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100 CONTAATOS DE UTILIZAGAO DO NAVI (79) Sobre esta questao mer publicado na jade do 'Gapitéo © do Prop foncia 0 artigo do wwegagao" sob 0 do Navio em do este Proto- a, Noruega e de 1985, 6 paises haviam Espanha, B6l sments Maritimes, the Hamburg Rules, Journal de la Marine Marchande. W. E. Ast Fairplay Publications, London, 1981 ("4 Em Fevereiro de 1985 esta Convencao havia sido ratificada ises, sondo necessérias vinte ratificagdes para que en- Uganda, Tanzania, Tunisia, Barba- Libano. ‘esta Convencao havia sido ratiticada a CAPITULO III O CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS 100, CONTRATOS DE UTILIZAGKO 00 NAVIO referéncia o artigo do lavios @ Navegacdo” sob 0 (Cit, in Carlos R. Caminha Gomes, ob. cit., pag. 256. () Claude Douay, La Réforme des Connaissements Maritimes, de 1a Marine Marchande. W. E. Astle, the Hamburg Rules, ns, London, 1981. de 1985 esta Convencao havia sido ratiticada sendo necessérias vinte ratificagdes para que en- tre em vigor: Hungria, Egipto, Uganda, Tanzania, Tunisia, Barba- dos, Marrocos, Roménia, e Libano. , esta Convencao havia sido ratificada Te CAPITULO III O CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS 1 — Consideragdes Gerais ‘nda que conhecido desde os tempos mais remotos, #86 muito recentemente que se poderd falar do transporte de passageiros como indi De tacto, embora podendo ser considerado como uma variante dos tansportes, martimos, o transporte de passageiros careceu Gorante longos anos de uma legislacao propria. O primeiro docu- tmonto legal europeu que a ele faz reteréncia & 0 “Passengers Act” de {955, embora ja 9 COdigo Brasileiro de 1850 fizesse referéncia aoste tipo de transporte(’) send, ais, o primeiro Codigo Comercial que dole se ocupou. este modo, e embora o Codigo Comercial Portugués tena consagrado dez artigos ao transporte de passageiros, o que é facto é ue, & somelhanga de outras legislagdes estrangeiras, este tipo de transporte era quase totalmente ignorado. fe invengao da maquina a vapor e a sua consequente introdu-: porte maritimo que constitu, a bom dizer, 0 ponto de | ipo de transporte que ird desenvolver-se muito rapids~ 5 seu apogeu por volta do segundo co ae desenvolvimento, porém, ir ser travado, nome parecimento ¢ répido desenvolvimento do aviao come meio de transporte, o qual rd rapidamente suplantar a posi¢a0 cto at opupada polo navio no transporte de passageiros. Esta concor- sini alge, vt aer tanto mais forte quanto mais longs ora desloce- 10 CONTRATOS DE UTILIZAGAO 00 NAVI. deste modo, 0 transporte de passageiros entra em répido io. Para que se tenha uma ideia clara da predominancia do aviao Sobre 0 navio como meio de transporte de passageiros, basta vermos qual a proporgao, em 1969, nas relagdes Europa-Estados Unidos: — foram transportados por avido 6776000 passageiros enquanto que ‘86 938000 passageiros foram transportados por navio, o que signi- fica, respectivamente, uma percentagem de 95% © de 5% para cada um destes meios de transporte Actualmente, ao abandonarem as linhas regulares, os transpor tadores preferem apostar nos cruzeiros maritimos como forma de ‘compensar 0 seu recuo naquelas linhas Em Portugual, esta matéria encontrava-se, até hé pouco tempo, requlamentada pelos preceitos dos Artigos 563: a 573° do Codigo Comercial. Com a publicagéo do Decreto-Lei n.° 349/86 de 17 de Outubro e a consequente revogagao dos referidos artigos do Cédigo Comercial, passou a ser aquele diploma 0 instrumento que, por exce- éncia, regulamenta esta matéria, constituindo a sua principal inova- {G80 0 tratamento normativo dos cruzeiros maritimos, 2 — 0 Contrato de Transporte Maritimo de Passageiros 2.1 — Definigao e natureza juridica ‘0 Artigo 1.° do Decreto-Lei n.