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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA

FACULDADE DE ENGENHARIA QUÍMICA

Disciplina: Cinética Química Experimental

Profª: Ana Paula Carriço

Daniel Nascimento dos Santos


Gilmar Nascimento Neves
Henrique Fernandes Figueira Brasil
Meyre Lane Pereira da Silva
Raimunda Nonata Consolação e Branco

RELATÓRIO REFERENTE À AULA 1: VELOCIDADE DE UMA REAÇÃO QUÍMICA.


Belém, 01 de outubro de 2010

1. INTRODUÇÃO

O estudo da velocidade das reações químicas é chamado de cinética química. Ao estudar


a termodinâmica, consideramos apenas os estados inicial e final de um processo químico e
ignoramos o que acontece entre eles. Porém, na cinética química, estamos interessados nos
estágios intermediários do processo, os detalhes das mudanças que átomos e moléculas sofrem
durante as reações.

Estes detalhes ajudam a esclarecer o grande intervalo de velocidades de reações


observado e são usados para idealizar maneiras de influenciar estas velocidades. Por exemplo,
os cientistas estão, hoje em dia, buscando maneiras econômicas de fazer hidrogênio por
eletrólise da água: hidrogênio barato poderia significar combustível barato e uma redução nas
emissões de dióxido de carbono. A reação de eletrólise é lenta, mas estudos da velocidade da
reação revelaram que a lentidão da reação vem da grande força da ligação H-H. Os químicos
têm sido capazes de usar este conhecimento para desenvolver materiais especiais para
eletrodos que adsorvem hidrogênio de uma maneira que enfraquece ou mesmo dissocia a
ligação H-H e facilita a reação.

A velocidade de uma reação é a rapidez com que os reagentes são consumidos ou


rapidez com que os produtos são formados. A combustão de uma vela e a formação de
ferrugem são exemplos de reações lentas. Na dinamite, a decomposição da nitroglicerina é uma
reação rápida. As velocidades das reações químicas são determinadas através de leis empíricas,
chamadas leis da velocidade, deduzidas a partir do efeito da concentração dos reagentes e
produtos na velocidade da reação. As reações químicas ocorrem com velocidades diferentes e
estas podem ser alteradas, porque além da concentração de reagentes e produtos, as
velocidades das reações dependem também de outros fatores como:

 Concentração de reagentes: quanto maior a concentração dos reagentes maior


será a velocidade da reação. Para que aconteça uma reação entre duas ou mais substâncias é
necessário que as moléculas se choquem, de modo que haja quebra das ligações com
conseqüente formação de outras novas. O número de colisões irá depender das concentrações
de A e B (reagentes da reação).
 Superfície de contato: um aumento da superfície de contato aumenta a
velocidade da reação. Um exemplo é quando dissolvemos um comprimido de sonrisal triturado
e ele se dissolve mais rapidamente do que se estivesse inteiro, isto acontece porque
aumentamos a superfície de contato que reage com a água.
 Pressão: quando se aumenta a pressão de um sistema gasoso, aumenta-se a
velocidade da reação. Por exemplo, um aumento na pressão de P 1 para P2 reduz o volume de V1
para V1/2, acelerando a reação devido à aproximação das moléculas.
 Temperatura: quando se aumenta a temperatura de um sistema, ocorre
também um aumento na velocidade da reação. Aumentar a temperatura significa aumentar a
energia cinética das moléculas. No nosso dia-a-dia podemos observar esse fator quando
estamos cozinhando e aumentamos a chama do fogão para que o alimento atinja o grau de
cozimento mais rápido.
 Catalisadores: os catalisadores são substâncias que aceleram o mecanismo sem
sofrerem alteração permanente, isto é, durante a reação eles não são consumidos. Os
catalisadores permitem que a reação tome um caminho alternativo, que exige menor energia
de ativação, fazendo com que a reação se processe mais rapidamente. É importante lembrar
que um catalisador acelera a reação mais não aumenta o rendimento, ou seja, ele produz a
mesma quantidade de produto, mas num período de menor tempo.

O estudo cinético em sua quase totalidade depende de valores experimentais da reação


que está sendo estudada. A velocidade de uma reação é definida como sendo a variação da
concentração de um reagente por unidade de tempo. Essas concentrações são normalmente
expressas em mol por litro (mol/L), e o tempo em minutos (min) ou segundos (s).

Representando-se por CA a concentração do regente A e representando-se por t o


tempo, a velocidade de reação será então definida como sendo:
Velocidade m é dia de consumo de A=−k d [C A ]/dt

Em uma reação aA + bB  cC + dD, calculamos a velocidade média como:

−d [ A ] −d [ B ] d [ C ] d [ D ]
Vm é dia da Rea çã o=k = = =
a . dt b . dt c . dt d . dt

Sendo k a constante de velocidade da reação, e o sinal negativo indica que a


concentração do reagente diminui em função do tempo.

