You are on page 1of 11

A palavra didática (português brasileiro) ou didáctica (português europeu) vem da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné

didaktiké), que se pode traduzir como arte ou técnica de ensinar. A didática é a parte da pedagogia que se
ocupa dos métodos e técnicas de ensino, destinados a colocar em prática as diretrizes da teoria pedagógica.
A didática estuda os diferentes processos de ensino e aprendizagem. O educador Jan Amos Komenský, mais
conhecido por Comenius, é reconhecido como o pai da didática moderna, e um dos maiores educadores do
século XVII.
Os elementos da ação didática são:
 O professor
 O aluno
 A disciplina (matéria ou conteúdo)
 O contexto da aprendizagem
 As estratégias metodológicas

História

Entre os anos 20 e 50

Nesse período, a didática praticada era a da Escola Nova, que buscou superar os postulados da escola
tradicional, trazendo assim uma reforma interna no ensino. O movimento da escola nova defendia a
necessidade de partir dos interesses das crianças, abandonando a visão delas como "adultos em miniatura" e
passando a considerá-las capazes de se adaptar a cada fase de seu desenvolvimento. Foi a fase do "aprender
fazendo", momento em que os jogos educativos passaram a ter um papel importante no dia-a-dia das
escolas. Entre seus principais defensores encontram-se Anisio Teixeira, Fernando de Azevedo, Lourenço
Filho, Cecília Meireles.

Entre os anos 60 e 80

Nesse período, a didática assumiu o enfoque teórico numa dimensão denominada tecnicista, e deixou o
enfoque humanista centrado no processo interpessoal, para uma dimensão técnica do processo ensino-
aprendizagem.

A era industrial fez-se presente na escola, e a didática era vista como uma estratégia objetiva, racional e
neutra do processo. O referencial principal do ensino era a fábrica, e sobre ela se construiram as práticas
educativas e as conceitualizações referentes à educação.
Dos anos 90 até a atualidade

A didática tornou-se um instrumento para a cooperação entre docente e discente, para que realmente
ocorresse a evolução dos processos de ensino e aprendizagem. Para isso é importante o comprometimento,
o esfoço e o exercício de suas técnicas em ambos os lados, para que o conhecimento realmente seja
transmitido do professor para o aluno.

Didática e currículo
O termo currículo aparece pela primeira vez com o significado de planificação do ensino na obra de Bobbit
The curriculum, em 1918.
A princípio didática e currículo se desenvolveram de forma paralela, sem a interferência de uma no campo da
outra, referindo-se cada uma a conteúdos, sujeitos e finalidades diferentes. Somente a partir dos anos 60 o
currículo começou a formar parte do campo da didática, alternando-se sua incumbência segundo
predominava uma forma ou outra de entender a educação e a didática.
A tendência atual considera imprescindível uma integração entre currículo e didática, esta favorecendo o
trabalho de aula. Os estudos curriculares tendem a aspectos mais globais, expondo como se realiza a seleção
e organização do conhecimento, e como esse processo de seleção não é neutro, favorecendo a certos grupos
frente a outros.
O enfoque curricular há de ampliar o "que", o "porque", o "para que" e, em que condições há que levar-se a
cabo o ensino, mas sempre colocando no centro de suas considerações o aluno. Para que estes conteúdos
curriculares cumpram seu objetivo é necessária uma adequada seleção e uso acertado das melhores
estratégias didáticas, que não poderão ser independentes do conteúdo, dos objetivos e nem do contexto. É
importante para atingir as metas pretendidas uma estreita colaboração entre a elaboração do currículo e a
escolha de estratégias didáticas.

