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Obrigação tributária:

Washington de Barros Monteiro conceitua obrigação


como sendo uma relação jurídica, de caráter transitório,
estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste
numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa,
devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o
adimplemento através do seu patrimônio.
A relação jurídico-tributária é obrigacional (não poderá
ser, portanto, um direito real - art. 1.225 do CC), tendo no
pólo ativo (credor) um ente político (União, Estado, DF e
Município) ou outra pessoa jurídica de direito público a
quem tenha sido delegada a capacidade ativa (p.e.:
autarquias), enquanto no pólo passivo (devedor) será um
particular (pessoa física ou jurídica de direito privado e,
em alguns casos, pessoas jurídicas de direito público),
obrigado ao cumprimento de uma prestação (que por
força do CTN, será pecuniária).
Estas duas figuras que compõem os elementos subjetivos da obrigação tributária
(sujeito ativo e passivo) serão estudadas na próxima aula.
Apesar de se valer do conceito civilista acerca do que é
obrigação, o CTN se vale das acepções principal e
acessória de forma diversa da utilizada pelo Direito Civil.
Estipula o CTN:
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou
acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do
fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo
ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente
com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação
tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou
negativas, nela previstas no interesse da arrecadação
ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.
O Direito Civil classifica as obrigações em de dar, de
fazer ou de não de fazer.
Para o CTN a obrigação de dar (dinheiro) sempre será a
obrigação principal (art. 113, §1º).
Aliás, a obrigação principal seria o tributo em si
(lembrem-se do conceito de tributo: prestação
pecuniária).
Obrigação principal:
Art. 113. A obrigação tributária é principal ou
acessória.
§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do
fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo
ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente
com o crédito dela decorrente.

A obrigação principal tributária será a de pagar quantia


certa em dinheiro (obrigação de dar).
Penalidades tributárias como obrigações principais:

Por força do disposto no §1º do art. 113 do CTN, as penalidades


pecuniárias (juros e multas) são tratadas como a obrigação
tributária principal, para fins de cobrança (uma vez que a sanção,
como já visto, não é tributo).
Ou seja: a penalidade tributária não é tributo, mas a obrigação de
pagá-la tem natureza tributária.
O objetivo ao adotar esta fórmula é submeter a cobrança das
penalidades tributárias ao mesmo regime jurídico adotado para a
cobrança do crédito tributário.
No entanto, existe a exceção da Lei de Falências (art. 83, III) e do
próprio CTN (art. 186, III, incluído pela LCp 118/05), na qual a
penalidade tributária deixou de ter a mesma preferência do crédito
tributário.
Obrigação acessória:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou


acessória.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação
tributária e tem por objeto as prestações, positivas ou
negativas, nela previstas no interesse da arrecadação
ou da fiscalização dos tributos.
As obrigações acessórias são as prestações positivas ou
negativas, ou, como se diz no Direito Civil, as de fazer ou
de não de fazer.
As obrigações de fazer são, em resumo: as de escriturar
livros fiscais e entregar declarações tributárias, dentre
outras; enquanto as de não fazer são: as de não rasurar a
escrituração fiscal, não receber mercadorias
desacompanhadas dos documentos fiscais e não
embaraçar a fiscalização, dentre outras.
O intuito destas obrigações é o de arrecadar e fiscalizar
(a arrecadação) dos tributos.
Obviamente, não são incluídas qualquer obrigação
pecuniária como acessória pois estas são,
necessariamente, principais (art. 113, §1º).
No Direito Tributário não vale a máxima do Direito Civil: o acessório segue o
principal.
Existem muitos casos em que encontraremos somente a obrigação acessória, por
exemplo:

As entidades que possuem imunidade tributária são obrigadas a manter


escrituração de suas receitas e despesas nos livros adequados (CTN).
Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
IV - cobrar imposto sobre:
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observados os requisitos
fixados na Seção II deste Capítulo;
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado à
observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos
de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.

(Na aula oportuna, será vista a relação imunidade tributária e responsabilidade


tributária)
Descumprimento da obrigação acessória:
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua
inobservância, converte-se em obrigação principal
relativamente à penalidade pecuniária.

