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Doenças do Esôfago

O esôfago é um tubo de 20 a 25 cm que apresenta mucosa lisa, com epitélio escamoso


estratificado. Nos seus extremos, o esôfago apresenta esfíncteres: o esfíncter esofágico
superior e o esfíncter esofágico inferior. A camada externa do esôfago não é serosa
como nos demais órgãos, pois contém numerosa fibras elásticas, o que permite uma
dilatação temporária do esôfago para a passagem do bolo alimentar.
A função do esôfago é conduzir os alimentos da faringe para o estômago prevenindo o
refluxo gastresofagiano. O alimento ingerido é conduzido ao estômago por gravidade e
contrações peristálticas o que varia com a consistência do alimento.

O esôfago pode apresentar as seguintes doenças ou disfunções:

o Doença de refluxo gastresofágico; o Espasmo difuso;


o Síndrome de Mallory-Weiss; o Tumores benignos;
o Hérnia hiatal; o Câncer de esôfago;
o Divertículos do esôfago; o Anéis e membranas;
o Acalasia do esôfago/esôfagopatia; o Perfuração; e
o Esclerodermia; o Corpos estranhos.
o Varizes esofagianas;

Devido às doenças que ocorrem no esôfago, a dificuldade na alimentação é evidente, o


que resulta num prejuízo do estado nutricional, sendo comum os pacientes apresentarem
desnutrição.

Sinais e sintomas de doenças esofagianas


A disfagia acontece após a deglutição dos alimentos devido a uma dificuldade no
transporte do bolo alimentar da faringe ao esôfago e deste ao estômago. Porém, depende
do tamanho do bolo alimentar, do diâmetro luminal, da contração peristáltica, da
inibição da deglutição, incluindo contração e relaxamento do esfíncter esofagiano
superior e inferior. Pode ser classificada em orofaringe, quando ocorrer alterações na
primeira e na segunda fase da deglutição, e esofagiana, considerada obstrutiva.
O tratamento deve ser de acordo com a patologia apresentada e a dieta deve ser de
consistência líquida completa via oral ou enteral, com fracionamento aumentado,
isenção de alimentos excitantes de mucosa, de difícil digestibilidade, fermentáveis,
flatulentos e ricos em enxofre. Além disso, a dieta deve ser ajustada com as
necessidades do paciente e os fármacos que estão sendo usados.

Tratamento medicamentoso
São usados medicamentos antiácidos para diminuição da acidez gástrica,
anticolinérgicos que aumentam a pressão do esfíncter esofagiano inferior, o antagonista
da dopamina (metoclopramida) que auxilia aumentando a pressão do esfíncter
esofagiano inferior e promovendo o esvaziamento gástrico. Em casos mais resistentes,
usa-se omeprazol ou cimetidina, cujo efeito diminuem os bloqueadores dos receptores
de íons hidrogênio da histamina.(Heatley, 1986; Nelson 1994, Snape 1996)

Conduta Dietoterápica

Objetivos
• Recuperar o estado nutricional, que já se encontra debilitado com a presença das
patologias.
• Promover a educação nutricional, evitando o surgimento de novas doenças.
• Evitar o reflexo gastresofagiano.
• Evitar a progressão de lesões já presentes no paciente.
• Minimizar ou evitar os efeitos colaterais e interações entre fármacos e nutrientes.

