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A REALIDADE DO SISTEMA PRISIONAL NO BRASIL

Virginia da Conceição Camargo 

1 – INTRODUÇÃO

A função deste trabalho é mostrar a realidade vivida hoje, no sistema


prisional, onde quase diariamente a mídia publica matéria sobre rebeliões em
presídios. Sentenciados que são mortos por seus próprios companheiros,
funcionários e familiares de detentos transformados em reféns, resgates e
fugas audaciosas e espetaculares praticadas por criminosos.

As regras nem sempre são cumpridas e a aplicação penal nem sempre é


imposta de maneira adequada, pois hoje em dia o preso é esquecido, a
corrupção dentro das cadeias e penitenciarias cresce de maneira assustadora e
ainda para piorar mais a situação, as facções se estendem dentro e fora dos
presídios. 

Infelizmente estamos nos habituando num processo de caos, onde o que


ocorre é a falência e desestruturação do sistema carcerário. O descaso dos
governantes, a falta de estrutura, a superlotação, a inexistência de um trabalho
para a recuperação do detento.

Assim é nosso sistema, promessas e nada de recompensas. Mas também não


devemos nos esquecer que o Congresso Nacional infelizmente tem aprovado,
atendendo à pressão da área de direitos humanos do Governo Federal e das
notórias organizações não-governamentais que atuam no País, leis que cada
vez mais afrouxam o Código Penal, mas principalmente a Lei de Execuções
Penais. Com isso, cada vez mais os privilégios foram pouco a pouco
incorporados ao rol de direitos mínimos que todo recluso tem de ter, a ponto
de banir do sistema penitenciário todo resquício de exercício da autoridade
pública, seguido também pelo alto grau de corrupção existente no sistema. O
excesso de direitos como o de ócio, o das visitas íntimas, o de receber
alimentos para estocagem nas celas, o de não usar o indispensável uniforme
distintivo dos reclusos, entre outros eliminou a disciplina presidiária. O
sentido punitivo da pena foi completamente abolido, por considerar-se
“contrário aos direitos humanos dos internos” e à evolução histórica do
Direito Penal.

FALÊNCIA DO SISTEMA PRISIONAL

Sabemos que o sistema carcerário no Brasil está falido. A precariedade e as


condições subumanas que os detentos vivem hoje, é de muita violência. Os
presídios se tornaram depósitos humanos, onde a superlotação acarreta
violência sexual entre presos, faz com que doenças graves se proliferem, as
drogas cada vez mais são apreendidas dentro dos presídios, e o mais forte,
subordina o mais fraco. 

O artigo 5º, XLIX, da Constituição Federal, prevê que “é assegurado aos


presos o respeito à integridade física e moral”, mas o Estado não garante a
execução da lei. Seja por descaso do governo, pelo descaso da sociedade que
muitas vezes se sente aprisionada pelo medo e insegurança, seja pela
corrupção dentro dos presídios.

Mudanças radicais neste sistema se fazem urgentes, pois as penitenciárias se


transformaram em verdadeiras "usinas de revolta humana", uma bomba-
relógio que o judiciário brasileiro criou no passado a partir de uma legislação
que hoje não pode mais ser vista como modelo primordial para a carceragem
no país. O uso indiscriminado de celular dentro dos presídios, também é outro
aspecto que relata a falência. Por meio do aparelho os presidiários mantêm
contato com o mundo externo e continuam a comandar o crime. Ocorre a
necessidade urgente de modernização da arquitetura penitenciária, a sua
descentralização com a construção de novas cadeias pelos municípios, ampla
assistência jurídica, melhoria de assistência médica, psicológica e social,
ampliação dos projetos visando o trabalho do preso e a ocupação, separação
entre presos primários e reincidentes, acompanhamento na sua reintegração à
vida social, bem como oferecimento de garantias de seu retorno ao mercado
de trabalho entre outras medidas. 