A didática como ferramenta no treinamento

A didática é muito visada pela sociedade atual como principal ferramenta para garantir melhores resultados
e progressos, tanto na área empresarial quanto na educacional. Bons avanços a este respeito trazem grandes
resultados por meio de uma aplicabilidade adequada de tal instrumento, na capacitação de profissionais,
sejam eles especialistas ou não. A didática se define por meio de estudos de técnicas de ensino em todos os
aspectos práticos, sendo possível colaborar para um bom planejamento, favorecendo um meio inovador na
aplicação de treinamentos.
Quando falamos em treinamento, a primeira idéia que nos vem à mente são os estudos realizados ao longo
de semanas de curso. Mas, para facilitar, podemos compreender por outro ângulo, que não é tão pesaroso
assim. A aprendizagem, a qualificação e o conhecimento nos tornam seres humanos livres e reflexivos, e
capazes de ter uma visão além de obstáculos muitas vezes colocados por nós mesmos.
Por meio da didática somos conduzidos por pontos norteadores a planejamentos, organização de materiais e
idéias, objetivo, metas, flexibilidade e, enfim, obtenção de resultados. Ela nos aponta o caminho que conduz
ao desenvolvimento global, seja no ramo empresarial ou no educacional.
O indivíduo, após passar por um processo de aquisição de um determinado conhecimento, jamais terá uma
visão de antes, adquirindo novos conhecimentos. E, com certeza, contribuirá para o seu desenvolvimento e,
conseqüentemente, um avanço maior da empresa para a qual trabalha. É necessário inovar, motivar e buscar
sempre algo novo, diferente, pois é evidente a existência de cobrança do mercado de trabalho,
principalmente por profissionais qualificados, treinados e com energia para exercer o seu cargo
adequadamente, com serenidade e autonomia.
Treinar não significa tornar o outro adaptado, mas provocá-lo para uma busca ainda maior de sua prática,
função ou cargo. Reconstruindo metas, objetivos, motivação e empenho, colocando a favor de si e da
empresa na qual ocupa um determinado cargo.
Para chegar a um grande resultado é preciso dar o primeiro passo, estar aberto ao conhecimento, a
aprendizagem, pois somente ela poderá nos incluir e destacar a diferença, excluindo o medo e o fracasso de
nosso objetivo. Garantir o bom relacionamento, a troca de experiências vale muito quando se trata de
capacitação e qualificação, renovando sempre os conhecimentos e as idéias a serem compartilhadas.

Introdução

O presente artigo consiste em analisar o papel da didática como um elemento construtivo do processo
ensino-aprendizagem, fazendo uma abordagem sobre diversos aspectos que consideramos ser de relevância
para o estudo supracitado, dentre eles: conceituar a didática; destacar o aluno no contexto educacional;
analisar os aspectos do processo de ensino-aprendizagem e métodos avaliativos.

Este trabalho vem organizado por subtemas os quais são eles: Conceituando a Didática; O aluno inserido no
Contexto Educacional; Professor: Sujeito ou Objeto da História?; Relação Professor-Aluno; O Processo de
Ensino-Aprendizagem; Processos Avaliativos no Contexto Educacional e Aspectos Socioculturais e Sócio-
Econômicos da Educação.

Conceituando a didática

O vocábulo, didática deriva da expressão grega Τεχνή διδακτική (techné didaktiké), que se traduz por arte ou
técnica de ensinar. Enquanto adjetivo derivado de um verbo, o vocábulo referido origina-se do termo
διδάςκω (didásko) cuja formação lingüística – nota-se a presença do grupo σκ (sk) dos verbos incoativos -
indica a característica de realização lenta através do tempo, própria do processo de instruir (DIDATICA, 2008)

De certo modo podemos dizer que a Didática é uma ciência cujo objetivo fundamental é ocupar-se das
estratégias de ensino, das questões práticas relativas à metodologia e das estratégias de aprendizagem.

O aluno inserido no contexto educacional

O aluno no processo educacional é visto como um fator essencial para a construção do conhecimento, e não
só como um mero recebedor de conteúdos. A busca pelo saber não está ligado exclusivamente no ato de
ouvir, copiar e fazer exercícios, pois neste aspecto metodológico os alunos devem permanecer calados e
quietos em suas carteiras, entretanto, é possível realizar vários tipos de propostas que pressupõem a
participação ativa do aluno e não se limitar apenas aos aspectos intelectuais ou a memorização de conteúdos
julgados como relevantes, segundo Reznike e Ayres (1986 apud CANDAU, 1988, p. 121), “Quando falamos
em reavaliação crítica, estamos atendendo não só para o processo em si do ato educativo, mas também para
tudo aquilo que os alunos já trazem enquanto vivência, enquanto formação cultural”.

Partindo desse pressuposto podemos dizer que o educando pode despertar a sua criticidade a partir do
momento em que se deixa envolver pelas questões políticas, sociais e culturais relevantes que existem no
meio em que vive, e leva essas discussões para dentro da sala de aula, interagindo com os demais, formando
inúmeras opiniões com relação ao contexto social, político e cultural no qual está inserido.

