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Carga e Descarga de Capacitor


Rafael da Silva Pascoal, aluno de Física Experimental II, UNESP-FEG

ele é carregado, a corrente diminui, sendo sua tensão e


Resumo —Este é um relatório de um experimento de Carga e corrente dadas por [1]:
vC (t )  V 0 (1  e t  )
Descarga de Capacitor, realizado no laboratório de Física
Experimental II da Faculdade de Engenharia da UNESP – (1)
Campus de Guaratinguetá. Tal disciplina é ministrada pelo e
Prof. Milton E. Kayama, docente do Departamento de Física e
i (t )  V 0 e t 
Química dessa faculdade. O experimento consiste num
levantamento de dados não muito complexo, porém a análise (2)
destes exige o uso de ferramentas importantes dentro do
R
ambiente experimental, como o Método dos Mínimos Quadrados onde
e gráficos tipo monolog, para a interpretação de funções com   RC (3)
variação exponencial. é um parâmetro denominado constante de tempo do circuito
RC. Portanto, enquanto a tensão no capacitor cresce
exponencialmente até alcançar o módulo de V0, a corrente
I. INTRODUÇÃO decai semelhantemente, tendendo a zero.
Já no processo de descarga, a chave une os pontos C e B e o
E STE procedimento consiste na verificação do
comportamento de uma corrente elétrica, ao longo do capacitor carregado atua como fonte de tensão. Com sua
descarga, o módulo da corrente diminui, bem como da tensão
tempo, em processos de carga e descarga de um capacitor,
que apresenta.
objetivando a determinação da capacitância C do t 
componente. v C
(t )  Vd e (4)
Através das medições é obtida a constante de tempo do e
circuito que, juntamente com o valor da resistência
i (t )  V d e
t 
equivalente, será utilizada na obtenção da capacitância. (5)
O material e o método utilizados são bastante simples, o R
que facilita a obtenção dos dados e posterior verificação dos são a tensão e a corrente através do tempo no processo de
resultados onde essa simplicidade é determinante. descarga [2], Vd é a tensão com que o capacitor inicia o
processo e  é o mesmo que o apresentado na equação (3).
II. METODOLOGIA Fica evidente, através das equações (2) e (5), que durante
O circuito utilizado é composto de uma fonte de tensão ambos os processos a corrente no capacitor apresenta a forma
constante V0, um resistor de resistência conhecida R, uma i  I 0et  . Aplicando logaritmo natural em toda a equação
chave S , um capacitor C, cuja capacitância será determinada, obtém-se ln i  ln I 0  t  , o que em papel monolog pode
e um microamperímetro, que mede a corrente através do
resistor e do capacitor. formar uma reta de coeficiente angular  1  .

III. RESULTADOS
Utilizando o circuito esquematizado na figura 1, sendo a
resistência R de 1,2  0,1 M e V0 ajustado em
aproximadamente 30 V, foi acompanhada a evolução da
corrente com o auxílio do microamperímetro, que mede a
corrente em ambos os sentidos, os valores anotados
Fig. 1. Esquema do circuito utilizado, a chave S é fixa em correspondem ao módulo do que o aparelho apresentou.
B e alterna entre A e C. Foram arbitrados certos valores de corrente e utilizando um
cronômetro tomado o instante em que o capacitor apresentava
Durante a fase de carga, a chave S liga os pontos A e B. tais valores, três vezes para carga e descarga, obtendo os
Nesse processo, assim que a ligação é fechada, o circuito seguintes resultados:
comporta-se como se não houvesse capacitor. À medida que
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TABELA 1
CORRENTE EM FUNÇÃO DO TEMPO NO PROCESSO DE CARGA
Dado que o coeficiente angular é igual a  1  e   RC ,
i( A) t1 (s) t2 (s) t3 (s) tméd (s) temos:
15 12 12 11 11,7 1
13 18 17 17 17,3  0,025 (9)
11 26 25 25 25,3 RC
9 35 35 33 34,3 ou
7 49 48 47 48 40
C (10)
R
TABELA 2 Sendo a resistência R equivalente ao valor apresentado
CORRENTE EM FUNÇÃO DO TEMPO NO PROCESSO DE
DESCARGA anteriormente e utilizando a propagação de incertezas:
i(  A) t1 (s) t2 (s) t3 (s) tméd (s) C  33  3 μF (11)
12 5 6 6 5,7
10 12 12 11 11,7
8 18 20 20 19,3
6 29 29 32 30 V. CONCLUSÃO
4 45 47 50 47,3
O valor obtido para a capacitância apresenta certa
aproximação com relação ao esperado através dos tempos
Como mencionado anteriormente, esses dados podem ser
obtidos para os processos de carga e descarga. É interessante
organizados em gráficos tipo monolog, de modo a facilitar
ponderar que a medição envolve determinadas dificuldades,
sua análise.
principalmente relacionadas à exatidão dos instantes anotados
nas tabelas 1 e 2, o que pode explicar eventuais desvios ao se
utilizar o valor obtido para realizar comparações.
Levando tudo isso em conta, é possível concluir que os
valores medidos, bem como a capacitância obtida através de
sua análise, são bastante aceitáveis didaticamente.

VI. APÊNDICE
A – Método dos Mínimos Quadrados [3]:
Este processo é utilizado para se obter uma regressão linear
de valores experimentais, ou seja, uma função que se
aproxime dos valores obtidos ao serem inseridos por meio de
n pares ordenados (xi , yi ) num plano cartesiano. Suas
equações retornam os coeficientes dessa função.
Fig. 2. Aspecto das curvas corrente versus tempo em um Os coeficientes em uma função linear podem ser
gráfico tipo monolog para os processos de (a) carga e (b) determinados através das relações:
descarga do capacitor utilizado.
 n n n n

  y   xi   xi  xi y 
2

a 0   i 1 
i i
i 1 i 1 i 1
IV. DISCUSSÃO
 n n n

 n   x i  xi  xi 
2
A análise dos dados pode ser realizada através do Método
dos Mínimos Quadrados (Apêndice A). Para o processo de  i 1 i 1 i 1 
carga, obtemos: e
a  18,82  n n n

(6)  n   xi y   xi  y 
b  0,02 b0   
i i
i 1 i 1 i 1

Para a descarga:  n n n

 n   x i  xi  xi 
2
a  13,60
(7)  i 1 i 1 i 1 
b  0,03 onde a 0 é o coeficiente linear e b0 o coeficiente angular da
Sendo a os coeficientes lineares e b os coeficientes reta.
angulares.
Como a capacitância está envolvida com os coeficientes
angulares, estabelecemos sua média: VII. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
b  0,025 (8) [1], [2] KAYAMA, M. E., Carga e Descarga de Capacitor. Roteiro para
laboratório de Eletricidade, Magnetismo e Ótica. UNESP – Faculdade de
Engenharia – Campus de Guaratinguetá.
3

[3] SODRÉ, U. Ensino Superior: Método dos Mínimos Quadrados, 2004.


Disponível em:
<http://pessoal.sercomtel.com.br/matematica/superior/algebra/mmq/mmq.htm>
Acesso em: 03 ago. 2009.

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