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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO

WAGNER ANTONIO BIFFE

1 – INTRODUÇÃO AO SISTEMA DE ATERRAMENTO

1.1 - INTRODUÇÃO

Em qualquer edificação moderna, encontramos instalações elétricas,


eletrônicas e mecânicas que necessitam de alguma forma de aterramento, seja para
uma proteção em caso de eventual falha de algum sistema, para dissipação de
eletricidade estática ou ainda proteções contra descargas atmosféricas e surtos de
manobras. Com o adensamento das construções e a utilização cada vez mais intensa
de equipamentos e mídias sensíveis, torna-se imperativo realizar um bom
aterramento das partes envolvidas. Se, por um lado, os materiais utilizados nos
sistemas de aterramento pouco evoluíram nas últimas décadas, dispomos agora de
ferramentas de cálculo muito mais eficientes - o paradoxo é de que utilizamos os
próprios computadores para calcular a melhor forma de protegê-los...
Embora os requisitos de aterramento de cada equipamento ou edificação
sejam diferentes, alguns princípios são universais, assim como uma boa parte dos
problemas. Se conseguirmos equacionar ambos - princípios e problemas - já teremos
encaminhado boa parte da solução.
Os objetivos principais do aterramento são:
• Obter uma resistência de aterramento a mais baixa possível, para correntes de falta
à terra;
• Manter os potenciais produzidos pelas correntes de falta dentro de limites de
segurança de modo a não causar fibrilação do coração humano;
• Fazer que equipamentos de proteção sejam mais sensibilizados e isolem
rapidamente as falhas à terra;
• Proporcionar um caminho de escoamento para terra de descargas atmosféricas;
• Usar a terra como retorno de corrente no sistema MRT;
• Escoar as cargas estáticas geradas nas carcaças dos equipamentos.
Existem várias maneiras para aterrar um sistema elétrico, que vão desde uma
simples haste, passando por placas de formas e tamanhos diversos, chegando às mais
complicadas configurações de cabos enterrados no solo. Sem dúvida, o maior
problema refere-se ao solo, com suas inconsistências, heterogeneidades e
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anisotropias, bem como a variação sazonal de suas propriedades. Não há segredo, e


as fórmulas existentes não são mágicas: trata-se de realizar um modelo matemático
que consiga aproximar-se satisfatoriamente do resultado físico. Quanto é esse
satisfatório? Depende do rigor dos objetivos almejados, bem como dos dados
disponíveis; pode ser que 5% de erro seja ruim ou que 20 % a seja bom. Aliás, como
todo o livro fará referências a erros relativos e, como o termo erro, em português,
tem uma conotação pejorativa - o que não é nossa intenção aqui - vamos, de agora
em diante, substituir erro por desvio.
Outro problema bastante grave é o cultural: como os procedimentos mais
precisos para o dimensionamento de aterramentos requerem capacitação profissional,
houve uma disseminação de dois tipos negativos de projetistas: o preguiçoso e o
"mágico". Também no aspecto cultural pode-se incluir outros problemas, como a
falta de fluência dos profissionais brasileiros em outras línguas, onde se encontra a
maior parte das publicações sérias no gênero.
Alguns erros (aqui são erros mesmo, não desvios) que temos encontrado nas
instalações de aterramento verificadas são realmente primários, como utilizar hastes
profundas para solos com segunda camada de resistividade maior que a primeira, ou
outras variações do mesmo tema, como cravar dezenas de hastes.

1.2 - RESISTIVIDADE DO SOLO

O solo é o meio no qual ficarão imersos os eletrodos de aterramentos, de


forma que suas propriedades elétricas serão determinantes para o dimensionamento
destes eletrodos.
Como estaremos preocupados com a condução de corrente pelo solo, a
propriedade relevante será a resistividade, que indicará uma maior ou menor
resistência à passagem da corrente elétrica.
Vários fatores influenciam na resistividade do solo. Entre eles, pode-se
ressaltar:
• tipo de solo;
• mistura, de diversos tipos de solo;
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• solos constituídos por camadas estratificadas com profundidades e materiais


diferentes;
• teor de umidade;
• temperatura;
• compactação e pressão;
• composição química dos sais dissolvidos na água retida;
• concentração de sais dissolvidos na água retida.
As diversas combinações acima resultam em solos com características
diferentes e, consequentemente, com valores de resistividade distintos.
Assim, solos aparentemente iguais tem resistividade diferentes.
Para ilustrar, a Tabela 1.2.1 mostra a variação da resistividade para solos de
naturezas distintas.

TIPO DE SOLO RESISTIVIDADE (Ω .m)


Terra de jardim com 50% de umidade 5 a 100
Terra de jardim com 20 % de umidade 140
Argila seca 1500 a 5000
Argila com 40 % de umidade 80
Argila com 20 % de umidade 330
Areia molhada 1300
Areia seca 3000 a 8000
Calcário compactado 1000 a 8000
Granito 1500 a 10000

Tabela 1.2.1: Tipo de solo e respectiva resistividade

1.3 - A INFLUÊNCIA DA UMIDADE

A resistividade do solo sofre alterações com a umidade. Esta variação ocorre


em virtude da condução de cargas elétricas no mesmo ser predominantemente iônica.
Uma percentagem de umidade maior faz com que os sais, presentes no solo, se
dissolvam, formando um meio eletrolítico favorável à passagem da corrente iônica.
Assim, um solo específico, com concentração diferente de umidade, apresenta uma
grande variação na sua resistividade. A Tabela 1.3.1 mostra a variação da
resistividade com a umidade de um solo arenoso.

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Índice de Umidade Resistividade(Ω .m)


(% por peso) (solo arenoso)
0,0 10.000.000
2,5 1.500
5,0 430
10,0 185
15,0 105
20,0 63
30,0 42

Tabela 1.3.1: Resistividade de um solo arenoso com concentração de umidade

A resistividade é bastante sensível ao teor de umidade do solo até um valor de


20%; aumentar a umidade acima deste valor provocará variações na resistividade
conforme observado na figura 1.3.1 (NBR-7117).

Figura 1.3.1: ρ x Umidade percentual solo arenoso

Conclui-se, portanto, que o valor da resistividade do solo acompanha de


períodos de seca e chuva de uma região. Os aterramentos melhoram a sua qualidade
com solo úmido, e pioram no período de seca.
1.4 - A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA

Para um solo arenoso, mantendo-se todas as demais características e


variando-se a temperatura, a sua resistividade comporta-se de acordo com a Tabela
1.4.1. 4
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Temperatura Resistividade (Ω .m)


(º C) (solo arenoso)
20 72
10 99
0 (Água) 138
0 (gelo) 300
-5 790
- 15 3.300

Tabela 1.4.1: variação da Resistividade Com a Temperatura Para o Solo Arenoso

De uma maneira genérica, a performance de um determinado solo submetido


à variação da temperatura pode ser expressa pela curva da figura 1.4.1.
A partir do ρ mínimo , com o decréscimo da temperatura, e a conseqüente contração e
aglutinação da água, é produzida uma dispersão nas ligações iônicas entre os
grânulos de terra no solo, e que resulta num maior valor da resistividade.
Observe que no ponto de temperatura 0°C (água), a curva sofre
descontinuidade, aumentando o valor da resistividade no ponto 0°C (gelo). Isto é
devido ao fato de ocorrer uma mudança brusca no estado da ligação entre os grânulos
que formam a concentração eletrolítica.

Figura 1.4.1: ρ x Temperatura

Com um maior decréscimo na temperatura há uma concentração no estado


molecular tornando o solo mais seco, aumentando assim a sua resistividade.
Já no outro extremo, com temperaturas elevadas, próximas de 100° C, o
estado de vaporização deixa o solo mais seco, com a formação de bolhas internas,
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dificultando a condução da corrente, conseqüentemente, elevando o valor da sua


resistividade.

1.5 - A INFLUÊNCIA DA ESTRATIFICAÇÃO

Os solos, na sua grande maioria, não são homogêneos, mas formados por
diversas camadas de resistividade e profundidade diferentes. Essas camadas, devido
à formação geológica, são em geral horizontais e paralelas à superfície do solo.
Existem casos em que as camadas apresentam inclinadas e até verticais,
devido a falha geológica. Entretanto, os estudos apresentados para pesquisa do perfil
do solo as consideram aproximadamente horizontais, uma vez que outros casos são
menos típicos, principalmente no exato local da instalação da subestação, daí a
necessidade de introduzir o modelo de estratificação da resistividade do solo.
São diversos os métodos existentes para se estratificar o solo, ou seja, definir
as camadas, sua profundidade e resistividade respectivas.
Dos mais conhecidos podemos citar o método de Pirson, Yokogawa, Tagg e
ainda o Simplificado.
Somente para ilustrar, os métodos de Pirson e de Tagg são basicamente
analíticos e embora menos rápidos, por sua natureza apresentam maior grau de
precisão. O método Yokogawa utiliza procedimentos gráficos e seu grau de precisão
pode ser considerado satisfatório:
Já o método simplificado permite a estratificação do solo em apenas duas
camadas e só oferece resultados precisos para determinados tipos de solo.
Como resultado da variação da resistividade das camadas do solo, tem-se a
variação da dispersão de corrente. A figura 1.5.1 apresenta o comportamento dos
fluxos de dispersão de correntes em um solo heterogêneo, em torno do aterramento.

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Figura 1.5.1: Estratificação do solo em duas camadas

As linhas pontilhadas são as superfícies equipotenciais. As linhas cheias são


as correntes elétricas fluindo no solo.

1.6 - LIGAÇÃO À TERRA

Quando ocorre um curto-circuito envolvendo a terra, espera-se que a corrente


seja elevada para que a proteção possa operar e atuar com fidelidade e precisão,
eliminando o defeito o mais rápido possível.
Durante o tempo em que a proteção ainda não atuou, a corrente de defeito que
escoa pelo solo, gera potenciais distintos nas massas metálicas e superfície do solo.
Portanto, procura-se efetuar uma adequada ligação dos equipamentos
elétricos à terra, para se ter o melhor aterramento possível, dentro das condições do
solo, de modo que a proteção seja sensibilizada e os potenciais de toque e passo
fiquem abaixo dos limites críticos da fibrilação ventricular do coração humano.

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A maneira de prover a ligação íntima com a terra é ligar os equipamentos e


massas a um sistema de aterramento conveniente.

1.7 - SISTEMAS DE ATERRAMENTO

Toda e qualquer instalação elétrica de alta e baixa tensões, para funcionar


com desempenho satisfatório, e ser suficientemente segura contra riscos de acidentes
fatais, deve possuir um sistema de aterramento dimensionado adequadamente para as
condições de cada projeto.
O sistema de aterramento visa:
• Segurança de atuação da proteção.
• Escoamento de cargas estáticas.
• Baixas resistências de aterramento.
• Proteção da instalação contra descargas atmosféricas.
• Proteção do indivíduo contra contatos com partes metálicas da instalação
energizadas acidentalmente.
• Uniformização do potencial em toda área do projeto, prevenindo contra lesões
perigosas que possam surgir durante uma falta fase e terra.
Os diversos tipos de sistemas de aterramento devem ser realizados de modo a
garantir a melhor ligação com a terra.
0s tipos principais são:
• uma simples haste cravada no solo;
• hastes alinhadas;
• hastes em triângulo;
• hastes em quadrado;
• hastes em círculos;
• placas de material condutor enterradas no solo;
• fios ou cabos enterrados no solo, formando diversas configurações, tais como:
- extendido em vala comum;
- em cruz;
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- em estrela;
- quadriculados, formando uma malha de terra.
0 tipo de sistema de aterramento a ser adotado depende da importância do
sistema de energia elétrica envolvido, do local e do custo. 0 sistema mais eficiente é,
evidentemente, a malha de terra.

1.8 - HASTES DE ATERRAMENTO

É constituída de uma haste de comprimento entre 1 a 3 m e cujo material


pode ser de aço zincado ou de aço revestido solidamente com cobre. Existem, no
mercado, vários tipos de haste de terra, desde as hastes denominadas de efeito
estável, bem como aquelas de efeito dinâmico. As primeiras, desde que não sofram
nenhum tipo de corrosão, mantêm o seu comportamento estável, desde que também
não haja variações nas condições do solo. O segundo tipo, que tem geometria
tubular, onde periodicamente é injetada uma substância especial, à base de sais
minerais para melhorar a condutividade do solo nas imediações da haste, permite o
controle da resistência do aterramento ao longo dos anos.
0 material das hastes de aterramento deve ter as seguintes características:
• ser bom condutor de eletricidade;
• deve ser um material praticamente inerte às ações dos ácidos e sais dissolvidos no
solo;
• o material deve sofrer a menor ação possível da corrosão galvânica;
• resistência mecânica compatível com a cravação e movimentação do solo.
As melhores hastes são geralmente as cobreadas:
Tipo Copperweld: É uma barra de aço de secção circular onde o cobre é
fundido sobre a mesma; .
Tipo Encamisado por Extrusão: A alma de aço é revestida por um tubo de
cobre através do processo de extrusão;
Tipo Cadweld: O cobre é, depositado eletroliticamente sobre a alma de aço.
É muito empregada também, com sucesso, a haste de cantoneira de ferro
zincada.
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Figura 1.8.1: Elementos de uma malha de terra

1.9 - ATERRAMENTO

Em termos de segurança, devem ser aterradas todas as partes metálicas que


possam eventualmente ter contato com partes energizadas. Assim, um contato
acidental de uma parte energizada com a massa metálica aterrada estabelecerá um
curto-circuito, provocando a atuação da proteção e interrompendo a ligação do
circuito energizado com a massa.
Os projetos de instalações elétricas executados atualmente sempre indicam
um ponto de aterramento para a instalação. Dependendo do projeto, é feita apenas a
especificação de um valor em Ohm (Ω ), por exemplo: 10Ω , 5Ω ou algum outro
valor que, por falta de uma melhor explicação, parece ser um capricho do projetista.
Aterramento é, essencialmente, uma conexão elétrica à terra, onde o valor da
resistência de aterramento representa a eficácia desta ligação: quanto menor a
resistência, melhor o aterramento.
A norma NBR 5410 estabelece várias condições quanto ao aterramento, ou
seja:
a) As massas simultaneamente acessíveis devem ser ligadas à mesma rede de
aterramento, individualmente, por grupo ou coletivamente.

