o risco de sua responsabilização por danos ambientais, traduzida em
enormes somas de dinheiro, pondo dessa forma em perigo seu futuro e os postos de trabalho
dela dependentes;

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d) Sem gestão ambiental na empresa, os conselhos de administração, os diretores executivos,


os chefes de departamentos e outros membros do pessoal verão aumentados sua
responsabilidade em face de danos ambientais, pondo assim em perigo seu emprego e sua
carreira profissional;
e) Sem gestão ambiental na empresa, serão potencialmente desaproveitadas muitas
oportunidades de redução de custos;
f) Sem gestão ambiental na empresa, os homens de negócios estarão em conflito com sua
própria consciência - e sem alto-estima não poderá existir verdadeira identificação com o
emprego ou a profissão.
Para Assumpção (2004), a implementação de um SGA resulta na melhoria do desempenho
ambiental de qualquer organização, percebendo esta os seguintes benefícios: a) acesso a
novos mercados e melhoria na competitividade empresarial; b) melhoria no desempenho
ambiental da organização e atendimento a legislações; c) facilidade na identificação de causas
de problemas e seus solucionamentos; d) evitar desperdícios e redução de custos; e) redução
eliminação de riscos e responsabilidades ambientais; f) melhoria de imagem e melhoria na
relação com os funcionários, clientes, fornecedores, vizinhos, fiscalização ambiental e outros
detentores de interesses; e) acesso a capital de baixo custo e a seguros.
Acredita-se que empresas que consigam incorporar a seus processos melhores meios para
produzir sem agredir o meio ambiente, certamente, terão maiores chances no mercado, à
medida que se afirma à questão ecológica em todo o mundo.
2.3 – Segurança e saúde ocupacional no trabalho
As empresas podem conceber e implantar o sistema de gestão da segurança e saúde no
trabalho usando as diferentes normas e guias no formato de especificações e diretrizes, de
acordo com suas necessidades e compatíveis com sua cultura organizacional.
Portanto, a opção pelas normas e diretrizes deve estar comprometida com a busca da melhoria
contínua do desempenho da segurança e saúde no trabalho, a fim de eventualmente se obter a
certificação do sistema de gestão.
A saúde ocupacional consiste numa proposta interdisciplinar, com base na Higiene Industrial,
relacionando ambiente de trabalho ao trabalhador. Incorpora a teoria da multicausalidade, na
qual um conjunto de fatores de risco é considerado na produção da doença, avaliada através
da clínica médica e de indicadores ambientais e biológicos de exposição e efeito.
Para Mendes e Dias (1991, p.343):
A "Saúde Ocupacional" surge, sobretudo, dentro das grandes
empresas, com o traço da multi e interdisciplinaridade, com a
organização de equipes progressivamente multi-profissionais, e a
ênfase na higiene "industrial", refletindo a origem histórica dos
serviços médicos e o lugar de destaque da indústria nos países
“industrializados...”.
O sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho busca garantir a preservação da saúde e
a segurança dos trabalhadores no desempenho de suas funções, estabelecendo ações
sistemáticas de controle, monitoramento e prevenção de acidentes, além de promover a
melhoria contínua por meio da educação e treinamento. (GAZZI, 2005)

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Nesse contexto, a OHSAS 18001:1999 foi desenvolvida para permitir a implantação de