* 349/86 define este contrato como “aquele em que uma das partes se obriga em relacdo & outra a transporté-la por via maritima mediante retribuigéo pecuniéria’”. Do ponto de vista da sua natureza juridica considera-se, hoje em dia, j4 n&o ter razéo de ser a polémica em torno da questao de se ‘saber se se trata de um contrato de locagéo ou de fretamento (3) Com efeito, a caracteristica essencial deste contrato é a deslocagao ©, Por isso mesmo, trata-se bem de um contrato de transporte cujo rf © transporte de pessoas de um porto para outro, por via maritima, ©. GCONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS vas 2.2 — Prova do contrato O contrato de transporte de passageiros & um contrato consen- sual que deriva do mutuo consenso das partes em presenca Relati- vamente ao direito que the é aplicavel. 0 Artigo 2° do Decreto-Lein. 349/86 dispde que este contrato “6 disciplinado pelos tratados @ con- vengdes internacionais vigentes em Portu: idiaciamente, elas disposicdes do presente diploma” Dado o facto de, até a0 momento, nenhuma destas Convencdes haver sido railic Embora sejam admitisos todos os meios de prova, &no bihete de passagom, titulo deste contrato, que vem oxaradas as principals condigdes e estipulagdes conteatuais, nao havendo, na pratica, qual, quer discussio prévia sobre aquelas entre os contratantes. Oe acto, 9 passageirolimita-soa aden as condigdes propostas ¢ que consta ino verso do ssagem. Pode, pis, considerar-se ste con. {ato como um contrato de adesto. entendendo-se que o pas aceitou as cldusulas do contralo a partir do momento em que aceitou ‘a.bithete, Nao se pense, contude. que toda © qualquer ciasula sora valida © obrigue necessariamente 0 passageiro(‘) Este contrato da direito a0 passageiro de se fazer Wransportar com determinado volume de bagagem dita de porao, assim como de bagagem de cabina, Note-se, porém. que no ha obrigagio de ovis. Silo de conhecimentos relaivamente aquela bagagem. Qiransnaris- dor deverd, no entanto, passar um rec despachada), Indicando o numero e # natureze desta e ficando ela sujeita ao regime do transporte de "mercadorias sob conhecimento de carga Vamos pois que o bithete de passagom constitu a prova do con- rato. Como tal, © de acordo com o Artigo 4° do Decreto-Lel n= 349/86, ele deverd conter determinadas indicagGes, a saber — A identificagao das partes; — A data e 0 local da emissao; — 0 nome do navio; — 0 porto de embarque, 0 de desembarque e as escalas quando 0 passageiro o solicite; 186. - CONTRATOS DE UTILIZACAD 00 NAVI — A data e 0 lugar de embarque e desembarque: — As condigées da viagem e 0 respectivo prego, © bilhete de passagem desempenha uma tripla funcdo (% 19 — a prova do contrato edo pagamento di passager 28 — mentos do. resumir o conhecimento de taritas e regula~ passageiros. De salientar, porém, que embora clandestine. o passageiro devera sempre 0 prego do bithet ). Ainda no que se refere a esta questo, é importante referir 0 Artigo 19” do recente diploma sobre o transporte de passageiros por mar o qual, para além ime Jestinos, apresenta uma nfinigdo do que se deve entender por essa designaco: ..) qualquer pessoa que, num porto ou em local préximo, se oculte no navio sem o ‘ou do capitéo, ou de qualquer se encontre a bordo depois outra pessoa que explore 0. eter doixado..esseporto ou. refere aquilo a que designa por “trans- do Decreto-Lei n* 349786 esta- itansporte em navio div excepto se 0 passag: Tose de caso fortuito ou de forga maior, o que.ndo impede. porém. 0. CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS, we tuido (Artigo 6. n.