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Pena de morte no Brasil


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A pena de morte para crimes civis foi aplicada pela última vez
no Brasil em 1876 e não é utilizada oficialmente desde a
Proclamação da República em 1889. Historicamente, o Brasil é
o segundo país das Américas a abolir a pena de morte como
forma de punição para crimes comuns, precedido pela Costa
Rica, que aboliu a prática em 1859.

Pesquisas sobre a pena de morte no


Brasil desde 1991:
Índice ██ A favor da pena de morte

1 História ██ Contra a pena de morte


2 Lei internacional
██ Indiferente / não soube opinar
3 Nos meios de comunicação
4 Em campanhas eleitorais Fonte: instituto Datafolha.
5 Legislação
5.1 Constituição Federal
5.2 Código Militar Penal
6 Ver também
7 Referências
8 Referências
9 Ligações externas

História
A última execução determinada pela Justiça Civil brasileira foi a do escravo Francisco, em Pilar, Alagoas,
em 28 de abril de 1876. A última execução de um homem livre foi, provavelmente, pois não há registros de
outras, a de José Pereira de Sousa, condenado pelo júri de Santa Luzia, Goiás, e enforcado no dia 30 de
outubro de 1861. Até os últimos anos do Império, o júri continuou a condenar pessoas à morte, ainda que, a
partir do ano de 1876, o imperador comutasse todas as sentenças de punição capital, tanto de homens livres
como de escravos. Todavia, a prática só foi expressamente abolida para crimes comuns após a Proclamação
da República. A pena de morte continuou a ser cominada para certos crimes militares em tempos de
guerra.[1]

A Constituição do Estado Novo, outorgada em 10 de novembro de 1937 por Getúlio Vargas, admitiu a
possibilidade de se instituir, por lei, a pena de morte para outros crimes além de militares cometidos em
tempos de guerra. Não obstante uma que outra condenação à morte, como a do escritor Gerardo Melo
Mourão, em 1942, acusado de estar envolvido em atividades de espionagem para o Eixo, não há registros de
que tenha havido qualquer execução.

Durante o regime militar, a Lei de Segurança Nacional, decretada em 29 de setembro de 1969 (e revogada
pela nova Lei de Segurança, de 17 de dezembro de 1978) estabeleceu a pena capital para vários crimes de
natureza política, quando deles resultasse morte. Alguns militantes da esquerda armada até foram
condenados à morte, mas suas penas foram comutadas pelo Superior Tribunal Militar em prisão perpétua.
Não houve assim qualquer execução legal, mas, como se sabe, mais de trezentos militantes foram
assassinados antes mesmo de terem a oportunidade de serem julgados.[2]

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A pena de morte foi abolida para todos os crimes não-militares na Constituição de 1988 (artigo 5º, inciso
XLVII). Atualmente, é prevista para crimes militares, somente em tempos de guerra (no entanto, vale notar
que o país não se engajou em um grande conflito armado desde a Segunda Guerra Mundial). O Brasil é o
único país de língua portuguesa que prevê a pena de morte na Constituição.

Lei internacional
O Brasil é membro do Protocolo da Convenção Americana de Direitos Humanos para a Abolição da Pena de
Morte, que foi ratificado em 13 de agosto de 1996.

De acordo com a lei internacional, a aplicação da pena de morte durante tempos de guerra é aceitável. O
artigo 2, parágrafo 1 do Segundo Protocolo Opcional das Nações Unidas para o Acordo Internacional dos
Direitos Civis e Políticos Objetivando a Abolição da Pena de Morte permite os membros a manter alguns
tipos de exceções para a pena capital, incluindo a de utilizá-la em tempos de guerra.

Nos meios de comunicação


Em 2007, o caso do menino João Hélio fez os meios de comunicação reacenderem a discussão sobre a
reintrodução da pena de morte. O governo brasileiro, no entanto, vêm demonstrando pouco ou nenhum
interesse em reintroduzir a prática que já não é utilizada há mais de 145 anos, apesar de que o apoio popular
ao uso da pena capital aumentou drasticamente no país graças à maciça divulgação do citado crime. [3]
Entretanto, uma pesquisa mais recente do instituto Datafolha mostrou que o índice de aprovação à utilização
da pena caiu no início de 2008, quase empatando com o de não-aprovação.

O jornalista Mino Carta interpretou o fato de a grande mídia ter dado pouca ênfase para a moratória da pena
de morte aprovada em 18 de dezembro de 2007 pela Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas
como uma tentativa de manipulação da opinião pública a favor do tema. [4] No entanto, a mídia vêm
noticiando a abolição da pena de morte em Nova Jérsei [5] e no Usbequistão [6]. Vale notar que, caso o país
reintroduza a pena, sofrerá sanções devido à moratória que ajudou a aprovar.

