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Direito administrativo

Princípios constitucionais
administrativos
Princípios constitucionais Administrativos

• Como nos ensina Celso Ribeiro Bastos,


“cada área do direito não é senão a concretização de
certo número de princípios, que constituem o seu
núcleo central(...), todas as normas que compõe o
direito administrativo devem ser estudadas,
interpretadas, compreendidas à luz desses
princípios(...). Os princípios são reconhecidos
exatamente como critérios informadores do direito
administrativo”.(Curso de Direito Administrativo, 1994, p. 23).
Afirma Odete Medauar:
“O ordenamento pátrio confere relevo aos princípios
gerais de direito. A Constituição de 1988, no § 2º, do
art. 5º faz decorrer direitos dos princípios por ela
adotados, nos seguintes termos: ‘Os direitos e
garantias expressos na Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela
adotados, ou dos tratados internacionais em que a
República Federativa do Brasil seja parte’. A atual Lei
de Introdução do Código Civil (Decreto-lei n.
4.657/42), no art. 4º, assegura aos princípios gerais
de direito a ‘condição de autêntica forma de
expressão do direito normativo”.(Curso de Direito Administrativo, 1996,
p.136).
E agora José????
2.1 - Princípio da legalidade
  Recepcionado no art. 5º, Incisos II e XXXV e no art. 37 da Constituição Federal.
Segundo Celso Ribeiro Bastos, a autoridade administrativa é criada pela
constituição e pela lei como um mero instrumento de “atuação e aplicação do
ordenamento jurídico (...)e, cumprirá melhor o seu papel quanto mais atrelada
estiver à própria lei, cuja vontade deve sempre prevalecer (...)não desfruta de
liberdade, escrava que é da ordem jurídica”.(op. cit. p. 25).
Sua concepção originária vinculou-se à separação dos poderes e ao
conjunto de idéias que fizeram oposição ao absolutismo. Traduzia a supremacia
do legislativo em relação ao poder executivo, exprimindo a supremacia da lei
sobre os atos e medidas administrativas, mediante a submissão da Administração
à lei.
Como afirma Odete Medauar:
“A compreensão desse princípio deve abranger a observância da lei formal,
votada pelo legislativo, e também os preceitos decorrentes de um Estado
Democrático de direito que é o modo de ser do Estado brasileiro (...), deve incluir a
observância dos demais fundamentos e princípios de base constitucional (...), o
Princípio da Legalidade obriga a Administração a cumprir as normas que ela
própria editou”.(op. cit. p. 138).
De acordo com esse princípio, a Administração deve respeitar todas as normas
 

 
2.1. 2 - Princípio da finalidade
Alguns autores, dentre eles Celso Antônio Bandeira de Mello, dizem que
este princípio é como um sub-princípio do anterior, pois só se atende ao princípio
da legalidade quando se sabe qual é o sentido, a finalidade da norma legal. Esse
princípio impõe que o Administrador público só pratique o ato atento ao seu fim
legal, que é aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como
objetivo do ato. Em poucas palavras pode-se dizer que o ato tem uma finalidade
que é a conservação do bem comum em benefício da comunidade, e o
Administrador deve se ater a esse fim.

Celso Antônio Bandeira de Mello acrescenta que:


“Não se compreende uma lei, não se entende uma norma, sem entender qual o
seu objetivo (...), também não se aplica uma lei corretamente se o ato de aplicação
carecer de sintonia com o escopo por ela visado. Implementar uma norma de
direito é(...)dar satisfação a seus propósitos. Logo, só se cumpre a legalidade
quando se atende a sua finalidade. Atividade Administrativa desencontrada com o
seu fim legal é inválida e por isso juridicamente censurável. (Curso de Direito
Administrativo, 1996, p.35).
2.1.3 - Princípio da razoabilidade
Este é outro sub-princípio que descende do princípio da legalidade.
Significa que, naqueles casos em que a Administração dispõe de certa
liberdade para eleger o comportamento cabível ao caso concreto em questão,
deve fazê-lo dentro dos limites da razoabilidade. Medauar, atribui a
razoabilidade “um sentido de amplitude ou intensidade das medidas adotadas,
sobretudo nas restritivas e sancionadoras”.(op. cit. p. 146).

