No dia 30 de outubro, finalmente a notícia se tornou oficial: o
Brasil será o país anfitrião da Copa do Mundo de Futebol de 2014. O comunicado foi feito durante reunião do comitê executivo da Fifa em Zurique, na Suíça, na qual estavam o presidente Lula, o técnico da seleção brasileira, Dunga, e o jogador Romário. Essa será a segunda Copa realizada nos gramados do país - a primeira, em 1950, a derrota na final para o Uruguai calou o Maracanã e enlutou a nação. Para os torcedores será uma oportunidade de assistir em casa ao principal torneio da modalidade esportiva mais praticada no mundo.
A escolha do Brasil se deve a uma mudança no regulamento da
Fifa. Em 2000, quando a Alemanha derrotou a África do Sul na votação interna do órgão para escolher o país-sede da Copa de 2006, a Fifa decidiu estabelecer um rodízio entre os continentes que abrigarão o campeonato. Coube à África do Sul, o mais desenvolvido país africano, encarregar-se da Copa de 2010. Para 2014, sendo a América do Sul a bola da vez, a disputa ficou entre o Brasil e a Colômbia. Em abril de 2007, alegando que não conseguiriam cumprir todas as exigências da Fifa para a realização de uma Copa do Mundo, os colombianos retiraram a candidatura. O Brasil se tornou candidato único. Mas um dia antes do anúncio do país-sede para 2014 a Fifa também divulgou o fim do rodízio de continentes, para evitar as candidaturas únicas.
As exigências da Fifa para a Copa rezam que os estádios onde
as partidas são disputadas apresentem as mesmas condições de conforto e segurança que as de seus equivalentes nos países desenvolvidos. Todos os assentos, por exemplo, têm de ser numerados e é preciso haver hospitais e estacionamentos nas imediações. Além disso, será preciso preparar as cidades que os abrigam para a complexa operação logística que o certame envolve. Sediar uma Copa significa hospedar 32 equipes e suas comitivas durante um mês e criar estrutura para a realização de 64 partidas, que serão transmitidas globalmente. TURISMO
A expectativa é que em um mês 500 000 turistas – 10% do total
que o país recebe em um ano inteiro – acorram às cidades onde acontecerão os jogos. Em 1994, os EUA receberam 400.000 turistas; a França, em 1998, 500.000; o Japão, em 2002, 400.000; e a Alemanha, por conta da sua localização geográfica, bem no centro da Europa, recebeu 2 milhões de turistas. A previsão para 2010 é que 250.000 turistas vão à África do Sul. O campeonato atrairá ainda 15.000 jornalistas, 15.000 voluntários para tarefas diversas e 300 funcionários e convidados da Fifa, cuja lista de exigências ao país organizador inclui jatinhos, limusines e 400 automóveis.
GASTOS
Calcula-se que o Mundial de Futebol do Brasil consumirá 5
bilhões de dólares, embora as estimativas finais, quando anunciadas, devam prever cifras bem maiores. Foi o que aconteceu nos Jogos Pan- Americanos do Rio de Janeiro. Inicialmente orçados em 500 milhões de reais, estima-se que tenham consumido 4 bilhões de reais. Poucos países podem fazer como os Estados Unidos, que organizaram uma Copa do Mundo (em 1994) e duas Olimpíadas (em 1984 e 1996) sem um centavo de ajuda do erário. Isso porque toda a infra-estrutura estava pronta. Na Alemanha, o setor público (local ou federal) financiou um terço dos 2 bilhões de dólares gastos nas obras nos estádios.
No caso da Copa no Brasil, parte da verba virá dos cofres da
Confederação Brasileira de Futebol (CBF), beneficiária dos polpudos patrocínios da seleção brasileira. Mas os gastos com infra-estrutura nas cidades onde acontecerão os jogos – construção de estádios, obras em estradas, aeroportos e sistemas de telecomunicações – correrão por conta do estado, ou seja, serão bancados com dinheiro público.