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b) Em cada edificação, deve existir uma ligação equipotencial principal, reunindo os


seguintes elementos:
• Condutor de proteção principal.
• Condutor de aterramento principal ou terminal de aterramento principal.
• Canalizações metálicas de água, gás e outras utilidades.
• Colunas ascendentes de sistemas de aquecimento central ou de condicionamento
de ar.
• Elementos metálicos da construção e outras estruturas metálicas. Cabos de
telecomunicação, com concordância da empresa operadora.
• Eletrodo de aterramento do sistema de proteção contra descargas atmosféricas da
edificação (pára-raios).
• Eletrodo de aterramento da antena externa de televisão.

Figura 1.9.1: Utilização do condutor de proteção

c) Quando os elementos anteriormente mencionados originarem-se do exterior da


edificação, a sua conexão à ligação equipotencial principal deve ser efetuada o mais
próximo possível do ponto em que penetram na edificação.
d) Todo condutor isolado, cabo unipolar, ou veia de cabo multipolar utilizado como
condutor neutro deve ser identificado conforme essa função. No caso de
identificação por cor, deve ser usada a cor azul-claro.
e) Todo condutor isolado, ou cabo unipolar, ou veia de cabo multipolar utilizado
como condutor de proteção (PE) deve ser identificado de acordo com sua função. No
caso de identificação por cor, deve ser usada a dupla coloração verde-amarelo, ou na
falta desta, a cor verde (cores exclusivas da função de proteção).
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f) Todo condutor isolado, cabo multipolar utilizado como condutor PEN, deve ser
identificado de acordo com essa função. Em caso de identificação por cor, deve ser
usada a cor azul-claro, com anilhas verde-amarelo nos pontos visíveis ou acessíveis.
Já na indústria e no setor elétrico, uma análise apurada e crítica deve ser feita
nos equipamentos a serem aterrados, para se obter a melhor segurança possível.

Figura 1.9.2: Aterramento na barra de ferro de aterramento

1.10 - CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE BAIXA TENSÃO EM


RELAÇÃO À ALIMENTAÇÃO E DAS MASSAS EM RELAÇÃO À
TERRA

A classificação é feita por letras, como segue:


Primeira Letra - Especifica a situação da alimentação em relação à terra.
T - A alimentação (lado fonte) tem um ponto diretamente aterrado;
I - Isolação de todas as partes vivas da fonte de alimentação em relação à terra ou
aterramento de um ponto através de uma impedância elevada.
Segunda Letra - Especifica a situação das massas (carcaças) das cargas ou
equipamentos em relação à terra. 12
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T - Massas aterradas com terra próprio, isto é, independente da fonte;


N - Massas ligadas ao ponto aterrado da fonte;
I - Massa isolada, isto é, não aterrada.
Outras Letras - Forma de ligação do aterramento da massa do equipamento,
usando o sistema de aterramento da fonte.
S - Separado, isto é, o aterramento da massa é feito com um fio (PE) separado
(distinto) do neutro;
C - Comum, isto é, o aterramento da massa do equipamento é feito usando o fio
neutro (PEN).
Exemplo 1.10.1: Sistema de alimentação e consumidor do tipo TN-S.

Figura 1.10.1: Sistema TN-S

Exemplo 1.10.2: Sistema tipo TN-C figura 1.10.2

Figura 1.10.2: Sistema TN-C


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Exemplo 1.10.3: Sistema TN-C-S - A fonte (alimentação) é aterrada (T), o


equipamento tem o seu aterramento que usa um fio separado (S) que, após uma certa
distância, é conectado ao fio neutro (C). Figura 1.10.3.

Figura 1.10.3: Sistema TN-C-S

Exemplo 1.10.4: Sistema TT - A fonte é aterrada (T) e a massa metálica da


carga tem um terra separado e próprio (T). figura 1.10.4.

Figura 1.10.4: Sistema TT

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Exemplo 1.10.5: Sistema IT - A fonte não esta aterrada (I) ou aterrada por
uma impedância considerável e a massa do equipamento da carga tem terra próprio
(T).

Figura 1.10.5: Sistema IT

1.11 - PROJETO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO

0 objetivo é aterrar todos os pontos, massas, equipamentos ao sistema de


aterramento que se pretende dimensionar.
Para projetar adequadamente o sistema de aterramento deve-se seguir as
seguintes etapas:

a) Definir o local de aterramento;


b) Providenciar várias medições no local;
c) Fazer a estratificação do solo nas suas respectivas camadas;
d) Definir o tipo de sistema de aterramento desejado;
e) Calcular a resistividade aparente do solo para o respectivo sistema de aterramento;
f ) Dimensionar o sistema de aterramento, levando em conta a sensibilidade dos relés
e os limites de segurança pessoal, isto é, da fibrilação ventricular do coração. 15
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2 - MEDIÇÃO DA RESISTIVIDADE DO SOLO

2.1 - INTRODUÇÃO

Serão especificamente abordadas, neste capítulo, as características da prática


da medição da resistividade do solo de um local virgem.
Os métodos de medição são resultados da análise de características práticas
das equações de Maxwell do eletromagnetismo, aplicadas ao solo.
Na curva ρ x a, levantada pela medição, está fundamentada toda a arte e
criatividade dos métodos de estratificação do solo, o que permite a elaboração do
projeto do sistema de aterramento.

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2.2 – RESISTIVIDADE DO SOLO

A primeira informação necessária para a elaboração de um projeto de


aterramento é o valor da resistividade do solo.
Quando temos uma segunda camada com resistividade mais baixa - caso
típico quando da existência de um lençol freático, a vantagem está na utilização de
hastes mais profundas; ao contrário, quando temos uma camada de solo bom sobre
rocha, será preferencial utilizar uma malha horizontal.
O caso mais crítico aqui é o de antenas de telecomunicação ou torres de
linhas de transmissão instaladas no alto de montanhas rochosas, às vezes engastadas
mesmo na rocha. Não é possível cravar hastes, e descer com um cabo pela encosta do
morro aumenta consideravelmente a impedância do sistema. Nesses casos, o melhor
a fazer é proceder a uma equalização fina de todo o sistema e cavar valas horizontais
para instalar eletrodos horizontais de baixa impedância, preenchendo depois essas
valas com concreto.
Quando temos um solo "cravável", porém de péssima (elevada) resistividade,
vimos freqüentemente um erro clássico: cravar dezenas de hastes na tentativa de
baixar a resistência, o que, além de não ocorrer acaba também aumentando a
impedância. A melhor saída é, ainda, o tratamento do solo, com gel ou mesmo
concreto.
Conforme dito anteriormente, a resistividade do solo varia bastante de um
local para outro e, as vezes, em pontos bem próximos verificam-se certas alterações
nos valores medidos. Mesmo assim, alguns autores preferem simplesmente fixar um
terminado valor de ρ e desenvolver os cálculos normalmente. Encontra-se em
diversas bibliografias ρ - 100 (Ω .m).

2.3 - LOCALIZAÇÃO DO SISTEMA DE ATERRAMENTO

A localização do sistema de aterramento depende da posição estratégica


ocupada pelos equipamentos elétricos importantes do sistema elétrico em questão.

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Cita-se, por exemplo, a localização otimizada de uma subestação, que deve ser
definida levando em consideração os seguintes itens:
• Centro geométrico de cargas;
• Local com terreno disponível;
• Terreno acessível economicamente;
• Local seguro às inundações;
• Não comprometer a segurança da população.

O local escolhido para as medições deverá ser sempre longe de áreas sujeitas
a interferências, tais como: torres metálicas de transmissão e respectivos contrapesos,
pontos de aterramento do sistema com neutro aterrado, torres de telecomunicação,
solos com condutores ou canalizações metálicas, cercas aterradas, etc.
Portanto, definida a localização da subestação, fica definido o local da malha
de terra.
Já na distribuição de energia elétrica, os aterramentos situam-se nos locais da
instalação dos equipamentos tais como: transformador, religador, seccionalizador,
regulador de tensão, chaves, etc. No sistema de distribuição com neutro multi-
aterrado, o aterramento será feito ao longo da linha a distâncias relativamente
constantes.
O local do aterramento fica condicionado ao sistema de energia elétrica, ou,
mais precisamente, aos elementos importantes do sistema.
Escolhido preliminarmente o local, devem ser analisados novos itens, tais
como:
• Estabilidade da pedologia do terreno;
• Possibilidade de inundações a longo prazo;
• Medições locais.
Havendo algum problema que possa comprometer o adequado perfil esperado
do sistema de aterramento, deve-se, então, escolher outro local.

2.4 - MEDIÇÕES NO LOCAL


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Definido o local da instalação do sistema de aterramento, deve-se efetuar


levantamento através de medições, para se obter as informações necessárias à
elaboração do projeto.
Um solo apresenta resistividade que depende do tamanho do sistema de
aterramento. A dispersão de correntes elétricas atinge camadas profundas com o
aumento da área envolvida pelo aterramento.
Para se efetuar o projeto do sistema de aterramento deve-se conhecer a
resistividade aparente que o solo apresenta para o especial aterramento pretendido.
A resistividade do solo, que espelha suas características, é, portanto, um dado
fundamental e por isso, neste capítulo, será dada especial atenção à sua
determinação. 0 levantamento dos valores da resistividade é feito através de
medições em campo, utilizando-se métodos de prospecção geoelétricos, dentre os
quais, o mais conhecido e utilizado é o Método de Wenner.
Deverão ser tomadas as seguintes medidas de segurança relativas aos
potenciais perigosos que podem aparecer próximos a sistemas de aterramento ou a
estruturas condutoras aterradas passíveis de serem energizadas acidentalmente:
• Utilização de calçados.
• Evitar a realização de medições. sob condições atmosféricas adversas, tendo-se
em vista a possibilidade de ocorrência de descargas atmosféricas.
• Não tocar nos eletrodos durante as medições e evitar que pessoas estranhas e
animais se aproximem dos mesmos.

Observações:
a) Os eletrodos deverão ser cravados aproximadamente 20 cm no solo, ou até que
apresentem resistência mecânica de cravação aceitáveis que defina uma resistência
ôhmica de contato .
b) Os eletrodos deverão estar sempre alinhados.
c) As distâncias entre os eletrodos deverão ser sempre iguais.
d) Os eletrodos deverão estar isentos de óxidos ou gorduras.
e) Para um determinado espaçamento entre eletrodos, ajustar o potenciômetro e o
multiplicador do megger até que o galvanômetro do aparelho indique "zero", com o
equipamento ligado.
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f) Após zerado o megger, anotar o valor de R obtido, na planilha de medições, para o


espaçamento entre eletrodos utilizados.
g) Se o ponteiro do galvanômetro oscilar, significa que existe alguma interferência.
Neste caso deverá ser deslocado o ponto de medição até ser eliminada ou minimizada
a interferência.
h) Para meggers com terminal GROUND, este deverá ser utilizado para minimizar as
interferências e, neste caso, deverá ser interligado ao ponto A da figura 2.5.3, através
de um eletrodo.
i) Deverá ser anotada a condição do solo (seco, úmido, etc...).
j) 0 croquis de locação dos pontos onde foram executadas medidas deverá
acompanhar os resultados, na planilha de medição.
k) 0 valor da resistividade será dado por:

ρ = 2.π .a. R (Ω .m) (2.4.1)

onde: a. = distância entre os eletrodos (m)


R = valor indicado no potenciômetro do megger (Ω )

l) 0 valor de resistividade obtido através da fórmula (2.4.1) , com um determinado


espaçamento entre eletrodos, é o valor de resistividade do solo até a profundidade
igual a esse espaçamento.

2.5 - MÉTODO DE WENNER

Para o levantamento da curva de resistividade do solo, no local do


aterramento, pode-se empregar diversos métodos, entre os quais:
• Método de Wenner ;
• Método de Lee;
• Método de Schlumbeger - Palmer.

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Neste trabalho será utilizado o Método de Wenner. O método usa quatro


pontos alinhados, igualmente espaçados, cravados a uma mesma profundidade.

Figura 2.5.1 : Quatro hastes cravadas no solo.

Uma corrente elétrica I é injetada no ponto 1 pela primeira haste e coletada no


ponto 4 pela última haste. Esta corrente, passando pelo solo entre os pontos 1 e 4,
produz potencial nos pontos 2 e 3.

V2 = ρI 1 + 1
− 1
− 1  (2.5.1)
4π  a a 2 +( 2 p )2 2a ( 2 a )2 +( 2 p )2 

Figura 2.5.2: Imagem do ponto 1 e 4

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O potencial no ponto 3 é :

V3 = ρI 1 + 1
− 1a − 1  (2.5.2)
4π  2 a ( 2a )2 + ( 2 p ) a2 + (2 p) 

Portanto, a diferença de potencial nos pontos 2 e 3 é:

ρI 1 2 2 
V23 = V2 −V3 =  + −  (2.5.3)
4π a a 2 + (2 p)
2
( 2a ) 2 + ( 2 p ) 2 
 

Fazendo a divisão da diferença de potencial V23 pela corrente I, teremos o


valor da resistência elétrica R do solo para uma profundidade aceitável de penetração
da corrente I .
Assim teremos:

V23 ρ 1 2 2 
R= =  + −  (2.5.4)
I 4π a a 2 + ( 2 p)
2
( 2a ) 2 + ( 2 p ) 2 
 

A resistividade elétrica do solo é dada por:

4πaR
ρ=
2a 2a
[ Ω.m]
1+ − (2.5.5)
a + ( 2 p) ( 2a ) + ( 2 p)
2 2 2 2

22
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O aparelho destinado a este fim é o MEGGER e a montagem deve ser a


mostrada a seguir:

Figura 2.5.3: Método de Wenner

Na realidade o que está sendo medido é o valor de R na profundidade igual a


separação entre os eletrodos (a) conforme ficou provado em estudos realizados.
É conveniente que se use meggers com filtro para eliminação de
interferências. Estes meggers injetam correntes de freqüência diferente de 60 HZ,
portanto, obtém-se resultados mais precisos.
Os eletrodos utilizados devem possuir ponteira e ter 30 ou 40 cm de
comprimento e diâmetro entre 10 e 15 mm. Devem ser preferencialmente de material
não sujeito à corrosão e ter resistência mecânica suficiente para resistir aos impactos
da cravação.
Os cabos de interligação devem ter isolação de acordo com o nível de tensão
do megger, flexibilidade e resistência mecânica adequadas. Devem ser munidos de
garra tipo jacaré numa das extremidades, visando a facilidade de conexão aos
eletrodos.
As duas hastes internas são ligadas nos terminais P1 e P2. Assim, o aparelho
processa internamente e indica na leitura, o valor da resistência elétrica, de acordo
com a expressão 2.5.4.
23
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O método considera que praticamente 58% da distribuição de corrente que


passa entre as hastes externas ocorre a uma profundidade igual ao espaçamento entre
as hastes.