Sistemas Integrados de Gestão, sendo compatível com a ISO 9001 e ISO 14001.
Pode-se definir Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho – SGSST como:
“Aquela parte do sistema de gestão global que facilita o
gerenciamento dos riscos de SST associados aos negócios da
organização. Isto inclui a estrutura organizacional, as atividades de
planejamento, as responsabilidades, práticas, procedimentos,
processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar
criticamente e manter a política de SST da organização”. (CHAIB,
2005, p.18)
Conforme descreve Oliveira (1999), um sistema de gestão de SST esta integrado a um sistema
de gestão organizacional, envolvendo as diversas áreas de poder gerencial da empresa nas
melhorias das condições do ambiente e dos processos que integram a organização do trabalho.
O mesmo autor observa que quando se separam os métodos de SST, com seus respectivos
treinamentos, como um sistema em si, alheio às interações sistêmicas do ambiente externo e
interno na empresa, o fracasso de um sistema de gestão de SST é quase certo.
Se observarmos as atividades da segurança e saúde no trabalho (SST), no cotidiano da
organização, percebe-se que ela praticamente ocorre no âmbito interno, com poucos
elementos externos afetando-a diretamente.
3 – O CASO DA EMPRESA D&A
3.1 – Perfil da empresa
A pequena indústria de montagem de esquadria de alumínio e vidros pesquisada atua há 12
anos no mercado de Fortaleza e região metropolitana, no mesmo setor econômico.
Atualmente tem principais produtos: janelas de alumínio, portões automáticos de ferro e
alumínio, estrutura metálicas para quadra de esporte, box, e produtos customizados de vidros.
Possui 12 funcionários, sendo 6 na produção e instalação, 2 nas atividades administrativas, 3
vendedores e 1 na gerência geral (proprietário). Sua estrutura física compreende uma área de
515m², desta são destinados 150m² para área administrativa e 365m² para a produção.
Sua produção voltava-se ao atendimento específico de clientes individuais, o que representou
em 2007 uma produção de mais de 600 produtos/ano. Definiu como nova estratégia de
negócio estabelecer parcerias com construtoras da capital, o que exigiu uma reestruturação de
seu sistema de produção.
Coube a gerência geral o papel de incorporar inovações gerenciais e administrativas,
especialmente relacionadas aos seus projetos de produtos e processos. Com a assessoria de
um engenheiro de produção passou a trabalhar com a perspectiva de integração do sistema
ambiental, sistema de qualidade e sistema de segurança e saúde no trabalho. As análises
realizadas no estudo evidenciam que uma empresa de pequeno porte pode adotar como
desafio a integração dos sistemas. São a seguir discutidos limitações e avanços percebidos
quanto a integração dos sistemas na empresa estudada.
3.2 – Ações em SGQ

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A análise da gestão da qualidade na empresa D&A compreendeu as estratégias relacionadas a


filosofia, métodos de trabalho, melhoria continua e ferramentas da qualidade (5 Ss, JIT,
Benchmarkig, fluxogramação de processos, dentre outros (Quadro 1).

Estratégias Ferramentas da Qualidade Realidade da Empresa


relacionadas
a:
Filosofia Produção da qualidade - Desenvolveu o programa 5S;
- Elaborou projeto de re-arranjo de
instalações, tendo implantado parcialmente.
Visão do processo de gestão - A preocupação com a qualidade no produto
inicia desde a concepção do projeto.
- Para implementação de novas tecnologias
foram instituídos treinamentos no local de
trabalho;
- Ocorrência sistemática de redução de
custos, após 6 meses das mudanças
planejadas;
- Foram instituídos 2 líderes, um na
produção e outro na instalação;
- Participação financeira da empresa no
pagamento parcial de estudos universitários
de 2 colaboradores.
Concepção de ação no - Ações voltadas à Produção Enxuta:
processo i) análise de maquinário para aquisição
considerando os critérios de redução de
consumo de energia, ruídos e aumento de
produtividade;
ii) redução de desperdícios com adoção de
formas eficazes de armazenamento de
matéria-prima.
Procedimento de ação Não ocorreu nenhuma ação de reengenharia.
gerencial
Conjunto de Procedimentos elementares As análises de problemas ainda ocorrem sem
Métodos de análise de problemas participação dos colaboradores ou uso de
ferramenta específica.
Procedimentos elementares Foram implantados Folhas de Checagem e
de visualização de processos estabelecidos Fluxogramas dos Processos.
Planejamento Elaborado um Plano de Ação anual com
desdobramento mensal.
Automação de processos Restrito aos processos de compras e vendas.
Melhoria Procedimento de organização Produção JIT
Contínua do processo
Procedimento de otimização Meta estabelecida para retorno ZERO.
do processo
Atualização do processo Benchmarkig.
Serviço a O que o cliente quer Implantação de pesquisa de satisfação do

