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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

EDUCAÇÃO PROFISSIONAL TÉCNICA DE NÍVEL MÉDIO EM QUÍMICA


DISCIPLINA: Microbiologia
Profª: Fátima de Cássia Oliveira Gomes
Alunas: Maria Luiza Andrade Aquino e Mariana Gabriela de Oliveira

Artigo: Bactérias degradam petróleo na Antártida


Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press
Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.
Autor(a): Marcela Valente
Data: 29/08/2005
Fonte: Tierra América. Disponível em: http://www.tierramerica.net/2005/0827/pacentos.shtml;
acessado em 17/02/2010.

Bactérias degradam petróleo na Antártida

Cientistas argentinos desenvolvem um processo para remediar biologicamente conseqüências de


vazamentos de petróleo, nas extremas temperaturas do imenso continente branco.

BUENOS ÁRIES.- Há 25 anos sabe-se que muitas bactérias são úteis para limpar vazamentos de
petróleo em solos de clima temperado, onde os microorganismos se reproduzem facilmente e
degradam as substâncias contaminantes. Esta técnica agora pode ser usada na gelada Antártida,
graças a uma descoberta de cientistas argentinos. O biólogo Walter Mac Cormack, do Instituto
Antártico Argentino, e o bioquímico Lucas Ruberto, da Universidade de Buenos Aires,
desenvolveram um processo eficiente para limpar estes vazamentos biologicamente em
condições de frio extremo como as da Antártida, onde a temperatura média é inferior a zero.

A remediação biologia - processo para limpar solos contaminados com metais pesados ou
hidrocarbonos mediante o uso de microorganismos - é aplicada há muito tempo. Mas as “bactérias
que degradam hidrocarbonos se reproduzem a uma temperatura entre 20 e 30 graus”, explicou
Mac Cormack ao Terramérica. “A quatro graus não crescem e então os processos (de
descontaminação) não tinham êxito ou eram muito lentos para serem considerados eficientes”,
acrescentou. E havia outro obstáculo. O Protocolo de Madri, que estabelece normas de
preservação ambiental do continente gelado, proíbe a introdução de vírus, bactérias ou qualquer
microorganismo de outra região, do mesmo modo que impede a retirada de amostras, salvo para
fins científicos previamente autorizados.

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O Protocolo é um anexo ao Tratado Antártico, em vigor desde 1961, e do qual fazem parte 45
Estados, 12 deles membros consultivos: Argentina, Austrália, Bélgica, Chile, Estados Unidos,
França, Grã-Bretanha, Japão, Noruega, Nova Zelândia, Rússia e África do Sul. Estas restrições
obrigam a utilizar bactérias autóctones em todos os testes. A solução veio pelas mãos de um dos
sicrófilos facultativos, que crescem a temperaturas muito baixas, mas que se adaptam a um clima
com mais de 20 graus. Os experimentos foram feitos em bases argentinas da península Antártica,
mil quilômetros ao sul da América do Sul, onde o clima é menos rigoroso, com o barômetro abaixo
de zero a maior parte do ano e alguns dias de até 20 graus no verão austral.

As pesquisas demonstraram que a remediação biológica é possível na Antártida, embora não haja
uma estratégia única, e depende da quantidade de contaminantes e da história dos solos a serem
tratados. Por exemplo, os cientistas trabalharam com as bactérias de solos saturados de
hidrocarbonos próximos aos tanques de armazenamento de combustível. Nesse ambiente de
contaminação crônica pelo permanente gotejar de gasolina, o solo já está acostumado a essa
flora microbiana, que prolifera pela presença de fósforo e nitrogênio e que degrada os resíduos.
Para acelerar o processo foram adicionados mais nutrientes, de modo que se conseguiu eliminar
mais de 80% dos hidrocarbonos em menos de 60 dias.

Por outro lado, nos solos contaminados pela primeira vez devido a um vazamento a resposta da
flora microbiana autóctone, menos abundante, não era tão eficiente. Foi necessário semear mais
microorganismos de degradação, isolados na região, para acelerar o processo. Comparada com
outros sistemas de descontaminação de solos, como a incineração ou lavagem, a biorremediação
é o menos custoso. “Isto confirma que mesmo em ambientes tão extremos existe uma notável
adaptação da flora bacteriana aos compostos contaminantes, e que o processo (de
descontaminar por biorremediação) poderia ser satisfatório no curto período do verão”, concluíram
Mac Cormak e Ruberto em seu relatório.

A mesma técnica pode ser utilizada na austral Patagônia argentina, onde se concentram as rique-
zas petrolíferas e gasíferas do país. Quase 75% da produção argentina de petróleo provêm das
bacias da província de Neuquén e San Jorge, ambas na Patagônia. Em Neuquén está o gasoduto
de Loma de la Lata, o maior do país. A biorremediação começou a ser utilizada há duas décadas
como complemento da remoção física dos vazamentos provocados por diversos tipos de aciden-
tes. Se um navio naufraga e a maré negra chega à costa, os microorganismos trabalharão sem
urgência nessa área depois de uma primeira retirada mecânica do material que vazou. “No mar a
remoção física resulta mais eficiente”, afirmou Mac Cormack.