Figura 2.5.4: Penetração na profundidade “a”

Os espaçamentos a serem adotados entre os eletrodos dependem da dimensão


do sistema de aterramento que se quer medir.
A tabela a seguir dá os arranjos das hastes normalmente utilizadas e os
correspondentes espaçamentos mínimos dos eletrodos de prova.
Dados: Comprimento das hastes : 3 m
Diâmetro da haste: 0,016 m
Espaçamento entre hastes: 3 m

Notas: 1) Aterramentos de maiores dimensões exigirão espaçamentos maiores que os


indicados.
2) Poderão ser usados espaçamentos maiores que os indicados para cada
aterramento, mantendo-se porém a relação de 61,8% entre as distâncias.

24
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Tabela 2.5.1: Espaçamento entre eletrodo de prova

Muitas vezes, devido à dimensão dos sistema de aterramento, os


espaçamentos requeridos para as hastes de prova serão enormes o que poderá
provocar problemas por falta de espaço livre para executar a correta medição.
Para estes casos, poderão ser adotados espaçamentos reduzidos de acordo
com a tabela a seguir:

25
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Tabela 2.5.2: Espaçamento reduzido entre eletrodos de prova

2.6 - DIREÇÕES A SEREM MEDIDAS

O número de direções em que as medidas deverão ser levantadas depende:


• da importância do local do aterramento;
• da dimensão do sistema de aterramento;
• da variação acentuada nos valores medidos para os respectivos espaçamentos.
Para um único ponto de aterramento, isto é, para cada posição do aparelho,
devem ser efetuadas medidas em três direções, com ângulo de 60° entre si.
26
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Figura 2.6.1: Direções do ponto de medição

Este é o caso de sistema de aterramento pequeno, com um único ponto de


ligação a equipamentos tais como: regulador de tensão, religador, transformador,
seccionalizador, TC, TP, chaves à óleo e a SF6, etc.
No caso de subestações deve-se efetuar medidas em vários pontos, cobrindo
toda a área da malha pretendida.
0 ideal é efetuar várias medidas em pontos e direções diferentes. Mas se por
algum motivo, deseja-se usar o mínimo de direções, então, deve-se pelo menos
efetuar as medições na direção indicada como segue:
• na direção da linha de alimentação;
• na direção do ponto de aterramento ao aterramento da fonte de alimentação.
Feitas as medições, uma análise dos resultados deve ser realizada para que os
mesmos possam ser avaliados em relação a sua aceitação ou não. Esta avaliação é
feita da seguinte forma:
1 ) Calcular a média aritmética dos valores da resistividade elétrica para cada
espaçamento adotado, Isto é:

ρM (a j ) = ∑ ρi (a j )
1 n j =1, q
∀ i =1, n
(2.6.1)
n i =1

Onde:
ρM ( a j ) ⇒ Resistividade média para o respectivo espaçamento aj

n ⇒ Número de medições efetuadas para o respectivo espaçamento aj


27
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ρi ( a j ) ⇒ Valor da i-ésima medição da resistividade com o espaçamento aj

q ⇒ Número de espaçamentos empregados

2) Proceder o cálculo do desvio de cada medida em relação ao valor médio como


segue:

i =1, n
ρi (a j ) − ρM (a j ) ∀ (2.6.2)
j =1, q

Observação (a): Deve-se desprezar todos os valores da resistividade que


tenham um desvio maior que 50% em relação a média, isto é:

ρi ( a j ) − ρ M ( a j ) i =1, n
* 100 ≥ 50% ∀ (2.6.3)
ρM (a j ) j =1, q

Observação (b): Se o valor da resistividade tiver o desvio abaixo de 50% o


valor será aceito como representativo.
Observação (c): Se observada a ocorrência de acentuado número de medidas
com desvios acima de 50%, recomenda-se executar novas medidas na região
correspondente. Se a ocorrência de desvios persistir, deve-se então, considerar a área
como uma região independente para efeito de modelagem.
Com a nova tabela, efetua-se o cálculo das médias aritméticas das
resistividades remanescentes.

3) Com as resistividades médias para cada espaçamento, tem-se então os valores


definitivos e representativos para traçar a curva ρ x a, necessária ao procedimento
das aplicações dos métodos de estratificação do solo.

28
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3 – ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO

3.1- INTRODUÇÃO

Necessitamos do valor da resistividade do solo para o projeto de malhas de


aterramento, devido aos requisitos de valores máximos para a resistência da malha,
tensão de passo e de toque.
Conhecendo o valor da resistividade e as dimensões do eletrodo de
aterramento, podemos calcular o valor da resistência da malha e os potenciais de
toque e de passo, desde que o solo seja uniforme, ou seja, o valor da resistividade não
varia com a profundidade ou com a distância horizontal do ponto de medição.
Esta condição de uniformidade raramente é verdadeira na prática, daí a
necessidade de introduzir o modelo de estratificação da resistividade do solo,
representando o solo por camadas, onde cada camada é uniforme e tem um certo
valor de resistividade e uma determinada espessura.
Embora este modelo não seja uma representação perfeita do solo real, é
suficiente para os cálculos de uma malha de aterramento.
A quantidade de camadas utilizadas no modelo é função da precisão desejada
para os cálculos, características do solo real e disponibilidade de ferramentas
matemáticas que permitam calcular as grandezas de interesse.
Para executar uma estratificação de solo é necessário fazer uma medição de
campo dos valores da resistividade aparente. Medimos na prática valores de
resistência em Ohms e calculamos o valor da resistividade aparente em Ohm.m.
São diversos os métodos existentes para se estratificar o solo, ou seja, definir
as camadas, sua profundidade e resistividade respectivas.
Dos mais conhecidos podemos citar o método de Pirson, Yokogawa, Tagg e
ainda o Simplificado.
Somente para ilustrar, os métodos de Pirson e de Tagg são basicamente
analíticos e embora menos rápidos, por sua natureza apresentam maior grau de
precisão.
O método Yokogawa utiliza procedimentos gráficos e seu grau de precisão
pode ser considerado satisfatório:
29
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Já o método simplificado permite a estratificação do solo em apenas duas


camadas e só oferece resultados precisos para determinados tipos de solo.

3.2 – MODELAGEM DO SOLO DE DUAS CAMADAS

Usando as teorias do eletromagnetismo no solo com duas camadas


horizontais, é possível desenvolver uma modelagem matemática, que com o auxílio
das medidas efetuadas pelo Método de Wenner, possibilita encontrar a resistividade
do solo da primeira e segunda camada, bem como sua respectiva profundidade.
Uma corrente elétrica I entrando pelo ponto A, no solo de duas camadas da
figura 3.2.1, gera potenciais na primeira camada, que deve satisfazer a equação 3.2.1,
conhecida como Equação de Laplace.

Figura 3.2.1: Solo em duas camadas

∇2 * V = 0 (3.2.1)
V = Potencial na primeira camada do solo

Desenvolvendo a Equação de Laplace relativamente ao potencial V de


qualquer ponto p da primeira camada do solo, distanciado de “r” da fonte de corrente
A, chega-se a seguinte expressão:

Iρ1 1 ∞
Kn 
Vp =  + 2∑  (3.2.2)
2π  r n =1 r 2 + ( 2nh )
2

30
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Onde:
Vp = É o potencial de um ponto p qualquer da primeira camada em relação ao
infinito.
ρ 1 = Resistividade da primeira camada
h = Profundidade da primeira camada
r = Distância do ponto p à fonte de corrente A
K = Coeficiente de reflexão, definido por:

ρ 2 − ρ1
K= (3.2.3)
ρ 2 + ρ1

ρ 2 = Resistividade da segunda camada


Pela expressão 3.2.3, verifica-se que a variação do coeficiente de reflexão é
limitada entre -1 e +1.

− 1 ≤ K ≤ +1 (3.2.4)

Nesta configuração, a corrente elétrica I entra no solo pelo ponto A e retorna


ao aparelho pelo ponto D. Os pontos B e C são os eletrodos de potencial.
O potencial no ponto B, será dado pela superposição da contribuição da
corrente elétrica entrando em A e saindo por D. Usando a expressão 3.2.2, e
efetuando a superposição, tem-se:

Iρ1 1 ∞
Kn  Iρ 1 ∞
Kn 
VB =  + 2∑ − 1  + 2∑  (3.2.5)
2π  a n =1 a 2 + ( 2nh ) 2  2π  2a n =1 ( 2a ) 2 2 
+ ( 2nh ) 

31
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Figura 3.2.2: Configuração de Wenner no solo de duas camadas

Fazendo a mesma consideração para o potencial do ponto C, tem-se:

 ∞
 Iρ1  1 ∞

Vc = I2ρπ1  21a + 2∑ Kn

 2π  a + 2 ∑ Kn
 (3.2.6)
( 2 a ) +( 2 nh ) 2 ( a ) +( 2 nh ) 2
 n =1   n =1 

A diferença de potencial entre os pontos B e C é dado por:

VBC = VB - VC

Substituindo-se as equações correspondentes, obtém-se:

 ∞
 
1 + 4∑ 
Iρ 1
VB C = 2π a
Kn
− Kn
  (3.2.7)
n=1 
1+ ( 2 n ah ) 2 4+ ( 2 n ha )2

 ∞
 
2π a VB C
I = ρ 1 1 + 4 ∑  Kn
− Kn
 
n=1 
1+ ( 2 n ha ) 2 4 + ( 2 n ah ) 2
 
A relação VBC/I representa o valor da resistência elétrica lida no aparelho
Megger do esquema apresentado. Assim, então:
32
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 ∞
 
2π aR = ρ 1 1 + 4∑  Kn
− Kn
 
n=1 
1+ ( 2 n ha ) 2 4+ ( 2 n ah ) 2
 

De acordo com a expressão 2.4.1, a resistividade elétrica do solo, para o


espaçamento “a” é dada por ρ = 2π aR. Após a substituição, obtém-se finalmente:

 ∞
 
ρ (a)
= 1 + 4∑  Kn
− Kn
 
(3.2.8)
n=1 
1+ ( 2 n ha ) 2 4+ ( 2 n ha )2
 
ρ1

A expressão 3.2.8 é fundamental na elaboração da estratificação do solo em


duas camadas.

3.3 - MÉTODO DE ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO DE DUAS CAMADAS

Empregando estrategicamente a expressão 3.2.8 é possível obter alguns


métodos de estratificação do solo para duas camadas. Entre eles, o mais usados são:

• Método de duas camadas usando curvas;


• Método de duas camadas usando técnicas de otimização;
• Método simplificado para estratificação do solo de duas camadas.

A seguir, é feita uma detalhada descrição de cada um desses métodos.

3.4 - MÉTODO DE DUAS CAMADAS USANDO CURVAS

Como já observado, a faixa de variação do coeficiente de reflexão K é


pequena, e está limitada entre -1 e +1. Pode-se então, traçar uma família de curvas de
ρ (a)/ρ 1 em função de h/a para uma série de valores de K negativos e positivos,33
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cobrindo toda a sua faixa de variação. As curvas traçadas para K variando na faixa
negativa, isto é, curva ρ (a) x a descendente, figura 3.4.1a, estão apresentada na
figura 3.4.2.
Já as curvas obtidas da expressão 3.2.8 para a curva ρ (a) x a segundo, figura
3.4.1b, isto é, para K variando na faixa positiva, são mostradas na figura 3.4.3.
Figura 3.4.1: curvas ρ (a) x a descendente e ascendente

Com base na família de curvas teóricas das figuras 3.4.2 e 3.4.3, é possível
estabelecer um método que faz o casamento da curva ρ (a) x a, medida por Wenner,
com uma determinada curva particular. Esta curva particular é caracterizada pelos
respectivos valores de ρ 1, K e h. Assim, estes valores são encontrados e a
estratificação esta estabelecida.
A seguir são apresentados os passos relativos ao procedimento deste método:

1º passo: traçar em um gráfico a curva ρ (a) x a obtida pelo método de Wenner;

2º passo: Prolongar a curva ρ (a) x a até cortar o eixo das ordenadas do gráfico.
Neste ponto, é lido diretamente o valor de ρ 1, isto é, a resistividade da
primeira camada. Para viabilizar este passo, recomenda-se fazer várias
leituras pelo método de Wenner para pequenos espaçamentos. Isto se
justifica porque a penetração desta corrente dá-se predominantemente na
primeira camada.

34
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3º passo: Um valor de espaçamento a1 é escolhido arbitrariamente, e levado na curva


para obter-se o correspondente valor de ρ (a1 ).

4º passo: Pelo comportamento da curva ρ (a) x a, determina-se o sinal de K. Isto é:


Se a curva for descendente, o sinal de K é negativo e efetua-se o cálculo
de ρ (a1)/ρ 1.

Se a curva for ascendente, o sinal de K é positivo e efetua-se o cálculo de


ρ 1/ρ (a1).

Figura 3.4.2: curvas para K negativos

5º passo: Com o valor de ρ (a1)/ρ 1 ou ρ 1/ρ (a1) obtido, entra-se na curvas


teóricas correspondente e traça-se uma linha paralela ao eixo da abscissa.

35
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Esta reta corta curvas distintas de K. Proceder a leitura de todos os


específicos K e h/a correspondentes.

Figura 3.4.3: Curvas para K positivos

6º passo: Multiplica-se todos os valores de h/a encontrados no quinto passo pelo


valor de a1 do terceiro passo. Assim, com o quinto e sexto passo, gera-se
uma tabela com os valores correspondentes de K, h/a e h.

7º passo: Plota-se a curva K x h dos valores obtidos da tabela gerada no sexto passo.

8º passo: Um segundo valor de espaçamento a2 ≠ a1 é novamente escolhido, e todo o


processo é repetido, resultando numa nova curva K x h
36
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9º passo: Plota-se esta nova curva K x h no mesmo gráfico do sétimo passo.

10º passo: A interseção das duas curvas K x h num dado ponto resultará nos valores
reais de K e h, e a estratificação estará definida.

Exemplo 3.4.1

Efetuar a estratificação do solo pelo método apresentado no item 3.3,


correspondente à série de medidas feitas em campo pelo método de Wenner, cujos
dados estão na Tabela 3.4.1.

Espaçamento (m) Resistividade (Ω .m)


1 684
2 611
4 415
6 294
8 237
16 189
32 182

Tabela 3.4.1: Valores de medição em campo

A resolução é feita seguindo os passos recomendados.

