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1 INTRODUÇÃO ....................................................................................... 11
2 O CIBERNÉTICO COMO SUBSTRATO DA CULTURA DE MASSA ... 14
2.1 PREMISSAS DA CIBERCULTURA ........................................................ 16
2.1.1 Ciberespaço Baseado na Interface ........................................................ 19
2.1.2 Hipermídia e Realidade Virtual ............................................................... 21
2.1.3 Ciberespaço e Comunidades Virtuais .................................................... 23
2.2 INTERAÇÃO MEDIADA E COMUNICAÇÃO NA REDE ......................... 25
3 O JORNALISMO NA CIBERCIDADE .................................................... 27
3.1 O FENÔMENO DA INTERAÇÃO HIPERTEXTUAL ............................... 28
3.1.1 Variações Hipertextuais ......................................................................... 31
3.1.2 Leitor Interagente ................................................................................... 32
3.2 REPRESENTATIVIDADE DA WEB ....................................................... 34
3.3 TÉCNICAS PARA O ONLINE ................................................................ 37
3.4 RELAÇÃO JORNALISMO/CIBERCIDADE............................................. 41
3.4.1 Cibercidade como Fonte de Produção ................................................... 42
4 O JORNALISMO OPEN SOURCE NA WEB ......................................... 47
4.1 COLABORAÇÃO: UM PASSO NO TEMPO ........................................... 48
4.2 SOFTWARE LIVRE E O TERMO OPEN SOURCE ............................... 48
4.3 CARTOGRAFIA DA INFORMAÇÃO E A CULTURA OPEN SOURCE .. 50
4.3.1 Reorganização de Papéis Entre os Interagentes ................................... 51
4.3.2 Todos “são” Repórteres.......................................................................... 53
4.4 ALGUMAS PRÁTICAS COLABORATIVAS ............................................ 55
4.4.1 Checagem do Material Colaborativo ...................................................... 56
4.4.2 OhMyNews International ........................................................................ 57
5 CONCLUSÃO ........................................................................................ 59
REFERÊNCIAS ................................................................................................... 62
ANEXOS ............................................................................................................. 66
11
1 INTRODUÇÃO
1
Nossa tradução (literal): Jornalismo Participativo, Jornalismo Cidadão, Jornalismo de Fonte
Aberta respectivamente.
12
2
Utilizamos este termo aqui para nos referirmos àquele que garimpa a web em busca de fatos e
informações.
13
Herbert Marcuse (1941 s/p apud SAVAZONI & COHN, 2009, p. 19) já
havia definido tecnologia como um braço de dominação e transformação das
relações sociais. Tais relações se configuram e reconfiguram hoje, não
diferentemente da previsão de Marcuse em 1941, dentro de um espaço
cibernético que contempla relações entre agentes e co-agentes da imensa rede
que é a internet. Indiferentemente, as mediações se reproduzem, se mesclam e
transformam-se ocasionando novos tipos de interação e novas demandas por
interfaces que, cada vez mais, aproximam os corpos, os avatares3 e, por que
não, os espaços geográficos.
3
Neste contexto, refere-se a uma forma de identidade variável que pode ser assumida por um
usuário da internet e difundida por um profile – perfil de cadastro em uma rede de
relacionamento.
15
serviço da vida não a vida a serviço da linguagem” (LEMINSKI, 1977, s/p apud
SAVAZONI & COHN, 2009, p. 19).
5
Cf. SANTAELLA, 2003, p. 75.
6
As diferenças e semelhanças entre Multimídia e Hipermídia serão abordadas em outro
momento.
18
7
Canais de navegação ilimitada por fontes diversas de informação através da rede de
computadores mundial, mais conhecida como World Wide Web.
8
Texto agregado a imagens, sons e vídeos com ramificações complexas e responsivas.
9
Conversão do formato analógico para um código binário de linguagem universal acessível a
todos os computadores e passível de execução em todos eles.
10
No caso dos computadores, linguagem universal baseada em lotes dos algarismos 0 e 1.
19
A cultura da interface
11
O Dicionário Aurélio (FERREIRA, 2001, p.643) define Software, “em um sistema
computacional, o conjunto dos componentes informacionais, que não faz parte do equipamento
físico e inclui os programas e os dados a eles associados”.
12
SANTAELLA, 2003: 92.
13
Id., op. cit., p. 92.
20
(...) Basically we are talking about system syntax, about the creation of
interfaces that must be sufficiently intuitive/instinctive so that the user
can reach his/her goals without interruption.14 (CANAVILHAS, 2006, p.
6)
14
Nossa tradução: “Basicamente, estamos falando de um sistema de sintaxe novo e sobre a
criação de interfaces que devem ser suficientemente intuitivas/instintivas para que o usuário
possa atingir seu objetivo sem interrupções.”
