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O Espírito do Ateísmo

Na visão de André Comte-Sponville


Sobre o Autor
• QUEM É

• Filósofo francês, 54 anos, é casado e tem três filhos. Um dos mais


respeitados filósofos e ensaístas da atualidade. Vive em Paris e tem livros
traduzidos para mais de 20 idiomas.

• QUEM SÃO SEUS MESTRES

O grego Epicuro, os franceses Montaigne e Pascal, Spinoza e Buda.

• O QUE PUBLICOU

No Brasil, seus livros mais conhecidos são Pequeno Tratado das Grandes
Virtudes, Tratado do Desespero e da Beatitude e Felicidade, Desesperadamente
Pensamentos Introdutórios

• “O espírito não pertence a ninguém. A liberdade


também não.”
• “A liberdade é importante demais para que a
abandonemos aos fundamentalistas.”
• “O melhor é combater todos eles. Sem confundi-los e
sem cair em seus respectivos defeitos.”
• “Laicidade é o nome dessa luta. Resta, para os ateus,
inventar a espiritualidade que a acompanha.”
• “Os ateus não tem menos espírito que os outros. Por
que se interessariam menos pela vida espiritual?”
Pode-se viver sem religião?
O que é uma religião
• “Um sistema de crenças e práticas relativas a coisas
sagradas, isso é, separadas, proibidas, crenças e
práticas que unem numa mesma comunidade moral,
chamada Igreja, todos os que a ela aderem.” (Durkheim)
• Todo teísmo é religioso, nem toda religião é teísta.
• Várias dessas crenças, principalmente as orientais,
parecem constituir uma mistura de espiritualidade, de
moral e de filosofia, mais que uma religião.
• É o caso em especial do budismo, do taoismo e do
confucionismo.
• Buda, Lao-Tsé ou Confúcio não são deuses nem
invocam nenhuma divindade, nenhuma revelação,
nenhum Criador pessoal ou transcendente.
Religião e Deus

• O que liga os crentes entre si não é Deus,


cuja existência é duvidosa, mas o fato de
que eles comungam a mesma fé.
• Essa é a verdadeira função da religião:
favorecer a coesão social fortalecendo a
comunhão de consciências e a adesão às
regras do grupo.
• Comungar é compartilhar sem dividir.
Comunhão x Religião
• Somente o espírito sabe compartilhar sem
dividir.
• Um povo é uma comunidade. Isso supõe
que os indivíduos que o compõe
comunguem em alguma coisa.
• Entendemos como sagrado um valor
absoluto que não pode ser violado.
• É verossímil que nenhuma sociedade
possa dispensá-lo duradouramente.
Valores Espirituais

• A humanidade, a liberdade, a verdade, a


justiça não são entidades sobrenaturais.
• Por isso um ateu pode respeitá-las – e até
mesmo se sacrificar por elas – da mesma
maneira que um crente.
• Um ideal não é um Deus.
• Uma moral não faz uma religião.
Conclusão

• Nem toda comunhão é religiosa, pode-se


comungar em outra coisa que não o divino
ou o sagrado.
• Uma sociedade pode viver sem deus(es) e
sem religião mas nenhuma pode viver sem
comunhão (valores) de forma duradoura...
• ... nem sem fidelidade.
Etimologia de Religião
• Segundo uns religião se origina de religare.
Religião = Religação (com Deus). Refazer uma
aliança perdida entre o homem e seu Criador
(Deus).
• Segundo outros provém de relegere. Que
significa tanto recolher quanto reler.
• Nesse sentido religião não é o que liga mas o
que recolhe e relê (ou o que se relê em
recolhimento): mitos, textos, ensinamentos.
• Toda religião se funda em um texto sagrado
atribuído a uma revelação divina aos seus
profetas.
Fidelidade

• É recolhendo-repetindo-relendo as
mesmas palavras, mitos ou textos que se
acaba comungando as mesmas crenças
ou os mesmos ideais.
• Uma religião pertence menos à comunhão
(que liga) do que à fidelidade (que
fideliza).
• É o relegere que produz o religare.
Religião e Valores

• Os valores fundadores e preservadores da


civilização nasceram e foram transmitidos pelas
grandes religiões.
• Mas isso não prova que esses valores necessitem
de um Deus para subsistir.
• Prova apenas que precisamos deles:
necessitamos de uma moral, de uma comunhão
de valores, de uma fidelidade, para poder
subsistir de maneira humanamente aceitável.
A Questão da Fé

