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PROCESSUAL CIVIL
R EC U R S O S – 30/8/2008
Prof. José Alexandre
I – Da Possibilidade de Multiplicidade de Sentenças em um Mesmo Processo
São as chamadas sentenças parciais, ou sentenças interlocutórias. O Art. 267 do CPC fala que a sentença
terminativa extingue o processo. O mesmo não ocorre no Art. 269, no caso da sentença que julga o
mérito. Desta feita, apoiando‐se no inciso LXXIII do Art 5º. Da CFRB (Duracao razoavel do processo), o
juiz deve conceder a tutela jurisdicional quando assim já for possível. Ex. Caso de dívida de 10 mil, onde
5 mil restam incontroversos.
No caso dos acórdãos, também podem existir os interlocutórios.
Em respeito ao princípio da isonomia, o recurso apto a atacar as sentenças interlocutórias é a apelação,
seja com a confecção de autos suplementares, seja pela apelação por instrumento.
Posicionamentos divergentes: Nelson Nery Jr. – Decisões Interlocutórias de Mérito
II – Embargos de Declaração
Tendo em vista a constitucionalização do processo, a doutrina tem ligado os embargos de declaração ao
Art. 5º. XXXV da CFRB, eis que tal recurso é o utilizado para que a tutela seja entregue de forma clara e
objetiva.
Entendemos que os ED’s cabem contra todas as manifestações judiciais, tenham estas conteúdo
decisório, ou não. Este é o entendimento de Teresa Arruda Alvim Wambier, na sua tese de livre‐
docência Embargos de Declaração e Omissão Judicial.
I.1 ‐ Questões Polêmicas:
No caso onde é pedida tutela antecipada liminarmente, e o juiz decide pelo “cita‐se, decidirei sobre a
tutela após a defesa”. Qual a solução? ED, petição de reconsideração, Agravo de Instrumento?
Inicialmente, pergunta‐se de o juiz pode se negar a decidir, eis que é dever do mesmo decidir de forma
clara e objetiva. Desta feita, há de ser encarado tal decisão como uma negativa da tutel antecipada.
Quanto a solução, é possível o uso das três alternativas, com a ressalva de que o pedido de
reconsideração não interrompe prazos. Talvez seja o uso do AI a mais eficiente, eis que leverá a questão
para apreciação de outros magistrados.
Com relação ao contraditório nos ED, caso existe pedido cujo acolhimento culmine com a modificação
do julgado, deverá haver contraditório. O STF e o STJ possuem jurisprudência sobre o caso. Ainda que
não exista previsão legal do procedimento do contraditório nos ED, tal possibilidade não deve ser
negada, sob pena de inconstitucionalidade.
Quais são os efeitos dos embargos de declaração?
a. Efeito interruptivo do prazo (salvo nos JEC’s, onde ocorre a interrupção). Do ponto de vista
subjetivo, Interrompe para todos em igual medida. Objetivamente, existem questões a se
ponderar. Candido Dinamarco doutrina a existencia de capitulos de sentenca, no caso de
sentenca objetivamente complexas, onde existem decisões de vários objetos (pedidos). A
interposição de ED interromperia o prazo para apelação de todos os capítulos ou apenas do
embargado. Deve‐se entender que interromperá todos os capítulos, sob pena de se criar
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com
PÓS‐GRADUAÇÃO EM DIREITO
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grande dificuldade prática. E nas hipóteses de intempestividade ou de embargos protelatórios,
existe a interrupção? Atualmente, a jurisprudência predominante diz que só não haverá
interrupção no caso dos ED’s intempestivos. Nos casos dos ED’s protelatórios, haveria Comment [T1]: Quando os ED’s devem ser
interrupção de prazos, o que não impede a aplicação de multa. Não obstante, existem considerados protelatórios? É preciso analisar se há
ou não efeito suspensivo.
manifestações incipientes no sentido que mesmo os intempestivos interrompem o prazos,
salvo quando estes são interpostos após o outro recurso cabível da decisão.
b. Efeito suspensivo: Admitir essa possibilidade é admitir que todas as manifestações judiciais Comment [T2]: É importane ressaltar que não é
nascem ineficazes, eis que todas as decisões podem ser alvo de ED. Desta feita, é razoável a interposição de recurso que gera o efeito
suspensivo. A mera possibilidade de se interpor um
concluir que os ED’s podem prolongar os efeitos suspensivos de um recurso que tenha esse
recurso com esse efeito, faz com que as decisões
efeito e que poderia ser interposto em face da decisão. No caso do recurso não ter este efeito, nasçam ineficazes.
a interposição dos ED’s não terá maiores consequencias. Não obstante, tendo em vista o Art.
