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CONSERVAÇÃO DO SOLO:
SUBSTRATO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL
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Associação para o Desenvolvimento Social de Joanópolis – Pró-Joá
Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
Mini-Glossário Pedológico
1. Solo:
- O solo que classificamos é uma coleção de corpos naturais, constituídos por partes
sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, dinâmicos, formados por materiais minerais e
orgânicos que ocupam a maior parte do manto superficial das extensões continentais do nosso
planeta, contém matéria viva e podem ser vegetados na natureza onde ocorrem e podem,
eventualmente, terem sido modificados por interferências antrópicas (EMBRAPA, 2006).
- Solo é a superfície inconsolidada, constituída de camadas que diferem pela natureza
física, química, mineralógica e biológica, desenvolvida ao longo do tempo sob a influência do
clima, material originário, relevo e da própria atividade biológica (SHINZATO et al., 2008).
- Solo é a superfície inconsolidada que recobre as rochas e mantém a vida animal e vegetal
na Terra. É constituído de camadas que diferem pela natureza física, química, mineralógica e
biológica, que se desenvolvem com o tempo sob a influência do clima e da própria atividade
biológica (VIEIRA, 1975).
- O solo é um corpo natural, de constituintes minerais e orgânicos diferenciados em
horizontes de profundidade variável, que diferem no material subjacente em morfologia,
propriedades físicas e constituição, propriedades químicas e composição e em características
biológicas (JOFFE, 1949).
2. Álico: condição química de um solo com muito baixo potencial nutricional abaixo da
camada arável devido a alta saturação por alumínio (m) (maior ou igual a 50% e ao mesmo tempo
com teor de alumínio variando de 0,3 a 4,0 cmol.kg-1) (PRADO, s.d.).
No manejo os solos álicos possuem muito baixo potencial nutricional abaixo da camada
arável e necessitam de gessagem para melhorar o ambiente químico abaixo da camada arável,
onde existe uma alta concentração de alumínio tóxico que limita o crescimento das raízes em
direção ao horizonte B. Como consequência da alta saturação por alumínio os valores de cálcio,
magnésio e potássio (soma de bases) são muito baixos, pois a grande maioria das cargas elétricas
da CTC estão ocupadas pelo alumínio e não pelas citadas bases (PRADO, s.d.).
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
3. Distrófico: saturação por bases menor que 50% (SHINZATO et al., 2008). No manejo
possuem baixo potencial nutricional abaixo da camada arável, mas saturação por alumínio não
tão alta porque é inferior a 50% (PRADO, s.d.).
4. Pedologia: ciência do solo que aborda sua morfologia (cor, textura, estrutura, consistência,
etc) e é básica para se estabelecer um sistema de classificação (PRADO, s.d.).
5. Neo: novo, pouco desenvolvimento (EMBRAPA, 2006).
6. Glei: horizonte glei (EMBRAPA, 2006).
7. Cambi: “Cambiare” (trocar, mudar); horizonte B incipiente (EMBRAPA, 2006).
8. Argi: “Argilla”, acumulação de argila Tb ou Ta, horizonte B textural (EMBRAPA, 2006).
9. Lato: “Lat”; material muito alterado; horizonte B latossólico (EMBRAPA, 2006).
10. Solum: parte superior e pressupostamente mais intemperizada do perfil de solo
compreendendo somente os horizontes A e B (IBGE, 2007).
11. Perfil de Solo: chama-se perfil de solo a secção vertical que, partindo da superfície
aprofunda-se até onde chega a ação do intemperismo, mostrando, na maioria das vezes, uma série
de camadas dispostas horizontalmente denominadas horizontes (VIEIRA, 1975).
12. Horizonte: seção de constituição mineral ou orgânica, geralmente paralela à superfície do
terreno, também chamados de camadas (IBGE, 2007).
13. Granulometria: os termos granulometria ou composição granulométrica são empregados
quando se faz referência ao conjunto de todas as frações ou partículas do solo, incluindo desde as
mais finas de natureza coloidal (argilas), até as mais grosseiras (calhaus e cascalhos) (IBGE,
2007).
