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Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento da UFRGS 45

HIDP-04 Análise Sistêmica de Recursos Hídricos - Capítulo 3 - Simulação Iterativa

3. SIMULAÇÃO ITERATIVA

Antonio Eduardo Lanna


3. SIMULAÇÃO ITERATIVA ..................................................................................................................... 45
3.1 OBJETIVOS ........................................................................................................................................... 45
3.2 METODOLOGIA ................................................................................................................................... 45
Açude isolado............................................................................................................................................... 45
Açudes múltiplos em séries .......................................................................................................................... 48
3.3 EXECUÇÃO DO PROGRAMA ............................................................................................................. 49
Arquivo de dados da execução .................................................................................................................... 49
Arquivos de chuvas e vazões........................................................................................................................ 51
Arquivo de saída .......................................................................................................................................... 52
3.4 SAGBAH COM OTIMIZAÇÃO ITERATIVA .................................................................................................. 55
3.5 EXERCÍCIOS.............................................................................................................................................. 55

3.1 OBJETIVOS

Este capítulo exemplifica o uso de simulação iterativa para o dimensionamento de re-


servatório. É apresentado o programa CASCATA que operacionaliza este procedimento. De-
talhes sobre a entrada de dados e sobre o arquivo de resultados são apresentados.
O programa CASCATA determina a função que relaciona a capacidade de
armazenamento de um açude com a descarga garantida. A descarga garantida é definida como
o valor total anual da descarga suprida pelo açude que é satisfeito todo mês. Tentando ser
mais claro: seja DESC(I) a percentagem da demanda total anual que é alocada ao mês I. Se a
descarga garantida for X, isto significa que existe disponível para o mês I pelo menos uma
descarga igual a DESC(I) * X. Revertendo o raciocínio: se os valores Q(I) referem-se às des-
cargas menores supridas em cada mês I ao longo do período de análise, o valor mínimo de
Q(I)/DESC(I), para qualquer I no período de análise, será o valor a ser atribuído a X, ou seja, a
descarga garantida anual.
O programa define a variação da capacidade de armazenamento vs. as descargas
garantidas anuais, ao longo de uma amplitude de valores que vai da descarga mínima que
pode ser garantida sem açude (capacidade de armazenamento mínima ou aproveitamento ao
fio de água) até a máxima descarga que pode ser garantida, igual à média das vazões subtraída
da evaporação e de vertimentos eventuais inevitáveis. Este limite superior é geralmente substi-
tuído pela descarga obtida com a capacidade máxima de acumulação, derivada de condições
topográficas da seção de barramento.

3.2 METODOLOGIA

O CASCATA foi desenvolvido para trabalhar com um ou vários açudes em cascata,


ou seja, serialmente localizados em um curso de água. Inicialmente será apresentada a
metodologia aplicada ao desenvolvimento da função de regularização em um açude isolado.
Posteriormente, serão comentadas as modificações para consideração de vários açudes.

Açude isolado

A abordagem utilizada nos cálculos é iniciada com a estimativa da máxima capacidade


útil do açude ou seja, a menor capacidade que garante a descarga máxima possível, sem con-

3SimIter.doc
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sideração da evaporacão ou vertimentos. Denomina-se esta capacidade como a máxima útil


por que qualquer incremento sobre ela ficará ocioso. O procedimento de cálculo é similar ao
utilizado no diagrama de RIPPL ou similares, tais como de Diferenças Totalizadas. Com-
puta-se as excedências (ou déficits) da vazão afluente sobre a descarga garantida, computada
pelo produto da vazão afluente média e a percentagem de utilização da descarga garantida em
cada intervalo de tempo. Esta série de valores tem seus valores máximo e mínimo verificados.
A soma dos valores absolutos destes extremos determina a capacidade procurada.
O programa imprime estes valores extremos que definem os limites de variação da
função de regularização em um gráfico com ordenadas na escala de descargas e abcissas na
escala de capacidade de armazenamento. A função procurada será definida por pontos. O
número de pontos deverá ser definido e introduzido pelo usuário. A sistemática adotada pelo
programa a partir daí é descrita a seguir.
Supondo-se uma capacidade máxima de armazenamento, que o usuário determina por
questões topográficas, ou outras, é verificado se a vazão média pode ser efetivamente ga-
rantida. Evaporações do açude ou vertimentos inevitáveis podem impedir isto. Isto é realizado
pela execução do balanço hídrico ao longo do período de dados. Suponha-se ser o balanço
definido como abaixo:
S (t + 1) = S (t ) + Q(t ) + Q − α (t ). X − Q − E (t ) − V (t ) (3.1)
m min

considerando os seguintes limites :

S(t+1) = Sup{Smin, S(t+1)} : limite mínimo armazenamento, sendo Sup{ } o operador "o
maior entre";
S(t+1) = Inf{Smax, S(t+1)} : limite máximo armazenamento, sendo Inf{ } o operador "o menor
entre";

e onde : S(t+1) é o armazenamento no açude no início do mês t (Hm3); Smax é o limite máximo
do armazenamento (Hm3); Smin é o limite mínimo de armazenamento (Hm3); Q(t) é a vazão
afluente ao açude no mês t, originada na bacia de drenagem (total ou incremental, quando
houver açude a montante) (Hm3/mês); Qm(t) é a vazão afluente do açude de montante no mês t
(Hm3/mês), quando houver; P(t) é chuva sobre a superfície do açude no mês t (Hm3/mês);
α.(t)*X é a defluência do açude para atendimento à demanda, dada pelo produto da
percentagem a ser suprida no mês t pela demanda total a ser garantida anualmente X
(Hm3/mês); Qmin(t) é a descarga mínima a ser mantida para jusante, durante o mês t
(Hm3/mês); E(t) é a evaporação descontada da chuva sobre a superfície do açude durante o
mês t (Hm3/mês); V(t) é o vertimento durante o mês I, suposto haver quando o
armazenamento atinge seu valor máximo, igual a Smax (Hm3/mês).