° 2). Finalmente, o passageiro nao poderd ceder 0 seu bilhete no caso deste 0 ind ‘amenos que o transportador dé 0 seu consentimento (Artigo 2.9 — Obrigagdes do Passageiro criangas com menos duos cujo embarque ha sido imposto 20 capitao, eiro: apresentar-se a bordo a apresentagdo do bilhete de passagem que prova 0 que este é intransmissivel, a identidade do passageiro deverd ser verificada a bordo. ‘A partir deste momento, o passageiro ficard submetido ao poder disciplinar do comandante pelo que Ihe devera obediéncia podendo, inclusivamente, em cerias condigoes, vir a ser detido por este. Por outro lado, o comandante deverd recusar a entrada a bordo a quem seja portador de doenga grave ou contagiosa ou a quem reprosente petigo para a ordem e sequranca do navio, Os passageios eso, pois, submetidos 2 que se chama a disciplina de bordo por quem o te ¢ responsavel. E, aids, o que estabelece 0 Artigo 17." do _Decreto-Lei n. 349/86; “O passageiro fica submetido aos regulemen- instrugdes do capitdo relacionadas com a disciplina de bordo @ com a seguranca da 1". No exercicio deste seu poder discipli- de acordo com 0 Decreto-Lein.° 678/15, revaricador_as_penas de_admoestacto, _____conTRaros pF UTILIZAGAO 00 NAVIO Por outro lado. 0 passageiro deverd prestar as declaragdes que forem exigidas pelo transportador ou autoridades compe- bem como todos 0s documer — principal obrigacao_d sssager_que con icamente seja de li oficialmente ou fixado de acordo com tarifas a que 0 passageiro adere e, em geral, 6 pago adiantadamente em moeda nacional ou estrangeira, conforme o estipulado. Este preco, embora dependa do que for convencionado, com- preende ndo s6 0 trans; e rest ida_pelo_transp (Artigos 564. previstas no ja referido Decreto-Lei n.° 349/86 (Artigos 122) que expressamente os revogou. 1 o_que diz respeito as ever 11208 uacbes de nioembar- Gribargu nos fame previ ‘sera obrigado 20 seu pagamen 10 se } O.CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIVO DE PASSAGENOS —_—_189 geiro de segi quéncia da viagem ou ainda a di \dependentemente de qualquer comunicagao pré- ‘92 n° 4). No entanto, 0 ue, Se 0 passageiro nto dosse dez dias. Outra situagao prevista no Decreto-Lei n 349/86 é de interrup- agem. Ts hipoteses s¢.colocan. A ptimaia ada nssa- respeitante ao navio, o que implicara que, 190 CONTRATOS DE UTILIZAGAO 00 NAVI tanto 0 transportador como 0 passageiro, possam invocar 0s direitos, previsios.no n- 2. antriormentereterido, embora_o passagelro nfo do mesmo espirito do Artigo 16m prevista. Com efeito, 0 Ar imputavel_ao tas, 0 passageiro ter ahipotese de desvio de para salvagio de bens é, de acordo com o preceituado neste artigo, condi¢ao bastante para 0 passageiro nao po indemnizagio por danos sofridos em virtuge de tal servo, 0 quenfo Tor parees a solugfo mals corecta nem a mals conforme 8 outa dominant sabre sula Guana am mM Gea do ears, ness caso, perani um deavo para e: ald, aleislacho internacional nc impéra abrigatoriedade esse tipo de desvio. 2.4 — Obrigagbes do Transportador Relativamente a esta questo, o Decreto-Lei n.” 349/86 estabe- lece claramente quais as obrigagdes do transportador. Com efeito, 0 Attigo 13° do referido diploma dispde que “o transportador deve por © manter_o navio em estado de_na rmado, equipado @ aprovisionado para a via qom, procedendo de Trata-se, pois, de um principio geral, comum a todos os cont tose transporte e que se prende com anogao de navegabilidade da ‘embarcagto ¢ relativamente & qual ja por varias vezes nos debruga- mos noutros capitulos pelo que, néo voltaremos a esta questao. Em © CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASS: todo 0 aso, convém insistir no facto de que esta obrigagao se estende por todo 0 tempo do transporte. Deste modo, e como aids j& referimos anteriormente, se houver necessidade de proceder a subs- igo do navio por culpa do armador. o passageiro nAo 36 poders rescindir_o conteato, como exigir 0 pagamento de indemnizacao = sofridas, para além de poder exigir o reembolso da ago. Tal na0 acontecera, porém, sso sel as eae efectuar-se de acordo com as condicies nraviamenie esiabelacidas no bilhete de passagem. No respeitante & alimentagao, esta estaré, em principio, incluida no prego do bithete de passagem, conforme estipulacao no jé rete- Fido Artigo 8° do citado diploma Qutra