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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO

DE OFICIAIS DA AERONÁUTICA

DIVISÃO DE ENSINO

RELATÓRIO DE PESQUISA

EXCELÊNCIA ESCOLAR E FORMAÇÃO CONTINUADA EM


GUERRA ELETRÔNICA NA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
Título do Trabalho

EDUCAÇÃO NA FORÇA AÉREA


Linha de Pesquisa

282
CÓDIGO

CAP 2/08
Curso e Ano
RELATÓRIO DE PESQUISA

EXCELÊNCIA ESCOLAR E FORMAÇÃO CONTINUADA EM


GUERRA ELETRÔNICA NA FORÇA AÉREA BRASILEIRA
Título do Trabalho

EDUCAÇÃO NA FORÇA AÉREA


Linha de Pesquisa

13/10/2008
DATA

CAP 2/08
Curso

Este documento é resultado dos trabalhos do aluno do Curso de


Aperfeiçoamento da EAOAR. Seu conteúdo reflete a opinião do autor,
quando não citada a fonte da matéria, não representando,
necessariamente, a política ou prática da EAOAR e do Comando da
Aeronáutica.
RESUMO

Este trabalho buscou avaliar a influência da harmonização curricular do ciclo de


educação continuada para a área de Guerra Eletrônica (GE) sobre a excelência
escolar apresentada pelos alunos do Curso de Especialização em Análise de
Ambiente Eletromagnético (CEAAE) no módulo técnico durante o período de 1998 a
2002. Para isso, utilizaram-se os métodos de pesquisa descritiva, através de
pesquisa documental e pesquisa bibliográfica. Foram consultados documentos
oficiais administrativos e normativos relacionados ao gerenciamento dos cursos,
artigos em revistas especializadas das áreas operacional e acadêmica, bem como
livros da área de educação e da pesquisa educacional. Com a finalidade de
respaldar a pesquisa, foram apresentados conceitos a respeito da teoria do
currículo, dentre as quais se destaca a abordagem curricular por competências de
Philippe Perrenoud. Esta abordagem enfatiza a gênese do êxito/fracasso escolar, e
desta forma permite analisar as relações entre a harmonização curricular e a
excelência escolar, variáveis estudadas neste trabalho. Para possibilitar um
encadeamento lógico das idéias foi realizada uma retomada das origens do CEAAE
como passo inicial de um programa de institucionalização da excelência nos
domínios da guerra na Força Aérea Brasileira (FAB). Foram identificadas as
características especiais do profissional que o CEAAE forma e o impacto de suas
ações sobre o progresso da FAB. A partir da constatação da maturidade do modelo
foi ressaltada a oportunidade de imprimir um olhar crítico sobre a dinâmica do curso
no sentido de identificar necessidades e/ou possibilidades de melhora. A estratégia
escolhida para efetivar este olhar crítico foi o estudo da harmonia curricular entre as
diversas fases do ciclo de formação continuada em GE e sua relação com a
excelência escolar. Finalmente, após criteriosa análise e interpretação dos dados,
respaldada no embasamento teórico apresentado, chegou-se à conclusão que a
Excelência Escolar apresentada pelos alunos do módulo técnico do CEAAE no
período de 1998 a 2002 foi significativamente influenciada pela Harmonização
Curricular do ciclo de educação continuada em GE. Ressalta-se que os resultados
obtidos a partir dos dados empregados são válidos para o período de 1998 a 2002.

Palavras-chave: guerra eletrônica, currículo, educação continuada.


ABSTRACT

This study aimed to evaluate the influence of curriculum harmonization of the cycle of
continuing education for the area of Electronic Warfare on the school excellence
displayed by the students of the “Curso de Especialização em Análise de Ambiente
Eletromagnético” (CEAAE) in technical module during the period of 1998 to 2002. To
do this, using the methods of descriptive research, through documental and
bibliographical research. Were consulted official documents and administrative
regulations related to the management of courses, articles in magazines specialized
areas of operational and academic as well as books in the area of education and
educational research. Aiming at to help to research, concepts were presented
regarding the theory of curriculum, among which stands out the approach for
curriculum skills of Philippe Perrenoud. This approach emphasizes the genesis of the
success / failure at school, and thus allows consider relations between the curriculum
harmonization and school excellence, variables studied in this work. To enable a
logical sequence of ideas was made a resumption of the genesis of the CEAAE as
an initial step in a program of institutionalization of excellence in the fields of war in
the Brazilian Air Force (FAB). We identified the special characteristics of the
professional manner by CEAAE and that the impact of their actions on the progress
of FAB. From the observation of the maturity of the model was emphasized the
opportunity to print a critical eye on the momentum of progress towards identifying
needs and / or opportunities for improvement. The strategy chosen to carry out this
critical view was the study of harmony between different curriculum stages of
continuing education at EW and its relationship with the school excellence. Finally,
after careful analysis and interpretation of data, accompanied the theoretical basis
presented, it was concluded that the School Excellence presented by students during
the period of 1998 to 2002 was significantly influenced by Harmonizing Curriculum of
the continued education in Electronic Warfare. It is emphasized that the results
obtained from the data used are valid for the period from 1998 to 2002.

Key-words: electronic warfare, curriculum, continuing education


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Distribuição dos alunos por categoria: 1998 a 2002 .............. 48

Figura 2 Distribuição de freqüências .................................................... 50

Figura 3 Média Aritmética da Excelência Escolar por categoria .......... 51


LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Análise de pré-requisitos para o módulo técnico do CEAAE .. 39

Quadro 2 Comparação entre pré-requisitos e conteúdos do módulo 41


operacional .............................................................................
Quadro 3 Comparação entre pré-requisitos e conteúdos do EENEM ... 42

Quadro 4 Comparação entre pré-requisitos e conteúdos do Estudo 42


Dirigido ...................................................................................
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Distribuição do corpo discente do CEAAE por categoria ....... 44

Tabela 2 Cálculo da Harmonização Curricular: Corpo da Armada ....... 46

Tabela 3 Cálculo da Harmonização Curricular: Quadro de Aviadores .. 47

Tabela 4 Distribuição de freqüências .................................................. 49

Tabela 5 Dados para cálculo de χ2 ....................................................... 52

Tabela 6 Ordenando os dados ............................................................. 54


LISTA DE EQUAÇÕES

Equação 1 Média Aritmética x .................................................................. 49

Equação 2 Desvio Padrão σ ..................................................................... 50

Equação 3 Índice de Contingência C ........................................................ 51

Equação 4 Valor χ 2 .................................................................................. 52

Equação 5 Correlação vxy .......................................................................... 53

Equação 6 Valor H .................................................................................... 54


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

As abreviaturas relacionadas encontram-se no corpo do presente trabalho e


significam:

AFA Academia da Força Aérea


CA Corpo da Armada
CCSIVAM Comissão de Coordenação do Sistema de Vigilância da Amazônia
CEAAE Curso de Especialização em Análise de Ambiente Eletromagnético
CEAGAR Centro de Estudos e Avaliação da Guerra Aérea
CGEGAR Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR
C&T Ciência e Tecnologia
CIAAR Centro de Instrução e Adaptação da Aeronáutica
COGE Curso Operacional de Guerra Eletrônica
COMGAR Comando-Geral de Operações Aéreas
CPEA Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Eletromagnetismo Aplicado
CTA Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial
DEPENS Departamento de Ensino da Aeronáutica
EAOAR Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica
ECEMAR Escola de Comando e Estado-Maior da Aeronáutica
EEAr Escola de Especialistas de Aeronáutica
EMAER Estado-Maior da Aeronáutica
EN Escola Naval
FAB Força Aérea Brasileira
FN Fuzileiros Navais
GE Guerra Eletrônica
GITE Grupo de Instrução Tática e Especializada
ITA Instituto Tecnológico de Aeronáutica
LabGE Laboratório de Pesquisa em Guerra Eletrônica e Vigilância
Eletromagnética da Amazônia
PDN Política de Defesa Nacional
PFCEAB Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo
PPGAO Programa de Pós-Graduação em Aplicações Operacionais
PROEC Pró-reitoria de Extensão e Cooperação
SIGE Simpósio de Aplicações Operacionais em Áreas de Defesa
SISGEA Sistema de Guerra Eletrônica da Aeronáutica
TI Trabalho Individual de Conclusão do CEAAE
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11
1 EDUCAÇÃO EM GUERRA ELETRÔNICA ............................................... 17
2 EDUCAÇÃO CONTINUADA: UMA DÉCADA DE CEAAE........................ 24
2.1 HARMONIZAÇÃO CURRICULAR ........................................................... 24
2.2 EXCELÊNCIA ESCOLAR ........................................................................ 30
2.3 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS: UMA QUESTÃO A CONSIDERAR .......... 33
3 ANÁLISE DO MODELO CEAAE ............................................................... 37
3.1 MÓDULO TÉCNICO ................................................................................ 37
3.2 MÓDULO OPERACIONAL ...................................................................... 40
3.3 ELEVAÇÃO DE NÍVEL ............................................................................ 40
3.4 OFICIAL DO CORPO DA ARMADA DA MARINHA DO BRASIL ............ 44
3.5 OFICIAL DO QUADRO DE AVIADORES DA AERONÁUTICA .............. 45
3.6 CINCO ANOS DE EXCELÊNCIA ESCOLAR NO CEAAE ...................... 48
CONCLUSÃO ............................................................................................... 56
REFERÊNCIAS ............................................................................................. 59
GLOSSÁRIO ................................................................................................. 61
11

INTRODUÇÃO

A evolução conceitual e tecnológica da Força Aérea Brasileira (FAB)


ocorreu, nos seus primórdios, de maneira esporádica, concomitantemente com os
ciclos de reaparelhamento (COMGAR, 2006). Surpreende, portanto, que nos dias
atuais possamos nos deparar com notícias como esta:

Em uma missão da CRUZEX III, dois Mirage 2000N do Armée de l´Air,


operando sob a vigilância de um E-3F, e escoltados por Mirages 2000C
franceses, foram abatidos pelos "agressores" do 1º/14º GAV operando
desde a Base de Campo Grande (MS). [...] Mais surpreendente é que
nenhum sensor francês detectou: ou os F-5M ou o lançamento dos mísseis
ou a presença do R99A. [...] Agora a FAB usava o quarteto: F-5M, Míssil
BVR Derby, R99A e o datalink. A vantagem tática obtida pelos F-5M frente
aos demais foi de tal modo superior, que impactou profundamente, não só
no período da operação como alguns movimentos de governos Latino-
americanos. (DEFESA@NET, 2006)

Este tipo de notícia leva ao seguinte questionamento: como a FAB


conseguiu atingir este nível de operacionalidade e eficiência?
A resposta para esta questão está ligada a institucionalização da excelência
no campo da guerra. Para que possamos entender este conceito será necessário
retroceder no tempo e procurar suas origens históricas.
Por volta de 1806, os exércitos Prussianos foram praticamente dizimados
pelas tropas de Napoleão, apesar de possuírem a mesma competência e o mesmo
nível de treinamento que os mantiveram com a fama de exército invencível nos
cinqüenta anos anteriores. Nesta época, um grupo de cinco oficiais responsáveis
pela reconstrução do exército da Prússia, dentre os quais se incluía o então Major
Karl Von Clausewitz, notou a dependência que os exércitos tinham, até aquela
época, do comando de gênios militares, tal qual Napoleão (COSTA, 2003).
Este grupo entendeu que a única maneira de eliminar esta dependência
seria através da “diluição” desta genialidade pela organização militar como um todo,
ou seja, através da Institucionalização da Excelência.
Nos conflitos modernos, a necessidade desta institucionalização se torna
mais acentuada em função da onipresença da tecnologia na arte da guerra, onde o
preço da obsolescência é cada vez mais alto. No contexto da FAB, iniciativas como
a criação do Programa de Fortalecimento do Controle do Espaço Aéreo (PFCEAB)
revestem-se de rara importância em virtude do desenvolvimento tecnológico que
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trazem consigo.
Mas não basta possuir a tecnologia mais moderna. Na guerra de Yom
Kippur, por exemplo, as Forças Armadas Árabes possuíam superioridade numérica
e até mesmo tecnológica. No entanto, foram as Forças Armadas de Israel que
saíram vitoriosas, pois possuíam recursos humanos melhor capacitados, capazes de
inovar, desenvolver, entender, explorar e causar assimetria no espaço de batalha.
Ao invés de se limitar a formar recursos humanos apenas para repetir estratégias,
modelos, métodos, táticas e procedimentos operacionais, eles buscaram a
excelência na área de defesa (CGEGAR, 2003).
Seguindo este exemplo, a FAB se lançou em 1998 na Busca de Excelência,
capacitando militares e civis para o exercício de atividades de análise, síntese,
avaliação, pesquisa e desenvolvimento de concepções, métodos, modelos,
conceitos táticos, procedimentos e tecnologias, todas relacionadas com aplicações
operacionais. O CEAAE foi o passo inicial deste processo, que hoje conta também
com o Programa de Pós-Graduação em Aplicações Operacionais (PPGAO).
Ao completar uma década de prática do modelo, o CEAAE atingiu um nível
de maturidade que habilita e incentiva a realização de estudos visando conhecer em
níveis mais elevados sua dinâmica e desta forma permitir a realização dos ajustes
necessários ao seu aperfeiçoamento.
A experiência adquirida nos corpos discente e docente do CEAAE tem
incentivado a reflexão sobre seu papel como processo de Educação Continuada na
área de GE. O aprofundamento no conhecimento dos relacionamentos no processo
ensino-aprendizagem que se obtém desta reflexão pode não apenas subsidiar o
aperfeiçoamento do currículo do CEAAE, como servir de apoio metodológico em
estudos envolvendo cursos de pós-graduação lato sensu.
Esta reflexão sobre o CEAAE como processo de Educação Continuada será
conduzida nesta pesquisa pela análise do currículo do ciclo de formação continuada
em GE, composto de curso de formação básica (Curso de Formação de Oficiais),
elevação de nível (estudo dirigido e Estágio de Elevação de Nível em Estatística e
Matemática – EENEM) e formação continuada (módulo operacional e módulo
técnico do CEAAE).
A análise presente neste trabalho estará limitada aos alunos das turmas do
CEAAE de 1998 a 2002 pertencentes ao Quadro de Engenharia da Aeronáutica, ao
Corpo da Armada (CA) da Marinha do Brasil e ao Quadro de Oficiais Aviadores,
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sendo que destes últimos serão analisados apenas os que concluíram o curso da
Academia da Força Aérea (AFA) a partir de 1990.
Esta análise se inicia pela comparação das disciplinas do módulo técnico do
CEAAE com as disciplinas especializadas do Curso de Graduação em Engenharia
Eletrônica do ITA, que servirá de referencial. O resultado desta primeira etapa
consistiu de um conjunto de disciplinas do Curso Fundamental do ITA, que foram
identificadas como pré-requisitos de referencia para o módulo técnico.
Na continuação, o módulo operacional, a elevação de nível e o curso de
formação básica serão comparados com estes pré-requisitos de referencia. A
quantificação da Harmonização Curricular ficará restrita apenas a análise dos cursos
de formação básica (ITA, Escola Naval e Academia da Força Aérea). Neste trabalho
o conceito de harmonização remete ao processo de formação continuada que se
inicia na formação das competências básicas desenvolvidas nos Cursos de
Formação de Oficiais em áreas afins as ciências exatas e engenharia e que são
empregados como ferramentas para enfrentar o processo de desenvolvimento de
novas competências, agora especializadas nos domínios da engenharia eletrônica e
computação dentro do CEAAE.
Completada a análise da Harmonização Curricular, será realizada a análise
da Excelência Escolar. O conceito de Excelência Escolar empregado neste trabalho
é o apresentado por Perrenoud (1999a): “ ... a excelência escolar é feita, não
idealmente, mas tal como julgada dia após dia, dentro do funcionamento habitual da
escola ... “. Este será relacionado ao processo de avaliação empregado no CEAAE,
que se materializa através das notas obtidas pelos alunos nas disciplinas do módulo
técnico.
O questionamento sobre a eficiência do currículo do curso de formação
básica do oficial aviador, alvo principal do ciclo de formação continuada em GE na
Força Aérea, foi abordada pela primeira vez por Pires (2001). Na ocasião, Pires
(2001) propunha uma retomada de uma capacitação mais técnica do oficial aviador,
em detrimento de uma formação humanística mais voltada para a administração.
Sua alegação era a de que esta capacitação mais técnica seria a chave para o
desenvolvimento das competências necessárias a solução dos problemas
complexos que o oficial aviador encontraria nos primeiros postos da carreira, onde
existe uma série de fatores tecnológicos intervenientes.
Pires (2001) argumentava que as atribuições do oficial aviador no início de
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carreira estavam inerentemente ligadas ao perfil do engenheiro de operação e por