A evaporação é computada pela equação :

E (t ) = [e(t ) − p(t )].{[A(t ) + A(t + 1)]}/ 2 (3.2)

sendo: e(t) a taxa mensal de evaporação aplicável ao açude (mm/mês); p(t) a precipitação
sobre a superfície líquida do açude (Hm3/mês); A(t) e A(t+1) as áreas da superfície do açude,
calculadas como função de S(t) e S(t+1), respectivamente, através de polinômios (Km2).

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Uma dificuldade surge na aplicação desta equação já que o valor S(t+1) não será
conhecido ainda. Em geral costuma-se a adotar uma aproximação, em que S(t+1) = S(t). Ou
seja, o armazenamento final é adotado como igual ao inicial, em dado mês. Esta alternativa
pode ser adotada quando as taxas de evaporação e a variação de armazenamento do açude
forem pequenas durante qualquer mês. Em regiões semi-áridas estas hipóteses não se con-
firmam, fazendo com que se adote um procedimento iterativo de ajuste do armazenamento
final. Ele é inicialmente estabelecido como S(t) e a evaporação estimada. Calcula-se S(t+1)
com a equação (1). Caso seja muito diferente do valor originalmente adotado, corrige-se
S(t+1) fazendo-o igual ao valor recém calculado e repetem-se os cálculos anteriores. As
iterações prosseguem até que haja uma diferença entre o valor estimado e calculado de S(t+1)
menor que dada tolerância pré-estabelecida pelo usuário. Observa-se geralmente que não mais
que 3 iterações são necessárias para atingir-se um erro menor que 1%.
Quando o armazenamento for superior à capacidade do açude ocorrem vertimentos.
Quando entretanto o armazenamento for menor que Smin, o armazenamento do Volume Morto,
isto indica que a capacidade Smax é insuficiente para suprir a descarga garantida X. Caso se
entenda que não deva haver falha de suprimento à demanda, o programa opta por diminuir o
valor X, de forma a contornar a inviabilidade. Porém pode-se também estabelecer que haja um
número de falhas permissível. Isto é introduzido no programa por uma percentagem tolerada
de falhas. Nesta situação, quando houver falha se entende que o suprimento é diminuído até
que o armazenamento final seja igual a Smin. A simulação prossegue até que o percentual de
falhas ultrapassa o valor tolerado. O decréscimo dos valores de X é feito de acordo com a
função abaixo :

  
X = X 1 − K /  KD.K  (3.3)
  max  

sendo que: Kmax é o número de pontos da função, identificados ao longo da amplitude de


variação de Smax, de forma eqüidistante; KD é um parâmetro a ser adotado pelo usuário,
geralmente como 2*K; K é o ponto cuja relação está sendo computada no momento.

Esta função tem a propriedade de estabelecer pequenos decréscimos quando a


capacidade é próxima à máxima, os quais são aumentados quando ela se aproxima de zero.
Isto se conforma com a variabilidade da função de regularização que costuma ter a primeira
derivada decrescente, seja sempre positiva. A figura 1 ilustra um resultado, obtido do exemplo
com o qual se trabalhará adiante.
O programa inicia pelos valores superiores de Smax e de X. Os valores de X garantidos
pelos de Smax são computados por tentativas até que não exista a inviabilidade apontada no
balanço hídrico, ou seja, armazenamentos negativos. Prosseguem-se os cálculos até que, para
a capacidade Smax, possa ser garantido o suprimento X sem que os armazenamentos sejam
inferiores a Smin, com número de falhas menor que o tolerado.
Após se obter a descarga garantida X em função do valor Smax, passa-se ao valor
seguinte de Smax, menor que o anterior. Uma primeira tentativa para X é o valor de X obtido
para a capacidade anterior, que se sabe ser inviável para uma capacidade menor. Isto faz com
que a primeira tentativa seja inviável, a menos que o decréscimo de X antes de se obter a
última viabilidade seja excessivo. O procedimento continua desta forma até o último valor de
Smax.

3SimIter.doc
Antonio Eduardo Lanna, Agosto de 1997 48

FUNCAO REGULARIZACAO DO ACUDE DE FRANCA

5.5

Descarga garantida 10% falha (Hm3/mes)


5

4.5

3.5

2.5

1.5

0.5
0 2 4 6

Capacidade de armazenamento (Hm3)

Figura 1: Exemplo de função de regularização

Algumas correções são adotadas após as computações. Inicialmente o valor de X


computado para dado Smax é corrigido para diferenças entre o armazenamento inicial e o final.
O armazenamento inicial é estabelecido pelo usuário. A correção é feita alterando-se o valor
de X pelo valor obtido pela distribuição da diferença entre o armazenamento inicial e o final
ao longo de todos os anos de análise.
A segunda correção adotada deriva da possibilidade de que o decremento de X seja
demasiado. Isto ficará evidenciado por um valor de armazenamento mínimo muito acima de
Smin. Quando isto for detectado, o valor de X é aumentado por :