O texto do §3º é impreciso, pois não há conversão da


obrigação acessória em principal (ou seja, eu não posso
escolher deixar de fazer a escrituração fiscal e pagar a
penalidade decorrente disto). Não há esta opção!
Se houvesse, uma vez cumprindo a obrigação acessória
convertida em principal (pagamento da penalidade
pecuniária) a obrigação acessória deixaria de existir (eu
não seria obrigado a fazer a escrituração fiscal).
Fato gerador
Fato gerador:
O art. 114 do CTN diz:
Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a
situação definida em lei como necessária e suficiente à
sua ocorrência.
Fato gerador VS Hipótese de incidência:
A terminologia utilizada pelo Direito para se referir ao fato
gerador enquanto este é apenas uma hipótese abstrata
(previsão legal) é a de hipótese de incidência.
Assim, a hipótese de incidência do IR é auferir renda e
proventos de qualquer natureza.
Já o termo fato gerador é usado para a materialização da
hipótese de incidência. Como se sabe, a palavra fato se
refere a algo concretamente verificado no mundo.
Assim, João ter recebido salário da empresa Malta Ltda.
constitui fato gerador para a incidência do IR.
Hipótese de incidência da obrigação principal:
Como determina o art. 114, definida em lei a hipótese
de incidência de determinado tributo, estabelecem-se,
portanto, os requisitos necessários e suficientes para que
ocorra um fato gerador de uma obrigação tributária
principal.
Por exemplo: para a incidência do II (imposto sobre
importação de produtos estrangeiros), são requisitos da
hipótese de incidência que a entrada no território
nacional de um produto que estava no estrangeiro e que
este produto seja estrangeiro.
Hipótese de incidência da obrigação acessória:
Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer
situação que, na forma da legislação aplicável, impõe a prática
ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
Tomemos, como exemplo, as hipótese de incidência de obrigações
acessórias descritas no Decreto 3.000/99:
Art. 160.  As pessoas físicas consideradas empresas individuais
são obrigadas a:
I - inscrever-se no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ
no prazo de noventa dias contados da data da equiparação
(Decreto-Lei nº 1.381, de 1974, art. 9º, § 1º, alínea "a");
Art. 214. As pessoas jurídicas em geral, inclusive as empresas
individuais, serão obrigatoriamente inscritas no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ, observadas as normas
aprovadas pelo Secretário da Receita Federal (Lei nº 9.250, de
1995, art. 37, inciso II).
Momento de ocorrência do fato gerador:
Art. 116. Salvo disposição de lei em contrário,
considera-se ocorrido o fato gerador e existentes os
seus efeitos:
I - tratando-se de situação de fato, desde o momento
em que o se verifiquem as circunstâncias materiais
necessárias a que produza os efeitos que normalmente
lhe são próprios;
II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento
em que esteja definitivamente constituída, nos termos
de direito aplicável.
Situações jurídicas:
As situações jurídicas são aquelas disciplinadas em
outros ramos do Direito.
Assim, para saber o momento em que a propriedade
imóvel está definitivamente transferida para efeito de
configuração do fato gerador dos impostos sobre a
transmissão (ITBI e ITCMD) ou para o efeito de modificar o
sujeito passivo dos impostos sobre a propriedade imóvel
(IPTU e ITR), a resposta estará na lei civil. (Ricardo
Alexandre).
Observem que tanto nas situações de fato, quanto nas
situações jurídicas, a lei tributária poderá dispor em
contrário (art. 116).
Situação jurídica condicionada:
Art. 117. Para os efeitos do inciso II do artigo anterior e
salvo disposição de lei em contrário, os atos ou
negócios jurídicos condicionais reputam-se perfeitos e
acabados:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de
seu implemento;
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da
prática do ato ou da celebração do negócio.
Preceitua o CC:
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando
exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do
negócio jurídico a evento futuro e incerto.

Condição VS Termo:

Condição: evento futuro e incerto (se acontecer). Atentem que


soma-se a condição ao lapso temporal estipulado. Assim, pode-se
imaginar que chover nunca poderia ser uma cláusula condicional de
um contrato (pois fatalmente, algum dia choverá). Porém, a
condição deve acontecer, ou não, dentro do prazo do contrato: se
chover até 31 de dezembro, se não chover até 31 de dezembro, se
chover no dia 31 de dezembro.
Termo: evento futuro e certo (quando acontecer): por exemplo: no
dia 31 de dezembro (ele virá, independentemente de qualquer
coisa).
Voltando ao art. 117:
O inciso I preceitua:
I - sendo suspensiva a condição, desde o momento de
seu implemento;

Assim, uma condição suspensiva é aquela cláusula que


suspende a eficácia do negócio jurídico até que se
implemente a condição.

Por exemplo: os pais de alguém fazem uma doação de um


imóvel com a condição suspensiva de que esta pessoa se
case.
O inciso II preceitua:
II - sendo resolutória a condição, desde o momento da
prática do ato ou da celebração do negócio.

Continuando o exemplo anterior, a pessoa veio a se casar,


e os pais de uma delas, no intuito de motivar a
manutenção do casamento, doam um imóvel (uma casa
de praia, por exemplo), com a condição resolutória de que
se eles se divorciarem o imóvel voltará para o patrimônio
destes mesmos pais.

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