Características da Dieta

Valor Energético Total (VET) – Deve ser calculado visando as necessidades do


paciente, com o intuito de diminuir a pressão intra-abdominal e, com isso, aumentar a
pressão do esfíncter esofagiano inferior, que resultará na diminuição do refluxo.
Proteínas – A dieta deve ser hiperproteica, devido à liberação da gastrina, que auxilia
no aumento da pressão do esfíncter esofagiano inferior, além de ajudar na cicatrização.
Carboidratos – Deve-se fornecer ao paciente, uma dieta normoglicídica tendendo a
hipoglicídica, para evitar a fermentação e o desconforto abdominal.
Lipídios – A dieta deve ser normolipídica tendendo a hipolipídica, pois os lipídios
liberam colecistocinina, que diminui a pressão do esfíncter esofagiano inferior,
colaborando para o aumento do refluxo e retardando o esvaziamento gástrico.
Vitaminas – Devem ser prescritas de acordo com as necessidades do paciente e às
interações com os fármacos, não pode se esquecer da vitamina A , pois ela auxilia na
reepitelização e, em conjunto com o hormônio paratirioideano, mobiliza o cálcio ósseo
e aumenta a reabsorção tubular renal de cálcio e fosfato. As vitaminas do complexo B
são importantes no metabolismo dos macronutrientes. A vitamina B6 colabora na
utilização de proteína dietética. A vitamina C contribui com a síntese de colágeno além
de auxiliar na cicatrização, ser antiinflamatória e diminuir a suscetibilidade às infecções,
bem como ajudar no tratamento da anemia, comum nesses pacientes, em função de
haver muita interação entre drogas e nutrientes.
Minerais – Devem ser ajustados às necessidades do paciente, dando importância ao
ferro, devido à interação medicamentosa que pode causar anemia; ao potássio, devido à
sua interação; ao enxofre, por, na maioria das vezes, provocar desconforto e aumentar a
pressão intra-abdominal, dando origem a diminuição da pressão do esfíncter esofagiano
inferior.
Líquidos – devem ser normo ou hiper- hídricos, evitando a hipoidratação.
Fibras – ajustadas as necessidades do paciente.
Os caldos concentrados em purinas - devem ser isentos, pois são excitantes da
mucosa gastrointestinal.
Fracionamento – aumentado para evitar a distensão o desconforto e o aumento da
pressão abdominal.
Volume - diminuído e concentrado, evitando a detenção intra abdominal e a
estimulação do acido gástrico.
Temperatura – deve ser normal, de acordo com a preparação.
Consistência - ajustada as necessidades do paciente.
Alimentos de difícil digestibilidade, flatulentos e fermentáveis – isentos devido a
digestão abdominal, ao desconforto e ao aumento da pressão intra-abdominal.
Infusos concentrados – devem ser isentos pois diminuem a pressão do esfíncter
esofagiano inferior e esitam a mucosa do tratogastrointestinal.
Sucos de laranja, tomate, carminativos (hortelã ou menta) – devem ser isentos, pois
diminuem a pressão do EEI (esfíncter esofágico inferior).
Chocolate- deve ser isento devido ao aumento do AMP cíclico que diminuem a pressão
do EEI.
Leite desnatado – libera gástrina e aumenta a PEEI (pressão do esfíncter esofagiano
inferior).
Ultima refeição – deve ser feita de três a quatro horas antes de deitar, para minimizar o
reflexo gastroesofagiano.
Dieta – ajustá-la aos fármacos em uso pois alguns medicamentos diminuem a PEE
(pressão do esfíncter esofágico) , ex. teofilina, agentes ß- adrenérgicos.
Evitar roupas apertadas – aumentar a pressão intra-abdominal e diminuem a PEEI.
Não deitar ou carregar peso após as refeições – diminuem o PEEI.

Avaliação Nutricional

A dificuldade na alimentação resulta em prejuízo do estado nutricional, a avaliação do


estado nutricional deve levar em conta indicadores antropométricos, bioquímicos e a
análise do consumo alimentar. A avaliação nutricional subjetiva, que alia questões sobre
alterações de peso, ingestão alimentar e exame físico, é um excelente instrumento de
triagem nutricional. Um importante instrumento da triagem é o IMC, perda de peso não
intencional em 3 meses, apetite, habilidade na ingestão e absorção dos alimentos e fator
de estresse da doença.
Acalasia