vezes a do engenheiro de manutenção. Esta conceituação de níveis de atuação dos
engenheiros na execução das suas atividades foi, segundo Pires (2001),
inicialmente empregada entre os professores da Universidade de São Paulo (USP) e
acabaram sendo aceitos dentro do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) como
sendo de senso comum.
Nesta conceituação, a Engenharia de Operação é aquela onde o engenheiro
é responsável por operar um sistema de maior ou menor complexidade, sendo
capaz de com esta operação proporcionar o produto para o qual o sistema foi
projetado. Ele também deve ser capaz, segundo Pires (2001), de detectar problemas
e obter soluções imediatas e ainda indicar quando é necessária a manutenção.
Já a Engenharia de Manutenção é um nível posterior, onde o profissional
deve ser capaz de tomar as medidas corretivas e preventivas necessárias para que
o sistema continue funcionando, de acordo com as características de desempenho
para o qual foi projetado. Pires (2001) ressalta que neste nível não há a
preocupação de modificar substancialmente o sistema, somente de fazer com que
ele possa funcionar adequadamente.
Pires argumenta que uma análise das atribuições do oficial aviador no
aspecto operacional dentro do contexto de avanços tecnológicos constantes, onde a
aplicação cada vez maior de sistemas eletrônicos computadorizados de operação da
aeronave em si e de combate leva o piloto a um ambiente onde é necessário operar
um sistema complexo, caracteriza-o como um engenheiro de operação.
Este perfil demanda um conjunto de competências, ou seja, “um conjunto de
recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar com
pertinência e eficácia uma série de situações” (PERRENOUD apud SOARES, 2004).
Segundo Soares (2004), estas competências, ainda que não possam ser
vistas, podem ser observadas através da manifestação da mobilização de
conhecimentos a fim de enfrentar uma determinada situação.
Reforçando a visão de Pires (2001), Beason (2000) argumenta que a
natureza sofisticada da Ciência e Tecnologia (C&T) exige a atenção de
especialistas, o que exige anos de estudo e experiência de pesquisa. Para Beason
(2000), o piloto da Força Aérea precisa ser um oficial técnico, competente em C&T e
capaz de compreender e influenciar todas as fases do processo de aquisição – do
cientista que executa a pesquisa básica ao executivo da indústria que constrói o
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sistema de armamento – para obter para a área operacional o que ela precisa, pois
ao contrário de civis, os guerreiros técnicos fornecem um contexto imediato e
operacional para concentrar C&T de modo a ter um máximo de utilidade.
Para compreender o ciclo de formação continuada em GE neste processo de
capacitação do Guerreiro Técnico que a Força Aérea demanda, é necessário lançar
mão das teorias de abordagem curricular. Sperb (1979) ajudará a compreender os
problemas gerais de currículo através do conhecimento de seus fundamentos
históricos e de suas relações com os objetivos da educação.
Bireaud (1995), por sua vez, ajudará a compreender a função da formação
continuada, as características do modelo pedagógico tradicional, bem como os
fundamentos da pedagogia por objetivos. Recorrer-se-á também a Gil (2008), que
ajudará no reconhecimento dos fatores interferentes no processo de aprendizagem,
bem como na análise de objetivos e conteúdos das estruturas curriculares sob
análise.
No aspecto conceitual, a abordagem por competência encontrará um espaço
especial. Para tanto recorrer-se-á tanto a Perrenoud (1999) quanto a Silva (2008)
para identificar a noção de competência e sua implicação na construção do
currículo. O conceito de excelência escolar e a importância do processo de
avaliação escolar no processo de ensino-aprendizagem. Estes conhecimentos serão
de grande utilidade para a identificação das competências demandadas pelas
disciplinas do módulo técnico do CEAAE a partir do conhecimento da política
educacional do ITA e dos conteúdos das disciplinas.
Para atingir o seu objetivo, este trabalho foi estruturado da seguinte forma:
a) Capitulo 1 – Educação em Guerra Eletrônica – foram destacados aspectos
relevantes da problemática da formação de recursos humanos em GE na FAB,
evidenciando a correção da construção e implementação do modelo de Pós-
graduação representado pelo CEAAE. E a partir da constatação de sua
maturidade se propõe um olhar crítico procurando atingir o conhecimento
necessário ao seu aperfeiçoamento.
b) Capítulo 2 – Educação continuada: uma década de CEAAE – realiza-se uma
investigação onde o CEAAE é analisado como um elo do ciclo de formação
continuada para a área de GE na FAB. Esta investigação é montada sobre a
análise das variáveis Harmonização Curricular e Excelência Escolar. Esta análise
é desenvolvida com base no referencial teórico da abordagem curricular por
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competências de Philippe Perrenoud.


c) Capítulo 3 – Análise do Modelo CEAAE – é realizada a apresentação e análise
dos documentos coletados sobre o currículo e rendimento escolar dos alunos do
CEAAE de 1998 a 2002. Esta análise se desenvolve a partir da metodologia
proposta no Capítulo 2, com destaque para o emprego de ferramentas
estatísticas de análise especialmente selecionadas em função da característica
psico-pedagógica do trabalho de pesquisa.
E por fim, são apresentadas as conclusões e recomendações do trabalho.
A partir desta apresentação inicial é possível vislumbrar uma excitante
jornada em busca do conhecimento. E como até a mais longa jornada se inicia no
primeiro passo ...
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1 EDUCAÇÃO EM GUERRA ELETRÔNICA

“Voar, Combater, Vencer” é muito mais que entrar em uma aeronave de


combate, atirar no inimigo e derrubá-lo. Vencer a guerra implica em atingir os
objetivos políticos estabelecidos, isto é, fazer prevalecer os interesses nacionais.
Este conceito não apresenta novidade, mas desperta a atenção para a necessidade
de garantir o domínio sobre os vários aspectos de um conflito.
No contexto da Ciência, Tecnologia e Inovação para o combate, destaque
deve ser dado ao domínio do espectro eletromagnético. Este domínio é obtido por
um conjunto de ações que apóiam as operações militares e que exigem o
conhecimento sobre as emissões inimigas, contramedidas de comando, controle e
comunicações e supressão da defesa aérea inimiga (ALVES, 1999). Na FAB, esta
atividade é denominada de GE e abrange todos os níveis da guerra.
Em seu nível estratégico são definidas políticas de formação e capacitação
de recursos humanos. Esta capacitação tem por finalidade preparar o pessoal da
aeronáutica para entender melhor e explorar as interações dos ambientes de guerra.
Para tanto, os currículos das escolas de formação inicial (AFA, EEAr, ITA),
adaptação (CIAAR), aperfeiçoamento (EAOAR) e Comando e Estado Maior
(ECEMAR) são continuamente atualizados (ALVES, 1999).
O Comando-Geral de Operações Aéreas – COMGAR (órgão central do
Sistema de Guerra Eletrônica da Aeronáutica – SIGEA) iniciou um trabalho de
formação continuada para área de GE com cursos de curta duração em vários
níveis. Entretanto, percebeu que estas ações não foram suficientes para atingir a
proficiência desejada em análise de ambiente eletromagnético. Identificou, então, a
necessidade de buscar um ensino científico que buscasse as bases do
conhecimento (ALVES, 1999).
O COMGAR procurou desta maneira um ensino acadêmico, no nível de pós-
graduação, que lhe permitisse alcançar a excelência no domínio de assuntos
relacionados à guerra. Inicialmente este conhecimento foi buscado no exterior,
através de alguns de seus oficiais que foram enviados para os Estados Unidos,
Inglaterra e França para realizar cursos de pós-graduação de caráter científico e
operacional. Entretanto, esta iniciativa, apesar de necessária, não foi suficiente para
garantir a massa crítica necessária para atender as necessidades do SISGEA. Esta
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deficiência levou o Centro de Guerra Eletrônica do COMGAR – CGEGAR


(atualmente Centro de Estudos e Avaliação da Guerra Aérea – CEAGAR) a procurar
o ITA para uma parceria na realização de um curso de pós-graduação em GE
(ALVES, 1999).
Esta parceria deu origem a um “Programa de Busca de Excelência” criado
em 1998 com o objetivo de capacitar militares e civis para o exercício de atividades
de análise, síntese, avaliação, pesquisa e desenvolvimento de concepções,
métodos, modelos, conceitos táticos, procedimentos e tecnologias, todas
relacionadas com Aplicações Operacionais (OLIVEIRA, 2008)
Este programa permitiu que o ITA, o COMGAR e o Estado-Maior da
Aeronáutica (EMAER) desenvolvessem uma parceria em consonância com as
Diretrizes do Comando-Geral de Tecnologia Aeroespacial (CTA) que se iniciou com
a criação do CEAAE através da Portaria Nº 304/GM3, de 07 de maio de 1998
(OLIVEIRA, 2008).
O CEAAE, conforme avaliação do COMGAR (RESENDE, 2008), tem
proporcionado sensível evolução nos conceitos operacionais da FAB. Esta visão é
reforçada por Oliveira (2008) que destaca a contribuição do curso para a
consecução da Política de Defesa Nacional (PDN) no que se refere ao atendimento
as Orientações Estratégicas para o fortalecimento da capacitação nacional no
campo da Defesa, bem como na operacionalização do envolvimento entre os
setores industrial, universitário e técnico-científico.
A Doutrina de Defesa Brasileira respalda a organização acadêmica
estabelecida para o CEAAE na medida que orienta para ações conjuntas
envolvendo instituições de ensino e pesquisa e organizações operacionais do
Ministério da Defesa com o objetivo de modernizar os meios e a concepção de
emprego para melhor defender os interesses do Brasil (OLIVEIRA, 2008).
O CEAAE é um curso de pós-graduação lato sensu constituído de dois
módulos:
a) um módulo operacional, realizado no Grupo de Instrução Tática e
Especializada (GITE), da Primeira Força Aérea em Natal, RN; e
b) um módulo técnico realizado no ITA, sob a coordenação da Pró-Reitoria de
Extensão e Cooperação (PROEC/IEX).
O módulo operacional é pré-requisito para o módulo técnico visando à
obtenção do certificado de Especialista em Análise de Ambiente Eletromagnético. O
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Trabalho Individual (TI) de conclusão de curso é requisito do módulo técnico e