Segundo Mario Ottoboni,2 o delinqüente é condenado e preso por imposição


da sociedade, ao passo que recuperá-lo é um imperativo de ordem moral, do
qual ninguém deve se escusar. A sociedade somente se sentirá protegida
quando o preso for recuperado. A prisão existe por castigo e não para castigar,
jamais devemos nos esquecer disso. O Estado não se julga responsável pela
obrigação no que diz respeito ao condenado. A superlotação é inevitável, pois
além da falta de novos estabelecimentos, muitos ali se encontram já com
penas cumpridas e são esquecidos. A falta de capacitação dos agentes, a
corrupção, a falta de higiene e assistência ao condenado também são fatores
que contribuem para a falência. O Estado tenta realizar, na prisão, durante o
cumprimento da pena, tudo quanto deveria ter proporcionado ao cidadão, em
época oportuna e, criminosamente deixou de fazê-lo. Mas este mesmo Estado
continua a praticar o crime, fazendo com que as prisões fabriquem
delinqüentes mais perigosos, e de dentro das cadeias os presos continuam
praticando crimes e comandando quadrilhas. 

A população carcerária

A população carcerária no Brasil, hoje é de 361.402 segundo informação do


Depen. As vagas no sistema penitenciário é de 206.347, sendo que 64.483
encontram-se cumprindo penas na Secretaria Segurança Publica. Entre 1995 a
2005, a população cresceu 94% de modo que a cadeia acaba sendo um espaço
de punição, exclusão e materialização da criminalização da pobreza. Como no
resto do mundo é formada por jovens, pobres, homens com baixo nível de
escolaridade. Pesquisas feitas sobre o sistema prisional indicam que mais da
metade dos presos tem menos de trinta anos, 95% são pobres, 95% são do
sexo masculino e 2/3 não completaram o primeiro grau, sendo 10,4%
analfabetos. Devido à pobreza, esta população possuem pouca influência
política, o que faz com que as chances de obter apoio para colocar fim aos
abusos se torne muito pequenas. 

O ultimo censo publicado em 23 de outubro de 1996, feito pelo Ministério da


Justiça, sob responsabidade de Paulo Tonet Camargo publicado pela revista
Veja, procurou esclarecer os problemas enfrentados pela atual realidade do
sistema carcerário brasileiro. Embora este números tenham aumento no
momento e destacado logo no início, é necessário mostrar como a exatamente
a 10 anos se encontrava o sistema, o que nos faz crer que hoje a realidade é
ainda mais horrorizante. Naquele ano o pais possuía 150.000 presos, 15% a
mais que em 1994. A massa carcerária cresce ao ritmo de um preso a cada 30
minutos; a AIDS prolifera entre detentos com rapidez de uma peste. Cerca de
10% a 20 % dos presos estão contaminados. 48% dos seqüestradores presos se
encontravam no Rio de Janeiro. Os homens já representavam 95,5% da
população carcerária, e a maioria cumpre pena por assalto, furto ou trafico de
drogas. 50.000 homens e mulheres já se e’ncontravam confinados
irregularmente em celas de delegacias e cadeias publicas. O outro tipo de
prisão irregular constatado naquele momento mas não divulgado o numero era
o de pessoas que já haviam cumprido pena e não haviam sido libertadas ainda,
o que no momento ainda ocorre no pais inteiro. 

Uma pesquisa feita em 1964, demonstra que 90% dos ex-detentos pesquisados
procuram emprego nos dois primeiros meses, após libertado. Depois de
encontrarem fechadas as portas, voltaram a praticar o crime. Estudos mostram
que 70% daqueles que saem da cadeia, reicidem no crime. Mais uma vez é
necessário lembrar, que embora este numero tenha sido apresentado em 1964,
a realidade hoje ainda continua sendo esta, pois a sociedade teme em ocupar
dos serviços de uma pessoa que possui passagem pela policia, tendo cumprido
pena. 