Conceito
Distúrbio motor da musculatura lisa esofagiana caracterizada pela incapacidade da
abertura do esfíncter esofagiano inferior (que comunica com o estômago), que se
encontra hipertenso quando engolimos, ou seja, não ocorre o relaxamento adequado
desta válvula frente à deglutição. Associadamente ocorre uma alteração da motilidade
esofagiana, uma vez que o mesmo fica incapaz de se contrair e movimentar os
alimentos da sua entrada à saída, desta forma, não apresenta movimentos peristálticos.
Junto com a alteração da motilidade, pode ocorrer também abolição do peristaltismo,
disfagia, odinofagia, dilatação (resultado da integração deficiente dos estímulos
parassimpáticos) e pode predispor o paciente ao desenvolvimento de carcinoma das
células escamosas do esôfago.
Divide-se em dois tipos:
• Estreitamento dos 5 cm inferiores do esôfago e porção superior muito tortuosa e
dilatada (forma de S alongado), gerando esofagite, disfagia sem dor torácica e
regurgitação, podendo provocar aspiração, pneumonia, bronquiectasia, abcesso e
fibrose pulmonar;
• Hipertrofia das fibras musculares circulares do segmento inferior do esôfago. A
dilatação aqui não é acentuada, mas há espasmo do esôfago provocando dor.
A acalásia não apresenta preferência por qualquer sexo, afetando igualmente homens e
mulheres. Pode ocorrer em qualquer idade, embora seja mais freqüente nas pessoas com
40 anos ou mais.

Etiologia
Atualmente podemos dividir a acalasia em duas categorias: Acalasia idiopática e
acalasia chagásica. A etiologia da acalasia primária continua desconhecida. No entanto,
a acalásia chagásica, que é a mais conhecida, é provocada pelo Trypanossoma cruzi.

Sinais e sintomas
O principal sintoma é a dificuldade de deglutição, tanto de alimentos sólidos,
inicialmente, quanto para líquidos, posteriormente. O paciente tem a sensação de que o
alimento fica “paralisado” na porção inferior do esôfago, queixa esta referida como
disfagia. À medida que o problema piora o alimento comumente é regurgitado, tanto
espontaneamente como de propósito, aliviando assim o desconforto produzido pela
prolongada distensão do esôfago pelo alimento que não passa ao estomago. Em muitos
casos, essa dificuldade em engolir vai aumentando cada vez mais, levando ao
emagrecimento.
Frequentemente, durante a noite ou pela manhã muitos doentes acordam com tosse ou
falta de ar, causados pelos alimentos que voltaram à boca e passaram para o aparelho
respiratório. Este aspecto, designado por aspiração, pode mesmo complicar-se por
pneumonias (infecção dos pulmões) devido à deposição de restos alimentares no tecido
pulmonar. Para evitar isso muitos doentes aprendem a dormir com a cabeceira da cama
elevada e evitam refeições abundantes ao jantar.
Outra queixa típica é a dor no peito, que pode ou nao estar associada com o ato de se
alimentar. Outras complicação seriam estase esofágica por infecção moniliase,
odinofagia grave e aumento da disfagia.

Sintomas
Sintomas Acalásia primária Acalásia secundária
Disfagia Leve ou grave Moderada ou grave
Dor torácica Moderada/leve Rara
Perda de peso Leve Grave
Regurgitação Moderada/grave Leve
Complicações pulmonares Moderada Rara

Diagnóstico
O diagnóstico baseia-se nas queixas já referidas, mas também depende de alguns
exames complementares, como:
Endoscopia digestiva alta: visualização direta do esofago, estomago e duodeno, em que
seu objetivo é eliminar outras doenças que possam imitar as queixas da acalásia. Pode-
se observar aqui um megaesofago (esofago muito dilatado) com vários residuos.
Estudo radiológico baritado do esófago: efetuam-se várias radiografias do esofago.
Neste caso, pode-se observar um afunilamento ds porção terminar do esofago na forma
de “bico de pássaro”. Na acalásia de longa duração observa-se um esofago bem largo e
sem movimentos; na de curta duração este exame pode ser normal.
Manometria esofágica: ocorre a introdução de uma sonda pelo nariz que mede as
pressoes do esofago. Este exame permite o dianóstico definitico da acalásia, pois
estudam-se os movimentos que levam o conteúdo do esófago para o estômago e a
pressão do esfíncter esofágico inferior (EEI) e o seu relaxamento.
Ainda no diagnóstico ocorre a administração de uma dieta liquida durante 24 – 36 horas
seguida de aspiração e lavagem pré – endoscópica.