constitui-se de um trabalho de cunho científico, cujo relatório técnico, devidamente
documentado, é avaliado mediante uma defesa oral perante uma banca
examinadora designada pelo Conselho Consultivo do CEAAE.
A banca é constituída por pesquisadores e oficiais que atuam nos setores da
GE. Segundo Oliveira (2008), este processo visa proporcionar uma formação mais
adequada do que a obtida por cursos constituídos apenas por disciplinas.
Oliveira (2008) destaca que a elaboração e defesa oral do TI compõem uma
parte expressiva da doutrina em que o CEAAE se baseia, uma vez que:
a) em cada TI é abordada uma necessidade operacional delimitada pelo Grande
Comando ao qual o aluno está subordinado, em acordo com a coordenação
do CEAAE; e
b) a supervisão dos TI é realizada em conjunto por um orientador do CEAAE,
professor ou instrutor, e um orientador externo, designado pela coordenação
do CEAAE seguindo critérios reconhecidos pelo ITA.
O CEAAE se consolidou como curso de capacitação técnica dos órgãos
operacionais na área de GE. Neste aspecto Resende (2008) destaca que os
trabalhos realizados no CEAAE ao longo dos últimos dez anos foram responsáveis
pela implantação da cultura de utilização do método científico para a resolução de
problemas de cunho operacional. Sendo que diversos deles elucidaram assuntos
complexos acerca do emprego do vetor aéreo, solucionando questões técnicas dos
equipamentos da frota da Força Aérea.
Segundo Oliveira (2008), este sucesso se deu em grande parte pelo
delineamento de ações fundamentadas no objetivo de formar profissionais de
concepção com alto nível de qualificação através de atividades de educação
continuada no campo da tecnologia avançada de interesse aeroespacial delineadas
em acordo com os padrões de excelência estabelecidos no decreto de criação do
ITA.
Oliveira (2008) destaca também alguns pressupostos que permitiram a
consolidação do modelo de pós-graduação desenvolvido pelo CEAAE:
a) a realização de cursos de especialização a partir de demandas do Comando
da Aeronáutica é uma das atribuições do ITA;
b) o CEAAE permite que o ITA participe de atividades de interesse operacional
dos Comando Militares por intermédio de atividades de ensino e pesquisa;
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c) a execução do TI permite que os alunos do CEAAE exerçam uma ação


integradora entre o ITA e os outros Institutos do CTA em áreas de interesse
operacional;
d) a execução do TI permite que os alunos do CEAAE promovam a participação
do ITA em atividades de interesse operacional do setor aeroespacial em
colaboração com o setor industrial; e
e) os professores do ITA envolvidos na orientação de TI têm a oportunidade de
identificar linhas de pesquisa de interesse operacional que exijam
desenvolvimento de pesquisa avançada em programa de pós-graduação
stricto sensu.
O sucesso do modelo do CEAAE motivou o COMGAR, o CTA e a Comissão
para Coordenação do Sistema de Vigilância da Amazônia (CCSIVAM) a implantar o
Laboratório de Pesquisa em Guerra Eletrônica e Vigilância Eletromagnética da
Amazônia (LabGE) em 2001. Segundo Oliveira (2008), este investimento na infra-
estrutura do curso possibilitou a incorporação de critérios mais adequados para a
fixação do número de vagas ofertadas, à definição do quadro de pessoal dedicado
ao curso, bem como a compatibilização do calendário de atividades do CEAAE com
o ano letivo do ITA.
O investimento contínuo nas atividades do CEAAE tem permitido manter o
padrão de excelência na formação dos Especialistas em GE. Reforçando este ponto
de vista, Resende (2008) destaca que os trabalhos de pesquisa desenvolvidos pelos
alunos do CEAAE continuam a superar em muito as expectativas da Força Aérea,
tanto na consistência técnica como na aplicabilidade imediata do conhecimento
gerado.
Para que os conhecimentos científicos gerados no âmbito do CEAAE
possam atingir seu público-alvo, são empregados alguns meios específicos de
divulgação, dos quais Oliveira (2008) destaca:
a) revista Spectrum do COMGAR, editada semestralmente;
b) apresentação oral do TI, que permite a participação de orientadores externos
e chama a atenção dos oficiais que influenciarão na designação de novos
candidatos;
c) a realização anual do Simpósio de Guerra Eletrônica (SIGE), atualmente em
sua 11ª edição e sob a nova e mais ampla denominação de Simpósio de
Aplicações Operacionais em Áreas de Defesa, que permitiu uma ampla
21

divulgação das pesquisas em GE junto à comunidade operacional, acadêmica


e industrial, bem como contribuiu para a divulgação de realizações de
diversos ex-alunos do CEAAE por meio de apresentações técnicas; e
d) os Encontros de Centros de Guerra Eletrônica dos Comandos Militares que
propiciam oportunidades para a divulgação de resultados operacionais e a
identificação de necessidades operacionais em GE.
Todo o sucesso obtido nestes dez anos de prática do modelo do CEAAE não
impede (na verdade exige) que se mantenha um olhar crítico no sentido de
identificar necessidades e/ou possibilidades de melhora. Esta experiência tem
evidenciado o surgimento de papéis específicos na dinâmica de grupo das turmas
do CEAAE: oficiais da Marinha do Brasil (Armada, Fuzileiros) e dos quadros de
Engenharia exercendo liderança técnica sobre os oficiais dos quadros formados pela
AFA.
Este fato estimula questionamentos a respeito do processo de formação
continuada do oficial da FAB para a área de GE. A harmonia deste processo
depende da composição curricular do curso de formação básica no que tange ao
desenvolvimento de competências que permitirão dar continuidade no aprendizado
em GE. Conscientes da necessidade de minimizar possíveis descontinuidades no
ciclo de formação em GE, o conselho consultivo do CEAAE instituiu, desde a
primeira turma do curso, um processo de elevação de nível dos alunos. Até 2006
este processo consistia de um estudo dirigido (ITA, 2001) realizado antes do módulo
operacional. Ao final do estudo era realizada uma prova como avaliação diagnóstica.
A partir de 2006 este estudo dirigido foi substituído pelo EENEM.
O EENEM tem por objetivo empregar subsídios teóricos nas disciplinas de
matemática (cálculo e aplicações) e estatística na realização do CEAAE ou em
Análise Operacional.
Levando em conta os fatos expostos e o interesse em esclarecê-los,
apresenta-se o seguinte questionamento: qual a relação entre a excelência escolar
apresentada pelos alunos no módulo técnico do CEAAE no período de 1998 a 2002
e a harmonização entre os currículos dos cursos e estágios de formação inicial e
continuada para a área de GE ?
O conceito de Excelência Escolar empregado neste trabalho é o
apresentado por Perrenoud (1999a): “... a excelência escolar é feita, não idealmente,
mas tal como julgada dia após dia, dentro do funcionamento habitual da escola...”. E
22

que será relacionado ao processo de avaliação empregado no CEAAE, que se


materializa através dos conceitos obtidos pelos alunos nas disciplinas do curso.
Durante o processo de pesquisa bibliográfica e documental não foi
encontrada nenhuma referência a mudanças significativas nos currículos dos cursos
analisados no período de 1998 a 2008. Portanto, foi possível delimitar a análise ao
período de 1998 a 2002 (cinco anos) mantendo-se, entretanto, sua relevância para a
interpretação do período de dez anos como um todo.
Um estudo desta natureza permite avaliar de forma mais criteriosa as
necessidades de formação e especialização do militar atuante no SISGEA, e desta
forma colabora para o pleno emprego da GE na Força Aérea.
No decorrer deste trabalho, o conceito de formação continuada em GE será
aplicado apenas na análise do conjunto que abrange os cursos de formação de
oficiais (formação inicial) da FAB e o CEAAE (formação continuada). O Curso
Operacional de Guerra Eletrônica – COGE (formação continuada) será analisado
apenas como parte integrante do CEAAE na figura do módulo operacional.
O conceito de harmonização, para efeito de análise neste trabalho, remete
ao processo de formação continuada que se inicia na formação das competências
básicas desenvolvidas nos cursos de formação de oficiais em áreas afins as ciências
exatas e engenharia e que são empregados como ferramentas para enfrentar o
processo de desenvolvimento de novas competências, agora especializadas nos
domínios da engenharia eletrônica e computação dentro do CEAAE.
Visando organizar e facilitar a obtenção de respostas, esta questão principal
poderá ser desmembrada em questões subsidiárias que nortearão o trabalho de
pesquisa, a saber:
a) de que forma os currículos dos cursos e estágios oferecidos aos oficiais da
FAB colaboram para a formação continuada dos profissionais atuantes no
SISGEA ?
b) de que forma a excelência escolar dos alunos do CEAAE representa a
harmonia e continuidade em sua educação em GE ?
Para orientar a busca pelas respostas a estas questões estabelecemos
como objetivo geral deste trabalho analisar a harmonização curricular entre os
cursos e estágios de formação inicial e continuada para a área de GE.
O cumprimento deste objetivo nos remete a algumas etapas a serem
cumpridas e os objetivos específicos a elas inerentes:
23

a) analisar o conceito de educação continuada empregado na FAB, com ênfase


para os modelos aplicados pelo SISGEA;
b) analisar os currículos dos cursos e estágios que compõe o ciclo de educação
continuada para a área de GE na FAB; e
c) levantar a excelência escolar apresentada pelos alunos do CEAAE no período
de 1998 a 2002.
A política de recursos humanos que se desenvolve a partir das escolhas
curriculares realizadas podem conduzir uma Força Armada em direção a sua missão
institucional ou afasta-la dela. Conhecer o tipo de Guerreiro que a FAB está
formando pode ser a chave para direcionar esforços para a formação do Guerreiro
que realmente precisamos. Este tipo de conhecimento é a principal contribuição
deste trabalho, que longe de encerrar o debate sobre o assunto, pode se considerar
vitorioso se conseguir acrescentar “uma pequena laje que seja” a esta infinita
estrada do saber.
Compreender e avaliar a harmonia do currículo e seus reflexos sobre um
processo de educação continuada em GE demandam método e reflexão teórica.
Estes alicerces serão o alvo da próxima etapa da pesquisa.
24

2 EDUCAÇÃO CONTINUADA: UMA DÉCADA DE CEAAE

A preocupação de compreender o passado para extrair subsídios que


orientem o presente e o futuro (GRESSLER, 1983) evidencia o caráter histórico da
reflexão em curso nesta pesquisa educacional. Afinal, dez anos é uma marca
significativa de maturidade para um curso de pós-graduação lato sensu.
Esta idéia é reforçada por Pilati (2006) quando afirma que: “Os cursos de
especialização [...] foram concebidos e consolidados historicamente como atividades
acadêmicas que possuem grande mutabilidade, dinamicidade e temporalidade.” Esta
instabilidade intrínseca se manifesta, segundo Fonseca (2004), em uma
multiplicidade de funções, tais como a qualificação para docência no ensino
fundamental e médio, a atualização ou reciclagem profissional, a preparação para o
mestrado, a educação continuada, a especialização profissional em sentido estrito,
além da qualificação para o ensino superior.
No caso do CEAAE, as funções mais visíveis são a especialização
profissional (em GE) e a preparação para o mestrado (pré-qualificação para o
PPGAO). Entretanto, neste trabalho, o papel do CEAAE como instrumento de
educação continuada para a área de GE estará no centro das atenções.
Este posicionamento, entretanto, sofre objeções com a argumentação de
que isto provocaria sua descaracterização como uma formação em nível de pós-
graduação. Em resposta, recorre-se a Pilati (2006) no que defende que a
especialização é destinada aos graduados e não a qualquer interessado.
Permanecendo, portanto, a ser concebida como uma modalidade de formação pós-
graduada.

2.1 HARMONIZAÇÃO CURRICULAR

Relacionar a formação profissionalizante em uma estrutura de educação


continuada conforme apresentada por Bireaud (1995) significa ver o ciclo formação
inicial, mundo profissional e formação contínua como articulados de forma a ter
seqüência adequada. A descrição sistemática de uma área de interesse para
25

compreender a harmonia deste ciclo aplicado à educação continuada em GE remete


ao caráter descritivo da pesquisa educacional em curso neste trabalho (GRESSLER,
1983).
O aluno do CEAAE é o elemento básico dessa pesquisa, cujo universo é
composto, com base na portaria de criação do curso, por oficiais da FAB, oficiais de
outras Forças Armadas e civis cujas inscrições no CEAAE foram aprovadas pelo
EMAER. Isto abre as portas para uma ampla gama de perfis curriculares na
formação inicial dos alunos que chegam ao módulo técnico do CEAAE. Uma
redução de escopo, então se faz necessária no que se refere à análise da variável
harmonização curricular. Optou-se desta forma por trabalhar apenas com os
currículos dos cursos de formação de oficiais do quadro de engenharia formados
pelo ITA, dos cursos de formação de oficiais formados pela Escola Naval (EN) e dos
cursos de formação de oficiais da AFA.
A preocupação com os alunos oriundos do Curso de Formação de Oficiais
Aviadores da AFA é de certa forma evidente em virtude da linha de pesquisa de
educação na Força Aérea em que este trabalho se enquadra. Por outro lado, a
escolha do currículo do Curso de Formação do CA ganha fundamento na
inquietação que fomenta este trabalho e que se formou na experiência diária no
corpo discente e docente do CEAAE. A análise do currículo do Curso de Formação
de Oficiais Engenheiros, em especial o de Engenheiro Eletrônico do ITA tem
especial importância como parâmetro para a identificar os pré-requisitos para as
disciplinas do módulo técnico do CEAAE.
A lógica encontrada para a análise da harmonização curricular corresponde
a uma inversão da ordem cronológica em que o ciclo se constrói. Este processo foi
organizado em fases, começando pelo módulo técnico do CEAAE (formação
continuada) e retrocedendo até o curso de formação profissional inicial (formação de
oficiais). Conforme adiantado anteriormente, cada passo desta análise foi focado na
questão dos pré-requisitos, ou nas palavras de Perrenoud (1999): “..., a tudo o que
seus alunos deveriam saber ao entrar em sua aula, ...”.
O caráter profissionalizante em GE do CEAAE levará a procurar as
competências que permitirão ao Especialista em Análise de Ambiente
Eletromagnético confrontar a sua prática com situações de trabalho no ambiente
operacional da Força Aérea. Isto conduziu a pesquisa documental na procura de
dados sobre as competências exigidas dos alunos para poderem cursar, de maneira
26

eficaz, o módulo técnico do CEAAE.