• A fé é uma crença.
• A fidelidade é mais um apego, um
reconhecimento e um comprometimento.
• A fé tem por objeto um ou mais deuses.
• A fidelidade tem como objeto valores,
uma história, uma comunidade.
• A primeira é do âmbito do imaginário.
• A segunda, da memória e da vontade.
• “Será que alguém precisa acreditar em Deus para
pensar que a sinceridade é melhor que a
mentira, que a coragem é melhor que a covardia,
que a generosidade é melhor que o egoísmo, que
a doçura e a compaixão são melhores que a
violência e a crueldade, que a justiça é melhor
que a injustiça, que o amor é melhor que o ódio?
• “Quem acredita em Deus reconhece em Deus
esses valores, ou reconhece Deus neles. É a
figura tradicional: fé e fidelidade andam juntas”
• Só por não crer em Deus, alguém tem de se
tornar um covarde, um hipócrita, um canalha?
Claro que não!
• A fé nem sempre basta – infelizmente! – para a
fidelidade. Mas a ausência de fé não por si só
não dispensa a fidelidade.
• Pode-se, sem decair, viver sem a primeira (fé),
mas não sem a segunda (fidelidade).
• Tenha-se ou não religião (fé) a moral (fidelidade)
continua sempre, humanamente, valendo.
Que moral?

• Os valores são conhecidos; a Lei é conhecida.


• Faz pelo menos 20 séculos que a humanidade
selecionou os valores fundamentais que nos
permitem viver juntos de modo relativamente
harmônico.
• A única maneira de ser verdadeiramente fiel aos
valores que herdamos é, evidentemente, legá-los
aos nossos filhos.
• A questão da fé não pode ocultar a questão mais
decisiva da fidelidade.
• É por isso que costumo me definir como um ateu
fiel.
Jesus um Deus ou o Filho?

• Jesus para Espinosa era apenas um ser humano


excepcional, “o maior dos filósofos”, aquele que,
em matéria de ética, melhor soube dizer o
essencial.
• O que? Isso que Espinosa chama o “Espírito de
Cristo”: que a justiça e a caridade são toda a lei,
que não há outra sabedoria senão amar, nem
outra virtude para um espírito livre senão agir
bem e manter-se alegre.
Perder a fé muda alguma coisa?

• Não muda em nada. Não é porque você perdeu a


fé que de repente trair seus amigos, roubar,
estuprar, assassinar ou torturar.
• A moral é autônoma ou não é moral (Kant).
• Quem só se impedisse de matar por medo de uma
sanção divina teria um comportamento sem valor
moral; seria apenas prudência, medo do policial
divino, egoísmo.
• Quem faz o bem só pela própria salvação ou para
garantir a “vida eterna” está agindo por interesse,
e não por dever, por amor ou fidelidade.
A Religião é indispensável?

• Quer você tenha uma religião ou não isso não o


dispensa de respeitar o outro, sua vida, sua
liberdade, sua dignidade, nem anula a
superioridade do amor sobre o ódio, da
generosidade sobre o egoísmo e da justiça sobre
a injustiça.
• O fato de as religiões terem nos ajudado a
compreender isso faz parte da sua contribuição
histórica, que foi grande.
• Isso não significa que elas bastem para a
compreendê-lo ou detenham o monopólio da sua
compreensão.
Sobre as doutrinas

• O que mais retive da leitura dos evangelhos é


menos o que eles dizem sobre Deus e a vida
eterna do que eles dizem sobre o homem e sobre
essa vida.
• O que constitui o valor da vida humana não é o
fato de a pessoa acreditar ou não em Deus ou
numa vida após a morte.
• O que constitui o valor da vida humana não é a fé,
não é a esperança; é a quantidade de amor, de
compaixão e de justiça de que somos capazes
Quanto ao paraíso

• Do ponto de vista do ateu fiel, acrescento


simplesmente que já estamos nele. Para que
sonhar com um paraíso? O Reino é aqui e agora.
Cabe-nos habitar esse espaço ao mesmo tempo
material e espiritual, onde nada é para crer, já
que tudo é para conhecer, onde nada é para
esperar, já que tudo é para fazer ou para amar –
para fazer no que depende de nós; para amar no
que não depende.
Sobre os milagres

• Eu prescindiria de muito bom grado dos


milagres, é claro que não acredito neles, e
aliás muitos cristãos pensam que eles não
são o que há de mais importante nos
evangelhos.
• Jesus é bem diferente de um faquir ou de
um mágico. O amor, não os milagres, é
que constitui o essencial de sua
mensagem.
A Fragilidade das Provas

• As três pretensas provas:

• A prova ontológica - a priori


• A prova cosmológica – contingentia mundi
• A prova físico-teleológica – intelligent design
o O fato de haver ordem no universo leva a crer em um
Ser necessário, não em um Deus espiritual e pessoal.
O Mistério do Ser
Por que há algo em vez de nada?