obrigagao inerente ao transporte do passageiro ¢ a do transporte da passagem. Para t /houver um excedente em de passagem, 0 pases: vera "N12 §). Por 0, ‘a bagagem poderd ser de camarote ou bagagem de cabina, transportada no camarote do préprio passageiro, ou de porao, tam- bém designada por bagagem despachada. Neste ultimo caso, a ela se aplicara 0 regime do transporte de mercadorias ao abrigo de conhecimento de carga (Artigo 7. Ainda sobre este assunto & de notar que a nova Convengao Internacional sobre o Transporte de Passageiros e sua Bagagem, assinada em Atenas em 1974, admite no conceito de bagagem qualquer artigo ou veiculo do passageiro trans- portado segundo um contrato de transporte € inclui no conceito de bagagem de camarote nao sé aquela que segue no camarote do passageiro como também aquela que o passageiro tenha dentro ou ‘em cima do seu veiculo. Quanto aos objectos de valor, deverdo estes. ser dectarados ao transportador sob pena deste nao ser responsavel pela sua perda ou eventuals danos. Finalmente, nao é permitido a0 passe certo peso e qi relagao aos ‘gsiro deverd pagar um 12 CONTRATOS DE UTILIZAGAO DO NAVIO perigosa ‘Mas a obrigagdo mais importante do armador consiste no trans- porte do passageiro. Neste sentido. onavio devera obedecer ao itine- rdrio previamente estabelecida sem dele se desviar au escalarportas. no previsias-no-cantrato, como alids estabelece 0 Artigo 12° do Decreto-Lei n° 349/86, a que ja fizemos referéncia no nimero ar 3 — Responsabilidade do Transportador 3.1 — Convengao de Bruxelas de 24-9-1961 sobre o Transporte de Passageiros Convem dizer, antes do mais, que a responsabilidade do trans- portador ¢ uma responsabilidade contratual que deriva do contrato de transporte que ele celebrou com 0 passageiro. Quer isto dizer que (0 transportador tem a obrigagao, contratual, de conduzir o passa- geiro, so ¢ salvo, a0 porto de destino. Dai que, qualquer acidente ‘corporal que sobrevenha ao passageito implique.a responsabilidade 10 transportador. Dai também que, precisamente por se ponsabilidade contratual, nada impoca o transportador de inserir no contrato cldusulas de exoneragéo que reduzam con- sideravelmente esta tespansabilidade, As dificuldades encontradas em d lidade do transportador de passageiro: conta a grande liberdade de movi durante a execucao do contrat Convencao de Bruxelas de 29-4- claramente a responsabi- indo nomeadamente em 10 que o passageiro goza am na base da elaboragao da ‘sobre o transporte de passagei- dos quando so efectuadas por navios que ©: um Estado contratante ou quando, de acordo com 0 con transporte, o porto de partida ou 0 de destino se situem num Estado contratante. Nao esté, pois, em questo a_nacionalidade dos passagoiros. © CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS 193, A Convengao de Sruxelas veio propor_um sistema de responsa- bilidade baseado num conjunto de regras sequndo as quais o trans- Portador deverd exercer uma diligancia razoavel para ter e conservar © navio em bom estado de navegabilidade durante toda a viagem e para garantir a sequranga dos passageiros (Artigo contudo, que a acorréncia de um acidente ot Nao se pense, I que vitime o izar 0 transpor- ipos de situagoes Passageiro seja condigao suficiente para responsat haverd presungao de resnonsabllidade sobre-o transaortador, o.ave in te-qut 0 Gout de nova cl obra la. sananhe soca, Embora estas disposigdes da Convencao poss: has, dado que est cidentes so trequenteme: elas sd0 de facto logicas. Cor nestes casos que 0 passageiro nao consegue provar a responsabilidade do transportador, por outro lado, s80 estes precisamente 08 casos que nao terdo sido, com toda a certeza, cau- sados pelo passageiro. De facto, dada a grande liberdade de movi- mentagdo do passageiro nos transportes maritimos é muito mais natural que este venha a ser responsavel noutro acidente do que estas catastrotes () Alids, a Convencdo prevé (Artigo 5:), a hipétese do acidente ter resultado de falta cometida pelo passageiro estabelecendo que, jade do transportador poderd ser afas rd distinguir a hipotese de responsabilidade do transportador enquanto, no segundo, tudo 104 ____GONTRATOS DE UTILIZAGAO 00 NAVI podera depender do facto do transportador conseguir provar a sua diligéncia apesar da falta do passageiro Esta Convencao de 1961 propds ainda (Artigo 6.