Neste ponto é conveniente introduzir alguns conceitos que nos guiarão em
nosso caminho por esta análise, entre os quais destacamos o de currículo. A
UNESCO apud Sperb (1979) encara o currículo como “todas as atividades,
experiências, materiais, métodos de ensino e outros meios empregados pelo
professor e considerados por ele, no sentido de alcançar os fins da educação”.
Um aspecto relevante na análise de um currículo são os objetivos por ele
expressos. Nesta questão, Sperb (1979) se posiciona afirmando que os mesmos
devem: “... definir claramente o que se espera em relação à formação de
comportamentos, para, a seguir, precisar as áreas de experiências humanas através
das quais o educando possa formar tais comportamentos”.
O conteúdo é outro elemento do currículo cuja análise deve ser considerada.
Neste tópico Sperb (1979) ressalta que: “A validez de um conteúdo [...] existe na
proporção de sua coerência com os fins previstos e de sua adequação ao tipo de
currículo”. Ou seja, a análise dos conteúdos não pode perder de vista os objetivos
expressos pelo currículo.
A forma como estes conteúdos são agrupados em disciplinas, também deve
ser levada em conta na análise do currículo. Se para Phenix apud Sperb (1979) uma
disciplina pode ser considerada como conhecimento cuja qualidade especial é ser
apropriada para o ensino e prestar-se para a aprendizagem, Gail Inlow apud Sperb
(1979) distingue uma disciplina por três características que a definem:
conhecimentos e conceitos gerados por e relacionados com uma determinada área
da vida, métodos de descoberta e de constatação de conhecimentos e hipóteses
dentro de tal área e, como terceira característica, a constante evolução.
Como área do conhecimento, a GE destaca a necessidade de um cuidado
especial sobre as forma de determinação dos conteúdos. Seu caráter multidisciplinar
nos coloca em alerta: “os conhecimentos, aquisições e competências requeridos
pelo exercício de uma profissão não devem estar, de nenhum modo, subordinados
às exigências de uma única disciplina ou microdisciplina de investigação”
(BIREAUD, 1995).
Bireaud (1995) defende uma formação profissionalizante superior que
ministre aos estudantes elementos de cultura geral relativos à área freqüentada e
que lhes forneçam os instrumentos metodológicos que lhes permitam adquirir
competências, as “metacompetências profissionais”. Estas competências são
27

definidas por Reuchlin apud Bireaud (1995) como: “competências relativamente


estáveis que dão a possibilidade de se adquirirem as diretamente utilizáveis do
ponto de vista profissional, e que se encontram em permanente evolução”.
Malglaive apud Bireaud (1995) define o termo teoria ou saberes teóricos
como aqueles que se preocupam com o conhecimento do real e da sua atividade e
saberes práticos quando se trata de conhecimentos relativos à ação sobre esse
mesmo real, enfatizando a diferença de comportamento como divisor de águas entre
teoria e prática. Isto ressalta o problema da articulação e da coerência a estabelecer
o equilíbrio entre ensinos mais prescritivos (visando à ação) e ensinos de índole
mais crítica (visando o conhecimento). A divisão em módulos do modelo do CEAAE
reflete bem esta preocupação com o equilíbrio da composição curricular.
Estes e outros conceitos que servem de base para a análise ficam mais
claros a luz da teoria. Para obter uma visão panorâmica recorreremos a Mizukami
apud Gil (2008), que define cinco abordagens para o fenômeno educativo:
a) Abordagem Tradicional - nesta abordagem o professor é visto como o
especialista, como o elemento fundamental na transmissão de conteúdos. O
aluno é considerado um receptor passivo, até que, de posse dos
conhecimentos necessários, torna-se capaz de ensiná-los a outros e a
exercer eficientemente uma profissão.
b) Abordagem Comportamentalista - para os defensores do
comportamentalismo ou behavioristas, o conhecimento é resultado direto da
experiência. Nesta abordagem a escola é reconhecida como a agência que
formalmente educa e os modelos educativos são desenvolvidos com base na
análise dos processos por meio dos quais o comportamento é modelado e
reforçado. O professor é visto como um planejador educacional que transmite
conteúdos que têm como objetivo o desenvolvimento de competências.
c) Abordagem Humanista - o desenvolvimento da personalidade dos indivíduos
é o foco principal desta abordagem e Carl Rogers é um dos seus principais
teóricos. Nela o professor não transmite conteúdos, mas dá assistência aos
estudantes, atuando como facilitador da aprendizagem. Os estudantes são
considerados num processo contínuo de descoberta de si mesmos e o
conteúdo emerge das suas próprias experiências.
d) Abordagem Sociocultural - os aspectos socioculturais são enfatizados nesta
abordagem. Assim como o construtivismo, esta abordagem pode ser
28

considerada interacionista. No entanto, o sujeito é enfatizado como


elaborador e criador do conhecimento. Um dos principais representantes
desta corrente é Paulo Freire, para quem a verdadeira educação é a
educação problematizadora.
Para a análise da harmonização curricular adotou-se como referencial
teórico à abordagem curricular por competências, pois enfatiza a competência como
construída na prática que incita os alunos a adotarem uma postura pró-ativa.
Segundo Soares (2004), a mais conhecida referência conceitual na abordagem
curricular por competência no Brasil é encontrada nas obras de Philippe Perrenoud.
Este educador suíço de mais de sessenta anos, professor da Faculdade de
Psicologia e Ciências da Educação de Genebra foi, segundo Cysneiros (2004),
provavelmente o mais produtivo educador europeu em teoria da didática na última
década. A influência de sua obra se faz sentir na definição de Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN: ver www.mec.gov.br) no governo do Presidente
Fernando Henrique Cardoso (CYSNEIROS, 2004).
Em apoio a esta escolha recorremos a Ribeiro (2000) quando destaca que a
preparação da FAB requer a busca incessante de competências que levem a uma
postura pró-ativa diante da evolução acelerada das concepções e tecnologias dos
cenários contemporâneos.
O conceito de competência é básico para esta abordagem. Sob a ótica de
Perrenoud (1999), competência é “... uma capacidade de agir eficazmente em um
determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a
eles”. Segundo Perrenoud (1999), ela capacita a “... fazer relacionamentos,
interpretações, interpolações, inferências, invenções, em suma, complexas
operações mentais cuja orquestração só pode construir-se ao vivo, em função tanto
de seu saber e de sua perícia quanto de sua visão de situação”.
Perrenoud (1999) destaca, entretanto, que “A abordagem por competências
não rejeita nem os conteúdos, nem as disciplinas, mas sim acentua sua
implementação”. Esta visão conduziu a pesquisa documental para a consulta de
documentos históricos que permitissem “... identificar e a encontrar os
conhecimentos pertinentes” (PERRENOUD, 1999) do currículo: carga horária,
ementas, conteúdos, concepções didáticas, recomendações de bibliografia, etc.
Através deles pretende-se identificar os recursos cognitivos (saberes, capacidades,
informações, etc.) que serão mobilizados. Esta análise levou em conta às demandas
29

por disciplina e a composição do currículo como um todo.


Conforme mencionado anteriormente, o primeiro passo consistiu da análise
do módulo técnico do CEAAE, visando identificar os pré-requisitos necessários. As
disciplinas da pós-graduação stricto sensu com conteúdo similar as do CEAAE
foram usadas como referência para a análise curricular. Em uma segunda etapa foi
feita a análise da composição curricular do módulo operacional. Neste caso a
análise teve por objetivo identificar as colaborações que o currículo do módulo
operacional fornece para o êxito escolar do aluno no módulo técnico. Para tanto, foi
necessária a análise da evolução do currículo do módulo operacional no período
considerado.
Na terceira etapa foi feita uma análise da evolução da atividade de
nivelamento visando o módulo técnico do CEAAE, nesta análise está incluído o
EENEM. Até este ponto não há diferenciação no currículo, pois as atividades são
comuns e compulsórias, independentemente da formação profissional inicial
específica de cada aluno.
Na quarta etapa foram analisados (no que foi pertinente) os currículos do
Curso de Formação de Oficiais Aviadores da AFA, de Formação de Oficiais do CA
da EN e de Formação de Oficiais de Engenharia do ITA. Nesta etapa procurou-se
quantificar a variável “harmonização curricular”.
Esta análise foi desenvolvida levando em conta alguns conceitos que
permeiam a abordagem por competências de Philippe Perrenoud. Um deles,
emprestado de Lévi-Strauss, é o conceito de bricolage. Nele a competência deve
envolver a invenção, ou seja, a capacidade de formular hipóteses, de improvisar, de
desempenhar-se bem diante de uma dada situação. Perrenoud apud Silva (2008)
entende que a ação não é aplicação pura de saberes, o que, por sua vez, pressupõe
um funcionamento mental complexo que envolve a contextualização, a
descontextualização e a recontextualização.
O conceito de mobilização de recursos é fundamental para a análise dos
componentes dos currículos. Perrenoud apud Silva (2008) os descreve como:

(...) conhecimentos processuais ou procedimentais; saberes oriundos da


experiência ou de lembranças mais ou menos vagas que se referem ao que
faz ou ao que se viu fazer em situações comparáveis; de saberes teóricos
para mobilizar ou construir um problema, os processos envolvidos e as
estratégias disponíveis nesse processo; de saberes metodológicos e que
propiciem hipóteses para ordenar as questões, memorizar, comparar
hipóteses, complementar e verificar dados etc.; saberes que orientam a
30

busca de informações, de conselhos, de ajuda, em bases de dados ou no


ambientem mais ou menos próximo; enfim, todos os saberes táticos e
organizacionais.

2.2 EXCELÊNCIA ESCOLAR

A pesquisa educacional aqui apresentada, apesar de não caracterizar uma


pesquisa experimental, trabalha com dados históricos de um processo de avaliação
escolar. Este, segundo Perrenoud (1999a), determina que um “... grau de aquisição
de conhecimentos e de competências deve ser avaliado por alguém, e esse
julgamento deve ser sustentado por uma instituição para tornar-se mais do que uma
simples apreciação subjetiva e para fundar decisões [...] ou de certificação”.
Em um primeiro momento, poderia ser questionado por que não empregar
como indicador da excelência escolar os resultados dos alunos em testes de
conhecimentos administrados no âmbito de uma pesquisa independente da
avaliação escolar, partindo do princípio que se estaria medindo “a mesma coisa”,
porém de modo mais padronizado e mais confiável. Entretanto, Perrenoud (1999a)
alerta sobre a discussão sobre as relações que o resultado destes testes e a
excelência escolar reconhecida nos mesmos alunos pelo sistema educativo
institucional.
Para Perrenoud (1999a) fica a impressão de que os pesquisadores preferem
seus instrumentos de avaliação às apreciações dos professores porque estariam
mais próximos da realidade das competências dos alunos. Apesar de reconhecer um
fundo de verdade neste pensamento, Perrenoud (1999a) ressalta que os
pesquisadores em educação passam, com muita freqüência, da crítica docimológica
da avaliação escolar à tentação de substituí-la, por ocasião de uma pesquisa, por
seus próprios instrumentos, mudando assim de variável dependente sem perceber.
Desta forma, optou-se por empregar dados que “... resultam do julgamento
diferencial que a organização escolar faz dos alunos, da base de hierarquias de
excelência estabelecidas em momentos do curso que ela escolhe e conforme
procedimentos de avaliação que lhe pertencem” (PERRENOUD, 1999a).
Esta posição não deve ser confundida com uma exaltação da excelência
escolar como prática ideal de avaliação. Ela se apresenta como ferramenta
31

adequada para o objetivo deste trabalho. O que não impede que Perrenoud (1999a)
a coloque em cheque sob a perspectiva de uma avaliação formativa.
O emprego da excelência escolar como métrica nos remete a crença na
possibilidade de medida do comportamento humano, mesmo que por métodos
indiretos. Miguel (1970) nos adverte que esta medida será sempre de caráter
estatístico.
Miguel (1970) define medida como: “... a atribuição de números a realidades
empíricas segundo determinadas regras”. Entre as escalas de medida mais comuns
citaremos: a Escala Nominal, a Escala Ordinal, a Escala de Intervalos e a Escala de
Razões.
Apesar da classificação ser considerada um nível inferior de medida
(MIGUEL, 1970), é um dos princípios básicos de toda ciência. A escala nominal ou
enumerativa pode, segundo Miguel (1970) elaborar-se sempre que entre os
elementos que queremos analisar, possa realizar-se empiricamente a operação de
igualdade e desigualdade.
Para Miguel (1970): “a escala ordinal pode elaborar-se sempre que se
possam realizar com os elementos da pesquisa, as operações de igualdade e de
ordem, isto é, sempre que se possa dizer que uma coisa é ´maior que´ ou ´menor
que´ outra sob determinado aspecto”. Miguel (1970) destaca ainda que os principais
valores estatísticos a serem empregados sob o critério da escala ordinal são a
Mediana, os percentis, a correlação ordinal e um grande número de técnicas não-
paramétricas.
A escala de intervalos, segundo Miguel (1970), pode ser aplicada a um
conjunto de elementos empíricos quando com eles podemos realizar as operações
de igualdade, de ordem e de igualdade de intervalos. Na escala de intervalos, a
unidade usada como medida é a mesma em toda a extensão da escala, mas tem o
inconveniente, segundo Miguel (1970), de que o ponto “zero” da escala não é
conhecido e não pode ser determinado. Neste trabalho emprega-se a escala de
intervalos para ambas as variáveis.
A escala de razões, segundo Miguel (1970), pode ser usada com elementos
nos quais podemos distinguir quais são iguais ou desiguais, podemos ordená-los,
podemos apreciar a igualdade das diferenças e sobretudo a igualdade de razões.
A luz da estatística descritiva empregada no trabalho, a excelência escolar
se apresenta como variável dependente. Entretanto, é importante relembrar o
32