   
X = X .1 + K /  KD.K  / 1,5  (3.4)
  max  

Os valores da curva de regularização obtida são impressos juntamente com os totais


evaporados e vertidos, o mês crítico, aqui entendido como aquele em que as condições para
garantia da descarga são mais críticos. Este intervalo é estimado como aquele para o qual
ocorreu a última inviabilidade no estabelecimento do valor de X. Observa-se, na prática, que
intervalos diferentes serão os críticos, conforme varie o valor de Smax. São impressos também
o percentual de falhas verificados na simulação e o armazenamento mínimo.
Por último, o programa ajusta uma função polinomial aos valores de (X - Vfio)/Ymed
com os valores de (Smax-Smin)/SMAX onde: X é a descarga regularizada com capacidade Smax;
Vfio é a descarga regularizada ao fio de água; Ymed é a média das vazões no período; Smax é a
capacidade do açude para dado X; SMAX é a máxima capacidade útil do açude. Tem-se
observado que polinômios de 3º grau dão um bom ajuste à função.
Finalmente, o programa apresenta a lista de valores de Smax, X calculado e X estimado
pelo polinômio, possibilitando uma apreciação de ajustamento.

Açudes múltiplos em séries

Havendo açude a jusante daquele recém-calculado o programa prossegue com sua


análise. A equação de balanço hídrico (1) é aplicada entendendo-se que Q(t) é agora a vazão
da bacia incremental entre os dois açudes. A variável Qm foi computada no balanço hídrico do
açude de montante como :

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Q (t ) = β (t ).α (t ). X + Q (t ) + V (t ) (3.5)
m min

onde: β(t) é uma fração da descarga de suprimento, que retorna ao curso de água (Hm3/mês).

Como existem várias alternativas de capacidade do açude de montante, cada uma


gerará sua própria série de defluências. Diante disto, o programa tem por critério estabelecer
que apenas um dos açudes terá capacidade variável, evitando-se um aumento multiplicativo de
opções projeto. Os demais açudes serão considerados com capacidade fixa.

3.3 EXECUÇÃO DO PROGRAMA

Como todos aplicativos do SAGBAH este programa é executado a partir de instrução


do tipo:

A>CASCATA EXEMPLO.DAT EXEMPLO.RES EXEMPLO.GRA

onde EXEMPLO.DAT é o arquivo de dados de execução, EXEMPLO.RES é o arquivo de


resultados e EXEMPLO.GRA é um arquivo que armazena valores dos armazenamento e
deflúvios do açude, para cada capacidade, possibilitando o preparo de gráficos analíticos.

Arquivo de dados da execução

Um exemplo deste arquivo é encontrado a seguir relacionado ao Rio Jacuípe no Estado


da Bahia. As linhas com fonte itálico são comentários e não aparecem no arquivo real a ser
executado. O formato de leitura é livre. Sendo assim, enter cada dado deverá haver apenas um
espaço vazio ou um separador ("," ou "/", etc).

Título da execução:
'RIO JACUIPE : ACUDE DE FRANCA E SAO JOSE DO JACUIPE '
Número de açudes em cascata:
2
Número de anos de análise:
49
Ano inicial da série hidrométrica:
1930
Título atribuído ao primeiro açude a ser executado, de montante para jusante:
'ACUDE DE FRANCA: FALHAS=10%'
Coeficiente de correção da série de vazões (vide observação 1):
1.
Arquivo de vazões médias mensais (m3/s):
'C:\PROJETOS\JACUIPE\VFRANCA.DAT'
Arquivo de chuvas totais mensais (mm/mês):
'C:\PROJETOS\JACUIPE\PFRANCA.DAT'
Vazões mínimas (de restrição) a serem descarregadas do açude em cada mês (Hm3/mês)
0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0.
Coeficientes DESC(I), correspondendo ao percentual da demanda anual alocada ao mês I
(soma deve ser exatamente 100):

3SimIter.doc
Antonio Eduardo Lanna, Agosto de 1997 50

8.34 8.34 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.34 8.34
Percentuais mensais da descarga de retorno (vide observação 2):
0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0.
Coeficiente de correção das evaporações, para levar em conta "efeito tanque" ou outro
qualquer:
0.7
Valores mensais de evaporação do lago, em mm/mês:
231. 213. 201. 160. 141. 124. 138. 173. 200. 215. 256. 254.0
Grau do polinômio que ajusta a função área da superfície do açude (Km2) vs. volume
armazenado (Hm3):
3
Coeficientes do polinômio acima; no exemplo, o polinômio é:
Área = 0. + 0,33928 Vol - 0,011087 Vol2 + 0,00013858 Vol3
0. 0.33928 -0.011087 0.00013858
3
Dados do açude: Armazenamento máximo (Hm ) a ser considerado na função de
regularização, armazenamento mínimo (ou do volume morto) (Hm3), armazenamento inicial
em percentual do máximo, percentual para atingir volume mínimo (ver observação 3),
tolerância de falhas no atendimento à demanda (vide observação 4); tolerância percentual
para obtenção do nível de falha (vide observação 5), número máximo de ciclos reversos (vide
observação 6):
5.34 1.3 100. 1. 10. 1. 40
Função de regularização obtida: número de pontos a serem gerados, parâmetro KD, número
de polinômios a serem ajustados, graus dos polinômios (vide observação 7):
10 20 2 3 4
Ajuste da área da superfície líquida do açude: percentual tolerado do êrro, número máximo
de iterações para atingí-lo (vide observação 8):
1. 20
Fim dos dados para o primeiro açude
Título atribuído ao segundo açude a ser executado, de montante para jusante:
'ACUDE DE SAO JOSE DO JACUIPE : CORRECAO DE VAZOES, FALHAS:10%'
Dados anteriores são repetidos na mesma ordem:
0.752
'C:\PROJETOS\JACUIPE\VGAVIAO.DAT'
'C:\PROJETOS\JACUIPE\PGAVIAO.DAT'
0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53 0.53
8.34 8.34 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.34 8.34
0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0. 0.
0.8
231. 213. 201. 160. 141. 124. 138. 173. 200. 215. 256. 254.
4
0. 0.21074 -0.00065093 0.000001205 -0.00000000073101
364.22 1.73 100. 1. 0. 1. 40
Como o açude anterior teve sua função avaliada para várias capacidades, este deve ter
apenas 1 ponto, igual à capacidade máxima:
1 1 1 1 1
0.1 20
Fim do arquivo