Contudo, a discussão é questionável do ponto de vista jurídico, já que a proibição da pena capital é dada
pelo inciso I do art. 5º, uma Cláusula pétrea. Alguns constitucionalistas entedem que somente convocando
uma nova assembléia nacional constituinte seria possível a previsão da pena capital, nessa nova
Constituição. Há também entendimento de que nem mesmo com uma nova Constituição tornaria possível a
pena capital, tendo em vista a idéia que tal reintrodução seria a negação de uma conquista social.

Em campanhas eleitorais
Durante as eleições parlamentares no Brasil em 2010, o candidato a deputado federal pelo Pernambuco e
vereador de Recife Edmar de Oliveira (PHS) despertou a ira de organizações da sociedade civil organizada
por defender a aplicação da pena de morte no Brasil. O Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação
Social entrou com uma representação contra o candidato no Ministério Público Eleitoral por este defender a
implementação de ações que violam cláusulas pétreas da Constituição Federal. No entanto, o procurador
eleitoral auxiliar Antônio Edílio Magalhães Teixeira decidiu não dar encaminhamento judicial à
representação, por entender que isto violaria a liberdade expressão e pensamento do candidato. Para ele, o
espaço político deve permitir a discussão livre e ampla de propostas, ainda que sejam chocantes e até mesmo
irreais ou impossíveis de serem concretizadas.[7] O candidato obteve 19.739 votos (0,45% do total) e não foi
eleito.[8]

Legislação

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Constituição Federal

A pena de morte é proibida no Brasil, exceto em tempos de guerra, conforme a Constituição Federal, que no
artigo 5, inciso XLVII, aboliu a pena de morte, "salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84,
XIX".

O 'artigo 84 autoriza a pena de morte nas seguintes condições:


XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
parcialmente, a mobilização nacional;

Código Militar Penal

A pena de morte é regulamentada pelo Código Militar Penal (CMP), que em seus artigos declara:

Art. 55 – As penas principais são:

1. morte;
2. reclusão
3. detenção;
4. prisão;
5. impedimento;
6. suspensão do exercício do posto, graduação, cargo ou função;
7. reforma

Art. 56 – A pena de morte é executada por Fuzilamento.


Art. 57 – A sentença definitiva de condenação à morte é comunicada, logo que passe em julgado, ao
Presidente da República, e não pode ser executada senão depois de sete dias após a comunicação.
Parágrafo único. Se a pena é imposta em zona de operações de guerra, pode ser imediatamente
executada, quando o exigir o interesse da ordem e da disciplina militares.

Alguns artigos do CMP em que a pena de morte é prevista:

Art. 355 (Traição). Tomar o nacional armas contra o Brasil ou Estado aliado, ou prestar serviço nas
forças armadas de nação em guerra contra o Brasil
Art. 356 (Favor ao inimigo). Favorecer ou tentar o nacional favorecer o inimigo, prejudicar ou tentar
prejudicar o bom êxito das operações militares, comprometer ou tentar comprometer a eficiência
militar
Art. 358 (Coação ao comandante). Entrar o nacional em conluio, usar de violência ou ameaça,
provocar tumulto ou desordem com o fim de obrigar o comandante a não empreender ou a cessar ação
militar, a recuar ou render-se
Art. 365 (Fuga em presença do inimigo). Fugir o militar, ou incitar à fuga, em presença do inimigo
Art. 368 (Motim, revolta ou conspiração). Praticar qualquer dos crimes definidos nos artigos. 149 e
seu parágrafo único, e 152
Art. 372 (Rendição ou Captulação). Render-se o comandante, sem ter esgotado os recursos extremos
de ação militar; ou, em caso de capitulação, não se conduzir de acordo com o dever militar.
Art. 384 (Dano em bens de interesse militar). Danificar serviço de abastecimento de água, luz ou
força, estrada, meio de transporte, instalação telegráfica ou outro meio de comunicação, depósito de
combustível, inflamáveis, matérias-primas necessárias à produção, depósito de víveres ou forragens,
mina, fábrica, usina ou qualquer estabelecimento de produção de artigo necessário à defesa nacional
ou ao bem-estar da população e, bem assim, rebanho, lavoura ou plantação, se o fato compromete ou
pode comprometer a preparação, a eficiência ou as operações militares, ou de qualquer forma atenta
contra a segurança externa do país
Art. 390 (Abandono de Posto). Praticar, em presença do inimigo, crime de abandono de posto,
definido no Art. 195

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Art. 392 (Deserção em presença do inimigo) . Desertar em presença do inimigo


Art. 401 (Genocídio). Praticar, em zona militarmente ocupada, o crime previsto no Art. 208
(genocídio)

Embora esses crimes somente sejam aplicados em tempo de guerra, todos eles prevêem penas de prisão,
atribuindo a pena de morte, somente em casos extremos.

