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Há fortes razões para considerar que estas três formas de encarar a estética não são
apenas diferentes maneiras de abordar os mesmos problemas. É certo que gostamos de
coisas belas que também são arte, mas não deixa de ser verdade que as coisas que
consideramos belas, aquelas de que gostamos e as que são arte, formam conjuntos
distintos. Afinal, até é banal gostarmos de coisas que não são belas e muito menos arte;
assim como podemos nomear obras de arte de que não gostamos nem consideramos
belas.
Enquanto teoria do belo, a estética defronta-se com problemas como "O que é o belo?" e
"Como chegamos a saber o que é o belo?". Estas são perguntas que já PLATÃO colocava
no séc. IV a.C. e que só indirectamente diziam respeito à arte, pois a arte consistia, para
ele, na imitação das coisas belas. Razão pela qual Platão tinha uma opinião desfavorável
à arte, ao contrário do seu contemporâneo ARISTÓTELES, para quem a imitação de
coisas belas tinha os seus próprios méritos.
Já para os filósofos do séc. XVIII, como HUME e KANT, é no campo da subjectividade
que se encontra a resposta para o problema do belo. A estética transformou-se, assim, em
teoria do gosto, cujo problema central passou a ser o de saber como justificamos os
nossos gostos. O SUBJECTIVISMO ESTÉTICO é a doutrina defendida por estes dois
filósofos, embora com tonalidades diferentes. A doutrina rival é o OBJECTIVISMO
ESTÉTICO e é bem representado pelo filósofo americano contemporâneo Monroe
Beardsley (1915–85), para quem o belo não depende dos gostos pessoais, mas da
existência de certas características nas próprias coisas.
Finalmente, as revoluções artísticas dos dois últimos séculos, ao alargar de tal modo o
universo de objectos que passaram a ser catalogados como arte, acabaram por despertar
nos filósofos vários problemas que se tornaram o centro das disputas estéticas. É o caso
dos problemas de filosofia da arte como "O que é arte?" e "Qual o valor da arte?", entre
outros. Quanto ao problema da definição de arte, há três tipos de teorias: as essencialistas
— teorias da representação, da expressão e formalista —, as não-essencialistas — teorias
institucionais, de filósofos como o americano George Dickie (n. 1936) — e as que,
inspiradas no filósofo austríaco WITTGENSTEIN, consideram ser impossível definir
"arte". Relativamente ao problema do valor da arte, encontramos dois tipos de teorias: as
que defendem que a arte tem valor em si — teorias da arte pela arte, tendo Oscar Wilde
(1854–1900) como defensor mais conhecido — e as que defendem que a arte tem valor
porque tem uma função (teorias funcionalistas), seja ela social, moral, terapêutica, lúdica
ou cognitiva. A função cognitiva é das mais discutidas e o filósofo americano
contemporâneo Nelson GOODMAN é um dos seus mais importantes defensores,
considerando a arte uma importante forma de conhecimento.
Aires Almeida
publicado por Horacio@Freitas às 20:36
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