05/09/98
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento da UFRGS 51
HIDP-04 Análise Sistêmica de Recursos Hídricos - Capítulo 3 - Simulação Iterativa

Observações:

1 - Coeficiente de correção da série de vazões: geralmente igual a 1, situação em que


não há correção; quando diferente de 1 multiplicará todos os dados de vazão; utilizado para
transpor vazões observadas em uma seção fluvial para outra próxima, pelo critério de
proporção das áreas de drenagem.
2 - Percentuais mensais da descarga de retorno: supõem-se que as demandas supridas
gerem descargas de retorno que são devolvidas ao rio; estes percentuais estabelecem o retorno
estabelecido em cada mês. Quando não há retorno os valores são nulos.
3 - Percentual para atingir volume mínimo: o programa calcula para a iteração
executada a diferença entre o menor valor entre os armazenamento do açude, Min{S(t)}, e o
armazenamento mínimo (ou do volume morto), SMIN. Esta diferença, Min{S(t)} - Smin,
deverá ser menor que a porcentagem referida multiplicada pela média entre o armazenamento
máximo e o mínimo, ou seja:

     
Min[S (t )] − S  ≤ F / 100. S +S / 2
min  
(3.6)
 min   tols  max

Se esta condição não ocorrer, realiza-se o "ciclo reverso", situação em que X, a


descarga a ser garantida, é aumentada.
4 - Tolerância de falhas no atendimento à demanda: estabelece-se aqui a tolerância a
falhas (não atendimento à demanda) em percentual do número de meses de simulação.
5 - Tolerância percentual para obtenção do nível de falha: Esta tolerância estabelece a
diferença máxima, em valores absolutos, entre o percentual de falha calculado e o estipulado.
6 - Número máximo de ciclos reversos: o número máximo de ciclos reversos, definido
na observação 3, é aqui estipulado. Se ultrapassado, aceita os resultados e aceita a impos-
sibilidade de se atingir níveis de armazenamentos mais próximos ao mínimo.
7 - Polinômio ajustado à função de regularização: define o número de pontos da
função a serem computados (parâmetro Kmax da equação 4, o parâmetro KD da mesma
equação, o número de polinômios e seus graus. Portanto, é possível ajustar-se mais que um
polinômio, de forma a ser selecionado o melhor ajuste da função.
8 - A equação 2 mostra a necessidade de se proceder a um processo iterativo para o
ajuste armazenamento final no reservatório, no cálculo da evaporação. O percentual tolerado
de êrro neste ajuste e o número máximo de iterações para atingí-lo é estabelecido nesta linha.

Arquivos de chuvas e vazões

Estes arquivos deverão ser introduzidos com formato livre, com os registros
simultâneos de chuva e vazão durante os meses de análise. Atenção: unidade de chuva é
mm/mês e de vazão m3/s. No caso de vazão, o programa transformará em Hm3/mês.
Mesmo quando houver múltiplos açudes não há necessidade de calcular vazões da
bacia incremental. O programa faz isto automaticamente, subtraindo as vazões observadas
entre duas seções fluviais adjacentes.

3SimIter.doc
Antonio Eduardo Lanna, Agosto de 1997 52

Arquivo de saída

O arquivo de resultados correspondente ao de dados anteriormente apresentado é


parcialmente apresentado a seguir. Em letras menores apresenta-se os resultados. As letras
normais são explicações agregadas à saída para melhor esclarecimento.

Programa CASCATA - Capacidade de Reservatorios


Desenvolvido no IPH/UFRGS - Prof. A. E. LANNA

Dados gerais da execução

RIO JACUIPE : ACUDE DE FRANCA E SAO JOSE DO JACUIPE

NUMERO DE ANOS DE ANALISE ...... 49


ANO INICIAL .................... 1930

Dados de entrada referentes ao açude mais a montante: França.

ACUDE DE FRANCA: FALHAS=10%


SAZONALIDADE DA DEMANDA TOTAL ANUAL (%)
8.34 8.34 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.34 8.34

SAZONALIDADE DA DESCARGA DE RETORNO (%)


.00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00

DESCARGA MINIMA MANTIDA PARA JUSANTE (Hm3/mes)


.00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00

VAZOES AFLUENTES BACIA INCREMENTAL (Hm3/mes)


COEFICIENTE DE CORRECAO ADOTADO : 1.000
.24 1.21 28.77 4.07 1.29 .91 .56 .16 .05 .03 .18 1.37
.16 .02 .05 .18 .00 .00 .00 .00 .00 .00 3.76 .05
----------dadosomitidos------
7.77 12.82 19.61 6.01 17.62 16.20 1.50 1.31 .44 .54 .08 3.80

CHUVAS SOBRE A SUPERFICIE DO RESERVATORIO (mm/mes)


