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DIREITO NAS SOCIEDADES PRIMITIVAS

O regime comunitário primitivo existiu há centenas de milênios, desde o aparecimento


da sociedade humana até o surgimento dos primeiros Estados.

As sociedades arcaicas passaram por evolução social, política e jurídica bem avançada,
mas não tinham o domínio da escrita, as regras eram transmitidas oralmente.

Naquela época não havia um direito escrito, mas um conjunto de usos, práticas e
costumes, reiterados por um longo período de tempo e aceitos pela sociedade.

O Direito arcaico manifestava-se pelas repetições de fórmulas, através de atos


simbólicos, palavras sagradas e rituais.

Para entender a formação do direito arcaico, é preciso compreender o tipo de


sociedade que o gerou.

A sociedade pré-histórica era fundamentada no parentesco, portanto, o sistema


jurídico arcaico baseava-se nos laços consaguíneos, nas práticas de convívio familiar,
unidos por crenças e tradições.

O Direito arcaico não era legislado, conservava-se pela tradição, cada organização
possuía um direito único, diferente dos demais.

Cada comunidade tinha suas próprias regras, com pouco contato com outros povos.

Havia uma pluralidade jurídica não escrita.

O direito arcaico era caracterizado, também, pela prática religiosa, estava subordinado
à imposição de crenças dos antepassados, do ritualismo simbólico e a força das
divindades.

Nas sociedades antigas, tanto as leis quanto os códigos foram expressões da vontade
divina, os preceitos verbais não-escritos eram proferidos por chefes de tribos ou clãs
que se impunham pela autoridade e pelo respeito que desfrutavam. As decisões
repetidas dos chefes ou anciãos na solução de conflitos do mesmo tipo confirmavam
os preceitos não-escritos, que eram procedimentos orais propagados por gerações
como provérbios e adágios.

As principais fontes jurídicas primitivas são os costumes, os preceitos verbais, as


decisões pela tradição etc.

A fonte mais importante e mais antiga são os COSTUMES.


MESOPOTÂMIA

A transição das formas arcaicas de sociedade para as primeiras

civilizações da Antiguidade deve-se a três fatores históricos:

a) o surgimento das cidades


b) a invenção e domínio da escrita
c) o advento do comércio e, numa etapa posterior, da moeda metálica

A síntese desses três elementos (cidades-escrita-comércio) representou a derrocada


das sociedades arcaicas.

A construção de uma sociedade urbana, aberta a trocas políticas, mais

dinâmicas e complexas, demandará, contudo, um novo direito, cujas primeiras

manifestações ocorrem na Mesopotâmia e no Egito.

De acordo com a classificação de Niklas Luhmann, o direito antigo é o modelo


verificado na Mesopotâmia.

Mesopotâmia - nome grego que significa “entre rios”, região localizada no oriente
médio, entre os rios TIGRE e EUFRATES (atual IRAQUE), inserida na área do CRESCENTE
FÉRTIL.

A Mesopotâmia é considerada um dos berços da civilização, já que foi na Baixa


Mesopotâmia onde surgiram as primeiras civilizações urbanas reponsáveis pela
invenção da primera escrita da humanidade, a escrita cuneiforme.
As civilizações que ocuparam a Mesopotâmia foram os sumérios, acádios, ameritas
(babilônicos), assírios e caldeus. A sociedade mesopotâmica era divida em castas.
Sua estrutura política básica foi a da cidade-estado, que possuíam alto grau de
independência, com governante, órgãos políticos e às vezes até exército próprio. As
primeiras cidades foram o resultado culminante de uma sedentarização da população,
que lá se fixou em virtude do solo fértil e a navegação fluvial, acelerando o
desenvolvimento político e econômico.
Em virtude do caráter urbano e comercial, era necessário um conjunto de leis escritas
que desse previsibilidade às ações no campo privado, que estipulasse algum tipo de
tribunal ou juiz para resolver controversias e que fosse interiamente seguido em toda
a extensão do reino, havia a necessidade de um direito abstrato, a idéia de simples
costume ou tradição religiosa, utilizada no direito arcaído, já não acompanhava aquela
fase da evolução na sociedade antiga.
A forma de governo predominante era a monarquia, o monarca era um representante
de Deus na terra.
O direito era regido pela idéia de revelação divina, herança do direito arcaíco, o
exemplo mais enfático dessa revelação consta no código de Hammurabi, onde, no
prólogo, fica explicitado que o conjunto de leis foi oferido ao povo da Babilônia pelo
deus Samas, por intermédio do rei Hammurabi.
O primeiro código da antiga Mesopotâmia surgiu na região da Suméria, promulgado
pelo rei Ur-Nammu, trazendo grande distinção de classes entre os homens livres, os
escravos e funcionários servidores do palácio, com liberdade limitada.
Outros dois códigos surgem antes do Código de Hammurabi, o Lipit-Ishitar com 43
artigos e o código de Esnunna, com 60 artigos.
O código de Hammurabi foi promulgado aproximadamente em 1964 aC, no apogeu do
Império Babilônico, pelo rei Hammurabi, sob determinação divina. São 282 artigos que
retratam a dinâmica da sociedade babilônica, as penas, o domínio econômico. Trata-se
das principais fontes históricas disponíveis para estudo de Mesopotâmia. Indica ser
uma compilação de normas anteriores, dispostos em outros documentos e decisões
tomadas em caso concreto. Trata de maneira diferenciada homens livres, parcialmente
livres e escravos.