1º passo: Na figura 3.4.4 está traçada a curva ρ (a) x a


2º passo: Prolongando-se a curva, obtém-se

ρ 1=700 Ω .m

3º passo: escolhe-se a1 = 4m e obtém-se ρ (a1) = 415 Ω .m


4º passo: Como a curva ρ (a) x a é descendente, K é negativo, então calcula-se a
relação:
ρ ( a1 )
ρ1 = 41 5
7 00 = 0,59 3
37
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Figura 3.4.4: Curva ρ (a) x a

ρ ( a1 )
5º passo: Como K é negativo e com o valor ρ1 = 0,5 9 3 levado na família de

h
curvas teóricas da figura 3.4.2, procede-se a leitura dos respectivos K e a .

Assim, gera-se a Tabela 3.4.2 proposta no sexto passo.

ρ ( a1 )
a1 = 4m ρ1 = 0,5 9 3
h
K a
h[m]
-0,1 - -
-0,2 - -
-0,3 0,263 1,052
-0,4 0,423 1,692
-0,5 0,547 2,188
38
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-0,6 0,625 2,500


-0,7 0,691 2,764
-0,8 0,752 3,008
-0,9 0,800 3,200
-1,0 0,846 3,384

Tabela 3.4.2: Valores do quinto e sexto passo

8º passo: Escolhe-se um outro espaçamento

a2 = 6m
ρ (a2) = 294 Ω .m
ρ ( a2 )
ρ1 = 294
70 0 = 0,42
Constrói-se a Tabela 3.4.3.
ρ ( a1 )
a1 = 6m ρ1 = 0,4 2 0
h
K a
h[m]
-0,1 - -
-0,2 - -
-0,3 - -
-0,4 - -
-0,5 0,305 1,830
-0,6 0,421 2,526
-0,7 0,488 2,928
-0,8 0,558 3,348
-0,9 0,619 3,714
-1,0 0,663 3,978

Tabela 3.4.3: Valores do quinto e sexto passo

39
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Figura 3.4.5: Curva h x K

9º passo: A Figura 3.4.5 apresenta o traçado das duas curvas K x h obtidas da Tabela
3.4.2 e 3.4.3.
10º passo: A interseção ocorre em:
K = -0,616
h = 2,574 m
Usando a equação 3.2.3, obtém-se o valor de ρ 2.
ρ 2 = 166,36 Ω .m
A figura 3.4.6 mostra o solo estratificado em duas camadas.

40
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Figura 3.4.6: Solo estratificado, solução do exemplo

3.5 – MÉTODOS DE DUAS CAMADAS USANDO TÉCNICAS DE


OTIMIZAÇÃO.

 ∞

ρ (a) = ρ 1 1 + 4∑  Kn
− Kn
 
(3.5.1)
n=1 
1+ ( 2 n ha )2 4+ ( 2 n ah )2

Pela expressão acima, para um específico solo em duas camadas, há uma


relação entre os espaçamentos entre as hastes da configuração de Wenner e o
respectivo valor de ρ (a).
Na prática, pelos dados obtidos em campo, tem-se a relação de "a" e ρ (a)
medidos no aparelho. Os valores de ρ (a) medidos e os obtidos pela fórmula 3.5.1
devem ser os mesmos. Portanto, procura-se, pelas técnicas de otimização, obter o
melhor solo estratificado em duas camadas, isto é, obter os valores de ρ 1, K e h, tal
que a expressão 3.5.1 seja aquela que mais se ajusta à série de valores medidos.
Assim, procura-se minimizar os desvios entre os valores medidos e calculados.
A solução será encontrada na minimização da função abaixo:

2
q   ∞
   
∑i=1  ρ (ai ) m e d id o− ρ 1 1 + 4∑n=1  Kn
− K h 2 
n
Minimizar (3.5.2)
 
1+ ( 2 n ah ) 2
i
4+ ( 2 n a )
i   
As variáveis são ρ 1, K e h.
41
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Esta é a expressão da minimização dos desvios ao quadrado conhecida como


mínimo quadrado. Aplicando qualquer método de otimização multidimensional em
3.5.2, obtém-se os valores ótimos de ρ 1, K e h, que é a solução final do método de
estratificação.
Existem vários métodos tradicionais que podem ser aplicados para otimizar a
expressão 3.5.2, tais como:

• Método do Gradiente;
• Método do Gradiente Conjugado;
• Método de Newton;
• Método Quase-Newton;
• Método de Direção Aleatória;
• Método de Hooke e Jeeves;
• Método do Poliedro Flexível;
• etc.

Exemplo 3.5.1

Aplicando separadamente três métodos de otimização conforme proposto pela


expressão 3.5.2 ao conjunto de medidas da Tabela 3.5.1, obtidas em campo pelo
método de Wenner, as soluções obtidas estão apresentadas na Tabela 3.5.2.

Espaçamento a [m] Resistividade [Ω .m]


2,5 320
5,0
245
7,5 182
10,0 162
12,5 168
15,0 152

Tabela 3.5.1: Dados da medição


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Estratificação do solo calculada Gradiente Linearizado Hooke-Jeeves


Resistividade da 1ª camada [Ω .m] 383,49 364,67 364,335
Resistividade da 2ª camada [Ω .m] 147,65 143,61 144,010
Profundidade da 1ª camada [m] 2,56 2,82 2,827
Fator de reflexão K -0,44 -0,43 -0,4334

Tabela 3.5.2: Solução encontrada

3.6 - MÉTODO SIMPLIFICADO PARA ESTRATIFICAÇÃO DO SOLO EM


DUAS CAMADAS

Este método oferecerá resultados variáveis somente quando o solo puder ser
considerado estratificável em duas camadas e a curva ρ (a) x a tiver uma das formas
típicas indicadas na figura 3.6.1 abaixo, com uma considerável tendência de
saturação assintótica nos extremos e paralela ao eixo das abscissas.
A assíntota para pequenos espaçamentos é típica da contribuição da primeira
camada do solo. Já para espaçamentos maiores, tem-se a penetração da corrente na
segunda camada, e sua assíntota caracteriza nitidamente um solo distinto.
Pela análise das curvas ρ (a) x a da figura 3.6.1, fica caracterizado pelo
prolongamento e assíntota, os valores de ρ 1 e ρ 2. Portanto, neste solo específico,
com os dois valores obtidos, fica definido de acordo com a expressão 3.2.8 o valor

Figura 3.6.1: Curvas ρ (a) x a para Solo de Duas Camadas

43
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do parâmetro K. Assim, na expressão 3.2.8 o valor desconhecido é a profundidade da


primeira camada, isto é, “h”.
A filosofia deste método baseia-se em deslocar as hastes do Método de
Wenner, de modo que a distância entre as hastes seja exatamente igual a "h", isto é,
igual a profundidade da primeira camada. Ver figura 3.6.2.
h
Assim, como a = h ou a = 1, o termo a direita da expressão 3.3.4 fica sendo

a expressão 3.6.1, que será denominado de M (h=a).


= M ( a =h ) = 1 + 4 ∑  
ρ( a =h ) Kn
− Kn
(3.6.1)
ρ1 
n =1 
1+( 2 n ) 2
4 +( 2 n ) 2 

Figura 3.6.2: Espaçamento a=h

A expressão 3.6.1 significa que se o espaçamento "a" das hastes no Método


de Wenner for exatamente igual a "h", a leitura no aparelho Megger será:

ρ (a=h) = ρ 1•M(h=a) (3.6.2)

Portanto, deste modo, basta levar o valor de ρ (a=h) na curva ρ (a) x a e obter o
valor de "a", isto é, "h". Assim, fica obtida a profundidade da primeira camada.
Esta é a filosofia deste método, para tanto, deve-se obter a curva M(a=h) versus
K, através da expressão 3.6.1. Esta curva está na figura 3.6.3.

44
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Assim, definida a curva de resistividade ρ (a) x a, obtida pelo método de


Wenner, a seqüência para obtenção da estratificação do solo é a seguinte:

1º passo: Traçar a curva ρ (a) x a, obtida pela medição em campo usando o método
de Wenner.
2º passo: Prolongar a curva ρ (a) x a até interceptar o eixo das ordenadas e determi-
nar o valor de ρ 1, isto é, da resistividade da primeira camada do solo.
3º passo: Traçar a assíntota no final da curva ρ (a) x a e prolongá-la até o eixo das
ordenadas, o que indicará o valor da resistividade ρ 1, da segunda camada do
solo.
4º passo: Calcular o coeficiente de reflexão K, através da expressão 3.2.3, isto é:
ρ2
−1
K= ρ1
ρ2
ρ1
+1

5º passo: Com o valor de K obtido no quarto passo, determinar o valor de M(a=h) na


curva da figura 3.6.3. O valor de M(a=h) está relacionado com a equação 3.2.8,
já que são conhecidos ρ 1,ρ 2 e K, sendo a profundidade “h” desconhecida.
6º passo: Calcular ρ (a=h) = ρ 1•M(a=h)

7º passo: Com o valor de ρ (a=h) encontrado, entrar na curva de resistividade ρ (a) x a


e determinar a profundidade “h” da primeira camada do solo.

45
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Figura 3.6.3: Curva M(a=h) x K

Exemplo 3.6.1

Com os valores medidos em campo pelo método de Wenner da tabela 3.6.1,


efetuar a estratificação do solo pelo método simplificado de duas camadas.

Espaçamento a [m] Resistividade [Ω .m]


1 996
2
974
4 858
6 696
8 549
46
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12 361
16 276
22 230
32 210
Tabela 3.6.1: Dados de campo

1º passo: A curva ρ (a) x a está mostrada na figura 3.6.4.


2º passo: Pelo prolongamento da curva, tem-se
ρ 1 = 1000 Ω .m
3º passo: Traçando a assíntota, tem-se
ρ 2 = 200 Ω .m
4º passo: Calcular o índice de reflexão K
ρ2
−1 200
−1
K= ρ1
ρ2 = 1000
200
+1
= − 0,6 6 6 6
ρ1
+1 1000

5º passo: Da curva da figura 3.6.3, obtém-se


M (a=h)= 0,783
6º passo: Calcular
ρ (a=h) = ρ 1• M(a=h) = 1000 • 0,783 = 783 Ω .m
7º passo: Com o valor de ρ (a=h) levado à curva ρ (a) x a, obtém-se
h = 5,0 m

47
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Figura 3.6.4: Curva ρ (a) x a

Assim, o solo estratificado em duas camadas é apresentado na figura 3.6.5.

Figura 3.6.5: Estratificação do solo

48
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3.7 - MÉTODO DE ESTRATIFICAÇÃO DE SOLOS DE VÁRIAS CAMADAS

Um solo com várias camadas apresenta uma curva ρ (a) x a ondulada, com
trechos ascendentes e descendentes, conforme mostrado na figura 3.7.1.

Figura 3.7.1: Solo com várias camadas

Dividindo a curva ρ (a) x a em trechos típicos doa solos de duas camadas, é


possível então, empregar métodos para a estratificação do solo com várias camadas,
fazendo uma extensão da modelagem do solo de duas camadas.
Serão desenvolvidos os seguintes métodos para a estratificação do solo com
várias camadas:

• Método de Pirson;
• Método Gráfico de Yokogawa.

3.8 - MÉTODO DE PIRSON

O Método de Pirson pode ser encarado como uma extensão do método de


duas camadas. Ao se dividir a curva ρ (a) x a em trechos ascendentes e descendentes

49
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fica evidenciado que o solo de várias camadas pode ser analisado como uma
seqüência de curvas de solo equivalentes a duas camadas.
Considerando o primeiro trecho como um solo de duas camadas, obtém-se
ρ 1, ρ 2, h1. Ao analisar-se o segundo trecho, deve-se primeiramente determinar uma
resistividade equivalente, vista pela terceira camada. Assim, procura-se obter a
resistividade ρ 3 e a profundidade da camada equivalente. E assim sucessivamente,
seguindo a mesma lógica.
A seguir apresenta-se os passos a serem seguidos na metodologia adotada e
proposta por Pirson:

1º passo: Traçar um gráfico a curva ρ (a) x a obtida pelo método de Wenner.

2º passo: Dividir a curva em trechos ascendentes e descendentes, isto é, entre os seus


pontos máximos e mínimos,

3º passo: Prolonga-se a curva ρ (a) x a até interceptar o eixo das ordenadas do


gráfico. Neste ponto é lido o valor de ρ 1, isto é, a resistividade da primeira
camada.

4º passo: Em relação ao primeiro trecho da curva ρ (a) x a, característica de um solo


de duas camadas, procede-se então toda a seqüência indicada no método 3.4.
Encontrando-se, assim, os valores de ρ 2 e h1.


5º passo: Para o segundo trecho, achar o ponto de transição (at) onde a é
da

d 2ρ
máxima, isto é, onde
da2
= 0 . Este ponto da transição está localizado onde a
curva muda a sua concavidade.

6º passo: Considerando o segundo trecho da curva ρ (a) x a, deve-se achar a


resistividade equivalente vista pela terceira camada, assim estima-se a

50
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profundidade da segunda camada (h2), pelo método de Lancaster-Jones, isto


é:

h2 = d1 + d2 = 3 at
2
(3.8.1)

Onde

d1 = h1 = Espessura da primeira camada


d2 = Espessura estimada da segunda camada
h2 = Profundidade estimada da segunda camada
at = E o espaçamento correspondente ao ponto de transição do segundo trecho.
Assim, obtém-se o valor estimado de h2 e d2.

7° passo: Calcular a resistividade média equivalente estimada ( ρ21 ) vista pela


terceira camada, utilizando a Fórmula de Hummel, que é a média harmônica
ponderada da primeira e segunda camada.

d1 + d 2
ρ 21 = d1 d 2 (3.8.2)
+
ρ1 ρ 2

O ρ12 se apresenta como o ρ 1 do método de duas camadas.


8º passo: Para o segundo trecho da curva, repetir todo o processo de duas camadas

visto no método apresentado em 3.4, considerando ρ12 a resistividade da

primeira camada. Assim, obtém-se os novos valores estimados de ρ 3 e h2.


Estes valores foram obtidos a partir de uma estimativa de Lancaster-Jones. Se
um refinamento maior no processo for desejado, deve-se refazer o processo a partir
do novo h2 calculado, isto é:

h2 = d1 + d2
51
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Volta-se ao sétimo passo para obter novos valores de ρ 3 e h3. Após, então,
repete-se a partir do sexto passo, todo o processo para os outros trechos sucessores.
Exemplo 3.8.1

Efetuar a estratificação do solo pelo Método de Pirson, para o conjunto de


medidas obtidas em campo pelo método de Wenner, apresentado na Tabela 3.9.1.

Espaçamento a [m] Resistividade [Ω .m]


1 11.938
2
15.770
4 17.341
8 11.058
16 5.026
32 3.820
Tabela 3.8.1: Dados da medição

1º passo: Figura 3.8.1 mostra a curva ρ (a) x a.