Cabe ressaltar que a Administração deve agir dentro da lei, atendendo


a sua finalidade que é de conservar o interesse público acima dos interesses
particulares. Para tanto, a ação do Administrador deve nortear-se de forma
razoável, por estas balizes, para que seja legitimada toda a estrutura jurídico-
administrativa do poder público. Do contrário, como afirma Bandeira de Mello,
este ato não seria apenas censurável, mas também “inválido, pois não se
poderia considerá-lo confortado pela finalidade da lei”(op. cit. p. 36).
2.1.4 - Princípio da proporcionalidade
 

É outra nuance do princípio da legalidade. Versa que é necessário


uma proporcionalidade entre o ato administrativo e a situação que
demandou sua expedição. Utilizo-me dos ensinamentos de Bandeira de
Mello quando afirma que:
“toda demasia, todo excesso desnecessário ao seu atendimento configura
uma superação do escopo normativo (...)a providência administrativa mais
extensa ou mais intensa do que o requerido para atingir o interesse público
esculpido na regra aplicada é inválida por consistir em um
transbordamento da finalidade legal”.(idem, ibidem).
Alguns autores por sua vez conjugam esse princípio com o da
razoabilidade, dizendo que ambos se complementam. Analisando o
princípio de forma separada, Odete Medauar afirma que esse princípio
consiste no dever de não serem impostas, aos indivíduos em geral,
obrigações, sanções ou restrições em medida superior àquela estritamente
necessária ao atendimento do interesse público, dentro de um limite de
razoabilidade e bom senso.
2.1.5 - Princípio da Motivação 

Como mais um sub-princípio do princípio da legalidade, este


baseia-se no digesto que impõe a Administração o dever de expor as
razões de direito e de fato que originaram a providência adotada em
determinada situação. Em outras palavras, é dever da administração
pública fundamentar o ato que haja praticado, justificando as razões que
serviram de apoio ou de fundamento para expedi-lo. A ausência de
motivação torna o ato inválido, pois não se consegue verificar se houve
observância dos princípios até agora elencados.

Segundo Celso Bandeira de Mello, “o fundamento constitucional


da obrigação de motivar está (...) implícito tanto no art. 1°, inciso II, (...),
e ainda no art. 5°, XXXV”(op. cit. p. 67). Assim, segundo o autor, os atos
administrativos praticados sem motivação são ilegítimos e invalidáveis
pelo Poder Judiciário.
 
2.1.6 - Princípio da ampla
responsabilidade do Estado
 

Segundo esse princípio, também derivado do princípio da


legalidade, ficam assegurados aos administrados a proteção dos seus
direitos frente a ilegalidade, ao abuso ou excesso do ato da
Administração. Encontra-se regulado na Constituição brasileira em seu
art. 37, § 6°:

“ As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado


prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade causarem a terceiros, assegurado o direito de
regresso contra o responsável nos casos de dolo e culpa”.

Este princípio é completado pelo princípio da isonomia,


igualdade ou ainda da impessoalidade. Sempre que a Administração age
com dolo ou culpa, tem o dever de indenizar ao prejudicado pelo ato.
2.2 - Princípio da Moralidade
Este princípio é, segundo muitos autores, de difícil expressão verbal, pois
a palavra moralidade tem uma vastidão de conceitos e interpretações, devido a
própria estrutura da linguagem, por ser um termo bastante vago e ambíguo.
Segundo José Afonso da Silva, que parece aceitar a postura de Hauriou,
“ a moralidade -pode ser vista - como um conjunto de regras de conduta
extraídas da disciplina geral da Administração; menciona como exemplo o
cumprimento imoral da lei, no caso de ser executada com o intuito de prejudicar
ou favorecer deliberadamente alguém”.(verbis, Odete Medauar, op. cit. p.144).
Para entender-se melhor o que significa agir dentro do princípio da
moralidade, basta exemplificar o seu revés, ou seja o ato de improbidade que é
previsto na Constituição Federal em vários pontos, ressaltando-se o art. 37 em seu
parágrafo 4º que postula que “os atos de improbidade administrativa importarão
a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade
dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e graduação previstas em lei, sem
prejuízo da ação penal cabível”.
A lei de que fala a Constituição Federal, no artigo anterior, é citada por Medauar no
seguinte trecho:
“Essa lei, de n. 8.429, foi editada em 2 de junho de 1992; além de caracterizar como de
improbidade administrativa os atos que importam enriquecimento ilícito (art.9º) e que
acarretam prejuízo erário (art. 10), o referido texto assim qualifica também os atos que
atentam contra os princípios da Administração Pública (art.11), como por exemplo:
retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício (II), negar publicidade aos
atos oficiais (IV), frustrar licitude de concurso público (V), deixar de prestar contas
quando seja obrigado a fazê-lo(VII)”(op. cit. p. 142).
Ora, como analisar uma conduta como imoral já que é tão difícil estabelecer um
conceito de moralidade? Analogicamente pode-se fazer uma relação entre moralidade
e razoabilidade, assunto que já foi mencionado anteriormente como um sub-princípio
da legalidade. Nesse sentido, age dentro do princípio da moralidade quem respeita,
em primeiro lugar o princípio da legalidade, agindo de forma razoável diante da
possibilidade que a legislação lhe confere de aplicar determinado ato ao caso
concreto, respeitando a finalidade legal, agindo sem excessos, respeitando a
supremacia do interesse público sobre o particular, e, agindo de forma impessoal, sem
apossar-se do interesse público para garantir vantagens particulares. Aquele
administrador que não age desta forma, pratica um ato de improbidade. A conduta do
Administrador deve, em síntese, ser clara e precisa, visando a defesa dos interesses
públicos, ou seja, os interesses da coletividade.
2.3- Princípio da Impessoalidade
 