caráter histórico e não experimental da pesquisa. A harmonização curricular


aparece, então, como variável independente, porém com característica mais de
atributo relacionado ao curso de formação do aluno (Miguel, 1970).
Na análise dos dados de excelência escolar, o primeiro passo foi à tabulação
do rendimento escolar dos alunos. Analisaram-se as notas das turmas formadas de
1998 até 2002. A população ficou constituída, portanto, dos alunos pertencentes às
primeiras cinco turmas do CEAAE. A amostra empregada foi composta dos Oficiais
Aviadores formados pela AFA a partir de 1990, pelos Oficiais da Marinha do Brasil
pertencentes ao CA e pelos Oficiais Engenheiros formados pelo ITA, perfazendo
68% da população.
Os dados foram ordenados numa distribuição de freqüências. Os intervalos
de classe são categorias numéricas com respeito às quais os dados obtidos na
pesquisa são ordenados. Segundo Miguel, o número de intervalos de classe numa
determinada pesquisa, via de regra, não deve ser superior a 20 nem inferior a 10.
Neste trabalho empregou-se 10 intervalos de classe para a excelência escolar.
Uma vez construídas as tabelas de freqüências com seus respectivos
intervalos de classe foi feita a representação gráfica dos dados através de
histograma. De posse destes instrumentos, foram realizados os cálculos das
medidas de tendência central (média).
No próximo passo, foram realizadas as medidas de variabilidade (desvio
padrão), uma vez que as medidas de tendência central poderiam oferecer uma visão
errada da realidade (MIGUEL, 1970).
A curva normal ajuda a interpretar os fenômenos psico-educacionais sob o
ponto de vista estatístico. Miguel (1970) exemplifica afirmando que o fenômeno da
inteligência apresenta características aplicáveis à curva normal. Isto significa que se
for pega uma amostra significativa de indivíduos, encontrar-se-á pessoas muito
inteligentes e quase na mesma proporção encontraremos pessoas muito pouco
inteligentes. Na mesma amostra encontraremos uma maior percentagem de
inteligência média.
O estudo das correlações na pesquisa psico-pedagógica é, segundo Miguel
(1970), de uma importância extraordinária. Para este trabalho as correlações são
também muito importantes. Se nas ciências exatas usa-se o termo função quando
se conhece a relação exata entre duas ou mais variáveis, nas ciências psico-
pedagógicas esta relação não é exatamente conhecida, e por isso falamos em
33

correlação, entendendo por este termo a concomitância entre duas ou mais


variáveis.
A medida que a correlação for mais perfeita, se aproxima mais da função,
isto é, a correlação seria perfeita se o resultado fosse 1, e correlação nula, se o
resultado fosse zero. Segundo Miguel (1970), podemos falar de correlação muito
intensa (0,90 – 1), correlação alta (0,70 – 0,90), correlação moderada (0,40 – 0,70),
correlação baixa (0,20 – 0,40) e correlação muito pequena (0 – 0,20).
Segundo Miguel (1970), a concomitância ou correlação entre duas ou mais
variáveis pode ser positiva ou negativa. Existe correlação positiva quando as duas
variáveis analisadas seguem uma mesma direção, negativa quando as duas seguem
direções opostas e correlação nula quando entre as variáveis não há concomitância
nenhuma.
Na pesquisa psico-pedagógica, Miguel (1970) ressalta o cuidado a ser
tomado com o tipo de variável a ser analisada ao aplicar o método das correlações.
Quando são analisadas variáveis em três ou mais categorias, Miguel (1970)
recomenda o emprego da correlação Índice de Contingência C, o que foi feito em
nosso trabalho.
Feita a análise da correlação, o próximo passo é comprovar se os resultados
obtidos são significativos. Segundo Miguel (1970), um estatístico é significativo a um
nível de confiança (5% = 1,96 ou 1% = 2,58) quando podemos assegurar que tal
estatístico não é zero (hipótese nula). Pois bem, o problema de comprovar se as
diferenças obtidas em vários grupos são ou não significativas, é o objeto principal da
análise de variância.
Na análise de variância aplicada neste trabalho optou-se por usar técnicas
não-paramétricas visando simplicidade na realização dos cálculos. Das técnicas
não-paramétricas, foi escolhida a análise de variância por séries ordenadas
(Kruskal-Wall). O objetivo deste teste é verificar se mais de duas amostras provêm
de uma mesma população. As amostras independentes podem ser de diferente
tamanho e exigem uma medida pelo menos de tipo ordinal.

2.3 DIFERENÇAS INDIVIDUAIS: UMA QUESTÃO A CONSIDERAR


34

A análise criteriosa da validade dos dados disponíveis a luz da ciência


estatística é de suma importância para uma pesquisa como esta, que envolve dados
de avaliação de aprendizagem. Segundo Gil (2008), a aprendizagem é fortemente
influenciada pelas diferenças individuais relativas às habilidades dos estudantes. As
diferenças de desempenho dos alunos em muitos cursos podem ser explicadas pelo
nível intelectual dos aluno, suas aptidões específicas, assim como os conhecimentos
e as habilidades desenvolvidas anteriormente.
Os conteúdos de um curso como o CEAAE poderão ser aprendidos mais
facilmente por estudantes com talento para matemática do que por estudantes com
maior aptidão verbal. Gil (2008) ressalta ainda a importância da motivação do aluno
na determinação do sucesso da aprendizagem: “A motivação é que nos impulsiona
para a ação, e tem origem numa necessidade”.
Alunos motivados aprendem muito mais facilmente do que os não
motivados, entretanto Gil (2008) reforça que a motivação constitui um problema
bastante complexo, uma vez que tem origem numa necessidade, não podendo ser,
a rigor, determinada por um fator externo, como a ação educativa do professor.
O professor, segundo Gil (2008), quando define objetivos de ensino,
seleciona os conteúdos e determina as estratégias de ensino, leva em consideração
uma certa homogeneidade da classe. Mas naturalmente os estudantes apresentam
muitas diferenças entre si. Desta forma, o conhecimento da distribuição dos
estudantes segundo certas variáveis relevantes pode ser um importante auxiliar no
trabalho docente.
A Psicologia, argumenta Gil (2008), sempre se preocupou em estabelecer
leis suficientemente gerais para explicar o comportamento humano, mas os
pesquisadores logo perceberam que as leis gerais de um fenômeno apresentam
importantes variações, a ponto de as diferenças individuais tornarem-se o próprio
objeto de investigação de muitos psicólogos.
A Psicologia Diferencial aparece, segundo Gil (2008), como um campo de
estudo das diferenças físicas, intelectuais e de personalidade entre as pessoas.
Assevera ainda que apesar dos vários questionamentos sobre o assunto, é possível
dizer que as pessoas apresentam diferenças individuais por dois motivos principais,
quais sejam, ou já nasceram diferentes umas das outras ou porque passaram por
experiências diferentes ao longo de suas vidas. O primeiro motivo refere-se às
chamadas variáveis inatas. O segundo refere-se às variáveis adquiridas, que se
35

desenvolvem em decorrência da exposição das pessoas ao ambiente. A


harmonização curricular envolvendo a formação inicial e a formação continuada para
a área de GE se caracteriza desta segunda forma.
Segundo Gil (2008), o principal fundamento da Psicologia Diferencial é a
“curva de Gauss” ou da “distribuição normal”. Essa curva foi desenvolvida a partir da
constatação matemática de que o resultado da medida de alguns fenômenos, tais
como a altura das pessoas ou a evolução do preço das mercadorias ao longo do
tempo, tendiam a se manter próximos da média aritmética.
Uma propriedade das “distribuições normais” é que poucos elementos são
encontrados nas áreas correspondentes aos extremos da curva. A maioria tende a
concentrar-se em torno da média. Gil (2008) afirma que muitas das características
dos seres humanos, tais como a estatura, o peso e o nível intelectual, apresentam
“distribuição normal”, podendo ser representadas de maneira semelhante a essa
curva. Assevera ainda que muitos dos traços dos estudantes que são importantes do
ponto de vista pedagógico também se distribuem dessa forma.
Para Gagné apud Gil (2008): “A aprendizagem é inferida quando ocorre uma
mudança ou modificação no comportamento, mudança esta que permanece por
períodos relativamente longos durante a vida do indivíduo”. Gil (2008) conclui a partir
desta definição que “... ocorre aprendizagem quando uma pessoa manifesta
aumento da capacidade para determinados desempenhos em decorrência de
experiências por que passou”.
Sobre a aprendizagem, Gil (2008) ressalta a sua complexidade afirmando
que a mesma: “... não se limita à aquisição original de uma resposta aprendida, mas
compreende também seu desaparecimento posterior (extinção), sua retenção após
um intervalo de tempo (memória) e seu valor na aquisição de uma resposta nova ou
diferente (transferência)”.
A aprendizagem é compreendida no dia-a-dia da escola, segundo Gil (2008),
de modo restrito, geralmente envolvendo os significados de:
a) aquisição de conhecimentos pela experiência ou atividade intelectual;
b) aquisição da capacidade para fazer, praticar ou empreender uma ação; e
c) desenvolvimento da capacidade de exercer uma profissão.
Gil (2008) credita ao trabalho de Bloom e seus colaboradores a mudança no
uso dado pelos educadores para este conceito, que passou a incluir as mudanças
de interesses, atitudes e valores. Gil (2008) conclui a partir desta definição que: “...
36

para fins educacionais, pode-se definir aprendizagem como o processo de aquisição


de conhecimentos, desenvolvimento de habilidades e mudança de atitudes em
decorrência de experiências educativas, tais como aulas, leituras, discussões,
pesquisas, etc”.
Segundo Gil (2008), existem inúmeros fatores, dentro dos indivíduos e
mesmo fora deles, que influenciam sua habilidade para aprender. Inteligência e
criatividade são os mais conhecidos, entretanto, muitos outros de igual relevância
podem ser citados, como a motivação, a idade, o sexo, o ambiente social, os hábitos
de estudo e a memória.
Estes fatores podem descaracterizar as possíveis correlações entre as
variáveis em estudo. Entretanto é através do tratamento e análise dos dados que
será possível avançar sobre a materialidade destes fenômenos.
37

3 ANÁLISE DO MODELO CEAAE

Oliveira (2002) destaca que a organização do currículo do módulo técnico do


CEAAE tem possibilitado a execução da estratégia de Ensino e Pesquisa na área de
GE por estar baseada nos seguintes pressupostos:
a) a formação acadêmica do aluno do CEAAE deve ser fundamentada em
conhecimentos consolidados em disciplinas ministradas por três
Departamentos de Ensino da Divisão de Engenharia Eletrônica do ITA; e
b) as atividades didáticas do CEAAE devem, sempre que possível, utilizar as
metodologias “top-down” e “just in time”.
O primeiro pressuposto, segundo Oliveira (2002), garante que o currículo do
CEAAE espelhe-se em uma organização de ensino de engenharia consolidada e
facilita a sua integração na estrutura funcional do ITA. Quanto ao segundo
pressuposto, argumenta que este possibilita a inserção de informações operacionais
nas atividades didáticas. Isto ocorre, em virtude de algumas matérias serem
organizadas para enfatizarem as características de sistemas ou dispositivos
segundo uma visão funcional voltada para equipamentos de aplicações operacionais
(metodologia top-down).
Esta metodologia permite que os conhecimentos científicos, nas áreas de
eletromagnetismo, dispositivos eletrônicos, métodos matemáticos computacionais,
etc, sejam apresentados de forma integrada, facilitando a compreensão de
procedimentos de projeto e de medidas eletrônicas e opto-eletrônicas. Já a
metodologia “just in time” garante, segundo Oliveira (2002), que conhecimentos e
procedimentos científicos avançados sejam utilizados apenas em determinados
estágios das matérias que sejam determinantes para a compreensão detalhada de
informações relevantes para o perfil do aluno do CEAAE. O modelo assim definido
apresenta características tais que o habilitam como candidato a instrumento de
formação continuada para a GE, mas falta identificar a continuidade das conexões
curriculares.

3.1 MÓDULO TÉCNICO


38

O módulo técnico do CEAAE, sob responsabilidade da Divisão de


Engenharia Eletrônica do ITA, tem seu currículo constituído atualmente por doze
matérias. No período entre 1998 e 2002 o curso era composto de dez disciplinas,
sendo que nove delas eram avaliadas quantitativamente. Nossa análise neste
trabalho se restringirá a estas nove disciplinas:
a) EE-01 – Fundamentos de Microondas;
b) EE-02 – Antenas e Propagação;
c) EE-03 – Fundamentos de Fotônica;
d) EE-04 – Probabilidade e Variáveis Aleatórias;
e) EE-05 – Princípios de Telecomunicações;
f) EE-06 – Sistemas de Comunicação, Navegação e Vigilância;
g) EE-07 – Comunicações Digitais;
h) EE-08 – Processamento Radar; e
i) EE-09 – Inteligência Artificial.
O currículo do Curso de Graduação em Engenharia Eletrônico (ITA, 2008a),
por sua vez, apresenta as seguintes informações sobre as disciplinas:
a) carga horária semanal - correspondentes a cada matéria, indicando o número
de horas semanais destinado à exposição teórica da matéria, o número de
horas de aula de exercícios, o tempo usado em laboratório, desenho, projeto,
visita técnica ou prática desportiva e o número de horas estimadas para
estudo em casa, necessárias para acompanhar o curso;
b) requisito - matéria que o aluno já deva ter cursado ou condição que deve
satisfazer antes de cursar determinada matéria;
c) ementa - conteúdo programático da matéria, representando os tópicos a
serem abordados durante o tempo previsto no período; e
d) bibliografia - indicação de até 3 referências bibliográficas que o professor
poderá fazer uso como texto ao ministrar a matéria.
Os currículos tem em comum o fato de apresentarem como informação útil
para comparação os conteúdos e carga horária. O resultado desta comparação
entre os conteúdos constantes nas ementas do currículo dos cursos de engenharia
do ITA e do CEAAE pode ser observado na Quadro 1. Esta tabela relaciona as
disciplinas do CEAAE com disciplinas passíveis de serem consideradas como seus
pré-requisitos.
39

Definir os pré-requisitos é importante para o sistema escolar e para os


alunos. Nas palavras de Perrenoud (1986):

Quanto mais o aluno captar o sentido e a utilidade da aprendizagem, tiver


vontade de trabalhar, conseguir descodificar a mensagem pedagógica e
comunicar com o professor, dispuser de pré-requisitos que lhe permitam
integrar as noções e informações novas reestruturando a um nível superior
a sua organização cognitiva, mais a ação pedagógica atingirá o seu fim.