Professor: sujeito ou objeto da história?

A priori podemos definir o educador como sujeito da história ou objeto da mesma, onde ele se torna sujeito
a partir do momento em que participa da história de desenvolvimento do povo, agindo juntamente com os
demais, engajado nos movimentos sociais, construindo aparatos de ensino como fonte inovadora na busca
pelo conhecimento. Conforme Luckesi (1982 apud CANDAU, 1982, p.27), “[...] compreendo o educador como
um sujeito, que, conjuntamente com outros sujeitos, constrói, em seu agir, um projeto histórico de
desenvolvimento do povo, que se traduz e se executa em um projeto pedagógico”.

Deixando claro que o educador e a educação não mudam totalmente e nem criam um modelo social, ambos
se adequam em busca de melhorias para alguns problemas existentes no meio, até porque nossa sociedade é
regida por diretrizes vindas do centro do poder. Já como objeto da história o educador sofre as ações dos
movimentos sociais, sem participação efetiva na construção da mesma, para Luckesi (1982) esse tipo de
professor não desempenha o seu papel, na sua autenticidade, diríamos que o educador é um ser humano
envolvido na prática histórica transformadora. A partir disso podemos dizer que o professor pode ser um
formador de opiniões e não somente um transmissor de idéias ou conteúdos.

Relação professor-aluno

Já tratamos das personagens aluno e professor anteriormente. Entretanto, ambos foram mencionados de
forma isolada e peculiar. Este subtema surge com o propósito de levantar uma análise crítica em referência à
relação professor-aluno em ambiente didático, estabelecendo conexões histórico-sociais que até hoje
semeiam e caracterizam a educação brasileira, a maior delas tida como a Pedagogia Tradicional, a qual é
encarada por Freire (1983) como uma educação de consciência bancária.

O professor ainda é um ser superior que ensina a ignorantes. Isto forma uma consciência bancária. O
educando recebe passivamente os conhecimentos, tornando-se um depósito do educador. Educa-se para
arquivar o que se deposita (FREIRE, 1979, p. 38).

Acerca desse questionamento de Freire (1979) está explícita também a relação de submissão dos alunos em
relação à autoridade do professor, autoridade esta que muitas vezes é confundida com autoritarismo, e que
associada às normas disciplinares rígidas da escola – a qual também possui papel fundamental na formação,
uma vez que esta é a instituição que delimita as normas de conduta na educação – implicam na perda de
autonomia por parte do aluno no processo ensino-aprendizagem.
Para ilustrar este fato, recorremos ao baú de nossas memórias, pois acreditamos que a maioria já deva ter
presenciado esta situação bem característica da Pedagogia Tradicional, que consiste em descrever um
ambiente de sala de aula ocupado pelo professor e seus respectivos alunos.

Esta situação é verídica até os dias de hoje em nossas escolas, inclusive, na maior parte delas, já que nessas
classes de aula sempre encontramos as carteiras dos alunos dispostas em colunas e bem ao centro da sala
fica a mesa do professor, que ocupa o centro para privilegiar o acesso a uma visão ampla de todo o corpo
estudantil, impondo a estes sua disciplina e autoridade, uma das razões que leva o aluno a ver o professor
como uma figura detentora do conhecimento, conforme argumenta Freire (1983), em suas análises sobre a
consciência bancária, expressão já descrita anteriormente no início deste subtema.

É necessário refletir acerca deste cenário real, pois que estamos discutindo a didática no processo de ensino-
aprendizagem e para isto torna-se imprescindível a compreensão dos fatos e a disposição da sociedade,
principalmente os órgãos de ensino a repensarem seus métodos de parâmetros educacionais, a fim de
promover uma educação renovada em aspectos sociais, políticos e culturais concretizados por Freire em seu
livro Educação e Mudança, onde ele afirma que o destino do homem deve ser criar e transformar o mundo,
sendo o sujeito de sua ação.