Superlotação gera rebelião

A superlotação devido ao numero elevado de presos, é talvez o mais grave


problema envolvendo o sistema penal hoje. As prisões encontram-se
abarrotadas, não fornecendo ao preso um mínimo de dignidade. Todos os
esforços feito para a diminuição do problema, não chegaram a nenhum
resultado positivo, pois a disparidade entre a capacidade instalada e o número
atual de presos tem apenas piorado. Devido a superlotação muitos dormem no
chão de suas celas, às vezes no banheiro, próximo a buraco de esgoto. Nos
estabelecimentos mais lotados, onde não existe nem lugar no chão, presos
dormem amarrados às grades das celas ou pendurados em rede.

Os estabelecimentos penitenciário brasileiro, variam quanto ao tamanho,


forma e desenho. O problema é que assim como nos estabelecimento penais
ou em celas de cadeias o numero de detentos que ocupam seus lugares chega a
ser de cinco vezes mais a capacidade. Uma pesquisa feita no antigo complexo
penitenciário do Carandiru, mostrava que a Casa de Detenção mantinha 6.508
detentos em sete pavilhões diferentes, sendo que a capacidade era de 500
detentos. Tamanha irresponsabilidade por parte dos governantes, foi que em
1992, explodiu uma grande rebelião, que terminou na morte de 111 detentos, e
muitos feridos. As prisões paulistas ainda continuam a demonstrar, que as
condições continuam as mesmas ou até piores. Nos últimos meses, varias
rebeliões estouraram no estado. Segundo o jornal O Globo Online, a revolta
dos detentos continuam a ser devido a superlotação. No Centro Provisório de
Campinas-Hortolândia a lotação máxima é de 768 presos, mas o lugar abriga
no momento mais de 1.419. Na Penitenciaria de São Vicente a capacidade é
de 750, e abriga 1.097. Na cadeia publica de São Sebastião estão presos 240
homens, e sua capacidade é de 60. Todos os lugares mencionados foram alvo
de rebeliões. Conforme mencionado no titulo a realidade do sistema, que hoje
se encontra falido, as rebeliões são formadas para buscar no Estado a
dignidade humana de que o preso tem direito. Com a lotação do sistema
prisional, não existem mais estabelecimentos prisionais destinados,
exclusivamente, aos presos que aguardam julgamento. Cadeias públicas,
delegacias, presídios, penitenciárias, todos foram transformados em depósito
de pessoas, que não são tratados como tais. As rebeliões que tem acontecido
em todos os países, com tamanha freqüência, já fazem parte do dia a dia e é o
resultado da caótica realidade do sistema penitenciário. A reivindicação mais
comum é a de melhores condições nos estabelecimentos prisionais. 

FOCAUT, nos mostra que as causas das rebeliões, não difere das nossas
atuais:

Nos últimos anos, houve revoltas em prisões em muitos lugares do mundo. Os


objetivos que tinham, suas palavras de ordem, seu desenrolar tinham
certamente qualquer coisa paradoxal. Eram revoltas contra toda miséria física
que dura há mais de um século: contra o frio, contra a sufocação e o excesso
de população, contra as paredes velhas, contra a fome, contra os golpes. Mas
também revoltas contra as prisões-modelos, contra os tranqüilizantes, contra o
isolamento, contra o serviço médico ou educativo. Revoltas cujos objetivos
eram só materiais? Revoltas contraditórias contra a decadência, e ao mesmo
tempo contra o conforto; contra os guardas, e ao mesmo tempo contra os
psiquiatras? De fato, tratava-se realmente de corpos e de coisas materiais em
todos esses movimentos: como se trata disso nos inúmeros discursos que a
prisão tem produzido desde o começo do século XIX. O que provocou esses
discursos e essas revoltas, essas lembranças e invectivas foram realmente
essas pequenas, essas ínfimas coisas materiais. 