2° passo: A curva ρ (a) x a é dividida em dois trechos, um ascendente e outro
descendente. A separação é feita pelo ponto máximo da curva, isto é, onde


da = 0.

3° passo: Com o prolongamento da curva ρ (a) x a obtém-se a resistividade da


primeira camada do solo.
ρ 1 = 8.600 Ω
4º passo: Após efetuados os passos indicados no método do item 3.4, obtém-se as
Tabelas 3.8.2 relativa aos passos intermediários.
Para:

52
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Figura 3.8.1: Curva ρ (a) x a

a1 = 1m, obtém-se ρ (a1) = 11.938 Ω .m


a1 = 2m, obtém-se ρ (a,) = 15.770 Ω .m
Efetuando o traçado das duas curvas K x h, as mesmas se interceptam no ponto:
h1 = d1 = 0,64m
K1 = 0,43
Calcula-se

ρ 2 = 21.575 Ω .m

5º passo: Examinando o segundo trecho da curva, pode-se concluir que o ponto da


curva com espaçamento de 8 metros, apresenta a maior inclinação. Portanto,
o ponto de transição é relativo ao espaçamento de 8 metros, assim:
at=8m
ρ1
a1 = 1m ρ ( a1 ) = 0,7204
53
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h
K a1 H[m]
0,2 0,23 0,23
0,3 0,46 0,46
0,4 0,60 0,60
0,5 0,72 0,72
0,6 0,81 0,81
0,7 0,89 0,89
0,8 0,98 0,98

ρ1
a1 = 2m ρ ( a1 ) = 0,5475
h
K a1 h[m]
0,2 - -
0,3 0,05 0,10
0,4 0,28 0,56
0,5 0,40 0,80
0,6 0,49 0,98
0,7 0,57 1,14
0,8 0,65 1,30

Tabela 3.8.2: Valores calculados

6º passo: Considerando o segundo trecho da curva ρ (a) x a, estimar a profundidade


da segunda camada. Aplicando-se a fórmula 3.9.1 do método de Lancaster-
Jones, tem-se:

h2 = d1 + d2 = 23 a t

h2 = 0,64 + d2 = 3 • 8
2

h2 = 5,4 m
d2 = 4,76 m

54
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7º passo: Cálculo da resistividade média equivalente pela fórmula 3.8.2 de Hummel,


tem-se

ρ 21 = 0, 64+ 4 , 7 6
0 , 64 4 , 76 0
+
860 0 21, 575

ρ21 = 18,302 Ω.m

8º passo: Para o segundo trecho da curva ρ (a) x a, repetir novamente os passos do


método do item 3.4, gerando as Tabelas 3.8.3.

Para:
a1 = 8m, obtém-se ρ (a1) = 11.058 Ω .m
a1 = 16m, obtém-se ρ (a1) = 5.026 Ω .m
Efetuando-se o traçado das duas curvas K x h, as mesmas interceptam-se no
ponto,
h2 = 5, 64m
K = -0, 71

ρ ( a1 )
a1 = 8m
ρ 12
= 0,6 0 4
h
K a1 h[m]
-0,3 0,280 2,240
-0,4 0,452 3,616
-0,5 0,560 4,480
-0,6 0,642 5,136
-0,7 0,720 5,760
-0,8 0,780 6,240
-0,9 0,826 6,600
ρ ( a1 )
a1 = 16m
ρ 12
= 0,2 7 4 6
h
K a1 h[m]
-0,3 - -
-0,4 - -
-0,5 - -
-0,6 0,20 3,20 55
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-0,7 0,34 5,44


-0,8 0,43 6,88
-0,9 0,49 7,84

Tabela 3.8.3: Valores calculados

Assim,

ρ 3 = ρ 21 11+− KK

Substituindo-se os valores, tem-se:


ρ 3 = 3.103 Ω .m
Portanto, a solução final foi encontrada e o solo com três camadas
estratificadas é mostrado na figura 3.8.2.

Figura 3.8.2: Solo em três camadas

3.9 - MÉTODO GRÁFICO DE YOKOGAWA

Este é um método gráfico apresentado no manual do aparelho Yokogawa de


medição de resistência de terra. Com este método, pode-se efetuar a estratificação do
solo em várias camadas horizontais com razoável aceitação.
A origem do método, baseia-se na logaritimização da expressão 3.2.8 obtida
do modelo do solo de duas camadas. Assim, usando o logaritmo em ambos os lados
da expressão 3.2.8, tem-se:

56
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[ ]  

lo g ρ (a)
ρ1 = lo g1 + 4∑  Kn
− Kn
 
(3.9.1)
n=1 
1+ ( 2 n ha )2 4+ ( 2 n ah )2

Empregando-se a mesma filosofia usada no modelo desenvolvido no item 3.4,

pode-se construir uma família de curvas teóricas de log [ ]


ρ (a) h
ρ 1 em função de a para

uma série de valores de K dentro de toda sua faixa de variação.


Fazendo o traçado das famílias das curvas teóricas, em um gráfico com escala
logarítmica, isto é, log-log, tem se a CURVA PADRÃO, mostrada na figura 3.9.1.
A Curva Padrão obtida na escala logarítmica é similar às curvas do gráfico

ρ (a)
das figuras 3.4.2 e 3.5.3 traçadas juntas. Os valores de ρ 1 estão na ordenada do

h
gráfico 3.9.1, na abscissa estão os valores de a e as curvas dos respectivos K estão

ρ
indicadas pelo seu correspondente ρ2 .
1

Estas curvas são relativas às curvas teóricas obtidas especificamente de


modelagem do solo de duas camadas. Um solo típico de duas camadas é
caracterizado pelos três parâmetros: ρ 1, ρ 2 e h. Fazendo as medições neste solo,
pelo método de Wenner e traçando a curva ρ (a) x a em escala logarítmica, o seu
formato é típico da Curva Padrão.

57
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Fazendo manualmente o perfeito casamento da curva ρ (a) x a na escala


logarítmica com uma determinada curva padrão, tem-se então a identidade
estabelecida. Isto eqüivale a ter no método de Wenner o espaçamento igual à
profundidade da primeira camada, isto é, a = h, no solo de duas camadas. Ver figura
3.10.2.

Figura 3.9.1: Curva padrão

ρ (a)
Portanto, no ponto da curva ρ (a) x a que coincide com a ordenada ρ1 = 1

na Curva Padrão, lê-se diretamente o valor específico de ρ (a), que é igual a


resistividade ρ 1 da primeira camada. Este ponto é denominado de pólo O1 da
primeira camada, que representa na curva ρ (a) x a o ponto de medição pelo método
de Wenner que tenha o mesmo valor da resistividade da primeira camada, juntamente
com seu respectivo espaçamento "a" que é idêntico à profundidade da primeira
camada.
58
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Neste ponto do pólo O1 lê-se, também, a profundidade da primeira camada,


isto é, "h" .
O traçado da Curva Padrão é feito de tal forma que, com o casamento da

ρ (a) h
curva ρ (a) x a, o ponto ρ = 1 e a = 1, isto é, o pólo 01, esteja na posição sobre
1

a curva ρ (a) x a de tal forma que a medição do valor deste ponto pelo método de
Wenner, cobriria totalmente a primeira camada, isto é, já produz a solução da
estratificação procurada.

Figura 3.9.2: Espaçamento a = h

No ponto estabelecido do pólo O1, basta efetuar a leitura de ρ (a) e "a", onde:

ρ 1 = ρ (a)  Valor lido no pólo O1 na curva ρ (a) x a


a = h  Valor lido no pólo O1 na curva ρ (a) x a

O casamento de curvas fornece o valor de ρ 2.


Pode-se estender este processo para solos com várias camadas, seguindo a
mesma filosofia do método de Pirson. Deste modo, divide-se a curva ρ (a) x a em
trechos ascendentes e descendentes.

59
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Figura 3.9.3: Curva auxiliar

A partir do segundo trecho, deve-se utilizar uma estimativa da camada


equivalente vista pela terceira camada, isto é feito empregando a Curva Auxiliar da
figura 3.9.3.

60
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ρ2
Coloca-se sobre o gráfico ρ (a) x a, a curva ρ da Curva Auxiliar que tenha
1

ρ
a mesma relação ρ2 obtida pelo casamento da curva ρ (a) x a com a Curva Padrão.
1

ρ (a)
Com o pólo de origem ( ρ
1
= 1 e ah = 1 ) da Curva Padrão mantido sobre a

ρ
Curva Auxiliar ρ2 , procura-se ajustar o melhor casamento entre o segundo trecho
1

da
curva ρ (a) x a com a da Curva Padrão. Isto feito, demarca-se no gráfico ρ (a) x a o
pólo O2.
Neste pólo O2, lê-se:

ρ (a) = ρ2  Resistividade equivalente da primeira e segunda camada, isto é, vista


1

pela terceira camada.


a = h2  Profundidade do conjunto da primeira e segunda camada.

ρ3
Com a relação obtida do casamento, obtém-se o ρ 3 . E assim
ρ 12

sucessivamente.
Até o momento procurou-se apenas justificar a filosofia baseada neste
método. A resolução da estratificação é puramente gráfica usando translado de
curvas, portanto, é difícil traduzir com plenitude a exemplificação do método.
Colocando-se em ordem de rotina, passa-se a descrever o método:

1° passo: Traçar em papel transparente a curva ρ (a) x a em escala logarítmica.

2° passo: Dividir a curva ρ (a) x a em trechos ascendentes e descendentes.

3° passo: Desloca se o primeiro trecho da curva ρ (a) x a sobre a CURVA


PADRÃO, 61
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ρ
até obter o melhor casamento possível, isto se dá na relação ρ2 .
1

ρ (a)
4º passo: Demarca-se ao gráfico da curva ρ (a) x a, o ponto de origem ( ρ
1
= 1e

h
a = 1 ) da Curva Padrão, obtendo-se assim o pólo 0 .
1

5º passo: Lê-se no ponto do pólo O1, os valores de ρ 1 e h1.

ρ2
6° passo: Calcula-se ρ 2 pela relação ρ obtida no terceiro passo.
1

Até este passo, foram obtidos ρ 1, h1 e ρ 2. Para continuar o processo do outro


trecho sucessor da curva ρ (a) x a, vai-se ao sétimo passo.

7º passo: Faz-se o pólo O1 do gráfico da curva ρ (a) x a coincidir com o ponto de


origem da CURVA AUXILIAR.. Transfere-se, isto é, traça-se com outra cor a Curva

ρ
Auxiliar com relação ρ2 obtida no terceiro passo, sobre o gráfico da curva ρ (a) x
1

a.

ρ2
8º passo: Transladando-se o gráfico ρ (a) x a, de modo que a Curva Auxiliar ρ ,
1

traçada no sétimo passo, percorra sempre sobre o ponto de origem da CURVA


PADRÃO. Isto é feito até se conseguir o melhor casamento possível do segundo

ρ2
trecho da curva ρ (a) x a com a da Curva Padrão, isto se dá numa nova relação ρ
1

ρ3
denominada agora de ρ 2 .
1

62
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9º passo: Demarca-se o pólo O2 no gráfico ρ (a) x a, coincidente com o ponto de


origem da Curva Padrão.

10° passo: Lê-se no ponto do pólo O2 os valores de ρ12 e h2.

11° passo: Calcula se a resistividade da terceira camada ρ 3 pela relação fornecida


no oitavo passo.
Até este passo foram obtidos p1, h1, h2, ρ 2 e ρ 3. Havendo mais trechos da
curva ρ (a) x a, deve-se repetir o processo a partir do sétimo passo.

Exemplo 3.9.1

Efetuar a estratificação do solo pelo método gráfico de Yokogawa do


respectivo conjunto de medições em campo da Tabela 3.9.1, obtidos pelo método de
Wenner.

Espaçamento a [m] Resistividade [Ω .m]


2 680
4
840
8 930
16 690
32 330
Tabela 3.9.1: Dados de campo

Toda a resolução baseia-se na figura 3.9.4.

No polo O1, tem-se:


ρ 1 = 350 Ω .m
h1 = 0,67 m
ρ2
ρ1 =3 ρ 2 = 1050 Ω .m

63
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No polo O2, tem-se:


ρ 21 = 900 Ω.m
h2 = 15 m
ρ3
ρ 12
= 1
6 ρ 3 = 150 Ω .m

O solo estratificado em três camadas está na figura 3.9.5


Figura 3.9.4: Resolução do método gráfico

Figura 3.9.5: Solo em três camadas

4 – MANEIRAS DE ATERRAMENTO

4.1 - INTRODUÇÃO:

64
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Apresentaremos neste capítulo as maneiras de aterramento mais simples, com


geometria e configurações efetuadas por hastes, anel e fios. Sendo a malha de terra
um sistema de aterramento especial, será dedicado um capítulo a parte.
O escoamento da corrente elétrica absorvida pelo sistema de aterramento, se
dá através de uma resistividade aparente que o solo apresenta para este aterramento
em especial, portanto, serão analisado o sistema de aterramento em relação a uma
resistividade aparente, já que seu cálculo depende do tipo de solo e do sistema de
aterramento.

4.2 – HASTE VERTICAL

Uma das formas mais simples de aterramento é uma única haste enterrada no
solo.

Figura 4.2.1: Haste cravada no solo

O valor da resistência de aterramento pode ser determinado pela fórmula


4.2.1.

R1h a ste = ρa
2π L ln( 4dL ) Ω (4.2.1)

onde: ρ a = resistividade aparente do solo no local de fincamento da haste (Ω .m);


l = comprimento cravado da haste (m);
65
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d = diâmetro equivalente da haste (m).

No caso da haste ser do tipo cantoneira, deve-se efetuar o cálculo da área da


sua secção transversal e igualar a área de um circulo. Assim:

S ca n to n e ira
d=2 π
(4.2.2)

onde: d = diâmetro do circulo equivalente à área da secção transversal da cantoneira.


Contudo, nem sempre uma simples haste nos possibilitará obter o valor de
resistência de aterramento que desejamos. Neste caso, poderemos utilizar vários
meios de reduzir o valor da resistência de aterramento, tais como aumentar o
comprimento da haste a ser utilizada, tratar quimicamente o solo ao redor da haste,
interligar várias hastes em paralelo ou soluções mistas dessas alternativas.
Pode-se observar também que a expressão 4.2.1 não leva em conta o material
de que é formada a haste, mas sim do formato da cavidade que a geometria da haste
forma no solo. O fluxo formado pelas linhas de corrente elétrica entra ou sai do solo,
utilizando a forma da cavidade. Portanto, o R1haste refere-se somente à resistência
elétrica da forma geométrica do sistema de aterramento interagindo com o solo.
Assim, generalizando, a resistência elétrica de um sistema de aterramento é apenas
uma parcela da resistência do aterramento de um equipamento. A resistência total
vista pelo aterramento de um equipamento (figura 4.2.2) é composta:
a) Da resistência da conexão do cabo de ligação com o equipamento;
b) Da impedância do cabo de ligação;
c) Da resistência da conexão do cabo de ligação com o sistema de aterramento
empregado;
d) Da resistência do material que forma o sistema de aterramento ;
e) Da resistência de contato do material com a terra;

66
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WAGNER ANTONIO BIFFE

Figura 4.2.2:Resistência elétrica total do equipamento

f) Da resistência da cavidade geométrica do sistema de aterramento com a terra.