O princípio da impessoalidade tem, na doutrina, várias


interpretações. Assim, em um primeiro sentido podemos aferir que a
atividade administrativa está voltada a todos os administrados, sem
determinação de pessoa ou discriminação de qualquer natureza. Nesse
sentido, a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou
beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é o interesse público que
deve nortear o seu comportamento. Encontra abrigo, esse princípio, nos
dispostos nos artigos 19, inciso II; 37 “caput” e parágrafo 1º e, no art.
100 da Constituição. Para Odete Medauar
“Com o princípio da impessoalidade a Constituição visa a obstaculizar
atuações geradas por antipatias, simpatias, objetivo de vingança,
represálias, nepotismo, favorecimentos diversos (...)Busca, ... que
predomine o sentido de função, isto é, a idéia que os poderes atribuídos
finalizam-se ao interesse de toda a coletividade, portanto a resultados
desconectados de razões pessoais”.(op. cit. p. 141)
Já Bandeira de Mello, denomina esse princípio como princípio da isonomia,
ou igualdade dos administrados em face da administração onde afirma
que não pode haver nenhuma espécie de favoritismo ou desvalia em
proveito ou detrimento de alguém. Nesse sentido, acrescenta que a
mesma decorre do preceito contido no art. 1º, parágrafo único da
Constituição Federal, acrescido dos artigos anteriormente citados da
mesma, além dos incisos I e II do já referido art. 37.
Num segundo sentido, no que se refere a impessoalidade é que os atos
administrativos são imputáveis não só ao funcionário que a pratica mas ao
órgão ou entidade administrativa a que está subordinado. Nesse sentido,
quando o administrador toma uma resolução, não é o “fulano de tal” que
tomou a tal medida mas o administrador que hora é “fulano de tal”. É
preciso separar a pessoa física do cargo que ela detém na Administração.
Tal distinção é feita como mais uma forma de se precaver contra
perseguições ou favorecimentos quaisquer em relação deste para com o
administrado.
2.4 - Princípio da Isonomia
 

O princípio da isonomia ou igualdade, tem no direito


administrativo uma difícil conceituação. Busca-se a igualdade entre os
homens desde a antiguidade, com o surgimento do Cristianismo. Celso
Ribeiro Bastos, distingue dois tipos de igualdade: igualdade substâncial
e igualdade formal. A primeira postula o tratamento igualitário de todos
os homens, não só perante o direito, mas perante os bens da vida, de
forma real e efetiva. A segunda, é reconhecida em nossa Constituição e
outras de outros Estados Democráticos, como norma programática que
tenta garantir a busca do legislador pela igualdade real.
Em síntese, este princípio consiste no direito de todo o cidadão
de não ser regulado pela lei senão em consonância com os critérios
albargados ou não vedados pela Constituição. Fere-se o princípio da
isonomia quando trata-se de forma desigual, descriminada, aqueles que
deveriam ser tratados de forma igualitária. É um princípio de difícil
conceituação devido a vagueza de seu termo.
 