• Que há alguma coisa ninguém duvida. E que


esse Ser é uma força, uma energia, basta
observar a natureza para perceber.
• A questão do Ser é a primeira e sempre torna. O
mistério do Ser é indissociável de sua evidência.
Ele nos remete ao espanto primeiro: há algo em
vez de nada!
• A existência do Ser é intrinsecamente misteriosa.
É um mistério irredutível e impenetrável.
A Questão da Experiência

• Uma das minhas principais razões para não crer


em Deus é que não tenho nenhuma experiência
dele.
• Não seria mais simples e eficaz Deus consentir
em se mostrar?
• Se Deus existisse e quisesse que acreditássemos
nele, num instantinho resolveria o assunto!
• Me espanta um Deus que se esconde com tanta
obstinação.
A Quem serve a idéia de um Deus?

• Para consolo e conforto das aflições e


sofrimentos da vida.
• Para alimentar e esperança e espantar os medos.
• Para consolo da angústia da morte.
• Para o comércio e lucro de alguns exploradores
dessas necessidades do povo.
• Para os poderosos manterem as massas sob
controle.
O Excesso do Mal

• A existência do mal, ou antes, sua amplitude,


sua atrocidade e enormidade.
• A humanidade é fraca demais, a vida é difícil
demais, o trabalho é extenuante demais, os
prazeres vãos ou raros demais, a dor é
demasiado freqüente ou atroz, o acaso é
demasiado injusto para se crer que um mundo
tão imperfeito seja de origem divina.
• Crer em Deus é pecado de orgulho. Seria atribuir
a nós mesmos uma causa muito grande para um
efeito tão pequeno. O ateísmo, ao contrário, é
uma forma de humildade.
Que espiritualidade para os ateus?

• O fato de não crer em Deus não me impede de


ter um espírito, nem me dispensa de utilizá-lo.
• Podemos prescindir da religião, mas não de
comunhão, de fidelidade nem de amor.
• O espírito é uma coisa importante demais para
ser relegado ao padres, aos mulás ou aos
espiritualistas.
• Não ter religião não é motivo para renunciar a
toda a vida espiritual.
Uma espiritualidade sem Deus?

• Somos seres finitos abertos para o infinito;


somos seres efêmeros, abertos para a
eternidade; seres relativos, abertos para o
absoluto. Essa abertura é o próprio espírito. A
metafísica consiste em pensá-la; a
espiritualidade, em experimentá-la, exercê-la,
vivê-la.
• Toda religião pertence, pelo menos em parte, à
espiritualidade, mas nem toda é religiosa.
A Natureza do Espírito

• A natureza é o conjunto de tudo que existe ou


acontece.
• Que a natureza existe antes do espírito que
pensa, disso estou convencido.
• O espírito não é a causa da natureza, é o seu
resultado mais interessante, mais espetacular,
mais promissor.
• A espiritualidade decorre daí, ela não é outra
coisa senão a vida que se lê nas escrituras, “em
espírito e em verdade”.
A Imanensidade

• Estamos dentro – no âmago do Ser, no


âmago do mistério. Espiritualidade da
imanência: tudo está aí, e é o que se
chama de Universo.
• O Universo, ou Multiverso, está aí, ele nos
envolve, ele nos excede: ele é tudo e nós
não somos quase nada. Fazemos parte do
todo da natureza.
O Sentimento Oceânico

• Sentimento de união indissolúvel com o


grande Todo e de pertencimento ao
universal.
• Na maioria das vezes não passa de um
fato de um sentimento. Mas às vezes é
uma experiência, e perturbadora, que os
psicólogos americanos chamam de estado
alterado de consciência.
Uma espiritualidade para tosos os dias

• Viver o agora.
• A Unidade
• O Silêncio
• A Eternidade
• A Serenidade
• A Aceitação
• A Impermanência
Atendimento Palestras
Individual

Workshops Debates

Programas
Estresse de Grupos de
Tabagismo
Qualidade Estudo
Atividade
de Vida
Física
Peso Certo
Comunidade Terapêutica Revive
Tratamento das Dependências Químicas
Comunidade Terapêutica Revive
Tratamento das Dependências Químicas
Comunidade Terapêutica Revive
Tratamento das Dependências Químicas
Comunidade Terapêutica Revive
Tratamento das Dependências Químicas
Comunidade Terapêutica Revive
Tratamento das Dependências Químicas
Comunidade Terapêutica Revive
Tratamento das Dependências Químicas
Reavivando Valores

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