°) que a respon- de do transportador, em casa de morte ou ferimentas, fosse 1a_a_um_montante maximo que, a acontecer, faria com que este nfo pudesse limitar a sua responsabilidade. Finalmente, a Convengao ta jelece determinados pra- 208 aos queixosos para poderem ,dicialmente, Deste modo, haveré um prazo de 15 dias a partir do dia de desembarque para o caso de danos corporais, sob pena de haver presungao de que 0 passageiro desembarcou sao e salvo (Artigo 11.7, § 1."), e um prazo geral de 2 anos apés o desembarque, findo o qual nenhuma acgé por danos corporais poderd ser intentada (Artigo 11°, §2.°). Sali se, contudo, que a Canvangio prevé.a hindtese da morte do passa- ‘0 desembarque pelo que, neste caso, 0 prazo correrd a patr do falecimento ndo podendo, no entanto, exceder 3 anos contados a partir do dia do desembara) “A elaboragéo de uma Convengao de Bruxel sobre o transporte de bagagens e a alegada as disposigdes destas duas Conveng6es, terdo estado na base da redaco de uma nova Gonvengao Internacional sobre esta matéria a que adiante faremos referéncia 3.2 — Convengio de Bruxelas de 27-5-1987 sobre o Transporte de Bagagens de Passagelros Até 1967 no havia qualquer diploma de émbito internacional referente ao transporte das bagagens dos passageiros. Esta lacuna foi ultrapassada com a elaboragdo da Convengao de Bruxelas de 27-5-1967 para a unificagdo de certas regras em matéria de trans- porte de bagagens de passageiros por mar a © CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS 195 Por outro lado, a nogdo de bagagens fot alargada uma vez que, no seu Ambito, ficam também abrangidos os veiculos que acompa- ham os passageiros ad). ‘As bagagens poderao ser de trés tipos a) Bagagens sogistadas. ou de poréo. Embora se tratem de bagagens de pario elas na a ‘cdo por perdas e danos Por outro lado, esta Convencao de 1967 assimila os veiculos de turismo (veiculos transportados ao abrigo do cont do passageiro) as bagagens registadas ou de porao (Artigo 1*,alinea 4). Deste modo, o transportador é responsavel em relacdo a eventuais danos nestes veiculos nas mesmas condi¢des que 0 6 para as restan- tes bagagens. De reterir. porém, o preceituado no n° 2 do Artigo 4°, de acordo com 0 qui oo me ica-se pela importncia cada vez maior do tralego maritimo de automévsis. b) Bagagens de. nao, amente a este tipo de bagagens nao 6 passado qualquer documento que ateste o seu recebimento por parte do transportador. _de bagagens que ficarao a cargo do passageiro, {quer no seu camarote quer em suas mos. Tal nao quer dizer que nfo esteja prevista a responsabilidade do transportador relativamente ‘0s danos que elas venham a sofrer. No entanto, e tal como refere a alinea b) done § do Artiga 4° da Convencao de 1967, caberd ao passageiro provar que os danos por elas sofridos foram consequén- 196 Zs CONTRATOS DE UTILIZAGAO 00 NAVI itado ou éstejamrretacio- dos. ae aultagio, abalroamento, encalne, explosio ov incéndio ’A proposito tanto das bagagens de pordo como das de camarote, tovanta-se a questo do roubo destas bagagens por parte dos ba- Com efeito, nao sendo estes empregados do trans- se podera exigir-Ihes responsabilidade, es- 10, Trata-se, sem duvida, de uma responder, em especial dada a questao delicada 2 que nao ¢ {4 dificuldade de definir 0 estatuto dos bagageiros. ) Objectos de valor contiados ao comandante ou camissivio de bordo pelo passagelro Neste caso, dado terem sido confiados & guarda da, _de bordo, o transportador fica responsavel por eles. Sobr de bagegem, a Convencan da 17 limba aestbelecer que, salvo a0 ou dangs que os bjecton de valor venham a sofrer Relativamente aos prazos de apresentagao de reclamagoes por avarias ou perdas nas bagagens, a Convengao de 1967 estabelece que, no caso de avarias aparentes, presume-se que as_bagagens ‘tenham sido entregues em bom estado acaso 0 passageiro nao apre- | sente qualquer reclamagao, por escrito, no momento da recepcao. (Artigo 10... 