2.5 - Princípio da Publicidade 


Tal princípio refere-se a divulgação oficial do ato administrativo
para que o público, a coletividade, tome conhecimento do mesmo e
tenha início os seus efeitos externos. O ato administrativo, nesse
sentido, só terá efeito depois da data de publicação pois, esta é requisito
de moralidade e de validade do ato administrativo. Está previsto em
várias partes da Constituição como por ex. no art. 37 “caput”, art. 5º,
incisos X, XXXIII, XXXIV, alínea “b”, etc .
Pode-se baseá-lo no seguinte raciocínio: se o interesse que deve
prevalecer é o público, e se esse interesse é indisponível, logo, os atos
decorrentes da Administração devem ser de conhecimento de toda a
coletividade. Este é o direito mínimo que assiste a esta, já que a
mesma é a verdadeira fonte de todos os poderes concentrados nas
mãos do administrador, como dispõe o art. 1º, parágrafo único da
Constituição.
Segundo Bandeira de Mello, o referido princípio impõe a
transparência na atividade administrativa para que os administrados
possam conferir se a Administração está sendo bem ou mal
conduzida.
Porém, como nos lembra Celso Ribeiro Bastos
“O princípio comporta exceções. Diogenes Gasparini, ... elenca as
principais: A essa regra escapam os ligados a certas investigações, a
exemplo dos processos administrativos disciplinares, e os pedidos de
redefinição de dados (CF, art. 5º, LXXII, b). Também refogem a esse
princípio os atos de superior i8nteresse da Administração Públic8a,
cujos processos hão de ser previamente declarados sigilosos, como é
exemplo o art. 59 da Constituição de São Paulo.”(verbis, op. cit. p.
43).
Também podem ser elencados os artigos 198, 5º, LX da CF. e art.
155 do CPC, dentre outros que revelam exceções a esse princípio
2.6 - Princípio da Supremacia do
Interesse Público
 
Este princípio, ao lado do princípio da indisponibilidade do
interesse público que veremos mais adiante, formam a base de todo o
sistema jurídico administrativo. Pode-se traduzir ambos em duas
palavras: prerrogativas e sujeições respectivamente. As prerrogativas
atribuem a Administração, justamente porque defende os interesses da
coletividade, um poder maior sobre os administrados. As sujeições, no
entanto servem como formas de defesa do administrado frente ao uso
desregrado por parte da Administração de suas prerrogativas.

Segundo Celso Antônio Bandeira de Mello, a supremacia do


interesse público sobre o privado “proclama a superioridade do
interesse da coletividade, firmando a prevalência dele sobre o do
particular, sobre condição até mesmo, da sobrevivência e
asseguramento deste último”(op. cit. p.27).
Para Ribeiro Bastos, o Direito Administrativo defende interesses que a
coletividade de antemão considerou superiores, por esse motivo é dado a ele um série
de institutos jurídicos que não confere aos particulares. Isso se deve a supremacia do
interesse público sobre o particular e se traduz nas prerrogativas do Estado, ou em
outras palavras nos privilégios a ele concedidos. Porém estas prerrogativas limitam o
próprio administrador pois, o Estado exercendo uma prerrogativa, exerce uma função
de forma limitada pois, age em nome de outrem... A Administração Pública tem poder
limitado em suas prerrogativas, exatamente por sua função que é defender o interesse
da coletividade.
Odete Medauar, por sua vez diz que a expressão interesse público pode ser
associada como “ bem de toda a coletividade”, nesse sentido “à Administração cabe
realizar a ponderação dos interesses presentes(...)o objetivo desta função está na
busca de compatibilidade ou de conciliação dos interesses com a minimização de
sacrifícios”. (p.145).
Outra consideração importante, é o que afirma Bandeira de Mello, no sentido
de que vigora uma espécie de verticalidade de relações entre a Administração e os
particulares, o que significa que o Poder Público encontra-se em uma posição de
poder, de comando, autoridade, em relação ao administrado. Isso, mais uma vez
demonstra a supremacia do Público sobre o particular. É dado ao Estado poderes
maiores que aos simples mortais para que este, em nome daqueles, administre a coisa
pública em benefício da coletividade.
2.7 - Princípio da indisponibilidade do
interesse público  