FOLCAULT ainda afirma que as rebeliões, ou revoltas, apresentavam


reivindicações dos presos não atendidas, principalmente com relação ao
tratamento dispensado pelos funcionários do sistema penitenciário, como se
vê a seguir:

Quem quiser tem toda a liberdade de ver nisso apenas reivindicações cegas ou
suspeitar que haja aí estratégias estranhas. Tratava-se bem de uma revolta, ao
nível dos corpos, contra o próprio corpo da prisão. O que estava em jogo não
era o quadro rude demais ou ascético demais, rudimentar demais ou
aperfeiçoado demais da prisão, era sua materialidade medida em que ele é
instrumento de vetor de poder; era toda essa tecnologia do poder sobre o
corpo, que a tecnologia da “alma” – a dos educadores, dos psicólogos e dos
psiquiatras – não consegue mascarar nem compensar, pela boa razão de que
não passa de um de seus instrumentos. É desta prisão, com todos os
investimentos políticos do corpo que ela reúne em sua arquitetura fechada que
eu gostaria de fazer a história. Por puro anacronismo? Não, se entendemos
com isso fazer a história do passado nos termos do presente. Sim, se
entendermos com isso fazer a história do presente

As alternativas para solucionar o problema que se agrava, seria a construção


de novos presídios, o livramento condicional de presos ou a privatização do
sistema prisional que continua em excesso.

Assistência Médica e higiene 

Segundo a Lei de Execução Penal em seus artigos 12 e 14 o preso ou


internado, terá assistência material, em se tratando de higiene, a instalações
higiênicas e acesso a atendimento medico, farmacêutico e odontológico. Mas
a realidade hoje não é bem assim. Muitos dos presos estão submetidos a
péssimas condições de higiene. 

As condições higiênicas em muitos estabelecimentos são precárias e


deficientes, alem do que o acompanhamento médico inexiste em algumas
delas. Quem mais sofre pela carência de assistência médica são as detentas,
que necessitam de assistência ginecológica. Além disso, muitas penitenciárias
não possuem sequer meios de transporte para levar as internas para uma visita
ao médico ou a algum hospital.Os serviços penitenciários são geralmente
pensados em relação aos homens, não havendo assistência específica para as
mulheres grávidas, por exemplo. Sanitários coletivos e precários são comuns,
piorando as questões de higiene. A promiscuidade e a desinformação dos
presos, sem acompanhamento psico-social, levam à transmissão de AIDS
entre os presos, muitos deles sem ao menos terem conhecimento de que estão
contaminados. Muitos chegam ao estado terminal sem qualquer assistência
por parte da direção das penitenciárias. Mas não somente a AIDS é
negligenciada. Segundo um relatório da Comissão Interamericana dos Direitos
Humanos sobre a situação dos direitos humanos no Brasil, muitos presos se
queixam de doenças gástricas, urológicas, dermatites, pneumonias e
ulcerações, mas não são atendidos adequadamente, afirmando que muitas
vezes nem sequer havia remédios básicos para tratar delas. O mesmo relatório
constata que muitos presos não recebem qualquer assistência visando prover
suas necessidades básicas como vestuário.tação e vestuário. Muitos sofrem
com o frio, outros acabam se molhando em dias de chuva e permanecem com
a roupa molhada no corpo, causando doenças como gripes fortes e
pneumonias. Para diminuir esta escassez, muito guardas são "subornados" por
parentes dos detentos que lhes providencia roupas em troca de dinheiro.A
possibilidade fática de um acompanhamento médico adequado evitaria que
certas situações de maus tratos, espancamentos e outras violências contra os
encarcerados ficassem sem a devida apuração e socorro.

Alimentação

Constitui também direito do preso à alimentação, que apesar de muitas vezes


não faltar, chega a ser desigual. No mesmo relatório apresentado pela
Comissão de Diretos Humanos, muitos presos denunciavam policiais
corruptos, pois quem possuía mais recurso recebia mais comida. O desvio de
comida é muito grande, sendo feita até mesmo pelos guardas ou pessoas
subornadas a eles. 

No estado de Minas Gerais, a parte a que toca em alimentação é feita através


de processo licitatório, onde empresas concorrem para a prestação do serviço
de alimentação aos detentos. A alimentação é fornecida pelas empresas sem
que não há contato com os presos no processo de preparo. As instalações são
próprias das empresas, sendo fora dos estabelecimentos penitenciário.