38.90 50.50 105.20 67.60 67.00 70.90 42.20 7.00 17.90 25.00 112.60 113.70
5.00 74.30 56.80 16.60 66.80 8.90 70.00 39.70 22.40 106.10 159.30 14.50
---------- dados omitidos ------
72.60 101.90 199.90 89.50 128.70 93.00 33.80 42.50 102.90 15.30 187.40 51.40

TAXA SAZONAL DE EVAPORACAO (mm/mes)


COEFICIENTE DE CORRECAO ADOTADO : .700
231.00 213.00 201.00 160.00 141.00 124.00 138.00 173.00 200.00 215.00 256.00 254.00

POLINOMIO AREA VS. VOLUME


AREA(KM2) = .0000000000 + .3392800000 * VOL +
+ -.0110870000 *VOL**2 + .0001385800*VOL**3 +
+ .0000000000 * VOL**4 (VOL EM HM3)

ARMAZENAMENTO INICIAL = 100.000 % CAPACIDADE


TOLERANCIA PARA ARMAZENAMENTO MINIMO = 1.000

Saída de resultados: inicialmente apresenta resultados obtidos com o Método de Rippl.


A produção anual ao fio de água diz respeito ao atendimento da demanda sem regularização e
é condicionado pela vazão mínima observada na série. A produção média anual refere-se à
vazão média dos registros de vazão - trata-se da regularização 100%, obtida sem perdas. Os
valores de acumulação mínimo e máximo são aqueles obtidos pelo método de Rippl,
representando, respectivamente, o armazenamento inicial e o máximo. A soma de seus valores
absolutos é a capacidade para regularização 100%. O mês crítico é aquele onde foi registrada
a acumulação mínima.

05/09/98
Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos e Saneamento da UFRGS 53
HIDP-04 Análise Sistêmica de Recursos Hídricos - Capítulo 3 - Simulação Iterativa
ACUDE DE FRANCA: FALHAS=10%

PARAMETROS BASICOS EM HM3/ANO


PRODUCAO ANUAL FIO DAGUA : .000
PRODUCAO MEDIA ANUAL : 27.411
ACUMULACAO MINIMA : -187.057
ACUMULACAO MAXIMA : 25.147
MAXIMA CAPACIDADE UTIL : 212.204
VOLUME MORTO : 1.300
MES CRITICO : 17

Função de regularização calculada: apresenta para diversos valores de capacidade,


menores que a máxima especificada, a produção anual, a evaporação efetiva média anual, ou
seja, descontada da chuva direta sobre o reservatório, o vertimento médio anual e o mês
crítico. Este mês é aquele onde foi obtida a última inviabilidade no ajuste da função de
regularização. Em seguida apresenta-se o percentual obtido de falhas e o armazenamento
mínimo verificado.

FUNCAO REGULARIZACAO
PERCENTUAL TOLERADO DE FALHAS : 10.00 (ERRO < 1.00%)

CAPACIDADE PRODUCAO ANUAL EVAP.EFETIVA MEDIA VERT. MEDIO FINAL PER. CRIT FALHAS ARM. MIN
(HM3) (HM3/ANO) (HM3/ANO) (HM3/ANO) (MES) (%) (HM3)
5.34 5.32 1.08 21.6 501 10.4 1.30
4.94 5.07 1.02 21.9 502 10.4 1.30
4.53 4.85 .956 22.1 502 10.4 1.30
4.13 4.48 .896 22.5 393 10.4 1.30
3.72 3.95 .839 23.1 502 10.2 1.30
3.32 3.41 .780 23.6 561 9.52 1.30
2.92 2.86 .714 24.2 561 10.0 1.30
2.51 2.26 .642 24.8 502 10.0 1.30
2.11 1.59 .567 25.5 501 10.0 1.30
1.70 .893 .487 26.2 498 10.4 1.30

Ajuste da função de regularização a polinômios: são apresentados os coeficientes


estimados por mínimos quadrados, o coeficiente R2 de determinação, e o desvio padrão dos
êrros de ajuste. Em seguida, apresenta-se a função observada, ou seja, computada pela
simulação iterativa, e a ajustada pelo polinômio, possibilitando verificação do ajuste.

FUNCAO AJUSTADA PARA CURVA DE REGULARIZACAO


COM TOLERANCIA DE FALHA = 10.500

Y = 7.8727E-03 +
+ ( 13.16 ) * X ** 1
+ ( 14.04 ) * X ** 2
+ ( -1.0124E+04) * X ** 3
SENDO Y = (PRODUCAO ANUAL - .0000 )/ 27.41
X = (CAPACIDADE - 1.300 / 212.2 )

COEFICIENTE DE DETERMINACAO = .9996


DESVIO PADRAO DOS RESIDUOS = .1284E-02
ESTIMATIVAS COM MODELO AJUSTADO
CAPACIDADE UTIL PROD. ANUAL OBS. PRO. ANUAL CAL.
5.340 5.323 5.309
4.936 5.067 5.115
4.532 4.847 4.820
4.128 4.478 4.435
3.724 3.955 3.974
3.320 3.407 3.446
2.916 2.864 2.863

3SimIter.doc
Antonio Eduardo Lanna, Agosto de 1997 54

2.512 2.259 2.237


2.108 1.587 1.580
1.704 .893 .902

Conforme solicitado nas instruções, ajusta-se também um polinômio do 4º grau à


função de regularização.