O termo ordem vem da matemática onde é utilizado na classificação das equações


diferenciais. Já a lei de velocidade de uma reação química é uma equação que relaciona a
velocidade de uma reação com a concentração dos reagentes elevada a certos expoentes. As
leis de velocidade são equações diferenciais. Em cinética química, tais equações são
classificadas de acordo com a ordem da reação. A ordem de uma reação é definida como sendo
a soma das potências dos termos de concentração que aparecem na equação de velocidade da
reação química. É normalmente, um número inteiro pequeno, podendo em casos especiais, ser
zero ou fracionário. É importante ressaltar que a ordem de reação é uma grandeza que
normalmente é obtida a partir de dados experimentais e em grande parte das vezes sem o
conhecimento real do mecanismo da reação.

No Laboratório 1A de Química-Ensino da Universidade Federal do Pará, sob supervisão


da professora Ana Paula Carriço Lima, foram realizados experimentos baseados nas reações de
primeira ordem. Uma das leis de velocidade integradas mais simples é para reações de primeira
ordem. Reações de primeira ordem são aquelas nas quais a velocidade da reação química é
proporcional à concentração de um reagente.

Para uma reação geral:

M →Q

a lei da velocidade de primeira ordem é escrita pela equação:


−d [ M ]/dt =k [M ]

Esta lei de velocidade pode ser rearranjada para:

d [ M ]/[ M ]=−kdt

a qual por integração de ambos os lados fornece:

ln [ M ] =−kt +constante

Uma vez que a concentração original [M] 0 estava presente no início da reação onde t =
0, então a constante de integração = ln[M] 0. A lei da velocidade integrada para a reação de
primeira ordem será então:

ln [M ]=−kt +ln [ M ]0

ou:

ln ([ M ]/[ M ]0)=−kt

Uma reação de primeira ordem apresenta uma linha reta se valores medidos tanto de
ln[M] ou ln([M]/[M]0) forem colocados em uma figura em função do tempo como mostrado na
figura abaixo.

A figura fornece uma linha reta porque [M] 0 é uma constante. A inclinação da reta será a
constante da velocidade de primeira ordem aparente k, que tem a unidade em s -1 (ou mol0 s-1).
Observa-se pela figura que a concentração do reagente, M, diminui à medida que a
reação se desenvolve.

Quando se trabalha com reações de primeira ordem, é mais conveniente o uso de meia
vida em vez de constante de velocidade. A meia vida de uma substância reagente é
simplesmente o tempo necessário para que metade da quantidade original presente reaja. Ao
final de uma meia vida, 50% dos átomos ou moléculas originais permanecem.

A meia vida está diretamente relacionada com a constante da velocidade para uma
reação de primeira ordem. Através da equação geral:

ln ([ M ]/[ M ]0)=−kt

ln (0,500)=−kt 1 /2

e então,

k =−ln(0,500)/t 1 /2=0,693 /t 1 /2

t ½=0 , 693/k

Para qualquer outro tipo de reação que não seja a de primeira ordem, a meia vida não é
constante, porém se altera dependendo da extensão na qual a reação tenha ocorrido. Devido a
isto, meia vida geralmente é usada para descrever apenas reações de primeira ordem.
2. MATERIAL E MÉTODOS

Material: bureta de 50 mL, pipetas graduadas (5 e 10 mL), erlenmeyer, cronômetro,


ácido sulfúrico diluído 1:5, cloreto férrico 6 % (m/m), permanganato de potássio 0,008 M,
peróxido de hidrogênio 0,16 M.

Procedimento: Ambientou-se uma bureta de 50 mL para receber a solução de KMnO 4


0,008 M. Em seguida, em 5 erlenmeyers de 250 mL previamente separados foram adicionados,
com o auxílio de uma pipeta graduada, 5 mL de solução de H 2SO4. Em outro erlenmeyer,
contendo 100 mL de H2O2, foram pipetados 10 mL de FeCl 3 6 % (m/m). O cronômetro foi
acionado quando 5 dos 10 mL de cloreto férrico foram adicionados. A mistura reativa foi
agitada durante aproximadamente 1 minuto.