Tratamento
Pretende-se com o tratamento uma melhoria de queixas e da qualidade de vidas dos
doentes. Alguns tratamentos são:
- Podem-se utilizar os antagonistas do cálcio (nifedipina) ou nitratos (dinitrato de
isosorbido) que relaxam a musculatura lisa gastro-intestinal e diminuem a pressão do
EEI.
- Dilatação pneumática do EEI: ocorre a ruptura das fibras musculares a nivel do
esfincter, e o posicionamento de um balão insuflável promovendo o alargamento da
parte estreita do esofago.
- Injecção de toxina botulínica ao nível do EEI: A toxina botulínica bloqueia a
libertação de acetilcolina (agente libertado pelos nervos que enervam o esófago),
provocando o relaxamento do EEI.
Ainda no tratamento da acalásia o paciente deve se alimentar lentamente e beber
liquidos junto aos alimentos. Deve ser oferecido uma dieta liquida completa,
hiperproteica, normoglicidica, normolipidica, e os minerais e vitaminas ajustados às
necessidades do paciente.

Câncer do esôfago

Conceito
Câncer é o resultado da modificações da célula do órgão, em sua maioria causada por
uma agressão continua no local. O câncer de esôfago mais freqüente é o carcinoma
epidermóide escamoso, responsável por 96% dos casos. Outro tipo de câncer de
esôfago, o adenocarcinoma, vem tendo um aumento significativo principalmente em
indivíduos com esôfago de Barrett, quando há crescimento anormal de células do
tipo colunar para dentro do esôfago.
A irritação crônica é considerada um fator de risco para o câncer de esôfago. Esse tipo
de câncer é considerado de alto grau de malignidade, já que a incidência/mortalidade é
de praticamente 1/1.

Etiologia
As causas do câncer de esôfago ainda não são esclarecidas, porém se tem conhecimento
dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da neoplasia, tais como tabagismo,
obesidade, hérnia de hiato, acalasia, doença de refluxo esofágico. Com relação aos
riscos dietéticos os fatores ainda não são bem definidos, contudo, o consumo de frutas,
hortaliças, peixe e derivados do leite servem como fator de proteção. O consumo
excessivo de carne, especialmente churrasco, frituras, assim como excesso de chás
quentes, devido à alta temperatura utilizada, são prejudiciais.

Sinais e sintomas
Normalmente, os pacientes somente procuram um médico 12-18 meses depois dos
primeiros sinais e sintomas, sendo assim, em sua maioria, é diagnosticada a doença em
um estágio avançado.
Os sinais e sintomas mais comuns são disfagia, inicialmente com alimentos sólidos, e
eventualmente com líquidos, o que pode indicar que a doença está num estágio
avançado; sensação de uma massa na garganta, edema doloroso, dor subesternal,
náuseas, vômitos e plenitude.
Em estágios mais avançados nota-se obstrução do esôfago, com possível perfuração do
mediastino e erosão dos grandes vasos.
De inicio o paciente tem dificuldade para engolir e com o passar do tempo que a massa
cresce e a obstrução torna-se mais completa, até os líquidos não conseguem chegar até o
estômago. Com a regurgitação de alimentos não digeridos o paciente pode apresentar
soluços e mau-hálito.
Deste modo, ocorre a regurgitação do alimento e de saliva, hemorragia pode acontecer
de forma progressiva, assim como a perda de peso, que pode chegar a 10% e
enfraquecimento devido a dificuldade em alimentar-se.
Os pacientes também podem apresentar dificuldades respiratórias.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito através da endoscopia digestiva, de estudos citológicos e de
métodos com colorações especiais (azul de toluidina e lugol), se diagnosticado
precocemente as chances de cura podem atingir 98%. Na presença de disfagia para
alimentos sólidos é necessária a realização de um estudo radiológico contrastado, e
também de uma endoscopia com biópsia ou citologia para confirmação. A extensão da
doença é muito importante em função do prognóstico, já que esta tem uma
agressividade biológica devido ao fato do esôfago não possuir camada serosa e, com
isto, haver infiltração local das estruturas adjacentes, disseminação linfática, causando
metástases hematogênicas com grande freqüência.