FUNCAO AJUSTADA PARA CURVA DE REGULARIZACAO


COM TOLERANCIA DE FALHA = 10.500

Y= 6.4551E-03 +
+ ( 14.12 )*X ** 1
+ ( -169.3 )*X ** 2
+ ( 3031. )*X ** 3
+ ( -3.1403E+05) * X ** 4
SENDO Y = (PRODUCAO ANUAL - .0000 )/ 27.41
X = (CAPACIDADE - 1.300 / 212.2 )

COEFICIENTE DE DETERMINACAO = .9997


DESVIO PADRAO DOS RESIDUOS = .1386E-02

ESTIMATIVAS COM MODELO AJUSTADO


CAPACIDADE UTIL PROD. ANUAL OBS. PRO. ANUAL CAL.
5.340 5.323 5.304
4.936 5.067 5.121
4.532 4.847 4.824
4.128 4.478 4.435
3.724 3.955 3.969
3.320 3.407 3.441
2.916 2.864 2.862
2.512 2.259 2.242
2.108 1.587 1.586
1.704 .893 .897

Resultadosparaoreservatóriodejusante:SãoJosédoJacuípe-dadosdeentradasobreestereservatórioeresultadosdoprocedimentodeRippl.

ACUDE DE SAO JOSE DO JACUIPE : CORRECAO DE VAZOES, FALHAS:10%

SAZONALIDADE DA DEMANDA TOTAL ANUAL (%)


8.34 8.34 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.33 8.34 8.34

SAZONALIDADE DA DESCARGA DE RETORNO (%)


.00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00 .00

DESCARGA MINIMA MANTIDA PARA JUSANTE (Hm3/mes)


.53 .53 .53 .53 .53 .53 .53 .53 .53 .53 .53 .53

VAZOES AFLUENTES BACIA INCREMENTAL (Hm3/mes)


COEFICIENTE DE CORRECAO ADOTADO : .752
.34 .00 40.32 5.73 1.84 1.30 .79 .22 .05 .03 .23 1.90
.20 .03 .11 .25 .02 .02 .02 .02 .02 .00 5.29 .09
---------dadosomitidos------
CHUVAS SOBRE A SUPERFICIE DO RESERVATORIO (mm/mes)
---------dadosomitidos------
95.30 17.30 28.20 30.50 11.30 48.50 71.80 64.60 715.70 166.50 40.50 71.50

TAXA SAZONAL DE EVAPORACAO (mm/mes)


COEFICIENTE DE CORRECAO ADOTADO : .800
231.00 213.00 201.00 160.00 141.00 124.00 138.00 173.00 200.00 215.00 256.00 254.00

POLINOMIO AREA VS. VOLUME


AREA(KM2) = .0000000000 + .2107400000 * VOL +
+ -.0006509300 *VOL**2 + .0000012050*VOL**3 +
+ -.0000000007 * VOL**4 (VOL EM HM3)

ARMAZENAMENTO INICIAL = 100.000 % CAPACIDADE


TOLERANCIA PARA ARMAZENAMENTO MINIMO = 1.000

ACUDE DE SAO JOSE DO JACUIPE : CORRECAO DE VAZOES, FALHAS:10%


PARAMETROS BASICOS EM HM3/ANO
PRODUCAO ANUAL FIO DAGUA : .000
PRODUCAO MEDIA ANUAL : 63.333
ACUMULACAO MINIMA : -414.734
ACUMULACAO MAXIMA : 59.131
MAXIMA CAPACIDADE UTIL : 473.865
VOLUME MORTO : 1.730
MES CRITICO : 22

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Função de regularização: neste caso, apresenta-se a função para uma capacidade fixa,
que é alterada em virtude das diferentes dimensões e níveis de regularização no reservatório
de montante. Nota-se que, como seria de se esperar, a produção anual aumenta, já que
corresponde a valores decrescentes de capacidade do açude de França.

FUNCAO REGULARIZACAO

PERCENTUAL TOLERADO DE FALHAS : .00 (ERRO < 10.00%)


CAPACIDADE PRODUCAO ANUAL EVAP.EFETIVA MEDIA VERT. MEDIO FINAL PER. CRIT FALHAS ARM. MIN
(HM3) (HM3/ANO) (HM3/ANO) (HM3/ANO) (MES) (%) (HM3)

364. 18.4 29.9 4.00 119 .000 2.05


364. 18.5 30.0 4.09 119 .000 2.78
364. 18.8 30.0 4.07 119 .000 1.98
364. 18.9 30.2 4.20 119 .000 3.08
364. 19.3 30.3 4.25 119 .000 2.83
364. 19.6 30.4 4.32 119 .000 2.62
364. 20.0 30.5 4.40 119 .000 3.03
364. 20.6 30.5 4.44 112 .000 3.23
364. 21.5 30.4 4.38 116 .000 1.86
364. 21.9 30.6 4.49 115 .000 2.81

Neste caso não se procede a ajuste de polinômio já que a capacidade de São José é
fixa.

3.4 SAGBAH com otimização iterativa

Ver dissertação de Walter Vianna Jr.

3.5 Exercícios

Realizar um estudo de regularização para o reservatório de São José do Jacuípe e de


França, no Estado da Bahia, atendendo às seguintes condições:.
1. - Supor inicialmente o funcionamento isolado no açude de São José do Jacuípe. Calcular a
curva de regularização para garantias de 90 e 100%. O açude de São José já se encontra
construído com um armazenamento total de (305 + 10*"número mágico") Hm3. Que des-
cargas são encontradas nas funções?
2. - Suponha agora que o açude de França será construído a montante de São José. Estimar a
curva de regularização de França para 90 e 100% de garantia, e a descarga 90 e 100% de
São José para diferentes dimensões de França.