798 (poder geral de cautela), o juiz poderá arbitrar efeito suspensivo ao ED em qualquer Comment [T3]: Art. 798. Além dos
hipótese. procedimentos cautelares específicos, que este
Código regula no Capítulo II deste Livro, poderá o
juiz determinar as medidas provisórias que julgar
adequadas, quando houver fundado receio de que
c. Efeito devolutivo: os embargos devolvem apenas a matéria embargada, ou a devolução dos uma parte, antes do julgamento da lide, cause ao
ED’s pode ser maior do que isto. Barbosa Moreira entendem que não existe tal efeito, eis que o direito da outra lesão grave e de difícil reparação.
efeito devolutivo pressupõe a devolução da matéria para o exame de outra autoridade,
integrante de outro grau de jurisdição. A doutrina majoritária não acompanha Barbosa
Moreira, entendendo que o efeito devolutivo pressupõe a devolução da matéria para o
reexame, não sendo necessário que a reanálise se dê por outra autoridade. Desta feita, quanto
a profundidade, é pacífico que o juiz poderá analisar todas as matérias discutidas no processo
que tenham haver com a questão impugnada. No tocante a devolução, o princípio do tantum
devolutum quantum apelatum não é aplicado, eis que está interrompido o prazo para futuro
recurso, podendo o magistrado corrigir defeitos mesmo que não apontados nos embargos.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com
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I.4 – Embargos de Declaração e Fungibilidade dos Recursos
A fungibilidade decorre de dúvida no sistema e não partindo do intérprete ou aplicador do direito, não
podendo haver, igualmente, erro grosseiro. Os Tribunais Superiores tem aplicado amplamente a
fungibilidade, recebendo os ED’s como Agravos Regimentais.
II – Recurso Especial e Recurso Extraordinário Comment [T6]: Art. 102 Compete ao Supremo
Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da
Constituição, cabendo‐lhe: III ‐ julgar, mediante
Inicialmente, é necessário o chamado juízo de admissibilidade. Questiona‐se, deve haver análise em
recurso extraordinário, as causas decididas em única
admissibilidade se houve violação a constituição ou lei federal? Vejamos; a admissiblidade tem dois ou última instância, quando a decisão recorrida:
momentos, um no Tribunal local e outro, que não está positiviada mas é usual, no Tribunal Superior. a) contrariar dispositivo desta Constituição;
Para Barbosa Moreira, o objeto de cognição do julgar na admissibilidade, é o mesmo do mérito, a b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei
federal;
análise se houve ou não violação de lei federal ou constituição. O que difere é a profundidade, sendo
c) julgar válida lei ou ato de governo local
que na admissibilidade deverá ser verificada se houve alegação fundamentada da violação, mas sem ser contestado em face desta Constituição.
feita análise complexa do caso, eis que esta está restrita ao mérito. d) julgar válida lei local contestada em face de lei
federal.
II.1 – Efeitos
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
III ‐ julgar, em recurso especial, as causas decididas,
a. Efeito Suspensivo: está explícito na lei que tais recursos não o possuem. Destaca‐se as súmulas em única ou última instância, pelos Tribunais
634 e 635 do STF. Nesse ínterim, entre o proferimento do acórdão e o juízo de admissibilidade, Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados,
do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
a competência para análise de efeito suspensivo é o mesmo órgão que está analisando o
recorrida:
recurso, sendo que poderá ser interposta cautelar, requerimento na própria petição de a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar‐lhes
interposição do RESP/RE ou ainda por petição simples. Nestas situações, face a lacuna da lei, o vigência;
tipo de medida que solicitou o efeito suspensivo, devendo a mesma ser admitida, em b) julgar válido ato de governo local contestado em
face de lei federal;
homenagem ao princípio da fungibilidade. A cautelar pode ser interessante quando a
c) der a lei federal interpretação divergente da que
elaboração do RE leve todo o prazo, mas o efeito suspensivo precise ser obtido com a máxima lhe haja atribuído outro tribunal.
urgência possível. Para a concessão, é preciso analisar a admissibilidade do RE/RESP, eis que o
Tribunal local não deve adentrar no mérito (fumaça do bom direito), e a existência do perigo da Comment [T7]: Súmula nº 634
demora por risco de dano irreparável ou de difícil reparação. Não compete ao supremo tribunal federal conceder
b. Efeito Devolutivo: medida cautelar para dar efeito suspensivo a
c. Efeito Translativo: Apesar do entendimento majoritário não admitir esta possibilidade, existe recurso extraordinário que ainda não foi objeto de
juízo de admissibilidade na origem.
corrente nascente que entende ser possível. Súmula nº 635
Cabe ao presidente do tribunal de origem decidir o
pedido de medida cautelar em recurso
extraordinário ainda pendente do seu juízo de
admissibilidade.
Thiago Graça Couto
thiagocouto@gmail.com