Tratamento
Se o câncer for encontrado no inicio as metas do tratamento podem ser direcionadas
para a cura, entretanto é encontrado nos estágios finais ,tornando as metas do tratamento
paliativas. Pode incluir cirurgia , radiação quimioterapia ou a combinação dessas
modalidades,depende da extensão da doença. O tratamento cirúrgico inclui a ressecção
total do esôfago. Quando o tumor está na área cervical ou na área torácica superior a
continuidade do esôfago pode ser mantida com uma transferência de enxerto
jejunal(parte do jejuno).Um segmento do cólon pode ser usado ou o estômago pode ser
elevado para o peito e uma porção do esôfago implantada no estômago.
No pós- operatório, coloca-se no paciente uma sonda nasogástrica,que não deve ser
manipulada. Paciente é posto em dieta zero até que uma radiografia confirme que a
anastomose (comunicação cirúrgica entre dois vasos sanguíneos ou entre duas vísceras
ocas) esta segura e não esta vazando.
O tratamento paliativo pode ser necessário para manter o esôfago aberto e ajudar com a
nutrição e a controlar a saliva. A melhora pode ser conseguida com a dilatação do
esôfago ,terapia a laser,colocação de uma endoprótese ,radiação e quimioterapia.

Espasmo Difuso

Espasmo difuso é uma desordem motora do esôfago uma perturbação no movimento de


propulsão (peristaltismo), caracterizada por dificuldade ou dor ao deglutir (disfagia,
odinofagia) e dor torácica similar à do espasmo coronariano. A manometria esofagiana,
que mede a motilidade do esôfago e a pressão dentro deste, indica que as contrações
simultâneas do esôfago ocorrem de forma irregular.

Sintomas

Os espasmos musculares ao longo do esôfago são tipicamente perceptíveis como uma


dor no peito, por trás do esterno, coincidindo com a dificuldade em engolir líquidos ou
sólidos. A dor também surge à noite e pode ser suficientemente forte para interromper o
sono. Os líquidos muito quentes ou muito frios podem piorar este sintoma. Ao fim de
muitos anos, este problema pode evoluir para uma acalasia. O espasmo esofágico difuso
também pode provocar dor intensa sem dificuldade na deglutição. Esta dor, muitas
vezes descrita como dor opressiva por trás do esterno, pode acompanhar o exercício ou
o esforço, fazendo com que seja difícil distingui-la da angina (dor no peito originada por
uma doença do coração).

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico é feito através de estudos de raio x, que mostra as áreas de espasmos


separadas. A terapia conservadora inclui administrar sedativos e nitratos de longa
duração para aliviar a dor. Muitas vezes, o espasmo esofágico difuso é difícil de tratar.
Os sintomas podem ser aliviados com a nitroglicerina, com os nitratos de ação
prolongada, com os anticolinérgicos como a diciclomina ou os bloqueadores dos canais
do cálcio como a nifedipina. Por vezes são necessários analgésicos potentes. Pode
ajudar insuflar um balão dentro do esôfago ou introduzir sondas (dilatadores de metal
cada vez maiores) para dilatar o esôfago. Se as outras medidas de tratamento menos
radicais não forem eficazes, o cirurgião pode ter de seccionar a camada muscular do
esôfago ao longo de todo o seu comprimento.