Dados
Os dados hidro-climatológicos de interesse para simulação da operação conjunta dos
açudes de França e de São José do Jacuípe foram retirados do relatório técnico preparado pelo
professor para a HIGESA ENGENHARIA LTDA em 1992, denominado ESTUDO DE SI-
MULAÇÃO DA OPERAÇÃO CONJUNTA DO FUTURO RESERVATÓRIO DE FRANÇA
COM O DE SÃO JOSÉ DO JACUÍPE. Eles são:
• Vazões médias mensais nas seções fluviais de implantação dos açudes;
• Evaporações médias mensais nas áreas de inundação dos açudes;
• Precipitações totais mensais na área de inundação dos açudes;
• Áreas das bacias de drenagem aos açudes;
• Relações Cota de inundação - Área inundada - Volume acumulado para cada açude;
• Variabilidade sazonal das demandas hídricas supridas pelos açudes;
3SimIter.doc
Antonio Eduardo Lanna, Agosto de 1997 56

• Descarga de retorno referente aos suprimentos realizados pelos açudes;


• Descargas mínimas a serem liberadas compulsoriamente para jusante dos açudes;

Dados hidrológicos mensais


São disponíveis no Rio Jacuípe séries de vazões médias mensais nos postos fluviomé-
tricos de França, Gavião e Ponte Rio Branco, entre outros, operados pelo Departamento Naci-
onal de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) e a DESENVALE. Os relatórios GEOTÉCNICA
(1980) e GEOHIDRO (1986) apresentam estudos de correlação entre as séries destes postos, o
que permitiu a geração de vazões médias mensais em França e Gavião para o período de 1930
a 1978. Disquete anexo apresenta as séries vazões respectivas.
As precipitações totais mensais nos postos de França e de Gavião, conforme SUDENE
(1990) são apresentadas no disquete em anexo. As observações em França são disponíveis a
partir de 1934. No período anterior os valores foram completados com as observações de Ja-
cobina, o posto mais próximo com observações no período. No caso de Gavião, onde as ob-
servações foram iniciadas em 1934, as observações em Riachão do Jacuípe foram usadas para
completar as lacunas, pelas mesmas razões anteriores. Esta alternativa de preenchimento foi
adotada devido a não terem sido encontradas correlações aceitáveis entre os registros que
permitisse o preenchimento de lacunas, algo comum na região semi-árida do Nordeste, que
tem suas chuvas predominantemente convectivas.

Evaporações médias mensais


No Relatório GEOHIDRO (1988) é apresentada uma série de evaporações médias
mensais obtida a partir das evaporações de tanque Classe A da Estação de Morro do Chapéu,
corrigidas pela proporção entre as Evapotranspirações Potenciais médias estimadas em Jaco-
bina e Morro do Chapéu. A Tabela apresentada contém os valores obtidos, destacando os altos
valores nos meses de verão, atingindo quase 10 mm por dia, e um total anual de 2307,7 mm.
Esta informação mereceu análises detalhadas tendo em vista que estabelece retiradas
de água substanciais dos açudes por evaporação. Uma análise comparativa foi realizada com
dados de outros locais relatados na literatura, alguns dos quais são apresentados na mesma
Tabela. Verifica-se que os valores adotados para a Bacia do Rio Jacuípe não estão fora das
demais observações regionais, o que justificou a adoção dos mesmos.
Os valores de evaporação de tanque classe A apresentados devem ser corrigidos para
fazer face ao "efeito tanque". Geralmente adota-se uma correção entre 70 e 80 % dos valores
para representar a evaporação da superfície de açudes. Optou-se pela adoção dos percentuais
de 75 % e 80 % para França e São Jose do Jacuípe, respectivamente. O valor maior para o se-
gundo açude vem de que existe um aumento das temperaturas para jusante da bacia do Rio
Jacuípe.

Áreas de drenagem
Outra tabela apresenta as áreas de drenagem que se aplicam a cada açude e postos flu-
viométricos, segundo informações obtidas nos relatórios citados.

Relações cota de inundação - área inundada - volume acumulado


Estas relações foram obtidas nos relatórios referenciados para cada açude estudado. As
Tabelas adiante apresentam os valores junto com análise de regressão para estimativa de poli-
nômios para ajustamento das funções Área - Volume e Volume - Cota.
As funções ajustadas foram utilizadas para cálculo de características dos açudes de
França e São José do Jacuípe. Em França é indicado no projeto um Volume Morto na cota 104
m o que representa, aplicando-se o polinômio indicado na Tabela 5, uma acumulação de 1,3

05/09/98
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Hm3. O Volume Máximo acha-se na cota 111,4 m, o que representa uma acumulação de 14,09
Hm3.
No que diz respeito ao Açude de São José do Jacuípe encontra-se para a cota do Vo-
lume Morto, 357 m, uma acumulação de 1,73 Hm3. Para o Nível Máximo Operacional na cota
3
386,10 obtém-se uma acumulação de 364,22 Hm .

Variabilidade sazonal das demandas hídricas supridas


Esta variabilidade se refere às diferenças de demanda de água de acordo com as esta-
ções do ano. Como se observa, na região existe uma nítida variação sazonal das evaporações o
que poderá introduzir ciclicidade nas demandas agrícolas. Diante porém da inexistência de
estudos sistemáticos sobre este ponto, optou-se pela adoção de uma demanda com padrão
constante de variação ao longo do ano. Isto implica que em qualquer mês, a demanda será
igual a 8,33333 porcento da demanda total anual.

