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INTRODUÇÃO

A reordenação econômica, política, social e cultural ocorrida no mundo


nos últimos anos, determinou uma nova postura dos empresários em relação
aos seus ativos, pois, verifica-se que um grande número de empresas não
sobrevive ao primeiro ano de existência. Entre uma série de motivos que levam
a essa desastrosa situação, uma delas pode ser atribuída às deficiências em
seus sistemas de controle interno. Os problemas de controle interno
encontram-se, na empresa moderna, em todos os seus segmentos: compras,
vendas, contas a pagar, contas a receber, estoques, etc. O exercício de um
adequado controle sobre cada uma dessas áreas assume fundamental
importância para que se atinjam os resultados mais favoráveis com menores
desperdícios. Através deste trabalho, compreendemos o papel fundamental do
controle interno no exercício das atividades da empresa, pois não se limita à
área contábil e financeira, mas engloba os planos da organização e todos os
métodos usados para proteger seus ativos, além de verificar a exatidão e
fidedignidade de suas informações contábeis, financeiras, administrativas e
operacionais, e promover a eficiência e eficácia operacional, bem como
estimular a observância de normas e diretrizes da administração.
CONCEITOS

São muitos os conceitos dado para Controle Interno, mas em há uma


unidade de pensamentos. Abaixo temos definições de alguns autores e
entidades.
Imoniana (2001, p. 95) cita a seguinte definição, dada pelo Comitê de
Procedimentos de Auditoria do Instituto Americano de Contadores Públicos
Certificados (AICPA): “O Controle Interno compreende o plano de organização
e o conjunto coordenado de todos os métodos e medidas adotados na empresa
para salvaguardar seus ativos, verificar a exatidão e a veracidade das
informações contábeis, promover a eficiência das operações e fomentar maior
adesão às políticas prescritas pela gerência”.
De acordo com Almeida (1996), o Instituto dos Auditores Internos do
Brasil (AUDIBRA), através da Instrução SEST nº 02, de 5 de outubro de 1986,
estabelece como orientação específica as normas para o exercício profissional
da auditoria interna e enfatiza que controle interno corresponde a qualquer
ação tomada pela administração (assim compreendida tanto a alta
administração como os níveis gerenciais apropriados) para aumentar a
probabilidade de que os objetivos e metas estabelecidos sejam atingidos.
O Departamento do Tesouro Nacional (1991), por sua vez, através da
Instrução Normativa nº 16, de 20 de dezembro de 1991, traz o conceito de
controle interno como sendo: o conjunto de atividades, planos, métodos e
procedimentos interligados utilizado com vistas a assegurar que os objetivos
dos órgãos e entidades da administração pública sejam alcançados, de forma
confiável e concreta, evidenciando eventuais desvios ao longo da gestão, até a
consecução dos objetivos fixados pelo Poder Público.
Almeida (2010, p. 42) define Controle Interno como o conjunto de
procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos,
produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração na condução
ordenada dos negócios da empresa.
Em 1992, o Committee of Sponsoring Organizations of the Treadway
Commission (COSO), elaborou, em 1992, um estudo publicado com o título
Internal Control – Integrated Framework, cujo relatório descreve controle
interno como um processo efetuado pelo conselho de administração, gerentes
e outros funcionários, com o intuito de garantir razoável segurança do
cumprimento dos objetivos. De acordo com o estudo, todas as empresas de
pequeno, médio e grande porte podem ter controles internos efetivos. Para o
COSO controle interno consiste em cinco componentes, relacionados com
integridade, competência e ambiente de controle. Os componentes são:
a) Ambiente de Controle – O ambiente de controle fixa o tom de uma
organização, enquanto influencia a consciência de controle de seu pessoal. É a
base para todos os outros componentes, determinando disciplina e estrutura.
b) Avaliação de Risco – Toda e qualquer entidade, para cumprir os
seus objetivos, enfrenta uma variedade de riscos vindos de fontes externas e
internas que devem ser avaliados.
c) Atividades de Controle – Controles das atividades ou procedimentos
de controles são as políticas e procedimentos que asseguram o cumprimento
dos objetivos e identificam os riscos relacionados.
d) Informação e comunicação – As informações devem ser
identificadas e comunicadas de uma forma e prazo que permitam às pessoas
cumprirem suas responsabilidades. Mensagens e informações relevantes são
comunicadas por todas as partes da empresa.
e) Monitoramento – Sistemas de controles internos precisam ser
monitorados – avaliar a qualidade do desempenho do sistema com o passar do
tempo – e políticas e procedimentos modificados, quando necessário.