O processo de ensino-aprendizagem

Vários são os fatores que afetam o processo de ensino-aprendizagem, e a formação dos educadores é um
deles e que tem papel fundamental no que se refere a este processo. Essa formação tem passado por um
momento de revisão no que se diz respeito ao papel exercido pela educação na sociedade, pois é percebível
a falta de clareza sobre essa função de educador (VEIGA, 2005)

Ainda hoje existem muitos que considerem a educação como um elemento de transformação social, e para
que esse quadro modifique-se, faz-se necessário uma reflexão pedagógica, na qual busque questionar essa
visão tradicional(FREIRE, 1978).

Deste modo, fica evidente que a formação dos educadores nesse contexto é entendida meramente como
conservadora e reprodutora do sistema educacional vigente, ficando notório que esses educadores são tidos
apenas como aliados à lei da manutenção da estrutura social, ou seja, um suporte às ideologias da
superestrutura e não como um elemento mobilizador de sua transformação.

Destas análises emerge com clareza o papel conservador e reprodutor do sistema educacional, verdadeiro
aliado da manutenção da estrutura social, muito mais do que elemento mobilizador de sua transformação
(CANDAU, 1981).

Muitos desses educadores sentem uma sensação de angústia e questionamento da própria razão de ser do
engajamento profissional na área educativa, segundo Candau (1981).

Introdução

Uma das maiores inquietações de quem se aventura a enveredar pelos caminhos da docência está
relacionada com a forma como se vai arquitetar planejar e executar procedimentos para a ministração de
conteúdos curriculares. Mesmo profissionais da educação que já tenham em seu currículo uma bagagem
considerável sobre o quefazer, ainda titubeiam quando se trata de definir e tipificar o que seja Didática,
Metodologia, Métodos ou Técnicas de Ensino.
Em uma ótica menos aprofundada, esses termos se confundem, e isso pode ser facilmente verificado
com um simples questionamento sobre seus aspectos conceituais, como inúmeras vezes se processou
durante o curso de Metodologia do Ensino Superior.
No entanto, a finalidade deste artigo não é de simplesmente se envolver com as questões
conceituais que permeiam o universo dessas terminologias, mas promover um ambiente reflexiológico, onde
se possa ter a noção de que os conceitos levam à sistematização e esta possui seus aspectos positivos,
quando seguida dentro de procedimentos revisados constantemente durante o processo de ensino-
aprendizagem.

O que é didática?

É comentário comum entre alunos o fato de que um professor é um ótimo conhecedor do assunto,
mas falta-lhe Didática. Essa palavra, então, passa a ter um valor mais significativo para quem está do outro
lado da docência: o próprio discente. Muitas vezes sua utilização é impregnada por esses atores com a
impressão de que os alunos conhecem muito mais sobre sua definição do que o próprio professor.
Em se tratando das raízes do termo, Didática corresponde a uma expressão grega (Τεχνή – ou Techné
didaktiké) que, traduzindo-se para a linguagem vernacular, significa “arte ou técnica de ensinar”. Castro
(2008, p. 16), reportando-se sobre a história da Didática, apregoa que a mesma – apesar do termo ter
surgido originalmente na Grécia Antiga – veio a consolidar-se como campo de investigação científica a partir
da tentativa de atribuir à Didática uma aglutinação de conhecimentos pedagógicos, devendo-se sua
configuração atual a dois estudiosos: Ratíquio e Comênio, que praticamente atribuiram à didática a
identificação com “a arte de ensinar tudo a todos”.
Ao que parece, a excessiva preocupação com seus aspectos conceituais tem desviado, ao sabor dos
tempos, uma interpretação mais voltada para a concepção do que representa a Didática no campo
educacional. Santos (2003, p. 138) é quem dá respaldo a essa argumentação, ao colocar que que a Didática
passou de “[...] apêndice de orientações mecânicas e tecnológicas” para um atual

[...] modo crítico de desenvolver uma prática educativa, forjadora de um projeto


histórico, que não se fará tão-somente pelo educador, mas pelo educador,
conjuntamente, com o educando e outros membros dos diversos setores da
sociedade.

Ainda na opinião desse autor, a partir desse enfoque a Didática começa a ser vista não como
simplesmente um conjunto de técnicas e saberes metodológicos que subsidiam a arte de ensinar algo a
alguém, mas se reveste de uma construção pedagógica que por vezes é confundida com a própria ciência da
Pedagogia.
Libâneo (1992. p. 25) é um dos defensores desse pensamento. Sua principal argumentação é de que

A didática é o principal ramo de estudo da Pedagogia. Ela investiga os fundamentos,


as condições e os modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe converter
objetivos sócio-políticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos
e métodos em função desses objetivos.