Alimentação
Deve ser freqüente e em pequenas quantidades, uma dieta pastosa é geralmente
recomendada para diminuir a pressão esofagiana e a irritação que leva ao espasmo.
Recorrer a dilatação realizada pela bougienage (utiliza-se dilatadores de borracha com
mercúrio de tamanhos cada vez maiores), dilatação pneumática ou esofagomiotomia
pode ser necessária se a dor se torna intolerável.
Hérnia de hiato

Conceito
O esôfago penetra no abdome através de uma abertura no diafragma na porção final
inferior na parte superior do estômago.
Na maioria dos casos, a abertura do diafragma enrola-se, no esôfago, e o estômago
aloja-se completamente dentro do abdome. A abertura no diafragma por onde o esôfago
passa, torna-se mais larga e parte do estômago superior tende a se movimentar para
cima, na porção inferior do tórax.
Existem alguns tipos específicos de hérnia de hiato, como a axial (ou deslizamento),
paraesofagiana, mista.
Axial: as hérnias axiais ocorrem quando ocorre um deslocamento do estômago superior
e da junção gastroesofagiana e assim deslizam para dentro e fora do tórax.
Paraesofagiana: Ocorre quando todo o estômago, ou parte dele, passa através do
diafragma, penetrando no interior do tórax, próximo a junção gastroesofagiana.
Mista: Quando ocorre a combinação dos dois tipos anteriores, hérnia axial e
paraesofagiana.
A herniação pode atingir outros órgãos além do estômago, como o cólon, intestino
delgado e baço, porém esses casos são mais raros e o risco de complicação é maior.
Sinais e sintomas da hérnia de hiato axial
O paciente pode apresentar azia, regurgitação e disfagia. Porém, pelo menos 50% dos
pacientes são assintomáticos.

Diagnóstico da hérnia de hiato axial


O diagnóstico é confirmado pelos raios X e fluoroscopia, sistema o qual oferece
imagens em tempo real das cavidades internas de um paciente através do uso de um
fluoroscópio.

Tratamento da hérnia de hiato axial


O tratamento inclui pequenas porções de alimentos que passam facilmente através do
esôfago. O paciente é orientado para não reclinar por 1 hora após se alimentar, para
prevenir refluxo ou movimentação da hérnia, e a elevar a cabeceira da cama de 10 a 20
cm com blocos, para evitar que a hérnia deslize para cima.
Sinais e sintomas da hérnia de hiato paraesofagiana
O paciente geralmente apresenta uma sensação de plenitude após se alimentar, porém,
em alguns casos, pode ser assintomático.
Geralmente o refluxo não ocorre porque o esfincter gastroesofagiano está intacto.
Podem ocorrer complicações como hemorragia, obstrução e estrangulamento.

Diagnóstico da hérnia de hiato paraesofagiana


O diagnóstico é confirmado pelos raios X e pela fluoroscopia. Divertículos
paraesofagianos podem necessitar de cirurgia de emergência.

Tratamento da hérnia de hiato paraesofagiana


Os tratamentos médico e cirurgico são similares ao do gastroesofagiano.

Refluxo gastresofagiano

Algum grau de refluxo gastroesofagiano (RGE), ou o retorno gástrico ou duodenal no


esôfago é normal. Excessivo refluxo pode ocorrer devido a um incompetente esfincter
esofagiano inferior, estenose pilórica (estreitamento do piloro) ou desordens da
motilidade.

Manifestações clínicas

Os sintomas podem incluir pirose (azia), dispepsia(indigestão), regurgitação (retorno do


alimento a boca), disfagia ou odinofagia (dificuldade em engolir, dor ao
engolir),hipersalivação e esofagite( inflamação do esôfago).

Diagnóstico e tratamento

O histórico do paciente auxilia na obtenção de um bom diagnostico,testes diagnósticos


incluem 12 a 36 horas de monitoramento do pH esofagiano ,endoscopia e exame
baritado por via oral.
O tratamento consiste em evitar fatores que diminuam a pressão no esfincter esofagiano
inferior ou causam irritação esofagiana. A dieta deve ser pobre em gordura e rica em
fibras,deve-se evitar cafeína (café,chocolate,chá preto etc.), tabaco ,hortelã, comida ou
bebida duas horas antes de dormir e evitar o excesso de peso. Se o refluxo persistir o
paciente deve usar medicamentos antiácidos, bloqueadores receptores de histamina ou
inibidores da bomba de ácido gástrico (HCL), também podem receber agentes
procinéticos que aceleram o esvaziamento gástrico (Betanecol,
Domperidona,Metoclopramida,e cisapride. Se o tratamento não obter sucesso é
necessário tratamento cirúrgico feito com a fundoplicação ( embrulhar a porção do
fundo gástrico ao redor da área do esfincter do esôfago).