DIREITO NO EGITO ANTIGO

A civilização egípcia antiga desenvolveu-se no nordeste africano (margens do rio


Nilo) entre 3200 a.C (unificação do norte e sul) a 32 a.c (domínio romano).

Como a região é formada por um deserto (Saara), o rio Nilo ganhou uma
extrema importância para os egípcios. O rio era utilizado como via de transporte
(através de barcos) de mercadorias e pessoas. As águas do rio Nilo também eram
utilizadas para beber, pescar e fertilizar as margens, nas épocas de cheias,
favorecendo a agricultura.

A sociedade egípcia estava dividida em várias camadas, sendo que o faraó era a
autoridade máxima, chegando a ser considerado um deus na Terra. Sacerdotes,
militares e escribas (responsáveis pela escrita) também ganharam importância
na sociedade. Esta era sustentada pelo trabalho e impostos pagos por
camponeses, artesãos e pequenos comerciantes. Os escravos também
compunham a sociedade egípcia e, geralmente, eram pessoas capturadas em
guerras.Trabalhavam muito e nada recebiam por seu trabalho, apenas água e
comida.  

A escrita egípcia também foi algo


importante para este povo, pois
permitiu a divulgação de idéias,
comunicação e controle de
impostos. Existiam duas formas
principais de escrita: a escrita
Hieróglifos: a escrita demótica (mais simplificada e
usada para assuntos do cotidiano)
e a hieroglífica (mais complexa e
formada por desenhos e símbolos).
As paredes internas das pirâmides
eram repletas de textos que
falavam sobre a vida do faraó,
rezas e mensagens para espantar
egípcia
possíveis saqueadores. Uma
espécie de papel chamado papiro,
que era produzido a partir de uma
planta de mesmo nome, também
era utilizado para registrar os
textos.  

A economia egípcia era baseada principalmente na agricultura que era realizada,


principalmente, nas margens férteis do rio Nilo. Os egípcios também praticavam
o comércio de mercadorias e o artesanato. Os trabalhadores rurais eram
constantemente convocados pelo faraó para prestarem algum tipo de trabalho
em obras públicas (canais de irrigação, pirâmides, templos, diques).  

A religião egípcia era repleta de mitos e crenças interessantes. Acreditavam na


existência de vários deuses (muitos deles com corpo formado por parte de ser
humano e parte de animal sagrado) que interferiam na vida das pessoas. As
oferendas e festas em homenagem aos deuses eram muito realizadas e tinham
como objetivo agradar aos seres superiores, deixando-os felizes para que
ajudassem nas guerras, colheitas e momentos da vida. Cada cidade possuía deus
protetor e templos religiosos em sua homenagem.

Como acreditavam na vida após a morte, mumificavam os cadáveres dos faraós


colocando-os em pirâmides, com o objetivo de preservar o corpo. A vida após a
morte seria definida, segundo crenças egípcias, pelo deus Osíris em seu tribunal
de julgamento. O coração era pesado pelo deus da morte, que mandava para
uma vida na escuridão aqueles cujo órgão estava pesado (que tiveram uma vida
de atitudes ruins) e para uma outra vida boa aqueles de coração leve. Muitos
animais também eram considerados sagrados pelos egípcios, de acordo com as
características que apresentavam : chacal (esperteza noturna), gato (agilidade),
carneiro (reprodução), jacaré (agilidade nos rios e pântanos), serpente (poder de
ataque), águia (capacidade de voar), escaravelho (ligado a ressurreição).

A civilização egípcia destacou-se muito nas áreas de ciências. Desenvolveram


conhecimentos importantes na área da matemática, usados na construção de
pirâmides e templos. Na medicina, os procedimentos de mumificação,
proporcionaram importantes conhecimentos sobre o funcionamento do corpo
humano.
Os antigos Egípcios constituíram o mais duradouro império da antiguidade Oriental, beneficiados pela

fertilidade propiciada pelo Rio Nilo- uma jóia como dizia Homero.

Destacaram se na matemática, geometria, arquitetura e medicina.

Porem no âmbito judiciário se tem pouca informação, devido o material (jurídico) encontrado estar muito

deteriorado.