Como já foi afirmado, ao Administrador cabe gerir a coisa pública em


benefício de toda a coletividade. É o interesse da coletividade que é expresso
através dos atos administrativos. Podemos concluir, em um raciocino lógico
dedutivo, que ao Administrador não pode dispor do interesse público a seu
belo prazer. Pois, se assim o fosse, não estaria mais defendendo os interesses
de toda a coletividade, mas colocando interesses particulares acima dos
interesses coletivos e, acima da lei. Ressalta-se a importância desse princípio
associado ao princípio da supremacia do interesse público como bases sobre as
quais se erguem todo o sistema jurídico administrativo.
Medauar afirma que segundo tal princípio, “é vedada à autoridade
administrativa deixar de tomar providências ou retardar providências que são
relevantes ao atendimento do interesse público, em virtude de qualquer outro
motivo”.(op. cit. p. 146). Já Bandeira de Mello qualifica os interesses públicos
como interesses da coletividade e que por isso, são inapropriáveis. Nesse
sentido, cabe ao Administra6dor Público zelar por eles pois, este é seu dever,
mas não apropriar-se deles.
Ribeiro Bastos, por sua vez leciona que:
“Este princípio decorre do próprio conceito do que seja atividade
administrativa. Se esta é uma atividade de zelo, ou de cura pelos
interesses públicos, tais como definidos em lei, não cabe evidentemente
à Administração sobre eles dispor. Entende-se aqui este verbo dispor no
sentido de dar um destino último aos seus interesses.(...) Os atos
administrativos são atos de zelo, de cura, (...) mas nunca atos
propriamente de decisão e deliberação sobre as finalidades públicas em
si mesmas que hão de estar pré-traçadas em diplomas legais”. (op. cit.
p. 45 - 46).
No mesmo sentido, Bandeira de Mello ensina que os bens e os
interesses não se acham entregues à livre disposição da vontade do
administrador, ao contrário, cabe ao Administrador o dever de nos
termos da finalidade a que estão adstritos. Nesse sentido a
Administração e suas pessoas auxiliares tem caráter meramente
instrumental.
2.8 - Princípio da hierarquia
Os poderes das autoridades administrativas variam na
razão direta da posição ocupada na pirâmide em movimento
ascensional da base ao vértice. Justifica o poder do chefe em
relação ao subordinado. Ele cria uma relação de coordenação
entre o subordinante e o subordinado, cada qual com as
atribuições definidas em lei.
Segundo Celso Ribeiro Bastos “os órgãos da
Administração são estruturados de forma tal que existe
sempre um relação de infra-ordenação e subordinação ... com
exclusão do topo da pirâmide ocupada pelo chefe do
Executivo e pela base composta pelo pessoal de execução”.
(op. cit. p. 45).Deste princípio resultam poderes outros, como
o poder disciplinar que é necessário para a eficiência deste
princípio.
2.9 - Princípio da especialidade
 

As entidades da Administração, tanto direta quanto


indireta, são criadas com capacidade específica, sendo-lhes
interdito desviarem-se dos fins determinados de sua criação.
É uma regra implícita em toda a sua atuação, o que faz com
que ela só possa exercer as competências que a lei lhe
confere. Visa colocar ênfase na própria pessoa jurídica, como
por exemplo nos casos da administração descentralizada.
Tanto dentro da Administração, quanto na
administração indireta obedece-se o princípio da
especialidade. Embora a administração esteja autorizada, em
tese a tomar certas atitudes, se não for observada a
competência do órgão ou da pessoa isto resulta em lesão a
esse princípio. Na administração indireta faz-se o controle da
mesma pela tutela ou o controle que veremos a seguir.
 
2.10 - Princípio da tutela
 

O controle administrativo ou tutela, é o poder que tem


o Estado, através dos órgãos da Administração pública, de
manter o comportamento das pessoas auxiliares suas aos fins
que lhe foram atribuídos. Compreende ainda, o poder de
manter-se a Administração bem informada sobre o
comportamento destes sujeitos, autorizando que se façam
investigações, substituições e destituições de seus dirigentes.
Resumindo em poucas palavras esse princípio, afirma-
se que uma vez criada uma entidade de direito público menor,
fica ela sujeita à fiscalização da entidade pública maior. Por
exemplo, o INSS é subordinado ao Ministério da Previdência.
Visa assegurar que os órgãos ou entidades da administração
indireta observem o princípio da especialidade.
2.11 - Princípio da auto-tutela
 

