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Revolta ou Revolução

Albert Camus e a atualidade


As revoltas atuais no mundo árabe lembram os pensamentos de Albert Camus, dos quais
vamos citar algumas idéias que consideramos muito atuais.
Camus fazia uma distinção clara entre revolta e revolução.
A revolta é uma ação individual de quem nota algo injusto que está acontecendo com ele ou
com outros e pensa 'isso é demais´ ou 'agora chega´. Esta injustiça pode ocorrer contra o próprio
indivíduo ou contra outras pessoas. O indivíduo resolve agir para eliminar a injustiça, mesmo que
esta ação possa lhe custar muito caro. Claro que a revolta também pode acontecer de forma coletiva,
se diversos indivíduos compartilham a mesa revolta.
Já a revolução é uma ação coletiva, baseada em um ideal a ser alcançado. Geralmente uma
revolução é conduzida por um líder que incorpora seus ideais. Para manter o que foi alcançado no
caminho para este ideal, toda opressão e brutalidade é permitida, como justificativa para conseguir o
ideal. A revolução nega a natureza humana individual em nome do ideal coletivo abstrato. Por isso,
as revoluções geralmente alcançam algo não menos brutal e injusto do que o elas combateram.
Os movimentos do mundo árabe são claramente revoltas contra uma situação insuportável
mas não revoluções. Uma revolta tenta eliminar a situação mas, sempre reacendo se esta ou outras
situações reaparecerem.

A diferença entre o fascismo e o comunismo soviético, p.ex., era que o primeiro idolatrava o
opressor pelo opressor e segundo idolatrava o opressor pelo oprimido.

FRASES: no lugar do cogito ergo sum (penso, logo existo) Camus coloca “me revolto, logo somos”,
o que destaca a relação do indivíduo com coletivo.

Como em uma existência sem a crença em uma terra prometida que dá sentido à vida, é difícil
determinar um motivo para nossa existência, segundo Camus a vida não tem sentido em si, nós é
que podemos dar sentido a ela nos engajando contra a opressão - me revolto, logo somos. Apesar
do absurdo de nossa existência, somos capazes de nos revoltarmos contra injustiças e esta revolta dá
sentido à existência do indivíduo e dos outros.

“Razão é a responsabilidade do homem que conhece sua dimensão humana”

Dilema: viver em uma liberdade em que prevalece a injustiça ou viver com mais justiça em que a
liberdade é restrita.

A liberdade também é o esforço diário, até o esgotamento, de combater interminavelmente a


opressão desmedida. Isto significa, seja qual for a sociedade, sempre exigir a justiça para, algumas
vezes, alcançá-la. A liberdade é um grito seguido de um trabalho árduo.

“O objetivo da arte e de uma vida só pode ser o aumento da liberdade e responsabilidade que está
contida em toda pessoa e no mundo”.

“A obra de um artista, assim como sua vida, podem ter dado certo ou não. Mas, se ele ao final de
um longo esforço, puder dizer ter conseguido aliviar um pouco as correntes que pesam sobre a
humanidade, ele poderá, de certa forma, perdoar a si mesmo”.

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