1), De qualquer modo, haverd prescricao se nenhuma sec. tier sida intentada-dentin.da-otazo da. dois anos aps o desembarque (Artigo 102, n* O.CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS 197 3.9 — Convengio de Atenas de 13-12-1974 rel por Mar de Passageiros e suas Bagagens 1a a0 Transporte Contorme ja referimos anteriormente, a dificuldade em con algumas disposigdes das Convengdes de 1961 e 1967 sobre 0 t porte de passageiros e 0 transporte de suas bagagens, respectiva~ mente, esteve na base da redacgao de uma nova Convengao internacional, preparada sob a égide da IMO e assinada em Atenas em 13 de Dezembro de 1974, Embora ainda nao em vigor. esta Con- vengao ja foi objecta de uma alteracao através do Protocolo de 19 de Novembro de 1976, visando @ conversdo da unidade monetaria pre- vista, o franco Poincaré, em unidade de conta, para os paises mem- bros do FMI Um dos objectivos da nova Convengao melhor ordenar as solugdes previstas pela ant nacional — Convengdes de 1961 © 1967. Uma das inovagdes desta Convencao consiste na introdugao de ‘um novo conceito de passageiros (Artigo 1°. n.°4), de acordo 0 qual também serao considerados considerados passageiros os individuos ‘que, com 0 consentimento do transportador, viajem como acompa- tes de um veiculo ou de animais vivos abrangidos por um con- ito de transporte nao previsto por esta Convengao. Por outro lado, a nova Convengéo define 0 conceit tador substitute prevendo a hipétese deste vir a subs nsportador contratual. Relativamente a esta ques- 10 de reagrui ior legislagao parcialmente, 0 to, 0 Artigo 4." estabelece o principio de que o transportador contra- tual continua responsdvel pela boa execugao do contrato, embora 0 ansportador substituto responda pela parte do transporte por ele ‘No que se refere ao regime de responsabilidade do transportador {Artigo 3), mantém-se 0 principio de acordo com o qual ele respon- deré por morte, danos corporais do passageiro, perdas ou danos nas bagagens, se se provar que ele ou os seus subordinados cometeram uma falta no exercicio das suas fungdes. A inovacao principal deste artigo consiste no estabelecimento de uma presungao de respon- sabilidade a cargo do transportador e seus subordinados, no caso da morte ou dos danos corporais do passageiros ou da perda ou danos fae CONTRATOS DE UTILIZACAO 00 NAVIO nas bagagens de mao terem tido como causa directa ou indirecta um roamento, um encalhe, uma explosdo, um incén- jo navio. Trata-se, porém, de de prova em cor bagagens, haveré F, Salvo prova em cor (0s montantes maximos de indemnizagao foram aumentados. Deste modo, o limite de responsabilidade di : tador @ de 700000 francos em caso de morte ou danos corporais do passageiro, 12500 francos relativamente as bagagens de mao ou de ‘camarote, 50000 francos por cada veiculo © 18000 francos relativa- mente as outras bagagens. Tratam-se, evidentemente, de francos Poincare. 3.4 — A responsabilidade do Transportador de acordo com o Decreto-Lei n.