Descarga de retorno referente aos suprimentos


A descarga de retorno representa a parte não consuntiva do uso de água, que retorna ao
rio. Ela costuma ser da ordem de 60 a 70 porcento no caso de abastecimento doméstico servi-
do por esgotos cloacais, descontadas as perdas e bem menor no caso de uso agrícola. Como se
trata de região sem esgotos cloacais e com demandas agrícolas pronunciadas, optou-se, a favor
da segurança, em considerar nula esta descarga de retorno.

Descarga mínima a ser liberada para jusante


Esta descarga é fixada para atender usos com captação a jusante do açude e para aten-
der restrições de caráter ambiental. Obteve-se na CERB que no Açude de São José do Jacuípe
3
esta descarga é estabelecida com valor constante igual a 0,2 m /s o que resulta em 0,527
3
Hm /mês. No Açude de França não existe esta informação, o que resultou em se estabelecer
um valor nulo para esta variável.

REFERÊNCIAS
GEOTÉCNICA (1980). Relatório EH-PA-15 00 34/80 de Dezembro de 1980. Programa de
Aproveitamento dos Recursos Hídricos do Rio Jacuípe - Estudos Hidrológicos. Consultora
GEOTÉCNICA.
GEOTÉCNICA (1984). Relatório PR-14-4033/84 de Novembro de 1984. Projeto Executi-
vo da Barragem do Jacuípe. Consultora GEOTÉCNICA.
GEOHIDRO (1986). Relatório R2-CT-08/85 de Outubro de 1986. Estudos para Seleção de
Sítio para Implantação de Barragem na localidade de França -Município de Piritiba - Relató-
rio da Terceira Fase. Consultora GEOHIDRO Engenharia Ltda.
GEOHIDRO (1988). Relatório de Março de 1988. Estudos de Salinização da Barragem de
São José do Jacuípe. Consultora GEOHIDRO Engenharia Ltda.
SUDENE (1990). Dados Pluviométricos Mensais do Nordeste, Recife, 1990.

3SimIter.doc
Antonio Eduardo Lanna, Agosto de 1997 58

ANEXO : DADOS NUMÉRICOS

TABELA - EVAPORAÇÕES MÉDIAS REGIONAIS MM


MES JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL
BACIA JACUIPE 231 213 201 160 141 124 138 173 200 215 256 254 2.308
IRECE 227 223 212 187 200 197 223 261 293 304 282 249 2.858
PETROLINA 270 243 224 203 223 217 242 268 299 337 311 314 3.151

TABELA - ÁREAS DE DRENAGEM (KM2)


AÇUDE ÁREA DE DRENAGEM
FRANÇA 1.910
SÃO JOSÉ DO JACUÍPE 4.584

POSTOS FLUVIOMÉTRICOS
FRANÇA 1.910
GAVIÃO 6.100

TABELA - RELAÇÃO COTA - ÁREA - VOLUME PARA O AÇUDE DE FRANÇA


DADOS TOPOGRÁFICOS
COTA ÁREA ÁREA VOLUME VOLUME
(m) (km2) ESTIMADA (hm3) ESTIMADO
100,00 0,00 0,00 0,00 0,00
105,00 0,60 0,64 2,00 2,00
110,00 2,27 2,26 9,00 9,00
115,00 3,67 3,67 24,00 24,00
120,00 6,57 6,57 50,00 50,00

ANÁLISE DE REGRESSÃO:

ÁREA = A*VOL + B*VOL2 + C*VOL3


A B C
Coeficientes : 3,3928E-01 -1,1087E-02 1,3858E-04
Erro padrão : 5,5476E-03 3,7126E-04 5,3109E-06
Erro padrão de estimativa 0,026792
Coeficiente de determinação 0,99995
No. de Observações 5
Graus de liberdade 2

VOL = A*(COTA-100) + B*(COTA-100)2 + C*(COTA-100)3


A B C
Coeficientes : 0,1 0,04 0,004
Erro padrão : 0 0 0
Erro padrão de estimativa 0,0
Coeficiente de determinação 1
No. de Observações 5
Graus de liberdade 2

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TABELA - RELAÇÃO COTA-ÁREA-VOLUME PARA O AÇUDE DE SÃO JOSÉ DO


JACUÍPE
DADOS TOPOGRÁFICOS
COTA ÁREA ÁREA VOLUME VOLUME
(m) (km2) ESTIMADA (hm3) ESTIMADO
355,00 0,00 0,00 0,00 0,00
360,00 0,80 1,04 5,00 3,35
365,00 2,70 2,34 11,50 9,97
370,00 6,70 5,77 30,00 32,28
375,00 13,40 12,76 76,00 83,08
380,00 22,30 23,71 188,00 175,49
385,00 33,30 32,47 318,00 323,00
390,00 51,20 51,37 538,00 539,44
395,00 68,00 67,90 840,00 839,00

ANÁLISE DE REGRESSÃO :

FUNCAO ÁREA = A * VOL + B * VOL2 + C * VOL3


A B C
Coeficientes : 2,1074E-01 -6,5093E-04 1,2050E-06
Erro padrão : 1,5618E-02 1,1617E-04 2,5323E-07
Erro padrão de estimativa 0,91295
Coeficiente de determinação 0,99912
No. de Observações 9
Graus de liberdade 5

FUNÇÃO VOLUME = A * (COTA-355) + B * (COTA-355)2 + C * (COTA-355)3


A B C
Coeficientes : 1,0 0,04 0,004
Erro padrão : 0 0 0
Erro padrão de estimativa 0,0
Coeficiente de determinação 1
No. de Observações 5
Graus de liberdade 2

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