Nos presídios onde a cozinha ainda está em atividade, estas se apresentam,


como as demais partes dos estabelecimentos, velhas e sem manutenção, sem
as mínimas condições de higiene, onde até as áreas destinadas ao estoque de
mantimentos são geralmente sujas, servindo como lugar de moradia de ratos e
insetos.

Trabalho

De acordo com a LEP, todos os presos condenados devem trabalhar. É preciso


notar, porém, que as obrigações legais com relação ao trabalho prisional são
recíprocas: os detentos têm o direito de trabalhar e as autoridades carcerárias
devem, portanto, fornecer aos detentos oportunidades de trabalho. Apesar das
determinações legais, entretanto, os estabelecimentos penais do país não
oferecem oportunidades de trabalho suficientes para todos os presos. 

Art.28. O trabalho do condenado , como dever social e condição de dignidade


humana, terá finalidade educativa e produtiva. 

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semi-aberto


poderá remir, pelo trabalho, parte do tempo de execução da pena.

Art. 128. O tempo remido será computado para a concessão de livramento


condicional e induto.

Laborterapia, trata-se de ocupar o tempo fazendo uma atividade profissional .


Poderão os detentos desenvolver atividades que varia da manutenção do
presídio, panificação, cozinha e faxina, até atividades como a confecção de
bolas , caixões e outras tantas atividades mais que possam ser desenvolvidas
dentro dos presídios. As prisões deves ser reformuladas com a criação de
oficinas de trabalho, para que a laborterapia possa ser aplicada de fato, dando
oportunidade para que o condenado possa efetivamente ser recuperado para a
vida em sociedade. 
No relatório feito também pela Comissão de Direitos Humanos, pode
comprovar que nem todos os estabelecimentos penais oferecem trabalho aos
detentos, violando assim seus direitos e deveres. Embora a proporção de
detentos que se dedicam a alguma forma de trabalho produtivo varie
significativamente de prisão para prisão, apenas em algumas prisões femininas
foram encontradas de fato oportunidades de trabalho abundantes. 

A situação é pior ainda nas delegacias policiais. A única oportunidade de


trabalho que elas oferecem é serviço de faxina. Apenas poucos detentos em
cada carceragem trabalham nesse serviço, geralmente de dois a seis detentos,
dependendo do tamanho da delegacia. Todos os outros detentos, condenados
ou não, ficam ociosos. 

Deve-se ressaltar que o reduzido número de detentos empregados é resultado


da escassez de oportunidades de trabalho, e não de falta de interesse da parte
dos detentos. Para começar, de acordo com a LEP o trabalho deveria ser
obrigatório, e não opcional. Mas ainda mais convincente, na prática, é o
incentivo criado pela própria lei para a redução de sentenças. De acordo com
esse dispositivo legal, para cada três dias de trabalho, um dia deve ser
debitado da sentença do detento. Ansiosos para sair da prisão o mais rápido
possível, quase todos os detentos estão dispostos a trabalhar, mesmo sem
receber. Na verdade, os detentos reclamaram muitas vezes da falta de
oportunidades de trabalho. A escassez de trabalho nas carceragens das
delegacias é uma das muitas razões pelas quais os detentos se revoltam para
serem transferidos para as prisões. Os que possuem trabalho, estes variam da
manutenção, limpeza e reparos, oferecidos nas prisões, que são contratos por
empresas particulares.

Algumas prisões tem oficinas controladas pela Fundação Nacional


Penitenciaria (FUNAP), órgão encarregado de gerir o trabalho profissional.
Nessas oficinas os presos trabalham em serviços de costura e carpintaria. O
salário varia de prisão para prisão, e conforme a LEP, é determinado que os
detentos recebam três quartos do salário mínimo por mês, sendo que muitas
prisões não pagam nada aos detentos, violando assim a lei. O salário varia de
prisão para prisão, e conforme a LEP, é determinado que os detentos recebam
três quartos do salário mínimo por mês, sendo que muitas prisões não pagam
nada aos detentos, violando assim a lei.