° 349/86 de 17 de Outubro Relativamente ao primeiro aspecto, o Artiga 14. estabelece 0 io de acardo com_o qual o transportador respondera “pelos danos que 0 passageiro sofra no navio, durante a viagem, ¢ ainda pelos que ocarram desde o inicio das operacdes de embarque até a0_ ibarque, quer nos porto: 2m, quer , eabendo porém ao lesa portador relativamente s sofridos pelo passageiro em consequéncia gio, Tae 0 CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS 199 abalroamento, explosdo ou portador provar que os acontecimentos referidos néo resultaram de culpa sua ou dos seus auxil do navio, inoumbindo ao trans de transporte de passageiras por_mar ial_interesse_a_distingdo que se faz neste ans igao pecuniania etectuado em favio explorado com caracter comercial_e 0 transporte gratuito elgc- tuado em navio.no_utilizade para fins comerciais.Trata-se de uma distingdo que 0 legislador entendeu dever fazer, contrariamente a0 estabelecido no Codigo Civil em que 0 regime do transporte gratuito ente a esta questi, 0 AY ever ser aplicado o regi 0 transporte ‘navio nio-uiilizede-para-fins comecciais. aquuele regime nda se anli- ‘card, regendo-se.o.tansnarte pelas regras. gerais.da responsabili- dade. extracontratual Finalmente, 0 referido diploma estabelece quais os Tribunais porto de embarque ou de desembarque se situe em rio portugues: contrato de transporte tenha sido celebrado em Portugal: 200 CONTRATOS 0€ UTILIZAGKO 00 NAViO 2-GONTRATO DE TRANSFORTE MARITIMO OE PASSAGEIROS Ey ransportador arvore a Bandeira Portuguesa documentos que titulam este c ou esteja registado em Portugal; x to ¢ que constituem. deste modo, ‘bes assumidas pelo organizador perante-aseu cliente — .domicilio do passageiro, ou a sede, sucursal, filial Rolativamente as responsabilidades decorrentes deste contrato, ou_delegacdo_do_transpartador.se_localize-em_territdrio hd que ter em conta que o organizador do cruzeito tanto pode ser portugues. uma agéncia de viagens como uma companhia de navegagao. De qualquer modo, por uma questéo de seguranga do cliente, este Geverd saber a quem pedir responsabilidades por eventuais prey Na execucao do contrato e, nessa medida, cremos que deve Porém, no caso de ocorrerem outras situagdes que ndo as ante- riormente indicadas, “a determinagao da competéncia internacional dos tribunais para julgamento das acgdes emergentes do contrato de transporte de passageiros por mar é feita de acordo com as regras gorais” (Artigo 20.°, n.* 2) ‘ese do organizador @ transportador serem entidades aquele vir a poder recorrer contra estes. Por outro lado, este regime nao deverd ser diferente ainda que o navio tenha sido altetado por lagem ou a tempo pela agéncia organizadora. E ‘que, como 6 evi- dente, o armador nao realizou quaisquor conttatos de cruzeiro, limitando-se a apresentar 0 navio em bom estado de navegabilidade ne porto e.na data convencionados e pronto para o service preten- dido. Por este motivo, o cliente quoixoso apenas deverd reclamar advento do transporte aéreo, um répido contra a agéncia organizadora, ainda que esta possa vic, eventual. 9poca dos cruzeiros maritimos (...)". Com mente, a recorrer contra.o armador. da exploracao comercial dos navios de fa, 0 regime de cruzeiros maritimos. 10 facto de que, o contrato de cruzeiro é diferente _do_contrato de transporte martimo de passageiros. De ©.que caracteriza essenvialmente o cruzeiro maritime é a.com lade dos servigos prometides ¢ a oraanizagso especial do cru- Embora a importancia d zeiro.Se.um passageio ou um grupo de pastageios embarea num | tenha decrescido grandemente em quase todos os palaes ban ie ‘navio em determinado porto para, apés vari Que se tem vindo a manitestar ultimamente um certo interesse polo orto de partida, sem que nada mais, além do tra netenha) | = regime dos cruzeiros maritimos sido_prometide, estaremos em presenga de um contrato de trans-| / Porte de passageiros © nao de um cruzei 4 — Os Cruzeiros Maritimos me refere 0 predmbulo do Decreto-Lei n.