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Psicologia do trabalho em três faces (p. 19-40). São Paulo: Casa do Psicólogo.
O texto de Sampaio (in Goulart, 1998) apresenta de forma sucinta a evolução histórica
do conceito e prática da Psicologia do Trabalho, a interdisciplinaridade com outras áreas afins
e quais as principais formas de atuação atualmente dirigidas ao profissional de psicologia
voltado a essa categoria.
Como primeira face, descreve a prática chamada Psicologia Industrial, como sendo
“seleção e colocação profissional” (p.21). Continuou afirmando que a Psicologia Industrial
desenvolveu-se em estudos sobre orientação vocacional, condições de trabalho, motivação,
comunicação, comportamento de grupos, treinamento, classificação de pessoal e
desempenho. Outra área que também se desenvolveu foi a chamada engineering psychology
onde os equipamentos eram projetados conforme capacidades e limitações dos trabalhadores.
O pós-guerra também contribuiu para a seleção de pessoal. Nesse momento a psicologia toma
com base os estilos das teorias de administração e recursos humanos até então desenvolvidas
no momento, onde a preocupação central era a produtividade e lucros gerados.
Nos anos 70, as críticas contra a segunda face eram muitas, principalmente os
relacionados ao “desempenho, produtividade e rendimento a curto prazo” (p.26). Era
necessário estudar os efeitos do ambiente e da tecnologia no contexto do trabalho. Com isso,
surge a Psicologia do Trabalho, a terceira face. O interesse remete a questões de poder e
conflito e o objetivo se manifesta em promoção da saúde mental e bem estar do trabalhador,
entendendo este como sujeito desejante e participante ativo das relações de trabalho. “A
terceira face preocupa-se com a compreensão do trabalho humano” (p. 27), com ênfase na
qualidade de vida no ambiente de trabalho.
A vasta conexão com diferentes áreas, como por exemplo, psicologia, administração,
sociologia, antropologia, direito, medicina entre outras, sugere que além de interdisciplinar,
existem muitas atividades voltadas ao profissional psicólogo, sendo algumas com participação
de outros profissionais. A lista indica algumas dessas atividades, sendo voltadas a seleção e
colocação de pessoal; planejamento e desenvolvimento de recursos humanos; treinamento de
pessoal; avaliação de desempenho; saúde mental no trabalho; plano de cargos e salários;
condições de trabalho; mudança e análise das organizações, ensino e pesquisa; gerência.
Estudos mostram que no Brasil, a maior concentração encontra-se em atividades de
recrutamento, seleção e treinamento. O autor demonstra que o enfoque nessas três áreas
limita muito o campo da psicologia e o principal contribuinte para isso é a formação em
psicologia do país que tende a moldar os estudantes nas práticas e conhecimentos da clínica.
Finalmente, com o estudo desse texto, pude amadurecer a ideia sobre o tema,
inclusive para relacionar com outros conteúdos e pensar na psicologia mais amplamente, que
cada vez mais merece espaço, pois enriquece os locais em que atua, onde sua visão contempla
o ser humano como um todo de habilidades, capacidades, limitações, competências, coberto
de significações provindas de sua história de vida. Muitos estudos e pesquisas podem ser
feitos para que a área de Psicologia do Trabalho ganhe maior reconhecimento para que os
profissionais possam ocupar um lugar mais ativo quando inseridos em ambientes laborais.