O Barracuda rinistas com travessas de comida, num autêntico nú-
continua ao largo de Sesim- mero de equilibrismo e de perícia para não chocarem bra. Calibra-se o odómetro, com os outros camaradas. Mas já estão habituados e instru-mento que mede as conhecem todos os cantos. Contam até que no curso distâncias percorridas. Só de especialização têm de andar de olhos vendados por depois se podem fazer ao alto- aqueles labirintos de metal. A cozinha fica a meio do mar. O aparelho é essencial Barracuda, o que obriga a atravessar as áreas onde se para se conseguir determinar opera a máquina para se chegar ao porão que serve de a localização do submarino. “Se refeitório, de zona de descanso e de sala de convívio. estiver descalibrado podemos ir O mesmo local onde estão os tubos dos torpedos, que parar a 20 milhas do local previsto”, servem de estrutura a meia dúzia de camas. Um espa- adianta um oficial. À medida que se ço que serve ainda de despensa improvisada. “Beli- vai entrando no oceano, sinaliza-se na ches de quatro mesmo ao lado da mesa. É o sonho de carta náutica a localização do Barracu- qualquer um”, ironiza o tenente Almeida. da. “Também podemos obter a nossa loca- O oficial explica como o Barracuda está organiza- lização através de GPS”, refere um elemento do: “Temos uma sala de comando, que é o cérebro da sala de comando. Mas em águas profundas do navio, onde são dadas todas as ordens”. É neste esta tecnologia não é eficiente. A “redundância” compartimento que está o sonar, o radar, a sala de é um conceito importante debaixo do mar. Se uma comunicações e o periscópio. A informação dada por máquina ou um procedimento falharem têm de se estes aparelhos é permanentemente cruzada para, encontrar alternativas rápidas e fiáveis. numa mesa de trabalho, se assinalar tudo o que ro- deia o submarino. O tenente continua: “Ao lado está Onze da manhã. É dada a ordem para servir a pri- a sala de controlo, que é o coração e os pulmões, onde tar todo o tempo. Quem meira ronda do almoço. O Barracuda vai abandonan- são executadas as decisões”. Nesta sala a activida- está preparado para o pior do as águas calmas, protegidas pelo Cabo Espichel. À de ainda é calma. Tem de se esperar um pouco para reage para o melhor”, atesta Mamede Al- medida que navega à superfície rumo ao mar-alto, o a submersão. Só depois a instabilidade provocada ves. O objectivo é manter a tripulação bem treinada e submarino abana cada vez mais. Pelo sim pelo não, pelas ondas desaparecerá. Aproxima-se o meio-dia, pronta a responder a qualquer imprevisto. “Eu gosto há comprimidos para combater o enjoo guardados altura em que acontece o render da guarnição. O ser- muito deles, mas gosto mais de mim”, diz meio a brin- numa estante. “Quando andamos muito tempo a na- viço está organizado em três turnos. Por cada quatro car. Como reconhece Carlos Rodrigues, operador de vegar à superfície e depois vamos para terra parece horas de trabalho, há oito de descanso, que pode ser sonar e armamento, “quem tiver o azar de fazer algo que continuamos dentro do mar”, diz um elemento interrompido por exercícios ou para a resolução de mal, põe todos os outros em risco”. da tripulação. Pelo corredor apertado passam subma- eventuais problemas. “Ainda no outro dia um dos