PRINCÍPIOS DO CONTROLE INTERNO

Os princípios e fundamentos do controle interno não são uniformes para


todas as empresas. Cada empresa deverá estabelecê-los dentro de sua
realidade e estrutura. É responsabilidade da administração, o estabelecimento
e a manutenção do sistema de controle interno adequado as atividades
desenvolvidas pela empresa.
Responsabilidade - Deve ter uma delimitação exata da
responsabilidade de cada funcionário ou setor interno da empresa. Com a
finalidade de assegurar que todos os procedimentos de controles sejam
executados; detectar erros e irregularidade; apurar as responsabilidades dos
atos cometidos quando necessário.
A seguir, alguns exemplos de tarefas internas de controle, que precisam de
responsáveis definidos:
a) Aprovação de aquisição de bens e serviços;
b) Certificação do recebimento de bens ou prestação dos serviços;
c) Programação financeira do pagamento;
d) Guarda de talonários de cheques em branco.
Rotinas internas - A empresa deve criar um manual de organização
com todas as suas rotinas internas e com as instruções necessárias para
estimular a normalização, eficiência e evitar erros. Nesse manual devem conter
informações sobre suas rotinas internas e formulários internos e externos a
serem utilizados, como por exemplo, instruções para o preenchimento e
destinações dos formulários internos e externos; e procedimentos internos
referentes aos diversos setores da empresa.
Segregação de funções - A contabilização e o acesso aos ativos não
podem ser feitos por um mesmo funcionário. Essas funções, devido a
possibilidade de manipulação de fatos que possam encobrir fraudes, devem ser
segregados. Vamos citar alguns exemplos de incompatibilidade entre as
funções:
a) Compras e Recebimentos de bens – O funcionário poderia incluir um
processo de compra falso no sistema, evidenciar o recebimento do bem que
não entrou na empresa e posteriormente se beneficiar com o produto do
pagamento.
b) Contabilidade e contas a pagar – O empregado poderia incluir um
documento falso no sistema, contabilizá-lo e liberá-lo para pagamento na área
financeira e posteriormente se beneficiar com o produto do pagamento.
c) Contabilidade e Custódia de bens – Poderia contabilizar um bem como
despesa para se apropriar dele indevidamente.
d) Recebimento de bens e contas a pagar – Poderia incluir um documento falso
no sistema, liberá-lo para pagamento e posteriormente se beneficiar com o
produto do pagamento.
Acesso aos ativos - Os ativos da empresa devem ser administrados
por funcionários responsáveis, mas que tenham poder limitado para evitar
possíveis fraudes.
Conferência de ativos - Os ativos devem ser periodicamente contados
e confrontados com os saldos dos registros contábeis. Esse processo deve ser
realizado por um funcionário que não tenha acesso aos ativos, para que não
venha beneficiar-se de algum ativo e afirmar que o estão de acordo com os
registros contábeis.
As conferências dos ativos podem ser da seguinte forma:
a) Contagem de caixa e comparação com o saldo do razão geral;
b) Contagem física de títulos e comparação com o saldo da conta de
investimentos do razão geral;
c) Conciliações bancárias;
d) Inventário físico dos bens e comparação com suas contas do razão geral.
Adequadação de equipe - A qualificação profissional e quantidade de
empregados devem ser adequadas para atender as reais necessidades de
cada área.
Subordinação orgânica e funcional - Normalmente os recursos
técnicos, humanos e financeiros das empresas são escassos, sendo assim,
para que haja uma boa administração desses recursos devemos planejar a
hierarquia da empresa de modo que as atividades objetivas da empresa e não
as intermediárias sejam subordinadas diretamente ao principal executivo ou ao
controlador, tendo por conseqüência prioridades em serem atendidas.
Sistemas integrados - O controle interno deve possuir sistemas
integrados de modo que uma área possa controlar outra. Devendo ter registros
somente de transações devidamente autorizadas e tendo seus cálculos,
valores, classificações e controles conferidos.
Auditoria interna - É necessário que haja um departamento de
Auditoria interna na empresa para fiscalizar, revisar e avaliar se o controle
interno está sendo bom o suficiente para suprir as necessidades empresariais.
Custos do controle x benefícios - Não podemos nos esquecer que o
custo do controle interno não deve exceder os benefícios por ele alcançados.
Ao planejar um controle interno deve-se levar em consideração e com bom
senso se ele é realmente necessário e se o seu custo será recompensado
pelas vantagens obtidas por implantá-lo.