14. Textura: é empregado especificadamente para a composição granulométrica da terra fina
do solo (fração menor que 2 mm de diâmetro). De acordo com os conteúdos de areia, silte e
argila, estimados em campo ou determinados com análises de laboratório, são caracterizados
então as seguintes classes de textura: areia, silte, argila, areia-franca, franco, franco-argiloarenosa,
franco-argilosa, franco-arenosa, argiloarenosa, muito argilosa, argilossiltosa, franco-argilossiltosa
e franco-siltosa (IBGE, 2007).
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
CAMBISSOLOS (Sigla C)
Esta unidade está constituída por solos com horizonte B incipiente, não hidromórficos,
apresentando certo grau de desenvolvimento, porém não suficiente para decompor totalmente os
minerais primários de fácil intemperização (VIEIRA, 1975).
Compreendem solos pouco desenvolvidos e que apresentam grande variação em sua
espessura, ocorrendo desde rasos (<50 cm) a profundos (<2,00 m). Apresentam horizonte A, de
qualquer tipo, sobreposto a horizonte B incipiente (Bi), de características variáveis. Muitas vezes
são cascalhentos, pedregosos e rochosos (SHINZATO et al., 2008).
Os Cambissolos estão relacionados a áreas mais movimentadas, preferencialmente regiões
serranas. Devido à variação de atributos, torna-se difícil definir um padrão de comportamento
para esses solos. Por apresentarem pequeno desenvolvimento e teores de silte em geral mais altos
que em outros solos, com relação silte/argila elevada, são mais suscetíveis aos processos erosivos
(SHINZATO et al., 2008).
Assim, a classe comporta desde solos fortemente até imperfeitamente drenados, de rasos a
profundos, de cor bruna ou bruno amarelada até vermelha escura, e de alta a baixa saturação por
bases e atividade química da fração coloidal (EMBRAPA, 2006).
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
GLEISSOLOS (Sigla G)
São solos característicos de áreas sujeitas a alagamento, como margens de rios, ilhas,
grandes planícies, lagoas etc. e, consequentemente, com problemas de aeração e drenagem
deficiente. Com isso, devido à redução de ferro, apresentam cores acinzentadas ou esverdeadas
(SHINZATO et al., 2008).
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Figura 2 – Área com presença de solo com influência permanente da água. Observa-se a
colonização por vegetação higrófila (de brejo) (Foto: Diego de Toledo Lima da Silva, 2010).
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
NEOSSOLOS (Sigla R)
Esta unidade está constituída por solos onde o horizonte A repousa diretamente sobre a
rocha R, com perfil pouco evoluído, bastante raso, de textura e fertilidade variáveis, dependendo
da rocha matriz. São encontrados em áreas de relevo ondulado a escarpado, sob vegetação
arbustiva e de floresta (VIEIRA, 1975). Compreendem solos pouco desenvolvidos, sem
apresentar qualquer tipo de horizonte B (SHINZATO et al., 2008).
Estes solos são constituídos por material mineral, ou por material orgânico pouco espesso,
que não apresentam alterações expressivas em relação ao material originário devido à baixa
intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de características inerentes ao
próprio material de origem, como maior resistência ao intemperismo ou composição química, ou
dos demais fatores de formação (clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a
evolução dos solos (EMBRAPA, 2006).
Ocorrem de forma pontual e localizada na região, tendo como variação representativa o
NEOSSOLO LITÓLICO (sigla RL).
Segundo Shinzato et al. (2008), são solos rasos ou muito rasos, com horizonte A, exceto o
chernozênico, assentado diretamente sobre a rocha. A maior limitação desses solos é a pequena
profundidade efetiva, que limita o desenvolvimento radicular das plantas e culturas, reduzindo a
capacidade de “sustentação” delas, tanto mais expressiva quanto mais próximo a rocha estiver da
superfície.
Essas características conferem a esses solos pouca capacidade de sustentabilidade da
vegetação. A condição de desmatamento ou de pouca cobertura vegetal, quando aliada às
precipitações concentradas, facilita a formação de erosões laminares e em sulcos nesses solos
(SHINZATO et al., 2008).
