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Geografia conceitos e temas → Espaço, um conceito-chave da Geografia, Roberto Lobato

Côrrea

− Conceitos que se referem à ação humana modelando a superfície terrestre:


paisagem, região, espaço, lugar e território
− 1870: geografia é institucionalizada como disciplina
− 1950: revolução teorética-quantitativa (geografia tradicional); privilegiou os
conceitos de paisagem e região (POSITIVISMO)
− Ratzel: espaço indispensável para a vida do homem; DOMÍNIO; desenvolve o
conceito de território e espaço vital
− Território: apropriação do espaço por uma determinado grupo
− Espaço vital: expressa as necessidades territoriais de uma sociedade em função
de seu desenvolvimento, recursos naturais
− O espaço transforma-se, assim, através da política, em território (p. 18)
− Hartshorne (1939): INTEGRAÇÃO e INTERAÇÃO dos fenômenos no espaço →
espaço absoluto é independente de qualquer coisa, é um receptáculo que contém
as coisas
− Harvey: as diferentes práticas humanas estabelecem diferentes conceitos de
espaço (p. 19)
− Lugar e território não são significativos na geografia teorética quantitativa; espaço
nessa visão privilegia em excesso a distância; os agentes sociais, o tempo e as
transformações são inexistentes ou relegadas a um plano secundário
− Espaço como planície isotrópica (racionalista, hipotético dedutivo) e representação
matricial
− Com Schaefer, Bunge, Ullman (1954) e Watson (1955) o conceito de espaço
aparece pela 1ª vez na história do pensamento geográfico (p. 20)
− Espaço como planície isotrópica: ponto de partida homogeneidade e ponto de
chegada é a diferenciação
− Espaço e geografia crítica (fundada no materialismo histórico e dialético):
rompimento com a teorética quantitativa e a geografia tradicional; espaço
“marxista” vinculado com a reprodução das relações (sociais) de produção
(LEFÉBVRE, 1976, P. 34)
− Marx faz duras críticas a Hegel por relevar tanto o espaço, por isso, há o espaço
marxista?? → alguns autores como Soja e Hadjmichalis acreditam que a análise do
espaço na visão marxista foi semelhante a análise burguesa, onde o espaço era
considerado como um receptáculo ou espelho externo da sociedade; (p. 24)
− Marx procura enfatizar o tempo e a temporalidade (p. 24)
− Harvey (1993) estabelece conexões entre espaço e tempo ao discutir pós-
modernidade (p. 24)
− Crise de 1960: transformou o espaço por ele produzido em 'receptáculo de
múltiplas contradições espaciais' (p. 25)
− O espaço entendido como espaço social, que possui um estreita relação com as
práticas sociais, não deve ser visto como absoluto nem como produto da
sociedade. Não é nem ponto de partida nem ponto de chegada. (p. 25)
− Lefébvre: o espaço não é um instrumento político, um campo de ações de um
indivíduo ou grupo, ligado ao processo de reprodução da força de trabalho através
do consumo, ele engloba esta concepção e o ultrapassa, sendo o locus da
reprodução das relações (sociais) de produção, isto é, reprodução da sociedade (p.
25). Esta visão marca a geografia dos anos 70
− Milton Santos: grande contribuição de Lefébvre, onde contribui com o conceito de
formação sócio-espacial. O autor afirma não ser possível conceber uma
determinada formação sócio-econômica sem se recorrer ao espaço. O modo de
produção, formação sócio-econômica e espaço são categorias
INTERDEPENDENTES; (p. 26)
− “Os modos de produção tornam-se concretos numa base territorial historicamente
determinada (…) as formas espaciais constituem uma linguagem dos modos de
produção” (SANTOS, 1977, P. 5)
− Uma sociedade só se tornam concreta através de seu espaço, do espaço que ela
produz e, por outro lado, o espaço só é compreensível através da sociedade (p.
26);
− Sociedade e espaço: formação SÓCIO-ESPACIAL. Este é considerado como uma
meta-conceito, que contém e está contida nos conceitos-chave, de natureza
operativa, de paisagem, região, espaço (organização espacial), lugar e território. (p.
27)
− Santos: papel das formas e interações espaciais, fixos e fluxos (p. 27)
− Organização espacial dos países subdesenvolvidos: é admitida a a coexistência de
dois circuitos da economia, um circuito superior e outro inferior, resultado de um
processo de modernização diferenciadora que gera os dois circuitos que “têm a
mesma origem, o mesmo conjunto de causas e são interligados” (SANTOS, 1979,
p. 43) (P. 27);
− Santos: ESPAÇO COMO FATOR SOCIAL E NÃO APENAS UM REFLEXO SOCIAL
(p. 27)
− O espaço organizado pelo homem desempenha um papel na sociedade,
condicionando-a, compartilhando do complexo processo de existência e
reprodução social (p. 28)
− Côrrea (1986): organização espacial = configuração espacial = arranjo espacial =
espaço socialmente produzido = ESPAÇO → MATERIALIDADE SOCIAL (P. 28)
− Santos: categorias de análise do espaço → FORMA, PROCESSO, ESTRUTURA E
FUNÇÃO (p. 28)
− FORMA: aspecto visível
− FUNÇÃO: implica uma tarefa desempenhado pela forma
− ESTRUTURA: diz respeito à natureza social e econômica de uma sociedade em
um dado momento do tempo; é a matriz social onde as formas e funções são
criadas e justificadas
− PROCESSO: uma ação que se realiza, de modo contínuo, visando um resultado
qualquer, implicando tempo e mudança; uma estrutura em seu movimento de
TRANSFORMAÇÃO → CONTRADIÇÕES (p. 29)
− São termos associados e se tomados individualmente representam apenas
realidades parciais e limitadas do mundo, mas se relacionados, dão uma base
metodológica para discutir os fenômenos espaciais em totalidade (SANTOS, 1985)
(p. 30)
− Espaço na geografia humanista e cultural: COMPREENSÃO ao invés de
EXPLICAÇÃO; matriz historicista
− Geografia humanista assentada na subjetividade, simbolismos, sentimentos,
experiência, privilegia o singular e não o particular ou universal, ao contrário do
positivismo da tradicional e teorética quantitativa (p. 30);
− Paisagem e região são conceitos revalorizados, conceito de território é umas das
matrizes, lugar conceito-chave mais relevante e espaço adquire o significado de
ESPAÇO VIVIDO; (p. 30)
− Tuan (1979): no estudo do espaço no âmbito da geografia humanista consideram-
se os sentimentos espacias e as ideias de um grupo ou povo sobre o espaço a
partir da experiência. (p. 30); ESPAÇO PESSOAL E GRUPAL: vivida a experiência
do outro e ESPAÇO MÍTICO-CONCEITUAL ligado à experiência (p. 30)
− Tuan (1979): lugar possui um “espírito”, uma “personalidade”, havendo um “sentido
de lugar” que se manifesta pela apreciação visual ou estética e pelos sentidos a
partir de uma longa vivência (p. 31)
− Espaço vivido como campo de concentrações simbólicas (ISNARD, 1982) e como
uma experiência contínua, egocêntrica e social, se refere ao afetivo, mágico, ao
imaginário (HOLZER, 1992)
− Gallais (1977): nas sociedades industriais o espaço vivido é uma cadeia
homogênea de distância objetivada por custo ou tempo. Já nas sociedades
tropicais primitivas, o espaço tal como o tempo são concebidos descontinuamente,
é fragmentado em função do pertencimento ao mesmo povoado, que fornecem
referenciais básicos para o cotidiano em sua dimensão espacial → distância
estrutural, afetiva e ecológica. A afetividade está ligada ao gostar dos lugares e à
movimentação espacial. Lugares e áreas longínquas tornam-se próximos em
função da afetividade por eles. Afetivamente valorizado em razão das crenças que
conferem especificidades a cada parte do espaço
− Distância ecológica → as transformações advindas com a modernização capitalista
tendem a minimizar essa distinções na medida em que novas práticas sociais
originam novos espaços vividos dotados de outros atributos;