15
Nossa tradução: “A imagem soma-se a ícones que podem ser estáticos ou estar em
movimento assumindo assim funções diferentes na relação com o texto escrito e demanda novos
esforços de leitura.”
21
16
Espiritualmente, nesta situação, refere-se aos valores éticos padrões transcendentais.
22
17
Termo utilizado por Thompson para discriminar uma situação de fascínio despertada pelo
avanço e desenvolvimento das tecnologias online.
18
Nossa tradução: “[...] é a possibilidade de criar ou prever certas situações virtuais como
fenômenos metereológicos ou edifícios em construção. Sumariamente, imagens podem
reconstruir eventos históricos ou acidentes que não foram filmados, como em, mais do que
nunca, no caso de que „uma imagem vale mais que mil palavras‟”.
23
Para muitos, a maior parte das relações sociais tem, de certa forma, o
caráter de comunidade e sociedade. Mas as observações consoantes a estas
características são as de que comunidade integra um grupo maior de conjuntos
humanos através do tempo. É neste cenário que surgem as comunidades do
ciberespaço, que nada mais são que um “espaço virtual, não oposto ao real, mas
que o complexifica, é público, imaterial, e constituído através da circulação de
informações” (Lévy, 1999, p. 94 apud Recuero, 2001, s/p).
As relações sociais que se mantêm no ciberespaço são oriundas dos
agregados de grupos de pessoas vindas da rede (Internet) e compostos de
suficientes sentimentos humanos que possibilitem essas relações no espaço
cibernético. Para Reinghold (apud Recuero, 2001, s/p), os elementos que
formariam a comunidade virtual estão presentes nos canais de discussões
públicas (chats, blogs, etc.), entre pessoas que se encontram e reencontram
mantendo contato através da internet, no tempo e no sentimento. Tais elementos
destoam-se da noção básica de comunidade que antes era restritiva a uma
determinada base territorial, ou seja, não há um locus específico para sua
concentração. Nesse sentido, a comunidade virtual se distingue pelo local que
ela ocupa no ciberespaço (virtual settlement). Esse virtual settlement é um ciber-
24
3 O JORNALISMO NA CIBERCIDADE
19
“Isso é de graça porque isso é de vocês” – Diggers se referindo à gratuidade do Software livre.
20
Cf. subitem 1.1.3.
28
recursos através das aplicações da web que dão suporte e são veículos da
informação e conteúdos jornalísticos.
(...) o leitor não é mais obrigado a atribuir sua confiança ao autor; pode,
por sua vez, por gosto ou por lazer, refazer a totalidade ou parte do
percurso da investigação. Há uma mutação epistemológica fundamental
que transforma profundamente as técnicas de prova e as modalidades
de construção e validação dos discursos do saber (CHARTIER, 2007,
p. 206 apud STORCH, [2008], p. 4).
30
Essa escrita coletiva, por exemplo, acontece nos chats22 e nos weblogs23
gerando uma simbiose de elementos hipertextuais e textuais que compõe uma
estrutura ao mesmo tempo organizada e caótica. Outro exemplo é o complexo
sistema wiki24, ou colaborativo.
21
Primo e Recuero abordam uma primeira e segunda geração do hipertexto, de forma que a
primeira está vinculada ao meio impresso (marcas textuais) enquanto a segunda geração teria se
organizado a partir das tecnologias da informática e isso inclui os tradicionais links. Já a terceira
geração hipertextual remete à abertura à participação coletiva, ou seja, à colaboração. Neste
caso, a Wikipédia – enciclopédia digital composta de conteúdos produzidos por usuários de todo
o mundo – seria um exemplo.
22
Neste contexto, referimo-nos à estrutura onde a troca de informações instantâneas constitui-se
o alicerce da mensagem.
23
Sistema de conversação orientada por ferramentas de comentários, na qual os leitores
interferem no texto modificando o conteúdo.
24
“Muitos sistemas se utilizam do conceito de colaboração [abordado neste trabalho em capítulo
próprio] para o desenvolvimento de seu conteúdo: é o caso, por exemplo, da enciclopédia
colaborativa „Wikipédia‟ e de sites de jornalismo participativo, como o „Wikinews‟. Também é o
caso de editores de texto compartilhados, como o da empresa „Google‟, que permitem a
intervenção simultânea de mais de um editor no mesmo texto.” (STORCH, [2008], p. 6)
31
25
Os Templates são tabelas de organização de conteúdos em um site da Web.
34
26
Cf. <http://www.internetworldstats.com/> Acessado em 28 de setembro de 2009.