Afirma esse princípio que a Administração é obrigada a


policiar os bens públicos e os atos administrativos. É
obrigação da Administração cuidar dos bens públicos e das
atitudes de seus subordinados. Este princípio justifica a
revogação e a anulação dos atos administrativos ilegais e
inoportunos. Assim configuram as Súmulas 346 e 437 do STF.
Nas palavras de Medauar, pode-se concluir que “em
virtude desse princípio, a Administração deve zelar pela
legalidade de seus atos e condutas e pela adequação dos
mesmos ao interesse público. Se a Administração verificar que
os atos e medidas contém ilegalidades, poderá anulá-los por
si própria; se concluir no sentido da inoportunidade e
inconveniência , poderá revogá-los”.(op. cit. p. 148).
2.12 - Princípio da continuidade 
Segundo esse princípio a atividade da administração é ininterrupta,
não se admite, portanto, a paralisação de seus serviços à comunidade, pois
desta forma o interesse da mesma seria prejudicado. Como fica a greve
nesse contexto? Durante muitos anos, embasados nesse princípio não se
permitiu a greve aos servidores públicos. A CF/88 em seu art. 37, inciso VII,
remete o direito de greve dessa categoria à lei complementar. Em geral,
como analisa Medauar, “a conciliação do direito de greve com o princípio
da continuidade se realiza pela observância de antecedência mínima na
comunicação do início da mesma e pela manutenção de um percentual de
funcionamento das atividades ”.(op. cit. p.146)
Celso Antônio Bandeira de Mello considera o princípio da
continuidade como um sub-princípio do princípio da obrigatoriedade do
desempenho da atividade pública. Este, significa que, além de não dispor o
Administrador da livre utilização do interesse público, tem o dever de
perseguir esses interesses e, logo, o dever de continuidade no desempenho
de sua ação. Desta forma, para ele, o princípio da continuidade decorre do
princípio da obrigatoriedade do desempenho da atividade pública.
2.13 - Princípio da auto-executoriedade
É o princípio que garante a Administração pública a execução de
seus próprios atos dispensando o prévio título executório. exemplo disso
é a desapropriação, onde o administrador adquire a posse automática
do bem, sem necessitar de sentença judicial, ficando o antigo
proprietário só com o direito de discutir, posteriormente, o preço do
bem e, não o ato de desapropriação.
É uma prerrogativa da Administração pública que demonstra o
seu poder frente ao interesse individual. É o poder de converter em
fatos materiais suas pretensões jurídicas por suas próprias mãos. Há que
se ressaltar, porém que no exercício deste poder deve sempre, sob pena
de nulidade do ato, observar a disposição legal, assim como existir
proporcionalidade entre o ato praticado e o dano que está sendo
causado. Ou seja, há que se respeitar e observar as sujeições impostas a
essa prerrogativa, pois o administrado não está indefeso diante da
arbitrariedade da Administração, podendo recorrer a lei. Exemplo disso
é o mandado de segurança, a medida cautelar, etc. desde que se prove
2.14 - Princípio da legitimidade
 

Uma vez que a Administração é submetida a lei, e que, deve


retirar dela sua legitimidade, ocorre que todos os atos e
comportamentos que daí decorrem são tidos como presumidamente
legais. Nesse sentido, não é a administração que deve provar que agiu
dentro dos princípios e limites normativos, mas sim, aquele que se
sentir lesado pelos atos da administração é que deve provar que, de
fato, a administração não os observou e que agiu de forma ilegítima.
Ocorre, pois, a inversão do ônus da prova, ou seja, a administração é
inocente, até que provem o contrário.
As manifestações da Administração tem o caráter de serem
consideradas legítimas, até que se prove contrário. Exemplo disso é o
art. 19, inciso II da CF que veda a União, aos Estados, ao Distrito Federal
e aos municípios recusar fé aos documentos públicos. Cabe ressaltar
que a presunção de legitimidade ou legalidade dos atos administrativos
é juris tantum e não juris ed jure.
"De tanto ver triunfar as
nulidades, de tanto ver
prosperar a desonra, de tanto
ver crescer a injustiça, de tanto
ver agigantar-se o poder nas
mãos dos maus, o homem
chega a rir-se da honra,
desanimar-se da justiça, e ter
vergonha de ser honesto!" (Ruy
Barbosa - 1917)

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