As estimativas sobre número de turistas, geração de empregos
e impacto do evento sobre o PIB em geral são exageradas. Levantamentos dão conta de que em 1994 os EUA aumentaram em 1,4% o PIB; em 1998, na França, o PIB cresceu 1,3% a mais; em 2002, a Coréia o elevou em 3,1% enquanto o Japão teve decréscimo de 0,3%; e a Alemanha teve 1,7% a mais no PIB em 2006. Mas antes do Mundial da Alemanha, falou-se na criação de 100.000 empregos. Um estudo feito depois do evento contabilizou apenas metade desse total. A Coréia do Sul esperava 500.000 turistas a mais em 2002. Só apareceram 50% deles. ESTÁDIOS
MINEIRAO: Projeto do arquiteto Gustavo Penna em colaboração com
a alemã GMP, a modernização do Mineirão inclui construção de cobertura, vestiários e arquibancadas, estacionamentos e esplanada entre estádio e renovação do ginásio Mineirinho. O estádio terá 69 mil lugares.
ARENA AMAZÔNIA: A nova arena substituirá o estádio Vivaldo Lima
(Vivaldão), em processo de demolição. O projeto é de autoria do escritório alemão GMP e inspira-se em elementos da cultura, fauna e flora amazonenses. A capacidade é de 44.310 pessoas.
ARENA CORINTHIANS: Após o veto da Fifa ao estádio do Morumbi, a
arena do Corinthians é a única opção de São Paulo para 2014. O projeto do escritório carioca CDCA prevê 48 mil lugares em área de 200 mil m² no bairro de Itaquera, zona leste da cidade. Caso a federação confirme o interesse no estádio, o projeto sofrerá mudanças radicais para atender a 65 mil pessoas e aos requisitos de visitantes vip e mídia.
ARENA DA BAIXADA: A modernização da arena curitibana é de
responsabilidade da Carlos Arcos Arquitetura. Para as obras (construção do quarto lance de arquibancadas e da cobertura), o município liberou créditos de potencial construtivo de R$ 90 milhões para o Atlético-PR.
FONTE NOVA: A nova arena substituirá o estádio Fonte Nova
(demolido), mantendo a geometria oval e abertura para o Dique de Tororó. Terá 50 mil lugares e três anéis de arquibancada, mas a capacidade poderá ser ampliada para até 65 mil, caso seja escolhido para a abertura da Copa.
ARENA PANTANAL: A Arena Pantanal é um projeto premiado da GCP
Arquitetos. Terá capacidade para 43.600 espectadores, com arquibancadas e cobertura desmontáveis. Poderá ter redução de até 30% da capacidade após o Mundial. O projeto tem uma série de recursos para atender à certificação Leed, de sustentabilidade.
ARENA PERNAMBUCO: Localizada em São Lourenço da Mata, a 19
km do Recife, a nova arena foi projetada pelo escritório Fernandes Arquitetos Associados. Uma série de empreendimentos estão sendo concebidos para a região do entorno da obra. A arena terá 46 mil lugares e estacionamento para seis mil carros.
BEIRA-RIO: Projeto do escritório Hype Studio, a reforma do estádio
portoalegrense compreende: cobertura metálica, suportada por 65 módulos de 23m em forma de asa, e capacidade de 60 mil lugares. Integra um projeto de renovação urbana em toda a região ribeirinha
CASTELÃO: A reforma do Castelão, projeto do escritório Vigliecca &
Associados, pretende também revitalizar o bairro do Passaré, em Fortaleza. Estádio terá 66 mil lugares, estacionamento, centro olímpico, piscina e ginásio multiuso, além de geração de energia eólica. Pretende receber uma das semifinais da Copa.
ESTADIO DAS DUNAS: Licitação foi concluída em 11 de março de
2011, com a escolha da construtora OAS para realizar as obras e gerenciar o estádio. Para isso a empresa contará com o apoio da Amsterdam Arenas. O projeto básico foi concebido pela empresa internacional Populous Architects. Licitação definirá o prosseguimento do projeto executivo. Arquibancadas flexíveis permitirão remover parte dos 45 mil assentos do estádio.
MARACANÃ: Projeto da empresa pública Emop (Empresa de Obras
Públicas do Estado do Rio de Janeiro), a reforma do Maracanã compreende a redução da capacidade a 76 mil lugares, reconstrução da arquibancada inferior, geometria oval (para melhorar curva de visibilidade), 108 camarotes e acesso por rampa monumental. Comprometimento da estrutura aumentou custo da obra em cerca de R$ 400 milhões.
MANÉ GARRINCHA: O escritório Castro Mello Arquitetos e a empresa
alemã GMP assinam o projeto de reforma da nova arena Mané Garrincha, que se transformará numa arena multiuso, com 71 mil lugares. Projeto inclui estacionamentos, apoio, vestiários, lojas e ampliação de arquibancadas.