Tumores benignos

Tumores benignos podem aparecer em qualquer lugar do esôfago. A lesão mais comum
é o leiomioma (tumor do músculo liso) o qual pode obstruir a luz do esôfago, muitos
tumores benignos são assintomáticos e distintos de lesões cancerosas através da biópsia,
pequenas lesões podem ser retiradas a esofagoscopia (endoscopia digestiva alta que
permite visualização e biópsia da estrutura anatômica), lesões que ocorrem dentro da
parede do esôfago podem requerer toracotomia, ou seja, abertura cirúrgica para dentro
da cavidade torácica.

Perfuração

Conceito
O esôgafo pode sofrer perfurações em caso de cortes no pescoço ou tiros no mesmo
local ou tórax. Podem acontecer perfurações até durante um exame com instrumentos
cortantes.

Sinais e sintomas
O paciente experimenta persistente dor, seguida da disfagia. Infecção, febre, leucocitose
e hipotensão grave podem ocorrer.

Diagnóstico
Raio X pode localizar o local do trauma.

Tratamento
Por haver grande risco de infecção inicia-se o tratamento com antibioticoterapia. Uma
sonda nasogástrica é inserida para promover a aspiração e reduzir a quantidade de suco
gástrico que pode refluir no esôfago.
Não é feita nutrição oral, assim, para suprir as necessidades nutricionais, é feita nutrição
parenteral total. Prefere-se a parenteral à gastrostomia, já que essa última pode causar
refluxo ao esôfago.

Varizes esofagianas

Conceito
São veias anormalmente dilatadas, geralmente localizadas no terço inferior e em parte
do terço médio do esôfago. Relacionam-se principalmente com a cirrose hepática que
provoca hipertensao da veia porta, que por sua vez está ligada com as veias do terço
inferior e médio, podendo se romper provocando hemorragias fatais.

Etiologia
A causa mais comum dessa hipertensão portal é a cirrose hepática. A hipertensão portal
ocorre devido a um aumento da pressão da veia porta do fígado. Esse aumento da
pressão vai causar uma estase venosa (diminuição da circulação sangüínea), ou seja, um
acúmulo de sangue venoso na Veia Porta, fazendo com que o sangue procure outras
maneiras de chegar a circulação sistêmica, assim sendo criadas as Circulações
Colaterais, que nada mais são do que as veias esofágicas.

Sinais e sintomas
Os sinais e sintomas caracteristicos são: dificuldade respiratória, vômitos e aspiração,
distensão abdominal, hematêmese (vômito com sangue) e melena (fezes com sangue),
confusão mental, icterícia, coma hepático. A hemorragia de intensidade variável pode
levar a anemia, ao choque e até mesmo ao óbito.

Diagnóstico
O diagnóstico para esta doença depende de tres respostas: o paciente tem cirrose? tem
hipertensão portal? são as varizes o local de sangramento?. A principal forma de
diagnóstico é a endoscopia digestiva alta, que permite uma visualização ampla do
problema.

Tratamento
O tratamento pode ser clínico (com antiácidos, antibióticos, vitamina K, vasopressina)
ou cirúrgico. A dieta neste caso deve ser da seguinte forma: por via oral (se houver
condições) ou enteral, tendo como objetivo evitar a constipação e minimizando ou
previnindo a encefalopatia hepática. As características básicas da dieta são: consistência
líquida completa coada, normo/hiper protídica, normoglicídica, vitaminas e minerais
complementados via medicamentos.

Anéis e Membranas

Anéis esofagianos são finas membranas concêntricas consistindo em um tecido da


mucosa da junção gastresofagiana. As membranas consistem em tecido da mucosa e
submucosa no formato de prateleiras concêntricas ao longo de todo o esôfago.