Santos (2003) discute as colocações do autor acima, frisando que tal representa um cenário deveras
abrangente para se tentar explicitar o que efetivamente seja didática. Ao se apresentar a Didática como
responsável pela investigação dos fundamentos, condições e modos de realização da instrução e do ensino, a
mesma passa a ter caráter de “ciência da educação e assume o lugar da própria Pedagogia”.
Quando converte os objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos educacionais, mescla-se aos
propósitos da Filosofia da Educação. Quando seleciona conteúdos e métodos, se imbrica para o universo da
Metodologia. Então, pelo que se verifica, há, mesmo contemporaneamente, uma falta de uniformidade a
respeito da intenção de se conceituar a Didática.
Portanto, o que descortina é uma atribuição conceitual se permeia em exatidões epistemológicas.
Tanto assim que a didática passa, no momento atual, por uma junção de termos, como se verifica em Gil
(1997, p. 109), ao abordar sobre a “metodologia didática”, entendendo esta como “[...] a sistematização e
racionalização do ensino, constituída de métodos e técnicas de ensino de que se vale o professor para
efetivar a sua intervenção no comportamento do estudante”. Essa intervenção, na ótica do autor, é que seria
a principal responsável pelo efeito da aprendizagem.

O que é metodologia didática?

Aproveitando a explicitação do autor acima, tem-se que a metodologia “[...] é a parte da teoria do
ensino que estuda os recursos mais eficientes na direção da aprendizagem, para que os objetivos do ensino
sejam alcançados” (p. 109, grifos no original).
Diferentemente de outras áreas do saber, onde os objetivos podem ser traduzidos em quantificação
– com a aplicação de metas, por exemplo – na educação os objetivos educacionais são abstratos, isso porque
referem-se a mudanças de comportamento que se espera de determinados indivíduos face à ação
promovida pelo agente educador (SOSSAI, 2008).
Segundo Santos (2003), não há uma nitidez perceptível entre Didática e Metodologia Didática.
Analisando-se essa observação, e comparando-se com os milhares de enfoques expostos tanto na literatura
de fonte secundária quanto em diversos programas e ementas disciplinares disponibilizados ao domínio
público, verifica-se que é comum o emprego da expressão “metodologia didática” para identificar os
métodos e técnicas com os quais se irão trabalhar os conteúdos em determinado curso ou disciplina.
Nesse ponto, Gil (1997, p. 109) considera que os métodos e técnicas de ensino servem para “[...]
conduzir o estudante a integrar no seu comportamento, conhecimentos, técnicas, habilidades, hábitos e
atitudes que hão de enriquecer a sua personalidade”.
Pela ótica do autor acima, então, a metodologia didática se faz valer de determinados métodos e
técnicas que, a nosso ver, se juntam a outros aspectos necessários para a formação do processo de ensino-
aprendizagem.
Nesse ponto, pode-se retomar à discussão colocada no início dessa fundamentação teórica. O que
seria mais passível de questionamento por alunos que consideram o professor sem didática: a Didática
propriamente dita, ou a Metodologia Didática incorporada por este para aplicação dos conteúdos?
Pode ser que aí resida a cabal diferenciação. Pelo verificado até aqui, existe uma certa composição
hierárquica que busca facilitar a compreensão dessas terminologias. Assim, Didática assumiria o ponto-
chave, de onde derivaria a Metodologia Didática. Esta, por sua vez, se fragmentaria em métodos e técnicas
didáticos ou de ensino, e estes ainda, obedecendo à cadeia lógica, seriam fragmentados em diversas outras
delimitações, ou seja, partiria-se do geral – a Didática - para o particular – o uso de métodos e técnicas
voltadas para o ensino.

O que são métodos e técnicas de ensino?