O conceito de região e sua discussão, Paulo César da Costa Gomes

− Região → latim regere


− Gregos e região: relação entre a centralização do poder em um local e a extensão
dele sobre uma área de grande diversidade social, cultural e espacial;
− Conceito de região tem três principais consequências históricas: tem implicações
fundadoras no campo da discussão política, da dinâmica do Estado, da
organização da cultura e do estatuto da diversidade espacial;
− Senso comum: região ligada aos principais de extensão e localização → conjunto
de área onde há o dominio de determinada característica que distingue aquela área
das demais
− Região também tem um sentido de unidade administrativa
− Região emprego associado à um certo domínio
− Região natural nasce da ideia de que o ambiente tem um certo domínio sobre a
orientação do desenvolvimento da sociedade;
− Possibilismo: o meio ambiente propõe, homem dispõe → trabalho humano em um
determinado ambiente
− Região e geógrafos: desvendar a combinação de fatores responsável por sua
configuração, sendo o método mais recomendado o da DESCRIÇÃO. Necessário
indagar à própria região sobre sua identidade. Importância da prática de campo,
pois se aproxima das manifestações únicas da individualidade de cada região.
− Através da região a geografia garante um objeto próprio, um método específico e
uma interface particular entre a consideração dos fenômenos físicos e humanos
combinados e considerados em suas diferenças locais;
− Região: organização diferenciada do espaço
− No conceito de região, ou sua manifestação, há o pleno encontro do homem, da
cultura com o ambiente, a natureza; a região é a materialidade desta inter-relação,
é também a forma localizada das diferentes maneiras pelas quais esta inter-
Relação se realiza. (p. 62)
− Região produto síntese do encontro entre ciências humanas e da natureza
− Geografia tradicional preocupada em só descrever e não fazer uma análise de
relações; passa então a ser um meio e não o produto final (p. 63)
− Regiões homogêneas e regiões polarizadas ou funcionais

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