Os Neossolos Litólicos não são adequados para uso com cemitérios e aterros sanitários,
sendo terras mais indicadas para preservação da flora e da fauna.
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
ARGISSOLOS (Sigla P)
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Associação para o Desenvolvimento Social de Joanópolis – Pró-Joá
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No caso de ocorrer mudança textural abrupta (gradiente textural muito acentuado em curto
espaço vertical), torna-se ainda mais visível (SHINZATO et al., 2008).
Segundo Vieira (1975), são solos na sua maioria de fertilidade natural baixa/média, de
textura argilosa/média, bem drenados, ácidos, bem desenvolvidos, que apresentam sequência de
horizontes do tipo A, B, C, cuja espessura não excede a 200 cm, com pronunciada diferenciação
entre o A e o B.
São de profundidade variável, desde fortes a imperfeitamente drenados, de cores
avermelhadas ou amareladas, e mais raramente, brunadas ou acinzentadas. A textura varia de
arenosa a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte Bt, sempre havendo
aumento de argila daquele para este (EMBRAPA, 2006).
Devido à baixa atividade e proporção de argilas, associados aos relevos com altas
declividades, os PVA são solos com maior susceptibilidade à erosão, comparados aos
LATOSSOLOS VERMELHO-AMARELOS (sigla LVA).
Os mais suscetíveis aos processos erosivos são aqueles de caráter abrupto e os que
ocorrem em relevos movimentados (SHINZATO et al., 2008).
As variações deste tipo de solo que ocorrem na região são os ARGISSOLOS
VERMELHO-AMARELOS distróficos (sigla PVAd) e álicos (sigla PVAa), com texturas
argilosas, médias, arenosa e siltosa (CETEC, 2000). Segundo a Embrapa (2006), são outros solos
de cores vermelho-amareladas e amarelo-avermelhadas que não se enquadram em outras classes.
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Associação para o Desenvolvimento Social de Joanópolis – Pró-Joá
Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
LATOSSOLOS (Siglas L)
Compreendem solos profundos e muito profundos (<3,0 m), com horizonte B latossólico
(Bw). São solos em avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de
enérgicas transformações no material constitutivo. O incremento de argila do horizonte A para o
B é inexpressivo, com relação textural (B/A) insuficiente para caracterizar o horizonte B textural
(SHINZATO et al., 2008).
Tendem a apresentar estrutura granular, ou quando em blocos, de fraco grau de
desenvolvimento e elevadas porosidade e permeabilidade interna, com drenagem excessiva ou
muito rápida, garantindo maior resistência aos processos erosivos em relação às outras classes de
solo (SHINZATO et al., 2008).
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- Mudança textural abrupta que não seja devido à atuação de processos pedogenéticos
(migração de argila, por exemplo);
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
Figura 6 – Perfil de solo com descontinuidade litológica, apresentando linha de pedras ou “stone
line”. Observa-se a diferença de coloração entre a parte acima da linha de pedras e a parte abaixo
desta. Este perfil de solo foi fotografado próximo a uma falha geológica no município de
Joanópolis/SP, no caso uma Zona de Cisalhamento Indiscriminada.
(Foto: Diego de Toledo Lima da Silva, 2010).
Figura 7 – Perfil de solo com descontinuidade litológica, próxima a outra falha geológica em
Joanópolis/SP (Foto: Diego de Toledo Lima da Silva, 2010).
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Projeto “Bacia do Rio Jacareí”
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CETEC, Centro Tecnológico da Fundação Paulista. Relatório de Situação dos Rios Piracicaba,
Capivari e Jundiaí, 1999. Lins, 2000.
IBGE; Embrapa. MAPA de solos do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE: Embrapa Solos, 2001. 1
Mapa. Escala 1:5.000.000. 2001.
SHINZATO, E.; FILHO, A. C.; TEIXEIRA, W. G. (2008) Solos Tropicais. In: SILVA, C. R.
Geodiversidade do Brasil: conhecer o passado, para entender o presente e prever o futuro.
Rio de Janeiro: CPRM, 2008. 264p.
VIEIRA, L. S. Manual da Ciência do Solo. São Paulo, Ed. Agronômica Ceres, 1975. 464p.
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