Não se tem a intenção, nesse artigo, de promover uma explicitação acerca dos diversos métodos e
técnicas apontados na literatura, até porque nosso entendimento é de que essa explicação é por demais
técnica para caber numa reflexão empírica, como a que se promove nesse artigo.
Ao longo de seu processo histórico, várias alusões acerca dos processos pedagógicos têm levado
autores a desenhar métodos e técnicas subjacentes às diversas propostas pedagógicas constituídas. Desde
que se concebia a aprendizagem como um processo passivo, onde os métodos consistiam basicamente na
memorização de regras, conceitos e fórmulas, ou verdades que se tinham como absolutas, várias outras
abordagens foram sendo incluídas como propícias à facilitação do processo ensino-aprendizagem.
Iniciando-se esses apontamentos por Comenius, no século XVII, já identifica-se uma preocupação
com a não-utilização pura e simplesmente dos “livros mortos”, mas do contato com a natureza das coisas.
Nesse ponto, os métodos e técnicas seriam dedicados a mostrar ao discente como as coisas se situam em seu
próprio universo.
Já no século XVIII, Rousseau contribuiu, dando destaque ao jogo, ao trabalho manual, à experiência
direta das coisas como passíveis de utilização visando ao processo natural de desenvolvimento do ser
aprendente. Nesse aspecto, os métodos e técnicas tinham por propósitos valorizar os aspectos biopsíquicos
do aluno em desenvolvimento (FIORENTINI e AMORIM, 1995).
Pestalozzi, entre o final do século XVIII e início do século XIX, considerava como essencial que se
utilizassem métodos e técnicas que enfatizassem a postura ativa dos alunos. Nesse aspecto, apontava como
fundamentais o canto, o desenho, a modelagem, jogos, excursões ao ar livre, a manipulação de objetos onde
as descrições antecederiam as definições, entre outros aspectos.
Mais adiante, os autores behavioristas se voltaram para a formação do conceito de que a
aprendizagem se refere a uma mudança de comportamento. Nesse sentido, Fiorentini e Amorim (1995)
apresentam que suas principais idéias estariam voltadas para o desenvolvimento de habilidades ou
mudanças de atitudes. Portanto, as técnicas se voltariam para estimular respostas a fatores externos,
controladas por meio de reforços.
Para não nos determos em exaustivas explanações históricas, entende-se que os clássicos acima já
dão uma interpretação coerente com o propósito dessa discussão. A pergunta que norteia, portanto, esse
tópico é a seguinte: existiria um arcabouço de técnicas e métodos de ensino adequados a uma metodologia
didática que se pudesse considerar como uniforme dentro do ensino superior?
Começamos nossa explanação pelo argumento de que, para que haja uma aplicação de métodos e
técnicas adequadas ao ensino, é preciso que haja um lócus de aplicação. Nesse âmbito, entende-se que a sala
de aula – que atualmente pode ser concebida como qualquer ambiente propício a prática de ensino-
aprendizagem, tais como: bibliotecas, laboratórios, oficinas, fóruns de discussão interativos, entre outros) –
na da mais é do que um simples espaço físico que acomoda determinado conjunto de professores e alunos.
Para fugir dessa típica caracterização, nosso entendimento é de que o primeiro método a ser
aplicado é o de “construção da sala de aula”, obviamente que no sentido de sua organização para o
desenvolvimento intelectual. Para o cumprimento dos objetivos didáticos, é necessário que essa sala seja
construída a partir da necessidade de coexistência de dois grupos distintos: o de ensino e o de aprendizagem.
O primeiro, constituído pelos professores; o segundo, pelo corpo discente.
Essa construção perpassa pelo estabelecimento de regras consensuais de convivência democrática,
onde predominem o respeito mútuo, a cordialidade, o companheirismo e, acima de tudo, o arbítrio. O
método de construção da sala representa também o respeito à pontualidade, o cumprimento de prazos e
estrita observância aos deveres, e isso serve para os dois grupos em questão.
Estabelecida a construção desse espaço, através do método de construção da “a verdadeira sala de
aula”, pode-se passar à utilização de técnicas que visem à mudança de comportamento, já que, como visto
em Gil (1997) essa é uma tônica indispensável para orientação da aprendizagem.
Via de regra, esses comportamentos se associam a uma grande incidência de senso comum, em que
predominam opiniões pessoais, julgamentos difusos e acríticos, impregnados de subjetivismo. Os métodos e
técnicas didáticos servem, então, para reordenar a passagem do senso comum para a construção do
pensamento científico. A metodologia, nesse sentido, é corretiva, com o intuito de promover a objetividade e
aguçar o espírito crítico.
Outro emprego dos métodos e técnicas didáticos se direcionam para a transformação do aluno em
estudante, fomentando neste um razoável grau de autonomia acadêmico-intelectual, livrando este da
situação de dependência básica quanto à necessidade de aplicação de conteúdos.
Da mesma forma que o professor se utiliza de recursos que compõem o escopo dos métodos e
técnicas de ensino, o aluno também se utiliza de recursos para sua aprendizagem. Nesse sentido, os métodos
e técnicas utilizados pelo professor devem direcionar-se para formar nesse aluno uma capacidade de
empreender sua própria trajetória em sua formação, mediante a utilização racional desses recursos.
Finalizando, considero que um dos maiores artifícios para a promoção de um ensino-aprendizagem
com confiança e alocação sistêmica dos métodos e técnicas perpassa pela execução de um inventário de
desempenho escolar e a capacidade do professor em interferir pedagogicamente para um processo de
melhoria contínua desse desempenho.
Nesse sentido, a observação do que ocorre em sala de aula antecede toda e qualquer utilização de
metodologia didática, sendo esta, na verdade, a metodologia primeira. Somente a partir da observação que
se pode ter condições concretas para orientar e acompanhar o que se desenvolve em sala de aula. Essa
observação se materializa com seus complementos, que são o acompanhamento, orientação e avaliação,
ciclos pedagógicos que considero essenciais para um “quefazer” à altura de um profissional que se propõe a
executar uma Didática pautada por um planejamento com objetivos educacionais definidos, mas que
encontra-se sempre atento a possíveis desvios de percurso que possam interferir em sua execução.