Deste total, a última parcela, que é a resistência de terra do sistema de


aterramento, é a mais importante. Seu valor é maior e depende do solo, das condições
climáticas, etc.. Já as outras parcelas são menores e podem ser controladas com
facilidade.
A seguir, analisaremos cada alternativa em particular, apontando seus efeitos
na redução da resistência de aterramento, o custo de cada alternativa e, finalmente,
apresentaremos um estudo técnico-econômico que propicie a escolha da melhor
alternativa.

4.3 - AUMENTO DO DIÂMETRO DA HASTE


67
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Se aumentarmos o diâmetro das hastes utilizadas teremos uma pequena


redução no valos da resistência, que é dada pela fórmula 4.2.1, mas apresenta uma
“saturação” para diâmetros acima dos valores produzido pelo fabricante, conforme
pode ser vista na figura 4.2.2
Convém salientar que um aumento grande do diâmetro a haste, sob o ponto
de vista custo-beneficio, não seria vantajoso. Na pratica o diâmetro que se utiliza
para as hastes, é aquele compatível com a resistência mecânica do cravamento no
solo.

4.4 - INTERLIGAÇÃO DE HASTES EM PARALELO

A interligação de hastes em paralelo diminui sensivelmente o valor da


resistência do aterramento. O cálculo da resistência de hastes paralelas interligadas
não segue a lei simples do paralelismo de resistências elétricas. Isto é devido às
interferências nas zonas de atuação das superfícies equipotenciais. A figura 4.4.1
mostra as superfícies equipotenciais de uma haste vertical cravada no solo
homogêneo.

Figura 4.4.1: Superfície equipotencial de uma haste

No caso de duas hastes cravadas no solo homogêneo, distanciadas de "a", a


figura 4.4.2 mostra as superfícies equipotenciais que cada haste teria se a outra não
existisse, onde pode ser observada também a zona de interferência.

68
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Figura 4.42: Zona de interferência nas linhas equipotenciais de duas hastes

A figura 4.4.3 mostra as linhas equipotenciais resultantes do conjunto


formado pelas duas hastes.

Figura 4.4.3: Superfícies equipotenciais de duas hastes

A zona de interferência das linhas equipotenciais causa uma área de bloqueio


do fluxo da corrente de cada haste, resultando uma maior resistência de terra69
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individual. Como a área de dispersão efetiva da corrente de cada haste torna-se


menor, a resistência de cada haste dentro do conjunto aumenta. Portanto, a
resistência elétrica do conjunto de duas hastes é:
Observe-se que o aumento do espaçamento das hastes paralelas faz com que a
interferência seja diminuída. Teoricamente, para um espaçamento infinito, a
interferência seria nula, porém, um aumento muito grande do espaçamento entre as
hastes não seria economicamente viável. Na prática, o espaçamento aconselhável
gira em torno do comprimento da haste. Adota-se muito o espaçamento de 3 metros.
Para o cálculo da resistência equivalente de hastes paralelas, neve-se levar em
conta o acréscimo de resistência ocasionado pela interferência entre as hastes. A
fórmula 4.4.1 apresenta resistência elétrica que cada haste tem inserida no conjunto.

R1h a s te
2 < R2h a s te< R1h a s t e (4.4.1)

onde: Rh = resistência apresentada pela haste h inserida no conjunto considerando


as interferências da outras hastes;
n = numero de hastes paralelas
Rhh = resistência individual de cada haste, sem a presença de outras hastes
(fórmula 4.2.1)
Rhm = acréscimo da resistência na haste h devido à interferência mutua da
haste m, dada pela fórmula 4.4.2;

 hm 
2
2
ρa
Rhm = 4πL ln  (eb2hm−+(Lb ) −−eL ) 2  (4.4.2)
 hm hm 

ehm = espaçamento entre a haste h e a haste m;


L = comprimento da haste em metro.
70
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Figura 4.4.4: Parâmetros das mútuas entre as hastes “h” e “m”

Num sistema de aterramento emprega-se hastes iguais, o que facilita a


padronização na empresa, e também o cálculo da resistência equivalente do conjunto.
Fazendo o cálculo para todas as hastes do conjunto (fórmula 4.4.2) tem-se os valores
da resistência de cada haste.
Determinada a resistência individual de cada haste dentro do conjunto, já
considerados os acréscimos ocasionados pelas interferências, a resistência
equivalente das hastes interligadas será a resultante do paralelismo destas.

Figura 4.4.5: Paralelismo das resistências

71
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1
Req =
1 1 1 1 (4.4.3)
+ + + ... +
R1 R2 R3 Rn

Toda associação de hastes existe um índice de redução (K), que é a relação


entre a resistência equivalente do conjunto e a resistência individual de cada haste
sem a presença de outras hastes.

Req
K = (4.4.4)
R1haste

Para facilitar o cálculo de Req os valores de K são tabelados, ou obtidos


através de curvas( Apêndice A).

4.5 – DIMENSIONAMENTO DE VÁRIOS TIPOS DE SISTEMAS DE


ATERRAMENTO.
4.5.1 – HASTES EM TRIÂNGULO:

Para este sistema as hastes são cravadas nos vértices de um triângulo


equilátero.

Figura4.5.1.1: Triângulo equilátero

72
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Os índices de redução ( K ) são obtidos diretamente das curvas da fig. 4.5.1.2


As curvas são para hastes de ½” e 1”, com tamanhos de 1,2; 1,8; 2,4 e 3 metros.

Figura 4.5.1.2: Curvas dos K x e

O método para determinar a resistência equivalente (Req) é igual para todos os


sistemas de aterramento. Os procedimentos são, determinar o valor da resistência de
uma haste (R1haste), este é obtido através das tabelas do apêndice A tendo em mãos os
valores de comprimento da haste (L) e seu diâmetro, em seguida, acha-se o valor do
índice de redução (K) pelas curvas dos K x e. Portanto, com estes valores
determinados obtém-se através da fórmula 4.4.4 o valor da Req .

4.5.2 – HASTES EM QUADRADO VAZIO

73
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Figura 4.5.2.1: Quadrado vazio

Figura 4.5.2.2: Oito hastes em quadrado vazio

74
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Figura 4.5.2.3: Trinta e seis hastes em quadrado vazio

4.5.3 – HASTES EM QUADRADO CHEIO

Figura 4.5.3.1: Quadrado cheio

75
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Figura 4.5.3.2: Quatro hastes em quadrado cheio (vazio)

Figura 4.5.3.3: Trinta e seis hastes em quadrado cheio

4.5.4 – HASTES EM CIRCUNFERÊNCIA:

Figura 4.5.4.1: Hastes em circunferência


76
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Figura 4.5.4.2: Hastes em circunferência com nove metros de raio

4.6 – HASTES PROFUNDAS

O objetivo principal é aumentar o comprimento L das hastes, o que faz, de


acordo com a fórmula 4.2.1, decair o valor da resistência praticamente na razão
inversa de L.
Na utilização do sistema com hastes profundas, vários fatores ajudam a
melhorar ainda mais a qualidade do aterramento. Estes fatores são:
• Aumento do comprimento da haste;
• Camadas mais profundas com resistividades menores;
• Condição de água presente estável ao longo do tempo;
• Condição de temperatura constante e estável ao longo do tempo;
• Produção de gradientes de potencial maiores no fundo do solo, tornando os
potenciais de passo na superfície praticamente desprezíveis.

77
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Figura 4.6.1: Hastes profundas

Quando se utilizam hastes profundas, a dispersão de correntes para o solo


acontece, em sua maioria, na parte inferior da haste, ou seja na camada de solo de
menor resistividade (ρ x). A parte superior da haste, situada nas camadas de
resistividade maior, funcionará quase que somente como um condutor para a
dispersão das correntes na parte inferior da haste. Assim sendo a resistência de uma
haste profunda é dada por :
ρx 4L
R1h = * ln (4.6.1)
2 * πL d
Onde, L é o comprimento total das hastes interligadas.
Logo, deve-se ter o cuidado de prever um comprimento (Lx) de haste cravada
na camada de baixa resistividade (ρ x) para se conseguir um bom desempenho desse
aterramento. Uma regra prática indica a observância de: Lx ≥ 20% L
São consideradas camadas de baixa resistividade aquelas que, relativamente,
são menores que as camadas superiores (ρ x<<< ρ eq).
Do ponto de vista prático não é recomendável o emprego de hastes
emendáveis com mais de 9m de comprimento total.
Algumas empresas, ao invés de cravar hastes emendadas, tem utilizado a
técnica de cavar o buraco no solo com perfuratriz de poço e, em seguida introduzir
uma única haste conectada a um fio longo que vai até a superfície. Desta maneira
78
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obtém-se bons resultados mas a execução do aterramento é difícil pois exige a


presença de água no local e pessoal especializado.
A resistência de aterramento será dada pela combinação das hastes profundas
em paralelo, sendo os coeficientes de redução tabelados abaixo:

Tabela 4.6.1: Hastes em paralelo

0 valor da resistência de aterramento das hastes profundas em paralelo será


dado por:
Rat = k * R1h (4.6.2)
Existem também casos de solos em que as camadas de resistividade baixa são
muito profundas ou apresentam camadas de rocha u outros elementos com alta
resistência mecânica à cravação.
Neste casos, a utilização de hastes profundas não é recomendada. Por outro
lado, o uso de hastes alinhadas é na maioria dos casos limitado, em termos práticos,
em número de 6 (seis), acima do qual torna-se antieconômico.
Como solução pode-se interligar esse aterramento a um ou mais aterramentos
adjacentes cada um deles formado por hastes alinhadas (com tratamento químico ou
não) através do próprio neutro da rede ou, se este não existir por meio de condutor
enterrado. quando viável.
A resistência final de aterramento será dada pelo resultado dos dois ou mais
aterramentos em paralelo.
Naturalmente, esses aterramentos adjacentes estarão deslocados da instalação
que se quer aterrar, com o objetivo de obter condições de solo mais favoráveis.
Entretanto, caso a resistência individual do aterramento no ponto seja superior a
79
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100Ω , a distância de base do poste aos conjuntos de elementos remotos não deverá
exceder 30 m, objetivando limitar a impedância do aterramento para a descarga de
surtos.

4.7– ATERRAMENTOS COMPOSTOS POR CONDUTORES


HORIZONTAIS

A figura 4.7.1 mostra um aterramento em forma de anel que pode ser usado
aproveitando o buraco feito para a colocação do poste.

Figura 4.7.1: Aterramento em forma de anel

A resistência de aterramento em anel é dada pela fórmula 4.7.1.

ρa  4r 2 
Ranel = * ln   (Ω ) (4.7.1)
π r
2
 dp 

onde: p – profundidade que está enterrado o anel ( m );


r – raio do anel ( m );

80
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d – diâmetro do círculo equivalente à soma da seção transversal dos


condutores que forma o anel ( m ).
Além do anel, a também o fio enterrado horizontalmente e é dada pela
fórmula 4.7.2.

ρ   2L  
R= * ln  −1 (4.7.2)
πL   r  

onde: L – comprimento do condutor;


r – raio do condutor.
Condutor enterrado a uma profundidade p:

ρ   2L  
R= ln   −1 (4.7.3)
 
πL   
 2 pr  

Destas configurações, o anel é bastante utilizado por algumas concessionárias


e em aterramentos de sistemas MRT. As combinações entre as diversas
configurações também podem ser utilizadas e apresentamos a seguir as fórmulas a
serem aplicadas considerando a influência da resistência mútua resultante das
combinações.

Mútua entre condutores horizontais paralelos;

ρ  2L 
Rmutua = ln −1 (4.7.4)
πL  s * s' 

onde: s – separação entre condutores (s<<<L)

s’ = ( 2 p)2 + s2

Mútua entre condutores radiais:


- para dois condutores formando um ângulo θ entre si;

81
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ρ 1 + sen θ / 2
Rmútua = ln (4.7.5)
πL sen θ / 2

- para N condutores:

 πm 
 1 + sen
ρ N 
N −1
2L
Rmútua = ln − 1 + ∑ ln
πm 
(4.7.6)
NπL  2 pr fio m =1
sen
 N 

A resistência total será dada por:

Rconf .1 * Rconf .2 − R 2 mútua


Rtotal = (4.7.7)
Rconf .1 + Rconf .2 − 2 Rmútua

5 – TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO

5.1 – INTRODUÇÃO:

82
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Todo sistema de aterramento depende da sua integração com o solo e da


resistividade aparente.
Se o sistema já está fisicamente definido e instalado, a única maneira de
diminuir sua resistência elétrica é alterar as características do solo, usando um
tratamento químico.
O tratamento químico deve ser empregado somente quando:
• Existe o aterramento no solo, com uma resistência fora da desejada, e não se
pretende alterá-lo por algum motivo;
• Não existe outra alternativa possível, dentro das condições do sistema, por
impossibilidade de trocar o local, e o terreno tem resistividade elevada.
Os critérios principais para projeto do tratamento são: durabilidade, corrosão
e eficiência.
• Durabilidade
O tratamento não pode ser feito com sais solúveis, tal como sal de cozinha,
pois a chuva, com o tempo, lavará o sal do solo, tornando o tratamento inoperante.
Os materiais utilizados são misturas tipo gel, com capacidade de reter a água
em seu interior sem permitir a retirada dos materiais salinos; exemplos destes
materiais são os preparados vendidos especialmente para este fim no comércio, ou
materiais naturais como a bentonita, que é uma argila que, em contato com a água.
aumenta muito de volume (absorvendo a água) e cria uma estrutura tipo gel.
• Corrosão
O tratamento não pode ser agressivo para os materiais dos eletrodos de terra,
pois isto provocará a destruição dos eletrodos com o tempo; este fator deve ser
investigado cuidadosamente nos preparados comerciais. A bentonita não corrói os
materiais normalmente empregados em aterramento.
• Eficiência
Se definirmos a relação entre a resistência do eletrodo depois do tratamento
em relação ao valor inicial como medida da eficiência, teremos que, quanto menor
esta relação, melhor será a eficácia do tratamento. É importante que a medição do
valor da resistência seja feita algumas semanas após o tratamento, pois os métodos
de preparação sempre envolvem uso de água, de forma que qualquer medição feita

83
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logo após o tratamento apresentará valores artificialmente menores que o valor em


regime normal, devido à presença da água.