Assistência jurídica e social

Hoje, o povo tem clara consciência da aplicação discriminatória da lei, ate


pelas tradições do direito. O artigo 5º da Constituição Federal em seu inciso
LVII, se lê “ninguém será considerado culpado ate o transito em julgado da
sentença penal condenatória”. Mas, o que ocorre é que inocentes se encontram
juntos a criminosos. 

Além do mais, isso é considerado uma ofensa ao direito à vida e à honra das
pessoas, a questão do duplo grau de culpa ou dolo nas condutas ilícitas. Nesse
duplo grau, encontra-se a figura do advogado. Quem tem bom advogado tende
a receber punição mais branda em relação a quem não dispõe de meios
econômicos para sua defesa. O processo criminal do réu pobre corre mais
rápido que o do delinqüente ou inocente com poder econômico. A assistência
jurídica é de direito de todos os presos, mas parte destes são de classe baixa,
tendo que esperar o serviço de assistência gratuita, que possui um numero
muito baixo de defensores públicos, o que não resta a estes esperar por uma
oportunidade. No sentido da assistência social, o preso deve receber amparo
para ser preparado para sua liberdade. O assistente social deverá realizar
trabalhos, para instruí-lo como na conquista de um emprego, na regularização
de documentos e na sua socialização. Atualmente, o numero de assistentes
também é muito baixo, sendo que os serviços muitas vezes são prestados por
voluntários como jovens, religiosos e alguns outros que sente compaixão pelo
detento.

CONCLUSÃO

Feito este estudo, através de pesquisas e assim podendo criar meu trabalho
acadêmico, pude concluir que nosso país possui um sistema prisional falido e
longe de poder adequar, de poder proporcionar segurança a nossa sociedade. 

As prisões que teriam por objetivo corrigir, tornam cada vez mais uma fabrica
de delinqüentes, e também colabora para a corrupção de nossos servidores. 
Pude notar sim, que muitas mudanças ocorreram da antiguidade para o
presente. Mas mudanças não muito benéficas, a não ser o fato de não existir
mais pena de morte, o que violaria nossa Constituição. Mas o que de proveito
ocorreu? Os poderosos continuam a mandar, continuam a impor regras sobre
os mais fracos, e o Estado somente dita regras, e não fiscaliza o poder por ele
demandado.

Os presos cada vez mais comandam os presídios, e requerem direitos e


regalias, com o famoso Direito de Proteção Humana, sentindo-se que tudo
podem. É uma vergonha, e se medidas não forem tomadas urgente, com
certeza no futuro muito próximo, estaremos vivendo uma possível guerra
civil.

A sociedade não acredita mais que está segura, pois de dentro das maiores
penitenciarias, consideradas de segurança máxima, assassinos e criminosos
comandam o crime lá de dentro.

Este é o retrato do Brasil para mim. Um país sem dono, como um filho sem
pai para educá-lo e corrigi-lo.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFIA

ALBERGARIA, Jason. Das penas e da Execução Penal. 2ª ed. rev. e atual.


Belo Horizonte: Del Rey, 1995.

BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 2ª ed. rev. e atual. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 1997.

Código Universitário Saraiva. São Paulo: Saraiva, 2005

FOLCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 28 ed. Petrópolis.: Vozes, 2004.

GALVÃO, Fernando. Aplicação da Pena. Belo Horizonte: Del Rey, 1995.

HERKENHOFF, João Baptista. Direitos Humanos: a construção universal de


uma utopia. Aparecida: Santuário, 1997.

MIRABETTI, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 18 ed. São Paulo.


Atlas, 2001.

MUAKAD, Irene Batista. Pena Privativa de Liberdade. São Paulo: Atlas,


1996.
OTTOBONI, Mário. Ninguém é irrecuperável. 2º ed. ver. e atual. São Paulo:
Cidade Nova, 2001.

OTTOBONI, Mário. Vamos matar o criminoso?. 2º ed. São Paulo: Paulinias,


2001.

