You are on page 1of 7

INTRODUÇÃO

As garantias e vedações legais e constitucionais, atribuídas aos


magistrados e aos membros do Ministério Público, asseguram-lhes a manutenção
da devida independência e o bom desempenho da função jurisdicional com
dignidade e imparcialidade, buscando mantê-los dentro dos propósitos e perfis
exigidos para o exercício do cargo.
O Poder Judiciário administra a justiça de maneira a preservar os princípios
da legalidade e da igualdade na solução de conflitos de interesse entre pessoas,
empresas e instituições, garantindo os direitos de cada um e, Conseqüentemente,
promovendo a própria justiça. Nesse sentido, não há possibilidade de conceituar
um verdadeiro Estado Democrático de Direito sem a existência de um Poder
Judiciário autônomo e independente, para exercer sua função de guardião das
leis.

PODER JUDICIÁRIO

A questão das garantias da magistratura é de natureza jurídico-


administrativa, fazendo parte da relação do juiz com o Estado. Elas se encontram,
no entanto, inseridas num contexto mais amplo, correspondente à independência
do Poder Judiciário e à imparcialidade do magistrado.
As garantias do Poder Judiciário se reportam ao Princípio da Separação dos
Poderes – que nada mais é senão, a divisão de funções dos Órgãos Estatais –
segundo o que encontramos em nossa Constituição Federal.

"Art. 2°. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o


Legislativo, o Executivo e o Judiciário".

O legislador atribuiu ao Poder Judiciário como instrumento de salvaguarda


de sua independência institucional. Conforme segue:

"Art.96. Compete privativamente:


I – aos tribunais:
a)eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com
observância das normas de processo e das garantias processuais das partes,
dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos
jurisdicionais e administrativos;
b)organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem
vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva;
c)prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da
respectiva jurisdição;
d)propor a criação de novas varas judiciárias;
e)prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o
disposto no art.169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da
Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei;
f)conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e
servidores que lhes forem imediatamente vinculados;
II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de
Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art.169:
a)a alteração do número de membros dos tribunais inferiores;
b)a criação e a extinção de cargos e a fixação de vencimentos de seus membros,
dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver, dos serviços auxiliares e
os dos juízos que lhes forem vinculados;
c)a criação ou extinção dos tribunais inferiores;
d)a alteração da organização e da divisão judiciárias;
III – aos Tribunais de Justiça julgar os juízes estaduais e do Distrito Federal e
Territórios, bem como os membros do Ministério Público, nos crimes comuns e de
responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral.
Art.99. Ao Poder Judiciário é assegurada autonomia administrativa e financeira".

GARANTIAS DOS JUIZES


"Art.95. Os juízes gozam das seguintes garantias:
I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de
exercício, dependendo a perda do
cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e,
nos demais casos, de sentença
judicial transitada em julgado;
II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art.93, VIII;
III – irredutibilidade de vencimentos, observado, quanto à remuneração, o que
dispõem os art.37, XI, 150, II,
153, III, e 153, §2°, I".
O Poder Judiciário é um dos três poderes clássicos previsto pela doutrina e
consagrado como poder autônomo e independente de importância crescente no
Estado de Direito, pois, como afirma Sanches Viamonte, sua função não consiste
somente em administrar a Justiça, sendo mais, pois seu mister é ser o verdadeiro
guardião da constituição, com a finalidade de preservar, basicamente, os
princípios da Legalidade e Igualdade, sem os quais os demais tornariam-se
vazios. Esta concepção resultou da consolidação de grandes princípios de
organização política, incorporados pelas necessidades jurídicas na solução de
conflitos.
Daí as garantias de que goza, algumas das quais asseguradas pela própria
Constituição Federal, sendo as principais a Vitaliciedade, Inamovibilidade, e
Irredutibilidade de Vencimentos.
A função típica do Poder Judiciário é a jurisdicional, ou seja, julgar,
aplicando a Lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de um Poder de
Interesses.
Para exercer essa importante missão constitucional é necessária a
existência de certas garantias, que possibilitem a aplicação dos Princípios bases
do Direito Constitucional: a) A Regra da Proteção dos Direitos Individuais; b) a
Regra do Processo Jurídico Regular; c) a Regra do Razoável, ou do Equilíbrio de
Interesses; e d) a Regra da igualdade de Direito à Proteção Legal.
As Garantias conferidas ao Poder Judiciário dão à Instituição a necessária
independência para o exercício da jurisdição, resguardando-a das pressões do
Legislativo e do Executivo, não se caracterizando, pois, os predicamentos da
magistratura como privilégio dos magistrados, mas sim como meio de assegurar o
seu livre desempenho, de modo a revelar a independência e autonomia do
Judiciário.
No entanto todas essas garantias são imprescindíveis ao exercício da
democracia, à perpetuidade da Separação dos Poderes e ao respeito aos Direitos
fundamentais, configurando suas ausências, reduções, obstáculos
inconstitucionais ao Poder Judiciário, permitindo que sofra pressões dos demais
Poderes do Estado e dificultando o controle da Legalidade dos atos políticos do
próprio Estado que causem lesão a Direitos Individuais ou Coletivos.
Podemos dividir as garantias do Judiciário em Garantias Institucionais e Garantias
aos membros.