Quadro 1 – Análise de pré-requisitos para o módulo técnico do CEAAE.

DISCIPLINAS

EE-01

EE-02

EE-03

EE-04

EE-05

EE-06

EE-07

EE-08

EE-09
PRÉ-REQUISITOS

FIS-53 INTRODUÇÃO AO MATLAB


FIS-46 ONDAS E FÍSICA MODERNA
FIS-32 ELETRICIDADE E MAGNETISMO
MAT-46 FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA
MAT-36 CÁLCULO VETORIAL
MAT-32 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
MAT-27 ÁLGEBRA LINEAR
MAT-22 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II
MAT-17 VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA
MAT-12 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I
Fonte: o autor.

O currículo de referência (ITA, 2008) não prevê pré-requisitos na área de


matemática para as disciplinas FIS-46 e FIS-32, apesar do cálculo diferencial e
integral ser intensivamente aplicado nas disciplinas EE-01, EE-02 e EE-03 do
currículo do CEAAE que as tem como pré-requisito. Entretanto, este fato não
invalida o conjunto de disciplinas como pré-requisito para o módulo técnico do
CEAAE.
Para que seja possível avaliar a profundidade desejável na abordagem
destes conteúdos, recorremos a Sakane (1997) quando ressalta que um dos
principais aspectos que deveriam ser considerados na elaboração do currículo do
CPEA (Curso de PG lato sensu em Eletromagnetismo Aplicado – denominação
inicial que viria a ser modificada para CEAAE quando da publicação da portaria do
curso) era a curta duração do curso (módulo técnico), associada à formação que não
a de Engenharia Eletrônica dos seus potenciais alunos.
Sakane (1997) previa que as disciplinas técnicas do CPEA seriam diferentes
das ministradas no Curso de Graduação do ITA, em função das últimas serem de
longa duração e organizadas em uma grade curricular de 5 anos, sendo dois anos
40

de sólida formação básica em matemática e física.


A estrutura modular com disciplinas (matérias) de diferentes durações
também foi aconselhada por Sakane (1997), argumentando que desta forma seria
possível nivelar rapidamente os alunos e instruí-los com os pré-requisitos básicos.
Com base na experiência adquirida na preparação de Oficiais Aviadores
para cursarem o mestrado no exterior (Estados Unidos e Grã-bretanha) através de
elevação de nível, Sakane (1997) comenta que foi verificado que a maior
necessidade de preparação residia, pela ordem, em conhecimentos de
física/eletromagnetismo básico, matemática e probabilidade.

3.2 MÓDULO OPERACIONAL

O módulo operacional do CEAAE, realizado sobre a égide do COMGAR,


ocorre simultaneamente com o Curso Operacional de Guerra Eletrônica para Oficiais
– COGE-OF. Este curso era denominado de Curso Básico de Guerra Eletrônica até
2003. O COGE é composto das seguintes disciplinas (COMGAR, 2008):
a) Introdução à Guerra Eletrônica;
b) Visão Sistêmica da Guerra Eletrônica;
c) Fundamentos da Guerra Eletrônica; e
d) Laboratório de Guerra Eletrônica.
É possível fazer uma correlação entre os pré-requisitos identificados para o
módulo técnico e os conteúdos abordados no módulo operacional. O resultado desta
comparação pode ser observado no Quadro 2. Esta análise mostra que os
conteúdos das disciplinas do módulo operacional cobrem menos que 20% dos pré-
requisitos de referência, pois tanto os conteúdos quanto a profundidade são
inferiores aos previstos nas duas disciplinas da área de física identificadas como
pré-requisito. Perrenoud (1986) ressalta a importância desta análise:

[ ... ] não se pode compreender realmente o que se passa no quadro de um


mesmo ensino se não se souber o que se passa depois. Inversamente, é
preciso saber o que se passou antes, na medida em que as características
e as diferenças dos alunos que iniciam um mesmo ensino resultam em
parte da sua escolaridade anterior.
41

3.3 ELEVAÇÃO DE NÍVEL

A elevação de nível para o CEAAE é realizada através do EENEM desde


2007, antes disso, era realizada através de um estudo dirigido realizado antes do
início das aulas do módulo operacional.

Quadro 2 – Comparação entre pré-requisitos e conteúdos do módulo operacional.

LABORATÓRIO DE GUERRA
INTRODUÇÃO À GUERRA

GUERRA ELETRÔNICA

GUERRA ELETRÔNICA
VISÃO SISTÊMICA DA

FUNDAMENTOS DA
DISCIPLINAS

ELETRÔNICA

ELETRÔNICA
PRÉ-REQUISITOS

FIS-53 INTRODUÇÃO AO MATLAB


FIS-46 ONDAS E FÍSICA MODERNA
FIS-32 ELETRICIDADE E MAGNETISMO
MAT-46 FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA
MAT-36 CÁLCULO VETORIAL
MAT-32 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
MAT-27 ÁLGEBRA LINEAR
MAT-22 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II
MAT-17 VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA
MAT-12 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I
Fonte: o autor.

O objetivo do EENEM (COMGAR, 2008) é capacitar oficiais intermediários,


subalternos ou civis assemelhados servindo em Unidade que seja elo do SISGEA ou
Unidade do Exército Brasileiro e Marinha do Brasil, que esteja indicado para realizar
o CEAAE de forma a empregar subsídios teóricos nas disciplinas de Matemática
(Cálculo e suas aplicações) e Estatística.
A análise do conteúdo do EENEM com os pré-requisitos de referência para o
módulo técnico pode ser observada através da Quadro 3. Esta análise mostra que o
conteúdo das disciplinas do EENEM cobrem algo em torno de 40% dos pré-
requisitos identificados como referência neste trabalho. Por outro lado, oferece um
treinamento em estatística visando à disciplina de AO-01 “Introdução a Avaliação
42

Operacional”, que passou a fazer parte do currículo do CEAAE em 2006. Como a


análise foi restrita as turmas de 1998 a 2002, não foi considerado pré-requisito para
esta disciplina.
O estudo dirigido usado antes de 2007 (ITA, 2001) foi também comparado
com os pré-requisitos (referência) e o resultado pode ser observado no Quadro 4.

Quadro 3 – Comparação entre pré-requisitos e conteúdos do EENEM.

DISCIPLINAS
MATEMÁTICA ESTATÍSTICA
PRÉ-REQUISITOS

FIS-53 INTRODUÇÃO AO MATLAB


FIS-46 ONDAS E FÍSICA MODERNA
FIS-32 ELETRICIDADE E MAGNETÍSMO
MAT-46 FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA
MAT-36 CÁLCULO VETORIAL
MAT-32 EQUAÇÕES DIFERENCIAIS ORDINÁRIAS
MAT-27 ÁLGEBRA LINEAR
MAT-22 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II
MAT-17 VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA
MAT-12 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I
Fonte: o autor.

Este estudo aborda algo em torno de 50 % do conteúdo de referência e ao


seu final é realizada uma avaliação diagnostica. Isto fornece ao corpo docente do
módulo técnico subsídios para “uma avaliação inicial menos intuitiva e menos
influenciada pelas aparências ... “ (PERRENOUD, 1986). Desta forma, os
professores tem a possibilidade de guiar uma ação compensatória baseada neste
diagnóstico inicial e evitar o que Rosenthal & Jacobson apud Perrenoud (1986)
denomina de Efeito Pigmalião. Neste efeito “o professor marque de modo mais ou
menos consciente os alunos que terão grande facilidade, os que à partida terão
maiores dificuldades, entre uns e outros a massa de alunos médios” e a partir desta
avaliação intuitiva desenvolve um conceito “prognóstico marcado por um certo
fatalismo que pode dever-se a idéia de que os alunos são ou não dotados (ideologia
do dom) ou a idéia de que é impossível compensar desigualdades acumuladas
desde há muito tempo”, e como conseqüência passam a tomar atitudes
inconscientes que, de uma forma ou de outra, acabam por tornar o prognóstico uma
realidade.
A observação da tabela permite identificar uma diferença de estratégia entre
43

os dois métodos de elevação de nível no que se refere aos conteúdos abordados. O


estudo dirigido trabalhava os conteúdos previstos para a formação de nível médio e
se estendia aos conteúdos mais básicos da formação superior para as ciências
exatas. Por outro lado, o conteúdo do EENEM foca diretamente o conteúdo
matemático de nível superior, porém se estendendo mais profundamente.

Quadro 4 – Comparação entre pré-requisitos e conteúdos do Estudo Dirigido.

Representação gráfica de funções


DISCIPLINA

Ondas Eletromagnéticas
Funções de variável real

Limite e continuidade

Números Complexos
Cálculo Diferencial
Cálculo Integral
Trigonometria

Modulação
Geometria

Logaritmo

Equações
PRÉ-REQUISITOS

Matrizes

Antenas
FIS-53 INTRODUÇÃO AO MATLAB
FIS-46 ONDAS E FÍSICA MODERNA
FIS-32 ELETRICIDADE E MAGNETÍSMO
MAT-46 FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA
MAT-36 CÁLCULO VETORIAL
MAT-32 EQUAÇÕES DIF. ORDINÁRIAS
MAT-27 ÁLGEBRA LINEAR
MAT-22 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL II
MAT-17 VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA
MAT-12 CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL I
Fonte: o autor.

A diferença de estratégia se estende à visão inerente ao emprego do


método. Enquanto o estudo dirigido partia do princípio que os conteúdos já eram do
conhecimento dos alunos que precisavam desenvolver as competências para sua
articulação em níveis mais elevados, o EENEM aponta para uma abordagem que
leva em conta que os conteúdos podem ser inéditos, ou seja, podem estar sendo
apresentados pela primeira vez aos alunos.
No que concerne ao EENEM, deve também ser levado em conta à opção
feita de não abordar os conteúdos da área de física, o que deixa uma lacuna
significativa no processo de elevação de nível considerando as características
peculiares das disciplinas do módulo técnico do CEAAE.
44

Concluímos, então, a análise de pré-requisitos na etapa de formação


continuada em GE. Na seqüência será feita a análise da etapa de formação inicial
para os alunos oficiais.
Na Tab. 1 é possível observar a composição do corpo discente do CEAAE
no período sob análise neste trabalho (1998 a 2002). A observação da tabela
permite identificar duas características importantes do corpo discente do CEAAE: o
Oficial Aviador da Força Aérea é o principal usuário do curso (65,91 %) e a presença
significativa de oficiais das demais Forças Singulares (22,73 %).

Tabela 1 – Distribuição do corpo discente do CEAAE por categoria.


COMANDO CATEGORIA Nº DE ALUNOS %
AERONÁUTICA CIVIL 01 2,27
AVIADOR 29 65,91
ENGENHEIRO 01 2,27
INFANTARIA 01 2,27
ESPECIALISTA 02 4,55
EXÉRCITO BRASILEIRO ENGENHEIRO 01 2,27
COMUNICAÇÕES 04 9,09
MARINHA DO BRASIL CORPO DA ARMADA 04 9,09
FUZILEIRO NAVAL 01 2,27
TOTAL 44 100
Fonte: o autor.

A primeira característica é compreensível, uma vez que as funções na área


de GE previstas nos regimentos das Unidades que são elos do SISGEA são, em sua
maioria, direcionadas para o Quadro de Oficiais Aviadores. A segunda reflete a
Política de Guerra Eletrônica de Defesa no que concerne à aplicação do conceito de
interoperabilidade.
Uma outra característica evidente é a diversidade de categorias, cada uma
delas com diferentes estruturas curriculares quanto à formação profissional militar
inicial. Isto levou a uma restrição de escopo na análise da variável harmonização
curricular. Para análise foi escolhida a categoria dos Oficiais Aviadores da Força
Aérea e a dos Oficiais do CA da Marinha do Brasil.
Para que uma escala pudesse ser feita foi necessário estabelecer uma
referência. A referência usada neste trabalho foi o currículo do oficial Engenheiro
Eletrônico do ITA, para o qual será considerada uma harmonização curricular de
100% (cem por cento).
O cálculo do valor desta variável levou em conta a compatibilidade de
45

conteúdo e a relação de carga horária. Determinou-se primeiro a relação entre o


conteúdo da disciplina analisada e o conteúdo da disciplina de referência, caso a
relação entre a carga horária da disciplina analisada e da disciplina de referência
fosse igual ou superior a relação entre conteúdos, prevalecia a relação de
conteúdos. Caso fosse inferior, prevalecia a relação entre as cargas horárias.