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Por outro lado, na contaminação de solos comumente penetrados por hidrocarbonos, a limpeza
com bactérias é ideal, segundo os cientistas. “O solo contém o vazamento, e então ali é mais fácil
aplicar a biorremediação”, salientou Mac Cormack. Os acidentes mais comuns em terra são a per-
furação de um oleoduto ou de um tanque de combustível e os vazamentos durante o transporte.
No continente branco, onde o Tratado Antártico proíbe qualquer exploração mineral ou de hidro-
carbonos, os riscos procedem do armazenamento e traslado do combustível.

O acidente mais grave registrado nessa região foi o do navio Bahia Paraíso, que afundou na
costa da península em 1989, derramando cerca de 600 mil litros de diesel diante da base Palmer
dos Estados Unidos, recordou ao Terramérica o biólogo José María Acero, responsável pelo
Programa de Gestão Ambiental do Instituto Antártico Argentino. As consequências “não foram
catastróficas porque o combustível era do tipo leve e os ventos fortes ajudaram”.

Existem “pequenos acidentes” na manipulação de combustível para as bases, para os quais se


trabalha com “planos de contingência”, explicou Acero. “Em 1984, na base argentina Marambio,
quebrou a válvula de um depósito e vazaram 80 mil litros de combustível”, recordou. Agora existe
um mecanismo para evitar esses vazamentos. No entanto, a descoberta é importante para com-
bater um eventual vazamento em grande escala que ameace o continente de 14 milhões de quilô-
metros quadrados, considerado um laboratório natural para a pesquisa científica.

SÍNTESE:

O derramamento de petróleo por parte de petroleiros e navios e o rompimento de oleodutos


em terra estão entre as ameaças ambientais mais graves para os ecossistemas e a retirada
desses produtos requer recursos e tempo, resultando num alto prejuízo à esses ecossitemas.
A técnica mais utilizada para a limpeza do petróleo, em especial, consiste na retirada
mecânica do mesmo. Porém, sabe-se há 25 anos que muitas bactérias são úteis para limpar esse
tipo de vazamento. Esse emprego de bactérias consiste na biorremediação ou remediação
biológica - uma alternativa aos métodos convencionais, definida como a utilização de
microrganismos para remover poluentes ambientais de solos, águas e sedimentos. Considerada,
nesse caso, como o principal processo natural de remoção das várias frações de petróleo do meio
ambiente, a biorremediação aproveita a capacidade dos microrganismos em degradar substâncias
orgânicas, produzindo CO2 e água.
Dois cientistas argentinos descobriram uma forma de limpar vazamentos de óleos no grande
continente gelado. Walter Mac Cormack (biólogo do Instituto Antártico Argentino) e Lucas Ruberto
(bioquímico, da Universidade de Buenos Aires) conseguiram resolver o problema através de muita
pesquisa.

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Na Antártida, os principais motivos de vazamentos de óleo são os armazenamentos e o
transporte dos combustíveis, pois o Tratado Antártico proíbe qualquer exploração mineral ou de
hidrocarbonetos.
As dificuldades do projeto eram duas: as bactérias que degradam hidrocarbonetos
(componentes do petróleo) reproduzem entre 20 a 30 graus, ou seja, o processo de
descontaminação na Antártida não tinha êxito ou era muito lento, pois a temperatura média é
inferior a zero graus e, o Protocolo de Madri proíbe a introdução de bactérias, vírus ou quaisquer
microrganismos de outras regiões na Antártida.
A resolução do problema veio com o psicrófilos facultativos que crescem em temperaturas
muito baixas, mas se adaptam a temperaturas um pouco acima de 20 graus. Essas bactérias são
autóctones (naturais da região ende ocorrem – no caso, a Antártida), não indo contra o Protocolo
de Madri.
A biorremediação depende da quantidade de contaminantes e do histórico do solo a ser
tratado. Ela é mais fácil em solos que estão saturados de hidrocarbonos (por exemplo, aqueles
em que estão os tanques de armazenamento de combustível), pois o solo já está adaptado à flora
bacteriana que prolifera na presença de fósforo e nitrogênio e que degrada os resíduos. Em solos
contaminados pela primeira vez, a resposta não foi tão eficiente. A resolução foi aumentar os
nutrientes e colocar mais microrganismos. Os resultados foram bem positivos, cerca de 80% de
hidrocarbonetos eliminados em 60 dias.
Comparada com outros sistemas para a descontaminar os solos, como a incineração ou a
lavagem, a biorremediação é menos custosa e danosa. “Isto confirma que mesmo em ambientes
tão extremos existe uma notável adaptação da flora bacteriana aos compostos contaminantes, e
que o processo de descontaminar por biorremediação poderia ser satisfatório no curto período de
verão.” - conclusão de Cormack e Ruberto no relatório final.

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