Sinais e sintomas
O paciente com anéis esofagianos relata disfagia (dificuldade de deglutição) e
impactação alimentar (sensação de parada do alimento no peito).

Diagnóstico e tratamento
O diagnostico geralmente é confirmado através do exame baritado para via oral. As
membranas podem regredir com tratamento à base de ferro. Tanto os anéis quanto as
membranas podem requerer dilatação por bougienage ou balão pneumático.

Corpo Estranho

Muitos corpos estranhos ingeridos passam pelo tratogastointestinal sem a necessidade


de intervenção médica. Alguns destes corpos estranhos como: dentaduras, espinha de
peixe, broches, pequenas pilhas ou objetos contendo mercúrio ou chumbo podem causar
danos ao esôfago ou obstruir sua luz e devem ser removidos.

Sinais e sintomas
Dor ou disfagia, também pode estar presente e a dispnéia (desconforto ao respirar)
ocorrendo como resultado da pressão na traquéia.

Diagnóstico e tratamento
O raio-x é utilizado para identificar corpos estranhos. Um endoscópio coberto pode ser
usado para remover objetos do esôfago. Se uma certa quantidade de alimento ficar
alojada no esôfago, o acido tatarico e o bicarbonato de sódio podem ser usados para
formar gás, aumentando assim a pressão interna mural e posteriormente permitindo q o
bolo alimentar seja deslocado. O medicamento glucagom também pode ser utilizado na
forma injetável e intra muscular, esta medicação tem efeito relaxante no músculo do
esôfago. Se este tratamento não tiver bom efeito, utiliza-se um endoscópio para remover
o alimento alojado.

Queimadura química

Podem ocorrer queimaduras químicas devido à medicamentos não dissolvidos no


esôfago. Ocorrem com mais frequência quando o paciente, acidentalmente ou
intencionalmente, ingere um ácido ou base muito forte ( como detergente). Acontece
então, uma perturbação emocional além de dor física.

Sinais e sintomas
Uma queimadura química aguda do esôfago pode vir acompanhada por intensa
queimadura dos lábios, boca e faringe, com dor à deglutição. As vezes existe
dificuldade para a respiração devido ao edema na garganta ou ao acúmulo de muco na
faringe.

Diagnóstico
O diagnóstico é feito através de esofagoscopia e exame baritado por via oral, deve ser
feito logo que possível para determinar a extensão e gravidade do dano.
Tratamento
O paciente, pode se apresentar extremamente intoxicado, febril e em choque, deve ser
tratado imediatamente para que desapareça o choque, a dor e a angústia respiratória.
Os líquidos são administrados endovenosamente. Uma sonda nasogástrica pode ser
inserida. Devem ser evitados vômitos e lavagem gástrica.
É indicado o uso de corticoesteróide para reduzir a inflamação e minimizar cicatrizes.
Após a fase aguda, o paciente pode requerer tratamento futuro para prevenir ou tratar
constrições do esôfago. A dilatação usando velas pode ser suficiente. O tratamento por
dilatação pode necessitar ser repetido periodicamente. Para as constrições que não
respondem à dilatação, o tratamento cirúrgico é necessário.
A reconstrução pode ser com uma esofagectomia ou interposição do cólon para
recolocar a porção do esôfago que foi removida.
Referências Bibliográficas

AQUINO, Rita de Cássia, PHILIPPI, Sonia Tucunduva. Nutrição Clínica: estudo de


casos comentados. Ed. Manole – Barueri - SP
Brunner & Suddarth. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. Editora Guanabara
Koogan S.A. – Rio de Janeiro
CUPPARI, Lilian. Guia de Nutrição: nutrição clínica no adulto. Editora Manole –
Barueri – SP
INCA – Instituto Nacional do Câncer:
<http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?id=328> – acesso em 23/03/2011 –
21h30min
NETO, Faustino Teixeira. Nutrição Clínica. Editora Guanabara Koogan S.A. – Rio de
Janeiro
WAITZBERG, Dan L. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica. 3 ed.
Editora Atheneu, São Paulo

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