RODRIGUES, Alan. Sob o domínio do crime. Revista ISTO É, São Paulo, nº


1909 24 de junho de 2006.

Virginia da Conceição Camargo é acadêmica de direito cursando o último ano


na Faculdade de Direito do Sul de Minas

Sistema prisional do Paraná


está em situação caótica,
segundo OAB

De Daiane Rosa no Jornale, foto de Lineu Filho

Cadeias superlotadas e interditadas, presos em situação desumana, cruel e degradante, esta é a


conclusão a que chegaram representantes da Comissão de Defesa de Direitos Humanos da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os dados foram obtidos em visitas a unidades prisionais
do Paraná que resultaram em um relatório sobre a situação de presos provisórios e condenados
no estado que revela uma realidade assustadora. “Encontramos presos com bolor e até bernes
na pele por causa das péssimas situações das delegacias”, conta a presidente da comissão de
direitos humanos da OAB/PR, Priscilla Placha Sa.
Outros problemas nas carceragens são a ausência de ventilação, luminosidade e até de água.
“Nas celas onde não bate sol a temperatura é 10º acima da temperatura do lado de fora.
Registramos casos de celas onde a temperatura chegou a 55º”, revela. No 12º Distrito Policial,
em Curitiba, que foi considerado a pior delegacia visitada pelos representantes do Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) um buraco conhecido como “boi” é utilizado como vaso sanitário por
mais de 50 encarcerados. Em casos extremos, a situação precária não resultou em apenas lesões
corporais, mas até na morte do detento. “Para a OAB é inaceitável que presos sejam tratados
dessa maneira”, disse.

“Temos como urgências a delegacia da Lapa, Pinhais, Ponta Grossa, Arapongas, o 9º e o 12º
distrito”, afirma. No Paraná, a subdivisão de Londrina, a delegacia de Paranaguá, Pinhais, Lapa
e o 9º, 11º e 12º distrito já foram interditados, alguns mais de uma vez, e muitos ainda
continuam funcionando. A delegacia de Paranaguá tem capacidade para 27 pessoas, mas
comporta atualmente cerca de 270 presos. “Esta cadeia pública exemplifica o que não se deve
fazer nunca. Infelizmente, esta não é uma exceção mas uma regra geral em todo o estado”,
lamenta o presidente da OAB/PR, José Lucio Glomb.

O governador do estado, Orlando Pessuti, já assinou a ordem de construção da nova instalação


da delegacia que vem sendo prometida há bastante tempo. “Há 20 anos denunciamos a situação
precária de Paranaguá, os representantes até compraram um terreno, ficamos aguardando a
construção, que não saiu até hoje por razões de rivalidade política”, acredita a presidente da
subseção da OAB em Paranaguá, Dora Maria Chüller, que diz que a delegacia não tem ratos e
baratas porque não cabe. Esta unidade prisional está sofrendo a terceira interdição. “Se a
construção das novas instalações ficar só na promessa vamos fechar Paranaguá com a parceria
de sindicatos da região. Daí ninguém vai entrar e ninguém vai sair da cidade até que se tome
uma providencia de verdade”, ameaçou.

A situação é caótica em todo o estado, inclusive no interior, segundo a presidente da comissão


de direitos humanos da OAB/PR. Entre as urgências está a retirada de presos provisórios de
penitenciárias e de presos definitivos de delegacias. O Paraná possui a maior população de
presos provisórios do Brasil. “As autoridades só pensam em intensificar as penas, mas não se
preocupam com a condição em que se encontra o preso”, reclama o membro da comissão de
diretos humanos do conselho federal da OAB Dálio Zippin Filho. Para Priscilla, nenhuma
delegacia ou DP do estado cumpre o que determina a legislação e a única unidade do sistema
prisional que “ensaia” uma boa situação é o minipresídio de Ponta Grossa.

Entre as medidas apontadas como alternativas, para minimizar problema, estão a atuação
efetiva do poder executivo e da defensoria pública, com um corpo técnico trabalhando para a
melhoria do sistema carcerário, um canal de comunicação aberto entre as secretarias de
segurança pública e da justiça e cidadania e a atuação conjunta do poder judiciário e do
Ministério Público.