Conclusão

Este artigo não teve a pretensão de discutir epistemologicamente, nem tampouco aprofundar-se em
meros processos conceituais, sobre a Didática, a Metodologia Didática, Métodos e Técnicas de Ensino.
Ao contrário, o conteúdo aqui incluído partiu das inquietações de seu autor, em relação à
constatação de que existe um processo sistematicamente definido na literatura sobre o que sejam essas
temáticas. Parece óbvio que, para qualquer atividade humana, a sistematização indica um caminho coerente
a ser seguido para o atingimento de objetivos previamente estabelecidos.
Contudo, em se tratando de educação, a sistematização excessiva pode levar ao escape das
percepções, aquelas menos detectáveis, inseridas apenas no universo particular dos alunos. Ninguém se
propõe a atuar como agente educador, se o seu objetivo final não for coroar de sucesso sua intervenção de
modo maciço, ou seja, uma sala de aula tem que atingir níveis no mínimo correlatos de ensino-
aprendizagem.
No entanto, sabe-se que o público-alvo, em quaisquer circunstâncias, sempre é heterogêneo, seja
em relação à faixa etária, a aspectos sócio-culturais, motivacionais, entre outros. Isso requer do professor,
antes de optar por esta ou aquela Metodologia Didática e, por conseguinte, por este ou aquele método ou
técnica de ensino, saber lidar com essas diferenças.
Para tanto, considero que a maturidade e domínio do conteúdo se fazem necessários, na medida em
que se pode mostrar aos sujeitos aprendentes que o mundo exigirá deles uma gama de conhecimentos que
ainda não dominam, demandando um árduo trabalho de preparação para assumir um posicionamento
marcadamente pessoal e profissional em sua trajetória.
Porém, isso não quer dizer que o professor, por força de seu nível de conhecimentos, exteriorize esse
grau de maturidade, de tal forma que promova um distanciamento intangível entre os atores do processo de
aprendizagem. Conduzir a exposição de um conteúdo estritamente dedicado a aspectos técnicos pode gerar
admiração, mas pode transparecer uma verticalização entre os protagonistas, além de causar efeito
contrário, uma vez que pode suscitar o esvaziamento de expectativas de crescimento dos aprendentes em
detrimento da banalização do conhecimento e valores culturais.
Portanto, a Didática – aquela que os alunos costumam cobrar de seus professores – e que muitos
professores entendem pura e simplesmente como sistematização, precisa se adequar às condições e
estruturas individuais que se percebem em sala de aula. Nem tanto procedural, nem tanto “largada”. Uma
análise sobre o comportamento dos alunos – aquele que se quer mudar em função da Metodologia Didática
– pode propiciar uma visão mais otimista sobre o que o professor irá encontrar e o que pode utilizar para
alcançar seus objetivos educacionais.

You might also like