35
ILUSTRAÇÃO 2: Gráfico dos dez maiores países da América Latina em número de acessos à
internet (em milhões de usuários). Fonte: Internet World Stats. Disponível em:
<http://www.internetworldstats.com/stats.htm - Acesso em: 12 out 2009.
27
Aquelas conexões que ocupam a linha telefônica e que são usadas onde não existem os cabos
dualband, ou seja, aqueles com dupla bandagem (uma para voz e outra para dados) que
possibilitam acessos até 20 vezes mais rápido à internet sem ocupar a linha.
37
29
O termo “pirâmide deitada” também é referenciado por “pirâmide convergente” devido ao fato
da existência de uma multitextualidade como princípio de sua formatação, ou seja, essa pirâmide
convergente é composta de uma rede de hiperligações de elementos multimídia e textuais. Ainda
na mesma linha de pensamento, Marcos (2003, apud AMARAL, 2006, p. 136) defende
características elementares do ciberjornalismo, tais como: multimídia, hipertextualidade,
instantaneidade, interatividade e universalidade. A interpretação básica sugerida a partir do termo
é a de uma leitura personalizada com possibilidade de escolha do percurso tornando o leitor um
produtor de significação, devido ao fato de as redes de hiperligações incentivarem a construção
de um discurso coeso, ou de significações.
30
Numa primeira etapa da pirâmide encontra-se a parte básica do texto, correspondente aos
termos principais do lead, no qual são respondidas as questões fundamentais. Sua
representação prática dentro do jornalismo pode ser uma chamada com foto em um site ou uma
matéria curta. O segundo quadrante contem explanações específicas comparadas a matérias
maiores e naturalmente explicativas. No próximo nível deparamos com uma desmembração do
fato em diversas subcategorias, todas permeadas de recursos multimídia: som, vídeo,
infográficos, etc. Por último os últimos quadros são ligações a arquivos externos, armazenados
arbitrariamente na grande rede e que fazem menção direto-indireta ao fato.
39
31
Cf. CANAVILHAS, 2006, p. 5-14.
40
Este modelo sugere uma pirâmide deitada, sendo assim, o leitor conta
com a possibilidade de navegar livremente dentro da notícia, escolhendo os
eixos que mais lhe interessem.
Conforme notado na Ilustração 4, existem quatro níveis de leitura. O
primeiro assinala a unidade básica do texto, – o lead – que responderá ao
essencial: O quê, Quando, Quem e Onde. Este início de texto pode ser uma
notícia curta de última hora que, dependendo do desenrolar das discussões,
pode evoluir ou não para um formato mais elaborado (CANAVILHAS, 2006).
O segundo nível é de explicação, local também onde constará as
respostas ao “Por quê” e ao “Como” e serve de argumento ou suporte para
completar os dados sobre o acontecimento.
No terceiro nível, encontram-se mais informações nos formatos de texto,
vídeo, som ou infográficos animados relacionados a cada uma das perguntas do
lead. Canavilhas (ibid.) o define como nível de contextualização, justamente por
situar o fato dentro de um contexto maior e com mais variáveis.
O quinto e último nível liga a notícia a arquivos externos
32
O termo “cidade” neste capítulo refere-se ao campo sócio-cultural e, consequentemente,
comunicacional que se verifica nas esferas pública e privada da sociedade e que é fator
impactante na forma como percebemos o mundo.
42
33
Silva (1999, apud MORAES, 2006) define a expressão “netcitzen” como cidadão do mundo
digital e que se encontra à deriva na teia da Internet. O conceito mais tarde evoluiria para “self-
media”, o equivalente aos media individuais – interagentes que trabalham tornando as
mensagens pessoais acessíveis a um vasto público. Alguns autores como Jean Cloutier ([-70],
apud ibid.) atribuem a consequência do fato ao paradigma da “Era de Emerec” (Cf. CLOUTIER,
Jean. A era de EMEREC. Ministério da Educação e Investigação Científica - Instituto de
Tecnologia Educativa, Portugal, 1975.), na qual é possível que o homem seja receptor e emissor
em simultâneo.
44
obedece à mesma lógica” com relação aos impressos. Ambos são identificados
em suas características, porém não são os mesmos (SILVA JR, 2002, passim).
Conforme afirma Castells (1992, apud ibid.), é da “nossa circunstância
de cidade informacional” que emerge o jornalismo digital. Neste contexto,
desdobra-se a questão da continuidade: práticas jornalísticas condicionadas
tanto ao avanço da tecnologia quanto ao desenvolvimento urbano.
Para Silva Júnior (2002, p. 32), a possibilidade de afirmarmos que existe
uma constante está no sentido de que o mesmo movimento de base tecnológica
que reconfigura as relações do espaço urbano, está sempre presente no
jornalismo. Aliás, essa é uma relação que se reconfigura de acordo com os
recursos de cada tempo.
