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A teoria das finanças públicas, de maneira geral, está fundamentada na existência das
falhas de mercado. As falhas de mercado acabam gerando necessidades, tais como:
presença do governo no mercado, estudo das funções do governo, da teoria da
tributação e do gasto público.
Falhas de Mercado
De acordo com a teoria do bem-estar social, em determinadas condições, os mercados
competitivos geram uma alocação de recursos. Quando não for mais possível que a
realocação dos recursos gere um aumento do grau de satisfação de um indivíduo sem
degradar na situação de um outro indivíduo qualquer, ocorre o ótimo de Pareto, ou seja,
não há como melhorar o bem-estar de um indivíduo sem prejudicar o bem-estar de pelo
menos um outro indivíduo.
Entretanto, existem distorções que são denominadas “falhas de mercado” impedindo
que o ótimo de Pareto se realize, tais como: existência de bens públicos, falhas de
competição (existência de monopólios naturais), externalidades, mercados incompletos,
informação assimétrica, desemprego e inflação.
Bens Públicos
Os bens públicos são caracterizados como bens cujo consumo por parte de um
indivíduo não prejudica o consumo dos demais indivíduos (consumo indivisível ou não-
rival), pois todos se beneficiam de sua produção. Uma vez produzidos, os bens públicos
irão beneficiar a todos os indivíduos, independentemente da participação de cada um no
rateio dos custos.
Outra característica importante dos bens públicos resulta do fato de que é praticamente
impossível impedir que um indivíduo desfrute de um bem público, também conhecida
como princípio da não-exclusão. Por exemplo, se o governo melhora a iluminação da
determinada via pública, todos os indivíduos que utilizarem esta via serão beneficiados,
e não há possibilidade de distinção entre estes indivíduos. Essa característica dificulta o
rateio dos custos de produção dos bens públicos entre a população, pois não há como
mensurar o quantum de benefício de cada indivíduo.
Os exemplos mais comuns de bens públicos são: justiça, segurança pública e defesa
nacional (bens intangíveis) e praças, ruas e iluminação pública (bens tangíveis).
Há uma espécie de bens, denominados bens meritórios ou semi-públicos, que podem
ser considerados como uma classificação intermediária entre os bens públicos e os de
mercado, e possuem a seguinte característica: podem ser produzidos pela iniciativa
privada, pois são submetidos ao princípio da exclusão, mas também podem ser
produzidos, total ou parcialmente, pelo setor público, devido aos benefícios sociais
gerados e às externalidades positivas. Um exemplo de bens meritórios são os serviços
de saúde e educação, visto que, se produzidos pelo setor privado, podem se tornar
inalcançáveis por grande parte da população baixa renda, o que faz com que seja
necessária a intervenção do governo, tornando esses serviços gratuitos para a população
ou a preços subsidiados, sendo seus custos de financiamento obtidos a partir da
tributação compulsória de toda a sociedade.
Monopólios Naturais
Os monopólios naturais ocorrem em determinados setores da economia quando o
processo produtivo apresenta retornos crescentes de escala, isto é, quanto maior a
produção, menor o seu custo unitário. Com isso, dependendo do tamanho do mercado
consumidor, é mais vantajoso que exista uma empresa produzindo muito do que várias
empresas produzindo pouco, pois, neste caso, o custo de produção seria mais alto.
A intervenção do governo, quando ocorre um monopólio natural, pode acontecer de
duas formas: através da regulação ou através da produção do bem ou serviço pelo
próprio governo. Na regulação, procura-se evitar que ocorram preços abusivos, pois
acarretaria uma perda do bem-estar da sociedade. Por outro lado, quando o governo se
torna responsável pela produção do bem ou serviço a sua responsabilidade é bem maior,
pois necessita manter um bem ou serviço de qualidade e acompanhar os avanços
tecnológicos do setor. Essa forma de intervenção, nos últimos tempos vem se
enfraquecendo em virtude do processo de privatização.