OBJETIVOS DO CONTROLE INTERNO

No momento em que se desenvolve um sistema de controle interno, as


empresas devem objetivar que este apresente as características a seguir
relacionadas:
 Confiabilidade – propiciar a obtenção de informações corretas para
executar suas operações. As informações estão diretamente ligadas às
decisões que a administração deseja tomar;
 Tempestividade – as informações devem ser atuais e exatas, pois são
imprescindíveis no momento da tomada de decisões;
 Salvaguarda de ativos – os ativos de uma organização representam a
aplicação de seus recursos, dessa forma, compreende-se que devem
ser protegidos de qualquer ato que venha prejudicá-los. Compreende-se
ativos, como físicos (estoques, imobilizado), e não físicos (contas e
receber, direitos); Otimização no uso de recursos – tanto quanto
possível, deve-se a duplicação de esforços na execução das atividades
e desencorajar o uso ineficiente dos recursos da empresa;
 Prevenção e detecção de roubos e fraudes – não é aceitável na
atividade empresarial, tampouco em outras atividades, a ocorrência de
roubos, fraudes e outras ações de natureza escusa.

TIPOS DE CONTROLE INTERNO

O controle interno na empresa pode ser bem amplo, para facilitar


podemos dividi-lo em controles contábeis e controles administrativos.
Controles Internos Contábeis
Realizados para garantir a proteção dos ativos e a confiabilidade dos
dados contábeis, onde os controles internos contábeis devem atender a cinco
objetivos básicos:
• Totalidade: todas as transações (fatos contábeis) devem ser
registradas nos livros contábeis no período em ocorreram.
• Validade: todas as transações registradas representam eventos
econômicos realmente ocorridos e são executadas de acordo com os
procedimentos determinados, obedecendo à legislação vigente.
• Exatidão: as transações são registradas no montante correto,
adequadamente classificada (contabilmente e fisicamente) e em tempo hábil.
• Manutenção: os registros contábeis, após o registro da transação, são
adequadamente controlados e utilizados de forma que eles continuem a refletir
as operações da entidade.
• Segurança Física: os acessos aos ativos e aos documentos que
controlam o registro de suas movimentações são apropriadamente restritos a
pessoal autorizado.
Controles Administrativos
Trata-se do plano da organização, dos métodos e medidas coordenados
e adotados em uma entidade para incrementar a eficiência operacional e
promover a obediência às diretrizes estabelecidas, implementando-as por meio
da seleção de pessoal apropriado, treinamento, remuneração adequada e
monitoramento contínuo.
O controle no processo administrativo deve conter os seguintes fatores:
• Estrutura Organizacional: identificando as áreas responsáveis na
hierarquia organizacional e a descrição de suas funções.
• Racionalização de processos: simplificar os processos e operações,
permitindo à administração concentrar seus esforços nos aspectos realmente
pertinentes à sua gestão.
• Integração dos processos de planejamento e orçamentos: essa tarefa
pressupõe duas facetas: de um lado, uma função de planejamento, capaz de
conciliar os interesses das áreas com objetivos e as metas da organização
como um todo; de outro lado, a integração dos processos de planejamento e do
plano orçamentário, de tal forma que os planos operacionais anuais (refletidos
no orçamento) sejam condizentes com os objetivos e metas estabelecidas a
médio e longo prazo.
LIMITAÇÕES DO SISTEMA DE CONTROLE INTERNO