O número da população carcerária não é exato e há conflitos de estatísticas por parte do


relatório do Mutirão Carcerário que afirma que existem cerca de 29.577 presos no estado contra
37.440 presos registrados no banco de dados do Infopen. 75% dos detentos têm de 18 a 34 anos,
50% trabalhava na construção civil ou prestação de serviços, 6,5% é analfabeto e apenas 0,57%
têm o ensino superior completo, o correspondente a 75 presos. “Ou seja, a população carcerária
é bastante jovem e pobre”, conclui Priscilla.

Domingo, 1 de Agosto de 2010 – 10:40 hs.  Deixe um comentário.


« Em Curitiba, Lula propõe abrigar mulher iraniana condenada à morte

Governo quer que presídios do Paraná tenham


mais 6 mil vagas até 2014
QUI, 13 DE JANEIRO DE 2011 11:17

Diagnóstico avalia atual situação do sistema


penitenciário

A criação de 6 mil vagas no sistema penitenciário é um dos objetivos do governo Beto Richa
estabelecidos para o período 2011 a 2014, informou nesta quarta-feira (12) a secretária de Estado da
Justiça e Cidadania, Maria Tereza Uille Gomes, no Palácio das Araucárias. A secretária também listou
medidas emergenciais para desafogar, de início, o sistema prisional do Estado do Paraná.

De imediato, informou a secretária, foi criado um grupo de trabalho entre a Secretaria da Justiça (Seju), a
Secretaria de Segurança Pública, Ministério Público e o Poder Judiciário para montar um banco de dados
e um diagnóstico da situação nos distritos policiais e penitenciárias do estado. “Primeiramente, toda ação
depende de um diagnóstico. Com esses números, poderemos entender a situação e tomar as atitudes
cabíveis”, afirmou Maria Tereza.

ALTERNATIVA - Com base no banco de dados, a equipe poderá executar um projeto para a construção
de galpões industriais e alojamentos para abrigar os presos em regime semi-aberto, criando assim,
aproximadamente mil novas vagas, já no ano de 2011. “A minha intenção é verificar a implantação de
regime semi-aberto de maneira descentralizada no interior do estado. Alguns municípios mostraram
interesse na instalação de unidades do regime”.

Atualmente, três novas unidades penitenciárias estão em obras: em Maringá, Cruzeiro do Oeste e
Piraquara. Elas estão sendo executadas com recursos do estado, deverão ser entregues este ano e
abrirão outras vagas para reduzir o número de presos nas delegacias do estado.

A secretária informou ainda, que está em trâmite o repasse pelo Ministério da Justiça de R$ 79 milhões,
para a execução de obras das Casas de Custódia. O projeto arquitetônico será levado a Brasília nos
próximos dias.

Maria Tereza destacou a necessidade de integração entre todos os responsáveis pela ação penal, e
levantou a questão da regulamentação da Defensoria Pública. Adiantou que o projeto está em análise
para possíveis adequações. “Em caráter emergencial, precisamos da institucionalização da Defensoria
Pública. Ela será importante para oferecer um apoio jurídico adequado”, destacou a secretária.

VALORIZAÇÃO DO SERVIDOR – Para todos os cargos de direção e chefia, a secretária nomeou


funcionários de carreira, antiga reivindicação da classe para a valorização do servidor. “Dei prioridade
para que todos os cargos fossem assumidos por funcionários da casa, até porque existe um programa de
valorização do servidor público para que eles ocupem seus espaços. Vou pedir à Escola Penitenciária
cursos específicos para a formação de nossos agentes, e dos presos também”.

Maria Tereza Uille Gomes acrescentou ainda a necessidade da realização de concursos públicos para a
ampliação do quadro efetivo dos agentes e servidores administrativos, visando potencializar a estrutura,
hoje composta por 4.500 servidores para 14 mil presos no sistema penitenciário.

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