° 349/86 de 17 de |] a0 apogeu dos grandes paquet Maritimos no actual quadro legislative vigente transporte maritimo de passageiros tempo, a quase inexistencia de legisagto nacio- E que a viagem ‘nal, bom come a raca ou quase nulaimplantagdo da legisiseaoiniae oll grupo de nacional, tornou asta matéria bastante controversa ede abordagem. Por 0 vidade a nivel nacional, (pese embora a oxisténcia recente de futuro breve desenvolvimento da actvidade de cruzeiwoe marie, Mos no 10880 pals), levou a que esta malérialosse rlegada pars segundo plano, n Esta situagdo ter-se-d moditicado com a publiagto do ‘8ssageiro © luda isto deverd constar no documentovs Decroto-Lein 349/86 de 17 de Outubro que regulamenta sco ‘ou pequenas viagens em terra que retirard ao cruz Seu-cardcter, desde que o navio espere pelos passag Vemos pois que 0 cruzeiro maritimo, para além do ti 202 CONTRATOS DE U7 \eAO 00 NAVI de transporte de passageiros por mar e que velo revogar 0 Capitulo Vil do Livro Terceiro do nosso Cédigo Comercial (Artigos 563.° a 573-9". Conforme refere o preambul vagao consiste, precisament tamento normativo dos cruzei- ros maritimos. Porém, dado tratar-se_de uma actividade que agora comeca a dar os primeiros passos e que se pretende incentivar, entendeu 0 legislador que nao seria oportuno estabelecer, desde ja, tum sistema de responsabilidade demasiado gravoso para os organi- zadores de cruzeiros maritimos que nao sejam os préprios armado- res. Dai o ter-se optado por “um regime intencionalizadamente pou- co gravoso para os organizadores desses cruzeiros, embora salva- ‘guardando interesses dos pé agora nao tutelado diploma, a sua principal ino Assim, para além de que 0 bilhete de cruzeiro mari ar-se em que qualidade a gelro (Artigo 21° n° 2) Por outro lado, prevendo esta hipdtese, o 1.2.3 do Artigo 21.° estabelece ainda: “No caso previsto no numero anterior, o organizador do cruzeiro ‘martimo, deve promover, nas suas relagbes iniarnas com o transpor- ico a este e ao passa- ‘que as acgdes emergentes da icdvels_as regras de competéncla ‘quer seja ou néo o transportador, 0 organizador do cruzeiro maritime responderd pela correcta organizagao do cruzeiro e pela prestagao dos servigas acessérios_previstos. Pelo que atrés ficou dito se ‘Zepreende, como aliés 0 relere o predmbulo do diploma que temos vindo a que nele fica explicitado “que se 0 organizador do cruzeiro tiver o estatuto de transportador maritime fou par ser 0 © CONTRATO DE TRANSPORTE MARITIMO DE PASSAGEIROS. 203 armador, ou por decorréncia de um contrato de fretamento ou assi- ‘milével) @ sua respons da_qualidade de organizador om __conraatos 0€ NOTAS AO CAPITULO (1) Azevedo Matos, ob. (3) René Rodiére, ob. cit () Georges Ripert, D René Rodiére, ob. cit, n René Rodisre, ob. cit, m* 1027 Antigo 72, n.% 1, 2 @ 3 do Dacreto-Lei m* 349/86 de 17 do bro. Azevedo Matos, ob. cit., n.° 639. () Azevedo Matos, ob. cit., n° 641 (9 Azevedo Matos, ob. cit., n.° 649, ‘n2 406, (Précis Dalloz). jodavia, que esta Convengao nao se encontra ‘em 1 de Janeiro de 1978, apenas dois paises e Cuba. CAPITULO IV | ent et A origem do reboque remonta & Antiguidade, existindo varias referéncias historicas desta 6poca relativas @ prética do reboque por- tuario bem como ao reboque de alto mar. Durante 0 tempo da nave- gacdo a vela, 0 reboque era especialmente utilizado nas manobras Portudrias durante as operagbes de atracagéo e desatracagdo bem ‘como nas alturas de calmarias ou de ventos contrérios. Em Portugal, 6 em 1825 que surge 0 primeiro rebocador, o “Subtil, vapor de rodas construido em madeira na Inglaterra. E, porém, com 0 advento da navegago a vapor que 0 reboque vai conhecer um grande desenvol- viento e adquirir uma grande importancia em virtude dos ser- vigos tados navegacao tornando-se, hoje em dia, uma verdadeira industria exercida por empresas especializadas nesta ividade © que, nos portos, 6 reservada A bandeira naci 3. porém, no impede que qualquer navio possa, acider desempenhar fungdes de rebocador. Nao é, todavia, a este rebocador, estas embarcagdes so essen: or serem de pequeno porte mas providas de grs excepcional poder 4 teiro @ 0 de alto mar.

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