Externalidades
Há dois tipos de externalidades: as externalidades positivas e as externalidades
negativas. Nas externalidades positivas, as ações de empresas ou indivíduos resultam
em benefícios diretos ou indiretos para outros indivíduos ou empresas. Por exemplo, se
uma indústria resolve, com o objetivo de utilizar água pura em sua produção, realizar
um processo de descontaminação das águas do rio próximo a sua fábrica, ela estará
beneficiando as pessoas que utilizam a água do rio para consumo.
Já as externalidades negativas correspondem a situações em que a ação de determinado
indivíduo ou empresa prejudica, direta ou indiretamente, os demais indivíduos ou
empresas. Os exemplos mais comuns são o lixo despejado por indústria químicas nos
rios e mares e a poluição do ar pelas indústrias em geral.
Quando ocorrem externalidades, a intervenção do governo se torna necessária, e pode
ocorrer através de: produção direta do bem ou serviço, concessão de subsídios,
aplicação de multas, progressividade de alíquotas de impostos ou regulamentação. As
duas primeiras formas de intervenção (produção direta ou concessão de subsídios)
geram externalidades positivas. As demais são, geralmente, utilizadas para desestimular
as externalidades negativas.
Mercados Incompletos
Um mercado é considerado incompleto quando um bem ou serviço não é ofertado,
mesmo que seu custo de produção esteja abaixo do preço que os consumidores em
potencial estariam dispostos a pagar.
Um exemplo de mercado incompleto ocorre em países onde o sistema financeiro e o
mercado de capitais são pouco desenvolvidos. Com isso, não há financiamentos de
longo prazo e o setor privado se torna apreensivo de investir em determinados setores da
economia, pois não está disposto a assumir tantos riscos. Ou seja, existe mercado
consumidor para o produto ou serviço, mas não existe quem produza. Uma maneira de
resolver esse problema é a intervenção do governo no mercado, através da concessão de
financiamentos longo prazo e redução das taxas de financiamento para o setor
produtivo.
Informação Assimétrica
A informação assimétrica é uma falha no processo de divulgação de informações em
um mercado, isto é, nem todos os indivíduos que participam do mercado possuem as
mesmas informações, não permitindo que alguns consumidores tomem decisões de
forma racional, pois não possuem dados suficientes para tal.
Quando ocorre um processo de informação assimétrica, a intervenção do governo
permite que todos os participantes de determinado setor econômico tenham as
informações necessárias à tomada de decisão. O objetivo da intervenção do governo é
tornar o fluxo de informações o mais eficiente possível. Essa intervenção pode ser
realizada através da criação de legislações específicas que permitam uma maior
transparência no mercado, como por exemplo, a necessidade das empresas que possuem
ações em bolsa de valores (capital aberto) divulgarem seus balanços periodicamente na
imprensa.
Desemprego e Inflação
Um mercado sem intervenção do governo também pode gerar altos níveis de
desemprego e inflação. Para que isso seja evitado, torna-se necessária a intervenção do
governo, através da implementação de políticas que visem à manutenção do sistema
econômico o mais próximo possível da estabilidade de preços e do pleno emprego.
A redução do desemprego é importante, pois aumenta o mercado consumidor e,
indiretamente, ajuda a diminuir a violência. Já a estabilização de preços aumenta o bem-
estar da sociedade e gera um maior desenvolvimento econômico.
EXERCÍCIOS:
1 – (AFC-STN-2000) Os bens econômicos podem ser classificados em bens públicos e
bens privados. Sobre a natureza dos bens econômicos, afirma-se que:
a) bens privados são divisíveis e não sujeitos ao princípio da exclusão.
d) a soberania do consumidor não é preservada nos bens privados, nem nos bens
públicos.
e) os bens demeritórios têm seu consumo inibido pela imposição de pesados impostos
ou pela proibição direta.
natural.
b) Bens privados são aqueles cujo consumo é tanto rival quanto excludente e são
providos eficientemente em mercados competitivos.
c) A exclusão permite que o produtor do bem privado possa ser pago sempre que um
consumidor fizer uso do mesmo.
a) de impostos, exclusivamente.
b) da tributação em geral.
c) de taxas, exclusivamente.