5.2 - CARACTERÍSTICA DO TRATAMENTO QUÍMICO DO SOLO

O tratamento químico do solo visa a diminuição de sua resistividade,


conseqüentemente a diminuição da resistência de aterramento.
Os materiais a serem utilizados para um bom tratamento químico do solo
devem ter as seguintes características:
• Boa higroscópia;
• Não lixiviável;
• Não ser corrosivo;
• Baixa resistividade elétrica;
• Quimicamente estável no solo;
• Não ser toxico;
• Não causar danos à natureza.

5.3 – TIPOS DE TRATAMENTO QUÍMICO

São apresentados, a seguir, alguns produtos usados nos diversos tipos de


tratamento químico do solo.

a) Bentonita
Bentonita é um material argiloso que tem as seguintes propriedades:
• Absorve facilmente a água;
• Retém a umidade;
• Boa condutora de eletricidade;
• Baixa resistividade (l, 2 a 4 Ω .m);

84
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• Não é corrosiva (pH alcalino) e protege o material do aterramento contra a corrosão


natural do solo.

É pouco usada atualmente. Hoje é empregada uma variação onde se adiciona


gesso para dar maior estabilidade ao tratamento.

b) Earthron
Earthron é um materia1 líquido de lignosulfato (principal componente da
polpa da madeira) mais um agente geleificador e sais inorgânicos. Suas principais
propriedades são:
• Não é solúvel em água;
• Não é corrosivo, devido à substância gel que anula a ação do ácido da madeira;
• Seu efeito é de longa duração
• É de fácil aplicação no solo;
• É quimicamente estável;
• Retém umidade.

c) Gel
O Gel é constituído de uma mistura de diversos sais que, em presença da
água, formam o agente ativo do tratamento. Suas propriedades são:
• Quimicamente estável;
• Não é solúvel em água;
• Higroscópico;
• Não é corrosivo;
• Não é atacado pelos ácidos contidos no solo;
• Seu efeito é de longa duração.

5.4 – COEFICIENTE DE REDUÇÃO DEVIDO AO TRATAMENTO


QUÍMICO DO SOLO (Kt)
85
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Quando se trata quimicamente uma haste, o valor da sua resistência é


diminuído com relação ao inicial. Essa redução (Kt) é função da resistividade do
solo, sendo que, quanto maior a resistividade do solo maior é a redução obtida. Na
prática encontram-se reduções de 5% a 5O% (0,05 a 0,5), e esse limite pode ser
explicado: como a condução de corrente pela terra dá-se por ionização, não adianta
esperar que uma região bem tratada de alguns metros de diâmetro e pouca
profundidade seja equivalente a um solo naturalmente bom, com centenas de metros
cúbicos facilmente ionizáveis em torno do eletrodo. Não é razoável esperar que,
consideradas exatamente as mesmas condições, uma haste tratada de um determinado
fabricante eqüivale a 10 ou 20 hastes de mesmas dimensões de um outro fabricante.
Existem, sim, variações entre tratamentos de fabricantes diferentes, mas estas
se devem muito mais à durabilidade e corrosão do que à eficiência do tratamento.
O valor de Kt poderá ser obtido, para cada caso, cravando-se uma haste no
local onde se pretende efetuar o aterramento medindo-se o valor da resistência (R com
tratamento ). Efetua-se o tratamento e mede-se o novo valor, de resistência (R sem tratamento).
Assim obtém-se:
Rco m tra ta mn toe
Kt = Rse m tra ta mn toe

E a resistência da haste tratada será:

R = K t • 2ρπaL ln 4dL

5.5 – VARIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE TERRA DEVIDO AO


TRATAMENTO QUÍMICO

86
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Nos gráficos das figuras 5.5.1, 5.52 e 5.53 é apresentado o comportamento


das variações da resistência de terra com o tratamento químico do solo.

Figura 5.5.1: Resistência de terra reduzida pelo tratamento químico do solo

Figura 5.5.2: Tratamento químico do solo e as variações mensais da resistência

87
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Figura 5.5.3: Variação da resistência de terra, com o tempo, de hastes em solos tratados e não tratados adjacentes

Pode-se observar que pela figura 5.5.3, o tratamento químico vai perdendo o
seu efeito. Recomenda-se fazer novo tratamento após algum tempo.

5.6 – APLICAÇÃO DO TRATAMENTO QUÍMICO NO SOLO

A seguir, nas figuras 5.6.1 e 5.6.2, é mostrado uma seqüência de ilustrações


de aplicação do tratamento químico do solo
.

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89
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5.7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como o tratamento químico do solo é empregado na correção de aterramento


existente, deve-se então, após a execução do mesmo, fazer sempre um
acompanhamento com medições periódicas para analisar o efeito e a estabilidade do
tratamento. 90
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Deve-se sempre dimensionar e executar projetos de sistemas de aterramento


de modo eficiente, para não ser necessário usar tratamento químico.
A ação efetiva do tratamento químico deve-se ao fato de o produto químico
ser higroscópio e manter retida a água por longo tempo, assim, a resistência do
aterramento decai acentuadamente. Portanto, recomenda-se nas regiões que tenham
período de seca bem definido, molhar a terra do sistema de aterramento, o que terá o
mesmo efeito do tratamento químico. Em subestação pode-se deixar instalado um
conjunto de mangueiras e a períodos regulares, molhar a terra que contém a malha.
Pode-se, inclusive, adicionar à água, a solução do produto químico do tratamento.
Em terreno extremamente seco, pode-se concretar o aterramento. O concreto
tem a propriedade de manter a umidade. Sua resistividade está entre 30 e 90 Ω .m.

6 – RESISTIVIDADE APARENTE

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6.1 – INTRODUÇÃO

Um solo com várias camadas apresenta resistividade diferente para cada tipo
de sistema de aterramento.
A passagem da corrente elétrica do sistema de aterramento para o solo
depende:
• Da composição do solo com suas respectivas camadas;
• Da geometria do sistema de aterramento;
• Do tamanho do sistema de aterramento.

Portanto, faz-se mister, calcular a resistividade aparente que representa a


integração entre o sistema de aterramento relativo ao seu tamanho em conformidade
com o solo.
O tamanho do sistema de aterramento corresponde à profundidade de
penetração das correntes escoadas. Esta penetração determina as camadas do solo
envolvidas com o aterramento, e conseqüentemente, a sua resistividade aparente.
Assim, é possível definir uma resistividade, chamada aparente, que é a
resistividade vista pelo sistema de aterramento em integração com o solo,
considerada a profundidade atingida pelo escoamento das correntes elétricas.
Colocando-se um sistema de aterramento com a mesma geometria em solo
distintos, ele terá resistências elétricas diferentes. Isto se dá porque a resistividade
que o solo apresenta a este aterramento é diferente.
A resistência elétrica de um sistema de aterramento depende
fundamentalmente da:
• Resistividade aparente que o solo apresenta para este determinado aterramento;
• Geometria e da forma como o sistema de aterramento está enterrado no solo.

Assim, genericamente, para qualquer sistema de aterramento, tem-se:

R(aterramento) = ρ a f (g) (6.1.1)


Onde:
R(aterramento)  Resistência elétrica do sistema de aterramento 92
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ρ a  Resistividade aparente
f(g)  Função que depende da geometria do sistema e da forma de colocação no
solo

Pela análise da expressão 6.1.1, pode-se definir mais claramente o conceito de


resistividade aparente. Para tanto, faz-se necessário a seguinte comparação:
a) Colocar um sistema de aterramento em um solo de várias camadas.
Sua resistência será dada por:

R(aterramento) = ρ a f (g)

b) Colocar o mesmo sistema de aterramento em posição idêntica a anterior em um


solo homogêneo, tal que a resistência elétrica seja a mesma. Isto é:

R(aterramento) = ρ h f (g)

Assim, igualando-se, tem-se:

ρ a f(g) = ρ h f(g) ∴ ρ a = ρ h (6.1.2)

Portanto, pela expressão 6.1.2 pode-se definir a resistividade aparente (ρ a)


de um sistema de aterramento relativo a um solo não homogêneo, como sendo a
resistividade elétrica de um solo homogêneo que produza o mesmo efeito.

6.2 – HASTE EM SOLO DE VÁRIAS CAMADAS

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A resistência do aterramento de uma haste cravada verticalmente em um solo

com várias camadas, é dada pela fórmula R1h aste = ρa


2π L ln( 4dL ) , onde a

resistividade aparente é calculada pela expressão 6.2.1, conhecida como a fórmula de


Hummel.

Figura 6.2.1: Haste cravada no solo estratificado

L1 + L2
ρa = L1 L2 (6.2.1)
+
ρ1 ρ 2

A dispersão das correntes em cada camada se dará de forma proporcional à


sua respectiva resistividade bem como ao comprimento da parcela da haste nela
contida.

Exemplo 6.2.1

Calcular a resistência do aterramento relativo aos dados da figura 6.2.2.

ρa = 2
2 + 5+ 3
+ 5+ 3
= 1 8 5,1 8Ω .m
500 200 120

94
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R1hastet = 18 5,18
2π .1 0
(
ln 1 54.1.100− 3 )
R1 haste = 23,19 Ω

6.3 - REDUÇÃO DE CAMADAS

O cálculo da resistividade aparente (ρ a) de um sistema de aterramento é


efetuado considerando o nível de penetração da corrente de escoamento num solo de
duas camadas.
Portanto, um solo com muitas camadas deve ser reduzido a um solo
equivalente com duas camadas.
O procedimento de redução é feito a partir da superfície, considerando-se o
paralelismo entre cada duas camadas, usando a fórmula de Hummel, 6.3.1, que
transforma diretamente o solo em duas camadas equivalentes.

d1 + d 2 + d3 + .....+ d n
ρ eq = d1 d 2 d3
+ + + .....+ ρ n
d (6.3.1)
ρ1 ρ 2 ρ 3 n

Assim, chega-se a apenas duas camadas no solo, conforme figura 6.3.1

95
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Figura 6.3.1: Solo equivalente com duas camadas

Exemplo 6.3.1

Transformar o solo da figura 6.3.2 em duas camadas.

ρa = 1+ 6 + 1
1 + 6 + 1 = 2 4 7Ω .m
200 500 65

deq = 8m

Figura 6.3.2: Redução e solo equivalente

96
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6.4 – COEFICIENTE DE PENETRAÇÃO (∝)

O coeficiente de penetração (∝) indica o grau de penetração das correntes


escoadas pelo aterramento no solo equivalente. É dado por:

α= r
de q ( 6.4.1)

Onde:
r  Raio do anel equivalente do sistema de aterramento considerada.

Cada sistema é transformado em um anel equivalente de Endrenyi, cujo raio


“r” é a metade da maior dimensão do aterramento.
O cálculo de “r” para algumas configurações. É dado a seguir:
a) Haste alinhadas e igualmente espaçadas.

( n − 1)
r= 2 .e (6.4.2)

Onde:
n Número de hastes cravadas verticalmente no solo.
e Espaçamento entre as hastes.

b) Outras configurações.

r= A
D
(6.4.3)

Onde:
A Área abrangida pelo aterramento.
D Maior dimensão do aterramento.
97
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Por exemplo, no caso da malha de terra de uma subestação, a maior dimensão


D é a diagonal.

6.5 - COEFICIENTE DE DIVERGÊNCIA (β )

Para solo de duas camadas, este coeficiente é definido pela relação entre a
resistividade da última camada e a resistividade da primeira camada equivalente.

ρ n+1
β= ρ eq (6.5.1)

O coeficiente é similar ao coeficiente de reflexão entre duas camadas.

6.6 - RESISTIVIDADE APARENTE PARA SOLO COM DUAS CAMADAS

Com o (α ) e (β ) obtidos, pode-se determinar a resistividade aparente (ρ a)


do aterramento especificado em relação ao solo de duas camadas. Usando as curvas
da figura 6.6.1, desenvolvidas por Endrenyi, onde (α ) é o eixo das abscissas e (β ) é
a curva correspondente, obtém-se o valor de N.

ρa
N= ρ eq (6.6.1)

Assim, então:

ρ a=N.ρ eq (6.6.2)

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Figura 6.6.1: Curva da resistividade aparente

Exemplo 6.6.1

Um conjunto de sete hastes de 2,4 metros e diâmetro de ½” é cravado em


forma retilínea no solo da figura 6.3.2. O espaçamento é de 3 metros. Determinar a
resistência elétrica do conjunto.

( 7 − 1)
r= 2 * 3 = 9m
9
α = = 1,1 2 5
8

β= 96
247
= 0,3 8 9

Pela figura 6.6.1, obtém-se:


N = 0,86
ρ a=N.ρ eq = 0,86 . 247 = 212,42 Ω .m 99
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Pela tabela A.5 do apêndice A, obtém-se;

Req = 0,085 . ρ a = 0,085 . 212,42


Req = 18,268 Ω

Exemplo 6.6.2

Determinar o número de hastes alinhadas, necessárias para se obter um


aterramento com resistência máxima de 25 Ω numa região onde a estratificação do
solo é conforme a figura 6.6.2. Hastes disponíveis L = 3m, diâmetro igual a ¾” e
espaçamento de 3m.

Figura 6.6.2: Dados da camada do solo

Transformando em duas camadas:

ρ eq = 2
9
+ 3+ 4
3 00 4 5 0 1 0 0

ρ eq = 168,75 Ω .m

100
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O processo é interativo, porque não se conhece o numero de hastes alinhadas,


ou seja, não se tem a informação da dimensão do sistema de aterramento.
1º passo: Supor ρ a = ρ eq = 168,75 Ω .m

2º passo: Cálculo de f(g)

f (g) = R
ρa = 25
1 6 8, 7 5 = 0,1 4 8
Da tabela A.11 do apêndice A, pode-se constatar que o maior coeficiente de
ρ a menor ou igual a 0,148 é 0,140.

Req = 0,140 ρ a { 3 hastes, e = 3m}

3º passo: Determinação de ρ a para três hastes alinhadas.