Correntes pessimistas sugerem que essa incontinência de fronteiras em
um mundo virtual – a cibercidade – culminaria no fim da geografia, o que se
torna falso a partir do instante em que vislumbramos o digital como uma camada
de dados da geografia, ou seja, das relações de território. Essas relações, por si
só, não estão encerradas na geografia. A dinâmica seguida, nesse caso, é a de
que justamente essa implementação de infra-estruturas tecnológicas nos
espaços físicos e geográficos adquire importância central no desenvolvimento e
elaboração de melhores condições de igualdade nos espaços urbanos.
O que é visível e real no mundo é apenas aquilo que foi transferido para
o papel, ou que foi mais eternizado ainda num microfilme ou fita
magnética. Os mexericos essenciais da metrópole não são mais os
mexericos da gente que se encontra face-a-face nas encruzilhadas, à
mesa de jantar, no mercado; algumas dúzias de pessoas escrevem nos
jornais, uma dúzia mais a transmitir pelo rádio e televisão,
proporcionam a interpretação dos acontecimentos e movimentos
cotidianos com despreocupada correção profissional. Assim, até as
mais espontâneas atividades humanas passam a ter uma supervisão
profissional e um controle centralizado (MUMFORD, 1998, p. 589, apud
SILVA JR, 2002, p. 34).
Cidadezinha Qualquer35
(Carlos Drummond de Andrade)
34
Cf. SILVA JR, 2002, p. 34.
35
Cf. <http://www.horizonte.unam.mx/brasil/drumm6.html> Acessado em 30 de setembro de
2009.
46
36
O termo inglês open source significa, literalmente, “de fonte ampla”, ou seja, de origem
independente, para além das barreiras ou fronteiras comuns, de código livre.
37
Baseado no modelo de mensagens unidirecionais (um para todos).
38
Variação utilizada para nos referenciarmos ao jornalismo open source.
48
39
Cf. <http://www.ansol.org/filosofia/softwarelivre.pt.html> Acesso em 29 de out de 2009.
49
40
Nossa tradução (literal): “Iniciativa do Código Aberto”. Tradicionalmente refere-se à quebra de
proteção do código nos softwares livres.
41
Sistema operacional livre para computadores, inicialmente batizado de Linux. Cf. <
http://colab.interlegis.gov.br/attachment/wiki/Trabalhos/Ativistas%20Software%20Livre.pdf?format
=txt> Acesso em 29 de out de 2009.
50
42
Nossa tradução: “Talvez isso não devesse ser uma surpresa. Há anos sociologistas
descobriram que a média da opinião de uma massa de observadores igualmente entendidos (ou
igualmente ignorantes) é um prognóstico um pouco mais confiável do que a opinião de uma
simples escolha randômica [ao acaso] de observadores”.
51
43
“Isto é, a presença constante e simultânea da informação em diferentes pontos” (ibid).
53
44
Gilmor (apud BRAMBILLA, 2005, p. 10) identifica a pessoa que pretende melhorar o que
compra como um hacker. O papel que este indivíduo desempenha é direcionado pelas suas
investigações sobre o funcionamento das coisas para, a partir daí, transformá-las
completamente. Ao interferir sobre os produtos, os progressos obtidos são divulgados de forma a
estimular outras pessoas a agirem de tal forma, seja na solução de bugs ou problemas que
atinjam a comunidade de maneira geral.
55
45
Site fundado no segundo semestre de 2008 e que reúne mais de 10 mil fotos e 5.600
colaboradores em 120 países (Cf. ANEXO A).
46
“Postadas” é uma variação da palavra inglesa post e se refere neste contexto ao ato de
publicar conteúdos em blogs ou sites afins.
47
The Guardian é um periódico tradicional da Inglaterra e que pertence ao Guardian Media
Group (Cf. <http://pt.wikipedia.org/wiki/The_Guardian>).
48
Cf. <http://www.helpuswin.org/> em Anexos.
49
Cf. <http://spot.us/> em Anexos.
56
50
Modelo de financiamento coletivo via internet (Cf. PLUG, Especial Digital, p. 36).
51
Canal colaborativo da rede CNN nos Estados Unidos (idem, p. 37).
57
52
Cf. ANEXO D.
53
Nossa tradução: “Cada cidadão do mundo é um repórter.”
58
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ALONSO, Fernanda Leite. Tecnologia 3G: Uma Junção de Todas as Mídias. In:
Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação
(INTERCOM). XIV Congresso das Ciências da Comunicação na Região
Sudeste. 12 f. Divisão Temática de Comunicação Multimídia. Rio de Janeiro/RJ.
2009.
ANEXOS
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