Quando se fala que a empresa mantém um bom controle interno, não


quer dizer que a mesma esteja isenta de fraudes, na IBRACON, (1988, p. 324),
são citadas as seguintes limitações:
“a) A exigência usualmente imposta pela administração de que um controle
seja eficiente em relação a seu custo, ou seja, que o custo de um procedimento
de controle não seja desproporcional em relação à perda potencial, resultante
de fraude ou de erro.
b) O fato de que a maior parte dos controles tende a ser direcionada para cobrir
transações conhecidas e rotineiras e não as eventuais (transações fora do
comum).
c) O potencial de erro humano por desleixo, distração, falha de julgamento ou
má interpretação de instruções.
d) A possibilidade de se escapar a controles por meio de conluio, seja com
terceiros ou com membros da organização.
e) A possibilidade de que um funcionário responsável por determinado controle
possa abusar de sua responsabilidade (exemplo: um membro da administração
poderia passar por cima de determinado controle).
f) A possibilidade de que os procedimentos poderão tornar-se inadequados em
vista de mudanças nas condições, bem como a observância dos
procedimentos poderá deteriorar-se.”
Segundo Crepaldi (2002) na aplicação dos procedimentos de controle interno,
podem ocorrer falhas ou distorções resultantes de entendimento precário das
instruções, erros de juízo, descuidos ou outros fatores humanos.

AVALIAÇÃO DO CONTROLE INTERNO

Para avaliar o sistema de controle interno, é necessário que se conheça o


funcionamento do sistema, os princípios e procedimentos adotados e a rotina
operacional da empresa.
Segundo Almeida (2010, p. 52), a avaliação do sistema de controle interno
compreende:
“- determinar os erros ou irregularidades que poderiam acontecer;
- verificar se o sistema atual de controles detectaria de imediato esses erros ou
irregularidades;
- analisar as fraquezas ou falta de controle, que possibilitam a existência de
erros ou irregularidades, a fim de determinar natureza, data e extensão dos
procedimentos de auditoria;
- emitir relatório-comentário dando sugestões para o aprimoramento do sistema
de controle interno da empresa.”
Nota-se que muitas vezes o sistema de controle interno adotado não cumpre
sua finalidade devido à intenção de economia de recursos ou a uma
implantação incompleta e sem acompanhamento, vindo com isso a se tornar
ineficaz.
No quadro abaixo é dado um exemplo ilustrativo da relação da
avaliação do controle interno com o volume de testes de auditoria. Neste
quadro a nota 0 (zero) representa que não existe controle e a nota 8 (maxima)
significa que o controle é excelente. Observe que o auditor sempre executa
testes, mesmo no caso de o sistema de controle interno ser excelente.
CONCLUSÃO

É de extrema importância que as empresas adotem um sistema de


controle interno adequado, com a finalidade de proteger o seu patrimônio. Ao
adotá-lo a empresa estará evitando fraudes, erros ou omissões, e em
conseqüência evitará os indesejáveis custos.
Contudo, não adianta ter um controle interno excelente se o mesmo não
estiver sendo aplicado na prática. Por esse motivo, é necessário que haja um
auditor interno com a responsabilidade de fiscalizá-lo.
O controle interno se destina principalmente na prevenção e adoção de
medidas que possibilitam reduzir a ocorrência de problemas. Ao contrário do
que ocorreria no passado, ou seja, eram acionadas apenas depois dos
prejuízos ocorridos, quando as perdas financeiras e o comprometimento da
imagem da empresa muitas vezes já se encontravam em situações
irreversíveis.
Portanto, é impossível que haja uma boa gestão empresarial sem a
implantação e utilização de um bom controle interno.

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Auditoria um curso moderno e


completo. São Paulo: Atlas, 2010.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Auditoria Contábil. 2 ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
IBRACON. Princípios Contábeis, Normas e Procedimentos de
Auditoria. São Paulo: Atlas, 1988.
Patrícia Mie Miyamoto Yoshida, Jorge Augusto Gonçalves Reis.
Controle Interno nas Empresas. Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas -
Universidade do Vale do Paraíba.
Luciana Mara Lemes, Jorge Augusto Gonçalves Reis. Controle Interno
nas Empresas. Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas - Universidade do
Vale do Paraíba.
JOSHUA ONOME IMONIANA, JOULIANA JORDAN NOHARA.
COGNIÇÃO DA ESTRUTURA DE CONTROLE INTERNO: UMA PESQUISA
EXPLORATÓRIA. BASE – Revista de Administração e Contabilidade da
Unisinos, 2005.
Antonio Reske Filho, Elizeu de Albuquerque Jacques, Paulo David
Marian. O CONTROLE INTERNO COMO FERRAMENTA PARA O SUCESSO
EMPRESARIAL. Revista eletrônica de Contabilidade, VOLUME I. N.3 MAR-
MAI/2005.

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