Mas existem documentos que comprovam a existência do Direito no antigo Egito.

A lei escrita era sua principal fonte , os egípcios conheciam as leis e exigiam seu cumprimento perante as

autoridades constituídas. Havia preocupação com a conservação dos atos jurídicos, e um dos principais

funções do vizir consistia em servir de Juiz na solução das lides. O Faraó contava com auxilio de uma

espécie de conselho de legislação No antigo Egito a justiça já era escalonada em instancias, havia uma

espécie de tribunal superior chamado Kenbet aat. O maat era um princípio jurídico e filosófico que

alcançaria o significado de justiça, verdade e ordem. A poligamia era permitida, porem pouco praticada.

As penas no Egito eram sádicas e curiosas, a língua no Egito antigo se chama COTA.

Sistema jurídico

A cabeça do sistema jurídico foi oficialmente o faraó, que foi responsável pela
promulgação de leis, entregando justiça, e mantendo a lei e a ordem, um conceito que os
egípcios antigos denominavam Ma'at.[99] Apesar de não haver códigos legais
sobreviventes do Antigo Egito, documentos da corte mostram que as leis egípcias foram
baseadas em uma visão de censo comum de certo e errado, que enfatizou a celebração
de acordos e resoluções de conflitos ao invés de cumprir rigorosamente um conjunto
complicado de estatutos.[103] Conselhos locais de anciãos, conhecidos como Kenbet no
Império Novo, foram responsáveis pela decisão em casos judiciais de pequenas causas e
disputas menores.[99] Os casos mais graves envolvendo assassinato, transações de
terrenos grandes, e o roubo de túmulos foram encaminhados para o Grande Kenbet,
sobre o qual o vizir ou o faraó presidiu. Demandantes e demandados eram esperados
para representar a si próprios e eram obrigados a jurar que eles tinham dito a verdade.
Em alguns casos, o Estado assumiu tanto o papel de acusador como o de juiz, e ele
poderia torturar os acusados com espancamento para obter uma confissão e os nomes
dos co-conspiradores. Se as acusações foram triviais ou sérias, escribas da corte
documentavam a denúncia, testemunhavam, e o veredicto do caso era guardado para
referência futura.[104]

Punição para crimes menores envolviam imposição de multas, espancamentos,


mutilações faciais ou exílio, dependendo da gravidade do delito. Crimes sérios como
homicídio e roubo de túmulos foram punidos com execução, decapitação, afogamento
ou impalamento do criminoso em uma estaca. A punição também podia ser estendida à
família do criminoso.[99] A partir do Império Novo, os oráculos desempenharam um
papel importante no sistema jurídico, dispensando a justiça nos processos civis e
criminais. O processo foi pedir a Deus um "sim" ou "não" sobre o que é certo ou errado
de um problema. O deus, transportando por um número de sacerdotes, proferia a
sentença, escolhendo um ou outro, movendo para frente ou para trás, ou apontando para
uma das respostas escritas em um pedaço de papiro ou de óstraco.[
Os mais antigos documentos escritos de natureza jurídica aparecem por volta de 3100
aC. no Oriente Próximo, tanto no Egito como na Mesopotâmia. É que a simples
transmissão oral da cultura passou a ser insuficiente para a preservação da memória e
identidade dos primeiros povos urbanos, já que possuíam uma estrutura religiosa,
política e econômica diferenciada.

A principal característica do Egito foi e é o fato de ter o rio Nilo cortando o seu
território por aproximadamente mil quilômetros. Como visto, a inundação periódica
do rio, entre julho e outubro, garante a fertilidade, o que sempre permitiu amplo
cultivo de alimentos.

Todo o poder político era concentrado nas mãos do faraó, que era divinizado,
confundido com o próprio deus. Cumpria ao faraó garantir a ordem, a soberania do
Egito e a prosperidade do povo.

Quanto à questão jurídica, apesar de nenhum código ter sido até hoje encontrado, os
costumes parecem ter sido rapidamente superados pelo direito escrito, promulgado
pelos faraós, como a principal fonte do direito egípcio.

CARACTERÍSTICAS DO DIREITO

Os períodos do direito individualista são marcados por um estado jurídico próximo


daquele que os romanos conheceram nos séculos II e III na nossa era. Como exemplo,
vamos citar o direito na época que vai da III à V dinastia (séculos XXVII-XXV a.C.),
denominado Antigo Império.

O poder era concentrado no faraó, havendo grande limitação aos proprietários de


terra. A nobreza feudal desapareceu, propiciando que a pequena propriedade se
disseminasse pelos territórios egípcios. Aliás, os governos sempre conviveram com a
possibilidade de o poder ser descentralizado e as cidades mais distantes ganharem
mais autonomia em relação ao governo central do faraó.