Ver também
Pena de morte
Pesquisa Datafolha sobre a pena de morte no Brasil

Referências
1. ↑ Sobre a Pena de Morte no Brasil vide CARVALHO FILHO, Luís Francisco - Impunidade no Brasil - Colônia
e Império - in Estudos Avançados - V. 18 - N. 51 - São Paulo, 2004 e RIBEIRO, João Luis - No meio das
galinhas as baratas não têm razão - A Lei de 10 de junho de 1835 - Os escravos e a pena de morte no Império
do Brasil (1822 - 1889) - RJ, Editora Renovar, 2005.
2. ↑ MACIEL, Wilma Antunes, O Capitão Lamarca e a VPR - Alameda Editorial, SP, 2006.
3. ↑ http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL19305-5598-133,00.html
4. ↑ CARTA, Mino. "ONU aprova a moratória da pena de morte" (http://www.cartacapital.com.br/edicoes
/476/ate-as-ultimas-consequencias) , CartaCapital, 26 de dezembro de 2007. Visitado em 17 de janeiro de
2008.
5. ↑ Jon Hurdle. "Nova Jérsei aprova fim da pena de morte" (http://br.news.yahoo.com/s/reuters/071214/mundo
/mundo_eua_penademorte_nj_pol) . Reuters, 14 de dezembro de 2008. Visitado em 17 de janeiro de 2008.
6. ↑ "Entra em vigor decreto que elimina a pena de morte no Uzbequistão" (http://br.noticias.yahoo.com
/s/01012008/40/politica-entra-vigor-decreto-elimina-pena-morte-no-uzbequistao.html) . EFE, 1 de janeiro de
2008. Visitado em 17 de janeiro de 2008.
7. ↑ [1] (http://www.conjur.com.br/2010-set-16/candidato-defender-pena-morte-afirma-procurador-eleitoral)
8. ↑ [2] (http://placar.eleicoes.uol.com.br/2010/1turno/pe/#governador)

Referências
1. Sobre a Pena de Morte no Brasil vide CARVALHO FILHO, Luís Francisco - Impunidade no Brasil
- Colônia e Império - in Estudos Avançados - V. 18 - N. 51 - São Paulo, 2004; RIBEIRO, João Luiz -
No meio das galinhas as baratas não têm razão - A Lei de 10 de junho de 1835 - Os escravos e a pena
de morte no Império do Brasil (1822 - 1889) - RJ, Editora Renovar, 2005, e RIBEIRO, João Luiz - A
Violência Homicida diante do Tribunal do Júri da Corte Imperial do Rio de Janeiro - Tese de
Doutorado, UFRJ., 2008.

2. MACIEL, Wilma Antunes, O Capitão Lamarca e a VPR - Alameda Editorial, SP, 2006.

3. Adoção de pena de morte divide a população (http://g1.globo.com/Noticias/Brasil


/0,,MUL389760-5598,00-
ADOCAO+DE+PENA+DE+MORTE+DIVIDE+A+POPULACAO+DIZ+PESQUISA.html)

4. CARTA, Mino."ONU aprova a moratória da pena de morte" (http://www.cartacapital.com.br


/edicoes/476/ate-as-ultimas-consequenciaS) , CartaCapital, 26 de dezembro de 2007. Visitado em 17
de janeiro de 2008.

5. Hurdle. "Nova Jérsei aprova fim da pena de morte". (http://br.news.yahoo.com/s/reuters/071214


/mundo/mundo_eua_penademorte_nj_polJon) Reuters, 14 de dezembro de 2008. Visitado em 17 de
janeiro de 2008.

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6. "Entra em vigor decreto que elimina a pena de morte no Uzbequistão". EFE, 1 de janeiro de 2008.
Visitado em 17 de janeiro de 2008. (http://br.noticias.yahoo.com/s/01012008/40/politica-entra-vigor-
decreto-elimina-pena-morte-no-uzbequistao.html)

Ligações externas
"Pena de morte no Brasil" (http://www.brazil.org.uk/humanrights/deathpenalty.html) , texto da
Embaixada do Brasil em Londres, Reino Unido (em inglês)

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