3.4 OFICIAL DO CORPO DA ARMADA DA MARINHA DO BRASIL

Os oficiais da Marinha do CA são formados pela EN, instituição de ensino


superior mais antiga do Brasil (ESCOLA NAVAL, 2008). Os Cursos de Graduação
na área de Ciências Navais possuem habilitações em Eletrônica (HE), Mecânica
(HM), Sistemas de Armas (HS) e Administração.
Dentre as competências e habilidades que compõe o Perfil do oficial do CA
(ESCOLA NAVAL, 2008), destacamos as consideradas de interesse para esta
análise:
a) utilizar recursos básicos na arquitetura de sistemas de “hardware” para
microprocessamento da informação e ferramentas computacionais de uso na
Marinha do Brasil (MB);
b) descrever os princípios básicos e as aplicações dos conceitos dos fenômenos
físicos, mecânicos, elétricos e magnéticos relativos aos meios navais; e
c) identificar os fenômenos de irradiação de ondas eletromagnéticas e conhecer
as suas aplicações nas áreas de detecção e telecomunicações (HE).
Um detalhe importante que deve ser levado em conta ao confrontarem-se as
disciplinas é que o ITA trabalha as disciplinas por semestre letivo, enquanto que a
EN trabalha com o sistema de ano letivo. Com isto temos disciplinas da EN que
correspondem à composição de duas disciplinas seriadas do ITA, tanto em conteúdo
quanto em carga horária.
A Tab. 2 apresenta o resultado da análise da harmonização curricular para a
categoria dos Oficiais da Marinha do CA. A observação deste quadro permite notar
que existem lacunas na área de geometria analítica e álgebra linear. Estes
conteúdos são pré-requisitos para as disciplinas ligadas à área de
Telecomunicações e Tecnologia da Informação (Quadro 1).
46

3.5 OFICIAL DO QUADRO DE AVIADORES DA AERONÁUTICA

Os Oficiais Aviadores da FAB são formados pela AFA (DEPENS, 2002),


através do Curso de Formação de Oficiais Aviadores.

Tabela 2 – Cálculo da Harmonização Curricular: Corpo da Armada.


DISCIPLINA
PRÉ-REQUISITOS COMPATIBILIDADE TOTAL
ESCOLA NAVAL
CÁLCULO
FIS-53 INTRODUÇÃO AO MATLAB 100 100 100
NUMÉRICO
FIS-46 ONDAS E FÍSICA MODERNA FÍSICA 2 100 94 94
ELETRICIDADE 50 50
FIS-32 ELETRICIDADE E MAGNETISMO 100
ELETROMAG. 50 50
MAT-46 FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA - - - 0
MAT-36 CÁLCULO VETORIAL CÁLCULO 2 100 100 100
MAT-32 EQUAÇÕES DIF. ORDINÁRIAS CÁLCULO 2 100 100 100
MAT-27 ÁLGEGRA LINEAR - - - 0
MAT-22 CÁLCULO DIF. E INTEGRAL II CÁLCULO 1 100 63 63
MAT-17 VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA - - - 0
MAT-12 CÁLCULO DIF. E INTEGRAL I CÁLCULO 1 100 100 100
HARMONIZAÇÃO CURRICULAR 66
Fonte: o autor.

Um detalhe importante que deve ser levado em conta ao confrontarem-se as


disciplinas é que o enfoque dado à formação dos Oficiais Aviadores da FAB mudou
muito no final da década de 80. Segundo Pires (2001):

Àquela época as autoridades entenderam que o oficial da força deveria


possuir uma concepção mais humanística, mais voltada para a
administração de recursos humanos em detrimento de uma capacitação
mais técnica que o habilitaria a solucionar problemas complexos e com uma
série de fatores intervenientes.

Por outro lado, Pires (2001) nos informa que até 1989 a AFA praticava uma
formação do cadete voltada para o curso de engenharia, acreditando-se que “um
oficial aviador deveria deter conhecimentos técnicos necessários para gerenciar uma
força aeroespacial moderna”.
Neste trabalho será analisado o currículo implementado após a modificação
realizada em 1989. Desta forma, os alunos formados pela AFA com base no
currículo antigo não serão considerados na análise da Excelência Escolar.
47

A Tab. 3 apresenta o resultado da análise da harmonização curricular para a


categoria dos Oficiais Aviadores da FAB. A observação deste quadro permite notar
que existem deficiências consideráveis tanto em física quanto em matemática.

Tabela 3 – Cálculo da Harmonização Curricular: Quadro de Aviadores.


DISCIPLINA
COMPATIBILIDADE TOTAL
PRÉ-REQUISITOS ACADEMIA DA
% %
FORÇA AÉREA
FIS-53 INTRODUÇÃO AO MATLAB - - - 0
FIS-46 ONDAS E FÍSICA MODERNA - - - 0
FIS-32 ELETRICIDADE E MAGNETISMO ELETRICIDADE 20 42 20
MAT-46 FUNÇÕES DE VARIÁVEL COMPLEXA - - - 0
MAT-36 CÁLCULO VETORIAL - - - 0
MAT-32 EQUAÇÕES DIF. ORDINÁRIAS CÁLCULO 2 20 31 20
MAT-27 ÁLGEGRA LINEAR - - - 0
MAT-22 CÁLCULO DIF. E INTEGRAL II - - - 0
GEOMETRIA
MAT-17 VETORES E GEOMETRIA ANALÍTICA 13 100 13
ANALÍTICA
MAT-12 CÁLCULO DIF. E INTEGRAL I CÁLCULO 1
100 100 100
CÁLCULO 2
HARMONIZAÇÃO CURRICULAR 15
Fonte: o autor.

Para analisar as implicações deste fato recorreremos a Perrenoud (1986), ao


conceito de desigualdade virtual de competências e suas implicações quanto a visão
estratégica de Força Aérea que se pretende obter através da educação continuada: “
... uma desigualdade virtual de competências que se manifesta um, cinco ou dez
anos mais tarde, na medida em que a desigualdade actual implica destinos
escolares distintos ...”. Transpondo o conceito, as desigualdades de competências
em física e matemática observadas nesta análise “ ... aumenta as desigualdades de
sucesso, excluindo uma fração de alunos, de certo tipo de formações”
(PERRENOUD, 1986), no caso, as relacionadas a aplicações operacionais, todas
elas de base tecnológica, tal como a GE.
Partindo para uma visão de longo prazo, a mudança do currículo do Oficial
Aviador, de um perfil de engenharia para um perfil de administração, pode estar
prestando um desserviço a Institucionalização da Excelência na FAB, na medida que
direciona potenciais e competências para a área meio e desta forma “ ... alimentar
os mecanismos amplificadores da seleção e da orientação ... “ (PERRENOUD,
1986), para longe da atividade fim da Força Aérea.
48

3.6 CINCO ANOS DE EXCELÊNCIA ESCOLAR NO CEAAE

A análise da variável Harmonização Curricular permitiu avaliar as categorias


escolhidas quanto à completude da formação inicial em relação aos pré-requisitos
identificados usando por base o currículo do curso de Graduação em Engenharia
Eletrônica do ITA.
Nesta análise foi possível identificar que a disciplina EE-07 – Comunicação
Digital – se destacava como bastante exigente quanto à abrangência dos pré-
requisitos exigidos. Por esta razão, ela foi escolhida para a análise da variável
Excelência Escolar.
Iniciaremos esta análise apresentando na Fig. 1 uma visão geral da
distribuição dos alunos do período de 1998 a 2002 em todas as categorias, inclusive
as que não foram foco de análise específica neste trabalho.

HISTÓRICO DE DISTRIBUIÇÃO

12

10

8
ALUNOS

0
CIVIL

INF

MB FN
ENG

EB ENG
EB COM

EB COM

EB COM

COM

EB COM

COM
AV

AV

MB CA
AV

MB CA
AV

AV

MB CA

1998 1999 2000 2001 2002


ANO

Figura 1 – Distribuição dos alunos por categoria: 1998 a 2002.


Fonte: o autor
49

A necessidade de restringir o escopo da pesquisa levou a considerar para a


análise da variável Excelência Escolar as seguintes categorias:
a) Oficiais Aviadores formados pela AFA a partir de 1990;
b) Oficiais da Marinha do Brasil do Corpo da Armada;
c) Oficiais Engenheiros do Comando da Aeronáutica.
Na Tab. 4 é possível observar a distribuição de freqüências dos dados de
Excelência Escolar. Nele podemos observar que a Amplitude Total (A.T.) da amostra
é igual a:

A.T = 9,5 − 7,1 = 2,4

Dividindo a Amplitude Total obtida pelo número de intervalos desejado.


Nesta pesquisa foram considerados 10 intervalos. A amplitude de cada intervalo foi
de 0,24 (i = 0,24). A contagem da freqüência foi realizada para cada categoria
analisada, onde EN indica a categoria de Oficiais Engenheiros, CA indica a de
Oficiais do Corpo da Armada e AV indica a de Oficiais Aviadores. A Fig. 2 apresenta
graficamente a distribuição de freqüências.

Tabela 4 – Distribuição de freqüências.


X P.M. EN CA AV x' Enx' CAx' AVx' ENx'² CAx'² AVx'²
7,10 7,33 7,22 0 0 1 -4 0 0 -4 0 0 16
7,34 7,57 7,46 0 0 1 -3 0 0 -3 0 0 9
7,58 7,81 7,70 0 0 5 -2 0 0 -10 0 0 100
7,82 8,05 7,94 0 0 0 -1 0 0 0 0 0 0
8,06 8,29 8,18 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0
8,30 8,53 8,42 0 1 4 1 0 1 4 0 1 16
8,54 8,77 8,66 0 0 4 2 0 0 8 0 0 64
8,78 9,01 8,90 1 3 4 3 3 9 12 9 81 144
9,02 9,25 9,14 0 0 1 4 0 0 4 0 0 16
9,26 9,50 9,38 0 0 3 5 0 0 15 0 0 225
TOTAL 1 4 25 Σ= 3 10 26 9 82 590
Fonte: o autor.

Para determinação da Média Aritmética com dados agrupados empregamos


o método da Média Suposta. Neste trabalho foi escolhido o intervalo de 8,30 a 8,53,
de tal forma que a Média Suposta é o ponto médio deste intervalo, que vale 8,42.
A Eq. 1 permite determinar a média aritmética:
50

x = xs + i ∑ 
 fx ′ 
(1)
 N 
Onde:
xs = Média Suposta (Ponto Médio do Intervalo)

i = Amplitude do intervalo de classe

HISTOGRAMA

6
FREQUÊNCIA

EN
4 CA
2 AV
Polinômio (AV)
0
7,2 7,4 7,7 7,9 8,1 8,4 8,6 8,9 9,1 9,3
EN 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0
CA 0 0 0 0 0 1 0 3 0 0
AV 1 1 5 0 2 4 4 4 1 3
INTERVALOS DE CLASSE

Figura 2 – Distribuição de freqüências.


Fonte: o autor.

Para os Oficiais Engenheiros, a média será:

 3
x = 8,42 + 0,24  = 8,42 + 0,72 = 9,14
1
Para os Oficiais do CA:

 10 
x = 8,42 + 0,24  = 8,42 + 0,6 = 9,02
4
E para os Oficiais Aviadores:

 26 
x = 8,42 + 0,24  = 8,42 + 0,25 = 8,67
 25 
Este resultado é coerente com o esperado em função dos valores obtidos
para a variável Harmonização Curricular, conforme podemos observar no gráfico da
Fig. 3.
51

Por outro lado, os valores absolutos das médias obtidas por categoria
evidenciam a concorrência de outros fatores (motivação pessoal e/ou diferenciação
do ensino) que colaboram para o êxito escolar dos alunos apesar de não serem
suficientes para descaracterizar as diferenças relativas a formação inicial.

9,2 9,14
EXCELÊNCIA ESCOLAR

9,1 9,02
9
Seqüência1
8,9
8,8
8,67 Polinômio
8,7
(Seqüência1)
8,6
8,5
8,4
15 66 100

AV CA EN
HARMONIZAÇÃO CURRICULAR

Figura 3 – Média Aritmética da Excelência Escolar por categoria.


Fonte: o autor.

A Eq. 2 permite o cálculo do desvio padrão:

∑ fx′ −  ∑ 
2
2
 fx′ 
σ =i (2)
N  N 
Recorrendo aos valores calculados na Tab. 4, temos:

2
9  3
σ EN = 0,24 −   = 0
1 1

2
82  10 
σ CA = 0,24 −   = 0,91
4 4

2
590  26 
σ AV = 0,24 −   = 1,14
25  25 

Os valores obtidos do cálculo do desvio padrão permitem observar que na


52

categoria dos Oficiais Aviadores houve maior diferença entre os indivíduos que
constituem o grupo, ou seja, houve menor homogeneidade. Entretanto, devemos
tomar cuidado, uma vez que o número de elementos desta categoria é
sensivelmente maior que as demais.
O próximo passo nesta análise é analisar a correlação entre a variável
Excelência Escolar e Harmonização Curricular. Para tanto, aplicaremos a correlação
Índice de Contingência C, cujo cálculo pode ser realizado através da Eq. 3:

χ2
C= (3)
N + χ2

Esta equação conduz ao emprego da técnica não paramétrica de χ 2 . Esta


técnica, segundo Miguel (1970), consiste em um estatístico que indica se a diferença
entre determinadas freqüências empíricas e uma determinada hipótese é, ou não,
significativa. No caso da análise em curso foi considerada a hipótese de que a
variável Excelência Escolar atende a uma distribuição Normal.
A Eq. 4 permite realizar o cálculo de χ 2 :

χ 2
=
( fe − ft )
2
(4)
ft
Onde:
fe = freqüência empírica
ft = freqüência teórica
Para o cálculo das freqüências teóricas foi necessário arbitrar um valor para
o desvio padrão e estabelecer um nível de confiança. O valor escolhido para o
desvio padrão foi igual ao intervalo de classe da variável Excelência Escolar (0,24) e
para o nível de confiança foi arbitrado o valor de 5%. Na Tab. 5 é possível observar
os valores das freqüências empíricas e teóricas empregas no cálculo de χ 2 .