O que mostra o avanço intelectual e organizacional do reino é o fato de o rei governar


com os seus funcionários. Os chefes dos departamentos de administração formavam
um verdadeiro Conselho de Ministros , presidido pelo vizir, uma espécie de chanceler.
Os funcionários eram agrupados em departamentos específicos, como finanças,
registros, domínios, obras públicas, irrigação, culto, intendência militar etc. Como hoje,
os funcionários eram remunerados e podiam ascender todos eles às mais altas
funções, seguindo rigorosa carreira administrativa.

Como mais um elemento administrativo, os tribunais também eram organizados pelo


rei. O processo era escrito, pelo menos parcialmente. Prova disso é que junto a cada
tribunal estava instalada uma chancelaria, encarregada da conservação dos atos
judiciários e dos registros de estado civil.
Vale ressaltar que nenhum texto legal do período antigo do Egito chegou ao
conhecimento do homem moderno. No entanto, são inúmeros os excertos de
Contratos, testamentos, decisões judiciais e atos administrativos encontrados até o
momento. Some-se a isso a grande quantidade de referências indiretas às normas
jurídicas em textos sagrados e narrativas literárias.

PRINCIPAIS INSTITUTOS

Códigos: discute-se se os egípcios tiveram um direito codificado ou não. Entendemos


ser estéril essa discussão, já que até o momento não foram encontrados textos que
atestassem diretamente esse fato. O que realmente importa, independentemente de
algum arqueólogo em breve achar hieróglifos que Comprovem a codificação, é que
tiveram um direito extremamente evoluído, sendo em vários pontos comparado ao
direito romano, que surgirá mais de dois mil anos após. Essas informações sobre as leis
egípcias chegam até nós de forma indireta, quer pelos textos dos julgamentos que se
preservaram, quer pela literatura, que abordava amplamente o tema.

Contratos: a lei, portanto, é considerada pelos historiadores como a principal fonte do


direito, superando os costumes. Era ela promulgada pelo rei, depois do parecer de um
Conselho de legislação. Como se verá no estudo do direito romano, a um direito
público centralizador correspondera um direito privado individualista. O direito
privado entre os egípcios ganhava autonomia e os contratos eram celebrados
livremente entre os cidadãos, e obrigatoriamente deveriam ser escritos.
Primeiramente era feito entre as partes; dentro de um processo evolutivo a redação
desses documentos passou para os denominados escribas, precursores da nossa atual
escritura pública, que redigiam o texto e colocavam sua assinatura para validar o
documento. O direito dos contratos era bastante desenvolvido, sendo conservados do
cumentos que atestam a existência de atos de venda, de arrendamento, de doação, de
fundação etc.

Família: não há sinais de solidariedade clânica entre os egípcios, sendo todos os


habitantes considerados iguais perante o direito, sem privilégios. A célula social por
excelência era a família em sentido restrito: pai, mãe e filhos menores. Além de marido
e mulher serem colocados em pé de igualdade, todos os filhos, tanto filha como filho,
eram considerados iguais, sem direito de primogenitura nem privilégio de
masculinidade. Os filhos ganhavam a emancipação após atingirem determinada idade,
() que os diferenciava dos romanos, sociedade na qual os filhos só ganhavam a
emancipação se fosse ela concedida pelo patriarca, o pater-famílías.

Testamento: a liberdade de testar era total, salvo a reserva hereditária a favor dos
filhos.

Coisas: todos os bens, imóveis e móveis, eram alienáveis. A pequena propriedade


predominava. O estudo dos documentos encontrados sugere que havia enorme
mobilidade de bens, já que os recenseamentos eram pe riódicos.
Penal: não aparece de modo algum severo, em comparação com os ou tros períodos
da Antigüidade, apesar de também prever penas cruéis, como trabalhos forçados,
chicotadas, abandono aos crocodilos etc.

No denominado Regime Senhorial, que surge a partir do fim da V dinastia, houve


mudanças no direito egípcio, acompanhadas de grande retrocesso. No direito público
havia ingerência total de uma oligarquia baseada na nobreza sacerdotal, além de
hereditariedade dos cargos e diversas formas de imunidade. No direito privado o
retrocesso não foi diferente, com o reforço do poder paternal e marital, desigualdade
no domínio das sucessões, com privilégios para os primogênitos e para os homens. Os
contratos tornaram-se escassos.

Foi nesse período que o Egito entrou no regime de economia fechada, enquanto as
províncias se separaram do poder central. Somente no século XVI a.C., com a XVIII
dinastia, o sistema jurídico voltou a se assemelhar ao do Antigo Império.

O Egito não nos transmitiu até agora nem códigos nem livros jurídicos; mas foi a
primeira civilização da humanidade que desenvolveu um sistema jurídico que se pode
chamar individualista.

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