Após 3 minutos, a contar da adição de cloreto férrico, foi retirada a primeira alíquota de
5 mL da mistura reativa. Esta foi titulada rapidamente com permanganato de potássio até a
mudança de cor (incolorrosa), registrou-se o volume de permanganato gasto na titulação
para posterior cálculo da concentração de peróxido de oxigênio. No decorrer da reação, foram
retiradas mais cinco alíquotas para titulação (nos tempos de 6, 9, 12, 15 e 21 minutos).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Sabe-se que a decomposição do peróxido de hidrogênio segundo a reação:

1
H 2 O 2 ( l ) → H 2 O ( l )+ O2 (g)
2

Adiciona-se um catalisador, como o cloreto férrico, para acelerar a reação. A mesma é uma
reação de primeira ordem. Logo, sua lei de velocidade pode ser escrita da seguinte forma:

ln [ H 2 O 2 ]=−kt +ln [ H 2 O 2 ] 0

De acordo com esta equação obtém-se uma reta em um gráfico ln [ H 2 O 2 ] x t , onde o

coeficiente angular da reta é – k e o coeficiente linear é o valor de ln [ H 2 O 2 ]0 .

Como a concentração de permanganato de potássio e o volume da alíquota de peróxido de


hidrogênio são conhecidos, pode-se facilmente determinar a concentração de peróxido através do
volume de permanganato gasto para sua titulação através da seguinte relação:

[KMnO¿¿ 4]
[ H 2 O2 ] = V ( H 2 O2 )
xV ( KMnO 4 )¿

O cálculo da constante de velocidade para uma reação de primeira ordem é dado por:

−ln [ H 2 O2 ]−ln ⁡[ H 2 O2 ]0
k=
t−t 0
Os volumes usados em cada titulação e os dados calculados a partir da relação acima são
apresentados na tabela abaixo:

Titulação Tempo (min) V (KMnO4) (mL) [H2O2] ln [H2O2] k (s-1)


1 3,0 12,3 0,0197 -3,92815
2 6,0 8,2 0,0131 -4,33362 0,13516
3 9,0 6,0 0,0096 -4,64599 0,10412
4 12,0 4,4 0,0070 -4,95615 0,10338
5 15,0 3,5 0,0056 -5,18499 0,07628
6 21,0 2,2 0,0035 -5,64929 0,07738

Fazendo a média das constantes de velocidade obtém-se k médio =¿ 0,10338 s-1.

Plotando o gráfico ln [ H 2 O 2 ] x t , temos:

-3
.0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0
-3.52 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-4
ln[H2O2]

-4.5
-5
-5.5
-6
Tempo (s)

-3
.0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0
-3.52 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-4
ln[H2O2]

-4.5
-5
-5.5
-6
Tempo (s)

Faz-se então o tratamento estatístico dos dados obtidos. Pelo método dos mínimos quadrados,
realizamos o seguinte cálculo para encontrar uma linha de tendência para os pontos coletados:

Nº X Y X2 X.Y Y2
1 3,00 -3,93 9,00 -11,78 15,43
2 6,00 -4,33 36,00 -26,00 18,78
3 9,00 -4,65 81,00 -41,81 21,59
4 12,00 -4,96 144,00 -59,47 24,56
5 15,00 -5,18 225,00 -77,77 26,88
6 21,00 -5,65 441,00 -118,64 31,91
TOTAL 66,00 -28,70 936,00 -335,48 139,16
MÉDIA 11,00 -4,78

A=∑ x 2−¿ ¿

Realizando os cálculos encontra-se A=210,00 ; B=−19,80 ; C=1,8935.

Sendo a reta no formato y=ax+ b, sabe-se que:

B2
B
a= ; b= ý−a x́ ; R=
A AC
1
B2 2
( )
; ds =
C−
A
n−2 √ ( )
a=−0,0943 ; b=−3,7457 ; R2=0,9863 ; d s =0,0806

Para efeito de comparação, traça-se a linha de tendência sobre o primeiro gráfico:

-3
.0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0 .0
-3.52 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22
-4
ln[H2O2]

f(x) = − 0.09 x − 3.75


-4.5 R² = 0.99
-5
-5.5
-6
Tempo (s)

Como se pode observar, houve um alto coeficiente de correlação entre o gráfico gerado pelos
pontos experimentais e por aquele gerado pela tendência dos mesmos a uma reta. Portanto, comprova-
se a eficiência do experimento realizado.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ATKINS, Peter W.; JONES, Loretta. Princípios de Química: questionando a vida moderna
e o meio ambiente. 3 ed. Guanabara Koogan, 2006.

 P. W. Atkins e J. de Paula, Atkins, Físico-Química, 8a ed., trad. E. C. da Silva, M. J. E. de


M. Cardoso, M. A. F. Faria e O. E. Barcia, LTC, Rio de Janeiro, 2008, vol. 2.

 www.brasilescola.com, acessado em 29 de setembro de 2010.

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