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consumidores cliente.
e clientes O que quer o cliente tem Implantação de pesquisa de satisfação do
prioridade e atenção cliente.
Envolvimento Atribuição de Realização de definição de atribuições e
da mão-de- responsabilidades responsabilidades, envolvendo especialmente
obra o uso e manutenção dos equipamentos.
Organização de esforços Os projetos e produtos são inspecionados
pela equipe envolvida.
Estratégias desenvolvidas por Não adota o Diagrama de Similaridade.
similaridade
Introdução à ação Incremento de reuniões com as equipes
participativa técnica e administrativa.
Ações integradas de Incremento de reuniões com as equipes
envolvimento técnica e administrativa.
Quadro 1: Estratégias e ferramentas utilizadas na gestão da qualidade
Fonte: Adaptado de Paladini, Edson Pacheco. Gestão da Qualidade: teoria e prática. São
Paulo: Atlas, 2000, p. 221-264.
A consolidação do Sistema de Gestão da Qualidade tem ocorrido em função do
direcionamento estratégico da empresa. Observando-se as ferramentas implementadas e os
ganhos decorrentes deduze que esta alinhada com as estratégias da qualidade estas sustentam,
sistema de gestão. Entretanto, faz-se necessário a adoção de ferramentas específicas para o
planejamento, automação de processos na produção, estabelecimento de indicadores relativos
aos consumidores.
3.3 – Ações em SGA
A empresa optou por adotar o Programa de Prevenção de Risco Ambiental (PPRA),
regulamentado pelo Ministério do Trabalho – Portaria 3.214 de 08/06/78 e demais normas
regulamentadoras, como diretriz para sua política ambiental. Para tanto, o Plano de Ação
anual e suas revisões mensais compreendem ações de melhoria da gestão ambiental, sendo
incorporadas mudanças nas operações a partir do atendimento ou não das determinações das
normas regulamentadoras. Cabe a Gerencia Geral e equipes a análise crítica dos resultados
das intervenções planejadas, percebendo-se que na práxis da empresa uma proximidade
Modelo de Sistema de Gestão Ambiental (figura 1).
Verificou-se o cumprimento da NR-09, portaria no. 25 de 29/12/94 e publicação em 15/02/95,
entre os itens observados merecem destaque a adequação de iluminação na área de produção,
bem como o conforto térmico (ventilação adequada).
De acordo, com a NR 15, o nível de ruído ainda está acima do permitido; as tarefas por serem
diversificadas não ocasionam doenças ocupacionais devidas às repetições demasiadas; as
máquinas estão adequadas permitindo uma postura correta do trabalhador; e a freqüência de
risco é eventual.

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Figura 1. Modelo de Sistema de Gestão Ambiental.


Fonte: NBR ISO 14001.
A empresa também vem trabalhando na atenção a elementos da norma ISO 14001 no que diz
respeito à prevenção ou mitigação de impactos ambientais relacionados a contaminações de
solo, água, ar, flora e fauna, e outros processos significativos no contexto ambiental.
Sua avaliação das conseqüências ambientais das atividades e produtos permitiu a execução de
ações como: troca de equipamentos (redução de ruídos), revisão de instalações elétricas, re-
layout que aproveitou melhor a iluminação e ventilação natural, reutilização de materiais de
embalagem (papelão e plástico bolha). Destaca-se ainda o retorno de perfis de alumínio para
as empresas fornecedoras para reciclagem, além de promover doações de refugos dos vidros e
de embalagens.
3.4 – Ações de Saúde Ocupacional e de Segurança e Saúde no Trabalho - SST
Verifica-se que na empresa A&D, ora em estudo, a gestão de SST está de acordo com as
exigências das normas regulamentadoras. Cada acidente é projetado de uma massa de
comportamentos de risco ocorridos anteriormente, em que há uma demonstrável relação entre
a freqüência de comportamentos de risco não pró-ativos e a freqüência de acidentes.
Neste contexto, o sistema de gestão de SST alcança o sucesso em sua implementação, quando
deixa de controlar e julgar as tomadas de decisão das pessoas e descobre a metodologia
correta para transformar as premissas e valores que as pessoas utilizam à frente de uma
situação-problema. Foi prática adotada pela empresa para resolver o problema do uso
contínuo dos EPIs foi o estabelecimento de uma bonificação mensal relacionada à utilização
destes equipamentos.
3.5 – Integração das ações
Considerando que um sistema de gestão pode ser conceituado como um conjunto de pessoal,
recursos e procedimentos, dentro de qualquer nível de complexidade, cujos componentes
associados interagem de uma maneira organizada para realizar uma tarefa específica e
atingem ou não um dado resultado. (FROSINI E CARVALHO, 1995)
Nesse contexto, todo sistema de gestão utiliza-se de um caminho para chegar ao seu objetivo.
Esse caminho é um processo, através do qual e com o qual se pode estabelecer um controle de

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sua ação. Portanto, processos, procedimentos e práticas inicialmente promovidos no âmbito


de um dos sistemas discutidos podem corroborar para o atingimento de objetivos definidos em
outro, conforme visualizado na Figura 2.

Ações em Ações em
SGQ SGA
Resultados
mais
efetivos
para a
Ações de Ações
Saúde de
Ocupacional SST