GARANTIAS INSTITUCIONAIS

Dizem respeito à Instituição como um todo, ou seja, garantem a


independência do Poder Judiciário no relacionamento com os demais poderes.
As garantias do Poder Judiciário são tão importantes que a própria
Constituição considera crime de Responsabilidade do Presidente da República
atentar contra seu livre exercício (art.85), pois, as imunidades da magistratura não
constituem privilégios pessoais, mas estão relacionados com a própria função
exercida e o seu objeto de proteção contra os avanços, excessos e abusos de
outros poderes em beneficio da justiça.

AUTONOMIA FUNCIONAL, ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA AO PODER


JUDICIÁRIO.
Os tribunais têm autogoverno e devem elaborar suas propostas
orçamentárias dentro dos limites estipulados conjuntamente com os demais
Poderes na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
É o Judiciário quem organiza suas secretarias e serviços auxiliares e dos Juízes
que lhes forem vinculados.
Esta autonomia e independência ampla encontra resguardo em todos os
Estados Democráticos de Direito, pois os tribunais têm, sob o ponto de vista
estrutural-constitucional.

GARANTIAS AOS MEMBROS

VITALICIEDADE

Os Magistrados possuem constitucionalmente as garantias da vitaliciedade,


inamovibilidade e irredutibilidade de subsidio, assim como os Membros do
Ministério Público.
O Juiz somente poderá perder seu cargo por decisão judicial transitada em
julgado. A vitaliciedade somente é adquirida após o chamado Estágio Probatório,
ou seja, após dois anos de efetivo exercício da carreira, mediante aprovação no
concurso.

INAMOVIBILIDADE

O Juiz somente poderá ser removido ou promovido por iniciativa própria,


nunca ex officio de qualquer outra autoridade, salvo em uma única exceção
Constitucional por motivo de interesse público e pelo voto da maioria absoluta do
respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa.

IRREDUTIBILIDADE DE SUBSIDIOS
O salário, vencimentos, ou como denominado na Emenda Constitucional
19/98, o subsidio do magistrado não pode ser reduzido como forma de pressão,
garantindo-lhe assim o livre exercício de suas atribuições.

GARANTIA DE IMPARCIALIDADE

Aos Juízes é vedado: exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou


função, salvo uma de magistério, receber, a qualquer titulo ou pretexto, custas ou
participação em processo, dedicar-se à atividade político-partidária, receber a
qualquer titulo ou pretextos, auxílios ou contribuições de pessoas físicas,
entidades publicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei, exercer
a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos
de afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.

CONCLUSÃO

Diante do exposto acima, verificamos que o Poder Judiciário, é autônomo


apesar de não possuir grandiosa relevância política como o Executivo e
Legislativo, quando encarado pela visão das liberdades e dos direitos individuais e
sociais, constitui a principal garantia.
Sua função não consiste somente em administrar a Justiça, mas sua
incumbência precípua é de ser o verdadeiro guardião da Constituição,
preservando-a principalmente no que toca os princípios de legalidade e igualdade.
Diferentemente dos demais Poderes, que de certa maneira se entrelaçam,
o Judiciário, é aquele que de forma inequívoca, se mostra como referência aos
demais.
Após a Constituição de 1988, o Poder Judiciário, recebeu um papel, que até
então não tinha sido outorgado por nenhuma outra Constituição, a ele foi atribuída
total autonomia institucional. Baseado no fundamento de independência dos
Poderes, o artigo 99 da Carta Ápice outorgou autonomia financeira e
administrativa.
No que tange suas competências, a ele cabe como função típica, a
aplicação das leis aos casos concretos, que lhe são trazidos resultantes de
conflitos de interesses.
A vitaliciedade assegura que o magistrado apenas perderá o cargo
mediante sentença com trânsito em julgado.
A inamovibilidade significa que não será afastado o magistrado de um dado
caso ou de determinado processo, com intuito de maquinar a instituição.
A irredutibilidade de subsídios é uma garantia ofertada a todos os
servidores públicos, mas nos casos dos magistrados, serve como independência,
pois independentemente da forma que julgar um caso, sempre receberá o mesmo
valor de vencimento.
Vistas as prerrogativas e garantias do Poder Judiciário, este quando exerce
suas funções personificado em juízes estatais, resolvendo demandas e conflitos,
recebe o nome de jurisdição.

Bibliografia

Moraes, Alexandre de, Direito Constitucional, Editora Atlas – São Paulo, 19


Edição. 2006.
http://www.licoesdedireito.kit.net/constitucional/constitucional-judiciario.html
08/04/2011

You might also like