No cálculo de χ 2 foram empregadas apenas as classes cuja freqüência


teórica é não nula. Como se trata de uma tabela de “dupla-entrada”, Miguel (1970)
orienta que o número de graus de liberdade é igual ao número de filas menos um (f-
1) vezes o número de colunas menos um (c-1). No caso em pauta, o grau de
liberdade é igual a 18. Calculando χ 2 temos:
53

4 4 25 81 1 4 1
χ2 = + + + + + + = 21,44
2 1 6 10 6 2 1

A consulta a tabela de χ 2 (MIGUEL, 1970) para 18 graus de liberdade ao

nível de confiança de 5% fornece o valor de 28,869. Como neste caso χ 2 é menor


que 28,869, é possível concluir que as diferenças obtidas não são significativas, ou
seja, que a hipótese da distribuição normal para a variável Excelência Escolar é
aceitável dentro do nível de confiança arbitrado.

Tabela 5 – Dados para cálculo de χ 2 .

EN CA AV
X P.M.
Fe Ft Fe Ft Fe Ft
7,10 7,33 7,22 0 0 0 0 1 6
7,34 7,57 7,46 0 0 0 0 1 10
7,58 7,81 7,70 0 0 0 0 5 6
7,82 8,05 7,94 0 0 0 0 0 2
8,06 8,29 8,18 0 0 0 0 2 1
8,30 8,53 8,42 0 0 1 1 4 0
8,54 8,77 8,66 0 0 0 2 4 0
8,78 9,01 8,90 1 0 3 1 4 0
9,02 9,25 9,14 0 0 0 0 1 0
9,26 9,50 9,38 0 1 0 0 3 0
TOTAL 1 1 4 4 25 25
Fonte: o autor.

Uma vez determinado o valor de χ 2 , passaremos ao cálculo da correlação


através do Índice de Contingência C:

21,44
C= = 0,65
30 + 21,44

O Índice de Contingência C deve ser interpretado, segundo Miguel (1970), em


função do Índice de Contingência Máximo. Consultando a tabela correspondente
(MIGUEL, 1970), verifica-se que para um número total de 3 categorias, o Índice de
Contingenciamento Máximo é igual a 0,816. Uma vez conhecido o Índice de
Contingenciamento Máximo, a Eq. 5 permite o cálculo da correlação rxy:

C
rxy = (5)
C.Máx.
54

0,65
rxy = = 0,8
0,816
O valor obtido nos permite intuir, em um primeiro momento, que a correlação
entre a variável Harmonização Curricular e Excelência Escolar apresentam, segundo
Miguel (1970), uma correlação alta. Entretanto, é necessário realizar uma análise de
variância para verificar o resultado obtido é significativo.
A análise de variância por séries ordenadas (Kruskal-Wall) terá por objetivo
identificar se as amostras provêm de uma mesma população. No caso em estudo,
cada uma das três categorias compõe uma das amostras. Neste método, o primeiro
passo é ordenar os dados obtidos nos três grupos (tomados em conjunto), conforme
podemos observar na Tab. 6.

Tabela 6 – Ordenando os dados.


ENGENHARIA CORPO DA ARMADA AVIADORES
NOTA ORDENAÇÃO NOTA ORDENAÇÃO NOTA ORDENAÇÃO
8,90 21 8,30 10 7,10 1
8,90 22 7,50 2
8,90 23 7,70 3
8,90 24 7,70 4
7,70 5
7,80 6
7,80 7
8,10 8
8,20 9
8,30 11
8,40 12
8,40 13
8,50 14
8,60 15
8,70 16
8,70 17
8,70 18
8,80 19
8,80 20
8,90 25
9,00 26
9,10 27
9,30 28
9,50 29
9,50 30
REN 21 RCA 79 R AV 365
Fonte: o autor.
55

A partir dos dados ordenados, o valor de H será calculado empregando a


Eq. 6 (MIGUEL, 1970):

12  REN
2 2
RCA 2
RAV 
H=  + +  − 3( N − 1) (6)
N ( N + 1)  nEN nCA n AV 

12  441 6241 133225 


H= + + − 3(30 − 1) =
30(30 + 1)  1 4 25 

H = 94,58 − 87 = 7,58

O valor H, (equivalente à estatística χ 2 ) deverá ser interpretado em função


dos graus de liberdade da amostra. Neste tipo de pesquisa, segundo Miguel (1970),
os graus de liberdade são iguais ao número de grupos menos um. Portanto, para os
cálculos em curso, o grau de liberdade será igual a 2.
Consultando a tabela de χ 2 (MIGUEL, 1970), observamos que, para 2 graus
de liberdade e ao nível de confiança de 5%, encontramos o valor 5,991. Segundo
Miguel (1970), sempre que H for maior ou igual ao valor da tabela, podemos afirmar
que os resultados obtidos são significativos.
Uma vez que os resultados obtidos são significativos e que a correlação
apresentada entre as duas variáveis é alta, podemos concluir que a excelência
escolar apresentada pelos alunos das turmas de 1998 a 2002 representou de forma
proporcional a harmonização curricular do ciclo de formação continuada em GE. De
forma mais objetiva, a redução da base em matemática e física do currículo do curso
de formação refletiu-se no rendimento relativo dos alunos Oficiais Aviadores quando
comparado como o dos alunos Oficiais do Corpo da Armada da Marinha do Brasil e
Oficiais Engenheiros do Comando da Aeronáutica.
A análise curricular e a análise estatística se compuseram para levar um
pouco de luz sobre o efeito da formação básica no processo de educação
continuada em GE. É momento agora de articular as conclusões para formar um
quadro geral da educação continuada em GE na FAB.
56

CONCLUSÃO

Durante o transcorrer do trabalho observou-se que o CEAAE foi criado como


um primeiro passo de um programa de institucionalização da excelência
desenvolvido no âmbito da FAB. Iniciado em 1998, constatou-se que nos seus 10
anos de exercício, o modelo de pós-graduação que ele representa obteve grande
sucesso, se tornando a base para a posterior implantação do PPGAO.
Foram identificadas as características especiais do profissional que o
CEAAE forma e o impacto das ações dos especialistas formados sobre a cultura de
utilização do método científico para a solução de problemas de cunho operacional
na FAB. Observou-se também que era chegada a hora de imprimir um olhar crítico
sobre a dinâmica do curso no sentido de identificar necessidades e/ou possibilidades
de melhora.
Dentro deste olhar crítico, identificou-se o surgimento de papéis específicos
sendo efetivamente exercidos por categorias de alunos do CEAAE e a partir desta
constatação construiu-se o questionamento sobre o papel deste curso dentro de um
processo de formação continuada do Oficial Aviador da FAB para a área de GE.
Para abordar esta questão, a estratégia escolhida foi estudar a harmonia
curricular entre as diversas fases do ciclo de formação continuada em GE e sua
relação com a excelência escolar apresentada pelos alunos no módulo técnico do
CEAAE. A fim de garantir a sua viabilidade, o escopo do estudo foi delimitado no
tempo aos cinco primeiros anos de atividade do CEAAE (1998-2002) e no seu
âmbito as categorias dos Oficiais Aviadores e Oficiais de Engenharia da FAB e aos
Oficiais do CA da Marinha do Brasil.
O caminho trilhado no desenvolvimento desta estratégia foi procurar nas
disciplinas do Curso de Graduação em Engenharia Eletrônica do ITA um conjunto de
disciplinas que pudessem, por seu conteúdo e carga horária, ser consideradas como
pré-requisitos para as disciplinas do módulo técnico do CEAAE. Em seguida, este
bloco de disciplinas foi empregado para analisar a harmonização curricular das
demais fases do ciclo de educação continuada em GE onde o curso se inclui. Esta
análise culmina com os Cursos de Formação de Oficiais (formação inicial), onde se
inclui o Curso de Formação de Oficiais do CA ministrado pela EN em virtude da
política de interoperabilidade estabelecida pela política de defesa brasileira.
57

A análise documental relacionada a gênese do CEAAE revelou que a curta


duração do curso associada ao perfil esperado do aluno foram fatores importantes
para a determinação da profundidade com que os conteúdos são abordados, bem
como a necessidade de conhecimentos de física/eletromagnetismo básico,
matemática e probabilidade como pré-requisitos para o acompanhamento das
atividades didáticas pelos alunos.
A análise da harmonização curricular, entretanto, revelou que as fases
intermediárias do ciclo de educação continuada abrangem parcelas reduzidas dos
pré-requisitos (conteúdo e carga horária): 20% para o módulo operacional, 40% para
o EENEM e 50% para o estudo dirigido. Uma conclusão importante nesta fase da
análise se refere as diferentes estratégias empregas pelas duas formas de elevação
de nível estudadas.
A coerência do emprego de uma ou outra se projeta a expectativa sobre a
abrangência do currículo ministrado no nível de formação inicial. Esta constatação é
tão mais importante quando se constata na fase seguinte da análise curricular a
baixa cobertura dos pré-requisitos pelo currículo do Curso de Formação de Oficiais
Aviadores.
Finalizando a análise curricular, constatou-se que a mudança no Currículo
do Curso de Formação de Oficiais Aviadores teve como conseqüência uma
cobertura reduzida dos pré-requisitos de referência (15%) se compara com o
currículo do Curso de Formação de Oficiais do CA (66%).
Na análise estatística da excelência escolar temos uma nova redução de
escopo, que levou a escolher a disciplina EE-07 Comunicação Digital, como fonte de
dados em função da abrangência de pré-requisitos que exige. Notamos também que
alguns alunos pertencentes ao período escolhido foram excluídos da análise em
virtude de terem se formado na AFA quando da vigência do modelo curricular
baseado na formação em engenharia.
A análise se inicia com a apresentação dos dados com base na distribuição
das freqüências com que as notas obtidas pelos alunos se inserem nos 10 intervalos
de classe em que a Amplitude Total foi dividida. A média por categoria confirma as
expectativas em termos de rendimento relativo entre classes, enquanto que seus
valores absolutos apontam para outros fatores intervenientes.
A motivação pessoal e a operacionalização de um ensino diferenciado no
módulo técnico podem ter colaborado para garantir o êxito escolar dos alunos,
58

apesar de não terem sido suficientes para descaracterizar as diferenças devidas aos
currículos dos cursos de formação inicial. No que se refere a homogeneidade dos
grupos, o desvio padrão calculado permitiu identificar o grupo dos Oficiais Aviadores
como o de rendimento mais heterogêneo.
O próximo passo foi determinar a correlação entre as variáveis, para isto foi
utilizado o Índice de Contingência C, entretanto foi necessário calcular primeiro o
estatístico χ2. Este cálculo permitiu concluir que, a um nível de confiança de 5%, a
hipótese de distribuição normal para a variável Excelência Escolar é aceitável a
partir dos dados disponíveis.
A partir do cálculo do Índice de Contingência C foi possível determinar a
correlação entre as variáveis, cujo valor igual a 0,8 aponta para uma alta correlação.
Entretanto foi necessária uma análise de variância para comprovar se a amostra
sobre a qual foi calculada a correlação era significativa. Esta análise foi feita pelo
método Kruskal-Wall, cujo valor H encontrado de 7,58 para o grau de liberdade igual
a 2 e a um nível de confiança de 5% permite considerar como significativo o
resultado obtido para correlação.
Finalizando, conclui-se que a Excelência Escolar apresentada pelos alunos
no módulo técnico do CEAAE no período de 1998 a 2002 foi significativamente
influenciada pela harmonização curricular do ciclo de formação continuada em GE.
A partir das conclusões expostas é possível considerar como significativa a
contribuição da pesquisa para a base de conhecimento na área de concentração em
Educação na Força Aérea, uma vez que identificou e esclareceu possíveis efeitos
adversos da atual política de formação de recursos humanos para a atividade fim da
Força.
Por fim, a confiança no ensino acadêmico como caminho para a
institucionalização da excelência nos domínios da guerra para a FAB nos remete as
palavras do grande líder inglês, Sir Winston Churchil:

Realização profissional, baseada em estudo prolongado e coletivo em


universidades, grau a grau e ano a ano – esses são os bastões dos futuros
comandantes das forças armadas, bem como o segredo das vitórias futuras.
(Winston Churchil,1946)
59

REFERÊNCIAS

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de implantação. Rio de Janeiro: EAOAR, 1999.

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(Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.

SPERB, Dalilla C. Problemas gerais de currículo. Porto Alegre: Globo, 1979.


61

GLOSSÁRIO

APLICAÇÕES OPERACIONAIS – Atividades que estão diretamente ligadas ao


Preparo e Emprego da Força Aérea, tais como a Guerra Eletrônica, a Análise
Operacional, o Comando e Controle e o Armamento Aéreo.

DOCIMOLÓGICA – Referente a ciência que estuda as provas, exames e testes


aplicados à educação e à formação profissional.

EDUCAÇÃO CONTINUADA – Modalidade de processo didático que oferece aos


alunos e egressos do sistema formal de ensino e aos que estão fora do ensino
formal, a possibilidade de atualização, reciclagem ou complementação de
conhecimentos anteriormente adquiridos, aquisição de conhecimentos novos ou,
ainda, uma qualificação técnica, profissional, cultural, artística, etc.

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO - Faixa contínua de freqüências, habitualmente


larga, dentro da qual as ondas de uma determinada natureza têm alguma
propriedade em comum.

GUERRA ELETRÔNICA – Compreende as ações realizadas com a finalidade de


delimitar, explorar, evitar ou reduzir o uso eficaz da energia eletromagnética pelas
forças inimigas ou inimigas em potencial, garantindo o seu uso pelas forças amigas.

PÓS-GRADUAÇÃO - Curso/programa acadêmico realizado após a conclusão do


curso de graduação. No Brasil, a pós-graduação compreende os cursos de
especialização (pós-graduação lato sensu ) e os programas de mestrado e
doutorado (pós-graduação stricto sensu ).

TÉCNICAS NÃO-PARAMÉTRICAS - As técnicas não-paramétricas são aquelas em


que não é necessário fazer suposições sobre a distribuição da população da qual
tenham sido extraídos os dados para análise.

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