Figura 2. Integração de Ações dos Sistemas

Neste trabalho o Sistema Integrado de Gestão (SIG) foi definido como a integração dos
sistemas de gestão da Qualidade com o Meio Ambiente e com a Saúde e Segurança no
Trabalho. Essa integração têm como objetivo aprimorar a gestão da empresa com a obtenção
de informações em tempo real, agilizando assim o processo de tomada de decisões.
O estudo apresentado mostra a necessidade da incorporação do sistema integrado de gestão ao
sistema global de gerência da pequena empresa, por que procura possibilitar uma melhor
utilização dos espaços físicos, recursos humanos, recursos de informação e de comunicação,
planejamento, acesso e uso da legislação, induz a práticas não poluidoras bem como a
destinação dos recursos financeiros. Portanto, sua implementação contribuirá para a melhoria
do desempenho de toda a organização e do atendimento às partes interessadas. IDROGO
(2003, p.322)
A pesquisa evidencia que a implantação do SIG promoveu a redução de resíduos,
minimização de agressões ambientais, aumento de produtividade do sistema, melhor
aproveitamento da matéria-prima, além de otimização do desempenho organizacional como
um todo.
Percebe-se que os maiores desafios residem nos aspectos de mudanças comportamentais, não
restritas àqueles colaboradores diretamente ligados à produção, mas aos gestores. Também
muitas das ações empreendidas possuem investimentos financeiros passíveis de serem
assumidos a partir de um planejamento.
4 – CONCLUSÕES
Grande parte das discussões acerca de Sistema Integrado de Gestão volta-se a sua utilização
em corporações de médio e grande porte, diferentemente do estudo apresentado.
Consiste num ponto de reflexão as questões da implantação de ações inerentes ao
estabelecimento da qualidade aproximam-se a consciência dos gestores quanto a sua
importância para a sobrevivência no mercado, além de efetivar adequações em seu modelo de

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gestão condizentes a processos decisórios (estratégico, tático e operacional) em prol da


concretização da qualidade.
Estabelecer uma nova realidade que traduza um SIG não ocorrerá em curto espaço de tempo,
visto que conversão da cultura da empresa é possível com a realização de um trabalho
processual, onde são envolvidas mudanças profundas no modus operandi da organização.
Assim, novamente destaca-se o papel dos gestores, visto que o início da verdadeira mutação
organizacional se dá mediante a conversão da cultura gerencial dos gestores.
Este artigo procura mostrar que através de ações planejadas conjuntamente favorecem a
integração dos sistemas de Gestão Ambiental, Gestão da Qualidade e Saúde e Segurança no
Trabalho de forma mais eficiente do que através de sistemas de gestão isolados.
A análise das ações da empresa D&A relacionadas a cada um dos sistemas em separado
evidencia a existência de uma Política de Gestão Integrada de Sistemas. Contudo, é percebido
que ainda não se pode considerar que foi atingido um nível ótimo. A prática ainda permite
verificar que as organizações vão priorizando sua atenção a determinadas ações a partir de
elementos influenciadores internos e/ou externos, que tenham maior impacto em seus
resultados.
Evidenciou-se ainda, que a empresa atualmente realiza um trabalho mais efetivo para integrar
os sistemas gestão ambiental e de segurança e saúde do trabalho com o objetivo de promover
melhorias em relação à degradação do meio ambiente, relações com seus colaboradores, bem
como comunidade do entorno.
A empresa pesquisada serve, assim, como um exemplo a ser observado por outras empresas
de pequeno porte que pretendam participar de forma mais competitiva em mercados e
segmentos, a partir da implementação de um SIG.
O trabalho apresenta algumas limitações, pois a pesquisa foi feita em uma única empresa.
Para trabalhos futuros, sugere-se que a pesquisa seja realizada também em outras empresas de
pequeno porte, permitindo de estudos comparativos e outras análises.
Observa-se que o caminho trilhado pela empresa estudada foi possível a partir de estratégias e
ferramentas adequadas, além do estabelecimento de padrões a serem seguidos nos sistemas
considerados (Qualidade, Ambiental e SST).
REFERÊNCIAS
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SGA e certificação ISSO 14.00.1. Curitiba: Juruá, 2004.
ANDRADE, R. O. B. de et al. Gestão Ambiental - Enfoque estratégico aplicado ao
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BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: construindo vantagem
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CERQUEIRA, Jorge Pedreira de. Sistemas de gestão integrados: ISSO 9001, NBR 16001,
OHSAS 18001, SA 8000: Conceitos e Aplicações. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006.

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CHAIB, E. B.D´Angelo. Proposta para implementação de sistema de gestão integrada de


meio ambiente, saúde e segurança do trabalho em empresas de pequeno e médio porte: um
estudo de caso da indústria metal-mecânica. COPPE / UFRJ, Rio de Janeiro, 2005.

DONAIRE, D. Gestão Ambiental na empresa. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.


FROSINI, L. H., CARVALHO, A. B. M. de. Segurança e saúde na qualidade e no meio
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IDROGO, Aurelia Altemira Acuña. Sistema integrado de gestão da qualidade, meio ambiente
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LONGO, R. M. J. Gestão da qualidade: evolução histórica, conceitos básicos e aplicação na
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