ρ n+1
β= ρ eq = 20
168, 75
= 0,119
( n − 1) e ( 3− 1)
r= 2 = 2 .3 = 3m
α= r
de q = 93 = 0,3 3 3

Entretanto com (α ) e (β ) na figura 6.6.1, tem-se:


N = 0,9
ρ a = N. ρ eq = 0,9 . 168,75 = 151,875 Ω .m

4º passo: Calculando-se novamente a f(g), tem-se:

f (g) = R
ρa = 25
1 5 1,8 7 5 = 0,1 65
O maior coeficiente de ρ a menor ou igual a 0,165 é 0,140
Req = 0,140 ρ a { 3 hastes, e = 3m}
Os valores são iguais  convergiu
Req = 0,140 ρ a = 0,140 . 151,875 = 21,263 Ω 101
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7 - MALHA DE ATERRAMENTO

7.1 - INTRODUÇÃO

Resumidamente pode-se dizer que dimensionar uma malha de terra é verificar


se os potenciais que surgem na superfície, quando da ocorrência do máximo defeito à
terra, são inferiores aos máximos potenciais de passo e toque que uma pessoa pode
suportar sem a ocorrência de fibrilação ventricular. É fundamental também, levar-se
em conta que o valor de resistência de terra deve ser compatível, para sensibilizar o
relé de neutro, no nível de corrente no final do trecho protegido.

7.2 – ITENS NECESSÁRIO AO PROJETO

Quando da elaboração do projeto da malha de terra da subestação, são


necessários alguns procedimentos pré-defindos, bem como informações do local da
construção. Eles são:
• No local da construção fazer as medições pelo método de Wenner, afim de obter
a estratificação do solo;
• Resistividade superficial do solo (ρ s), geralmente utiliza-se brita na superfície do
solo sobre a malha, que forma uma camada mais isolante, contribuindo para a
segurança humana. No caso de não utilizar-se brita, usa-se a resistividade da
primeira camada;
• Corrente de curto-circuito máxima entre fase e terra no local do aterramento
(Imax=3Io);
• Percentual da corrente de curto-circuito máxima que realmente escoa pela malha;
• Tempo de defeito para máxima corrente de curto-circuito fase-terra;
• Área da malha pretendida;
• Valor máximo da resistência de terra de modo a ser compatível com a
sensibilidade da proteção.

102
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7.3 – PROCEDIMENTOS PARA CONSTRUÇÃO DA MALHA TERRA

O processo de cálculo para malhas de aterramento é interativo, de modo a se


obter uma solução técnica e economicamente viável.

7.3.1 – ESPAÇAMENTO ENTRE OS CONDUTORES

As dimensões das malhas são pré-definidas, assim, estabelecer um projeto


inicial de malha é especificar um espaçamento entre os condutores e definir, se serão
utilizadas, junto com a malha, haste de aterramento.
Normalmente as malhas de terra são retangulares, tendo menos de 60m de
lado. O espaçamento inicial adotado deverá estar entre 5 e 10% do comprimento dos
respectivos lados.

Figura 7.3.1: Projeto inicial da malha

7.3.2 – NÚMERO DE CONDUTORES

Tendo-se as dimensões da malha determina-se o número de condutores


paralelo, ao longo dos lados da malha, pelas fórmulas:

103
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a
Na = +1 ⇒ ( nº inteiro) condutores do lado a. ( 7.3.2.1)
ea

b
Nb = +1 ⇒ ( nº inteiro) condutores do lado b. (7.3.2.2)
eb

O comprimento total dos condutores que formam a malha é dada pela


fórmula.

Lcabo = a * N b + b * N a (7.3.2.3)

Se durante o dimensionamento forem introduzidas hastes na malha, deve-se


acrescentar seus comprimentos no comprimento total de condutores na malha,
conforme fórmula 7.3.2.4

Ltotal = Lcabo + Lhastes (7.3.2.4)

onde: Lcabo - Comprimento total de condutores da malha;


Lhastes - Comprimento total das hastes cravadas na malha.

7.3.3 – BITOLA MÍNIMA DOS CONDUTORES

O condutor da malha de terra é dimensionado considerando os esforços


mecânicos e térmicos que ele pode suportar. Na prática, utiliza-se, no mínimo, o
condutor de 35mm2, que suporta esforços mecânicos da movimentação do solo e dos
veículos que transportam os equipamentos durante a montagem da subestação.
Quanto ao dimensionamento térmico, utiliza-se a fórmula de Onderdonk,
válida somente para cabos de cobre, que considera o calor produzido pela corrente de
curto-circuito totalmente restrito ao condutor.
104
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1  θ −θ a 
I = 226 ,53 * S cobre ln  m + 1 (7.3.3.1)
t defeito  234 + θ a 

onde: Scobre – Seção do condutor de cobre da malha de terra em mm2;


I - Corrente de defeito em Ampères, através do condutor;
tdefeito - Duração do defeito em segundos;
θ a - Temperatura ambiente em ºC;
θ m - Temperatura máxima permissível em ºC.

Para condutores de cobre, o valor de θ m é limitado pelo tipo de conexão


adotado. As conexões podem ser do tipo:
• Conexão cavilhada com juntas de bronze; θ m = 250 ºC.
• Solda convencional feita com eletrodo revestido; θ m = 450 ºC.
• Brasagem com liga Foscoper (solda heterogênea), θ m = 550 ºC
• Solda exotérmica (Aluminotermia), θ m = 850 ºC.
De posse da corrente de curto-circuito e do tempo de extinção da falha,
usamos a tabela abaixo para determinar a bitola mínima dois condutores que serão
utilizados na construção da malha. Normalmente a bitola do cabo encontrada na
tabela é bem menor do que a utilizada na prática.

CM / AMPÈRE
Cabo somente ou Juntas soldadas Juntas
t(s)
solda exotérmica soldas convencionais cavilhadas
30 40 50 65
4 14 20 24
1 7 10 12
0,5 5 6,5 8,5

Tabela 7.3.3.1 – Bitola mínima dos condutores ( mm2)

7.3.4 – DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES DA MALHA (Km, Ki, Kc)

105
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Estes coeficientes determinam o potencial de malha (Vmalha), que é definido


como o potencial de toque máximo, encontrado dentro de uma submalha de malha de
terra, quando do máximo defeito fase-terra. Uma malha de terra escoa
preferencialmente pelas bordas da malha.
A corrente de defeito (curto-circuito), divide-se em 50% para cada lado, mas
para o dimensionamento, a corrente a ser utilizada na malha terá o acréscimo de
60%.
Assim, o potencial de malha máximo se encontra nos cantos da malha e pode
ser calculado pela fórmula

ρ a * K m * K i * I malha
Vmalha = (7.3.4.1)
Ltotal

COEFICIENTE Km:

Este coeficiente introduz no cálculo a influência da profundidade da malha,


do diâmetro do condutor, do número de condutores e do espaçamento entre eles.
Seu valor é dado pela fórmula:

1 e2
Km = * ln (7.3.4.2)
2π 4π * h * d * ( n − 1)

ou pelo gráfico B.1 do Apêndice B.


Para cabos de bitola diferente de 2 AWG e profundidade diferente de 0,60 m ,
utiliza-se a tabela, Apêndice B, para a correção dos valores de Km.

COEFICIENTE Ki:

106
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Chamado de “correção de irregularidade” é introduzido no cálculo a fim de se


corrigir o efeito da não uniformidade de distribuição de correntes pela malha.

K i = 0,656 + 0,172 * N (7.3.4.3)

onde N = N a * N b - é a malha retangular transformada numa malha quadrada com


N condutores paralelos em cada lado.
No caso de malhas onde são colocadas hastes cravadas nos cantos ou no
perímetro, as correntes tem maior facilidade de escoar mais profundamente no solo,
alterando o potencial da malha.
Neste caso, faz-se uma correção, ponderando-se 15% a mais no comprimento
das hastes cravadas nos cantos e periferia da malha

Ltotal = Lcabo +1,15 * Lhastes (7.3.4.4)

alterando portanto, a fórmula 7.3.2.4


O valor do potencial de malha deve ser comparado com o valor do potencial
de toque máximo calculado no capítulo 8, para verificar se está abaixo do limite.

COEFICIENTE KS:

O coeficiente Ks introduz no cálculo, o efeito do número de condutores,


espaçamento e profundidade dos mesmos para a determinação da diferença de
potencial entre dois pontos quaisquer na superfície do solo. Sua fórmula simplificada
é:

1 1 1 ln ( 0,655n − 0,327 ) 
Ks =  + +  (7.3.4.5)
π  2π e + h e

Ks pode ser determinado diretamente dos gráficos do Apêndice B.

107
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COEFICIENTE KC:

O coeficiente de cerca, introduz no cálculo, o efeito produzido pelo diâmetro


do condutor, profundidade e espaçamento entre os condutores, na determinação dos
potenciais na periferia da malha e em qualquer ponto fora dela. O coeficiente Kc é
dado pelos gráficos do Apêndice B.
Dependendo do grau de risco, localização e característica da malha, deve-se
decidir adequadamente como será cercada (muro de alvenaria, cerca metálica).
A cerca metálica é bem econômica, mas sendo condutora, fica submetida às
tensões oriundas das correntes de curto-circuito, assim, qualquer pessoa que toca
ficará sujeita a uma diferença de potencial.
O potencial de toque máximo (Vcerca) que surge na cerca quando do máximo
defeito à terra é dado pela fórmula.

ρ a * K c * K i * I malha
Vcerca = (7.3.4.6)
Lmalha

O valor do Kc é dado pela fórmula.

Kc =
1
 ln
[
  ( h 2 + x 2 ) * h 2 + ( e + x ) 2 ]  + 2 * ln  2e + x  *  3e + x    ( N − 1) e + x   
2π   h * d * ( h2 + e2 ) 
   
  2e   3e 

 ( N − 1) e 
  
(7.4.7)
onde: x – distância (m) da periferia da malha ao ponto considerado (pessoa);
N – Máximo (Na, Nb)

108
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Figura 7.3.4.1: Ilustração da distância X

Se a malha tiver hastes cravadas na periferia e nos cantos a fórmula também


fica modificada, neste caso usaremos a fórmula 7.3.4.4 e a fórmula 7.3.4.1.
A cerca metálica só estará adequada quando a Vcerca for menor ou igual a
Vtoque máximo.

7.3.5 - POTENCIAL DE PASSO NA MALHA

Neste item, procura-se determinar o maior potencial de passo (V psM) que


surge na superfície da malha, quando do máximo defeito fase-terra. Este potencial
ocorre na periferia da malha e pode ser calculado pela expressão:

ρa * K p * K i * I malha
V psM = (7.3.5.1)
Ltotal

Onde: Kp - Coeficiente que introduz no cálculo a maior diferença de


potencial entre dois pontos distanciados de 1m. Este coeficiente relaciona todos os
parâmetros da malha que induzem tensões na superfície da terra.
A expressão para o cálculo de Kp é dada por:

Kp =
1  1
* +
1 1
(

+ * 1 − 0,5 N −2 
π  2π e + h e
) (7.3.5.2)

109
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Onde: N = Máximo(Na, Nb) - este dará o maior valor para Kp


As correções feitas no cálculo de VpsM com relação à utilização ou não de
hastes, na periferia e nos cantos da malha, devem também ser efetuados.
Para a malha que tiver hastes na periferia ou nos cantos da malha, a fórmula
7.3.5.1 fica modificada para:

ρa * K p * K i * I malha
V psM = (7.3.5.3)
Lcabo + 1,15 Lhastes

0 valor de VpsM deve ser comparado com o valor da tensão de passo máxima
que o organismo humano deve suportar, para verificar se o seu valor está abaixo do
limite.

7.3.6 – MELHORIA NA MALHA

Após o dimensionamento da malha, pode-se usar algumas das alternativas


recomendadas abaixo para melhorar ainda mais a qualidade da malha de terra:
• Fazer espaçamentos menores na periferia da malha;
• Arredondamento dos cantos da malha de terra, para diminuir o efeito das pontas;
• Rebaixamento do cantos;
• Colocar hastes pela periferia;
• Colocar haste na conexão do cabo de ligação do equipamento com a malha ;
• Fazer Submalhas no ponto de aterramento de bancos de capacitores e chaves de
aterramento; se não for possível, usar malha de equalização somente neste local.
Uma alternativa muito recomendada e utilizada é colocar um condutor em
anel a 1,5m da malha e a 1,5m de profundidade.
Se a malha estiver em situação muito crítica, ou além do seu limite de
segurança, pode-se usar uma malha de equalização, que mantém o mesmo nível do
potencial na superfície do solo. É uma verdadeira blindagem elétrica.

110
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Figura 7.3.6.1: Malha de Equalização

8 - POTENCIAIS EM SISTEMAS DE ATERRAMENTO


111
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8.1 – INTRODUÇÃO

O sistema de aterramento é projetado de modo a produzir, durante o curto


circuito máximo com a terra, uma distribuição no perfil dos potenciais de passo e
toque abaixo dos limites de risco de fibrilação ventricular do coração.
Os defeitos no sistema elétrico, que geram correntes de seqüência zero, terão
suas correntes passando pelo aterramento. A área do aterramento é a região de
concentração das correntes de defeitos, portanto os potenciais são elevados e
cuidados especiais devem ser observados na segurança.

8.2 – CHOQUE ELÉTRICO

É a perturbação de natureza e efeitos diversos que se manifesta no organismo


humano quando este é percorrido por uma corrente elétrica.
Os efeitos das perturbações variam e dependem de:
• Percurso da corrente elétrica pelo corpo;
• Intensidade da corrente elétrica;
• Tempo de duração do choque elétrico;
• Espécie da corrente elétrica;
• Freqüência da corrente elétrica;
• Tensão elétrica;
• Estado de umidade da pele;
• Condições orgânicas do indivíduo.

As perturbações no indivíduo, manifestam-se por:


• Inibição dos centros nervosos, inclusive dos que comandam a respiração
produzindo parada respiratória;
• Alteração do ritmo cardíaco, podendo produzir fibrilação ventricular e uma
conseqüente parada cardíaca;
112
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• Queimaduras profundas, produzindo necrose do tecido;


• Alteração no sangue provocadas por efeitos térmicos e eletrolíticos provocados
pela corrente elétrica.

Se o choque elétrico for devido ao contato direto com a tensão da rede, todas
as manifestações podem ocorrer.
Para os choques elétricos devido à tensão de toque e passo imposta pelo
sistema de aterramento durante o defeito na rede elétrica, a manifestação mais
importante a ser considerada é a Fibrilação Ventricular do Coração.

8.3 – FIBRILAÇÃO VENTRICULAR DO CORAÇÃO

A fibrilação ventricular é o estado de tremulação (vibração) irregular e


desritmada das paredes do ventrículo, com perda total de eficiência do bombeamento
do sangue. O sinal detectado pelo eletrocardiograma e a pressão arterial são
mostradas na figura 8.3.1.

Figura 8.3.1: Fibrilação ventricular, efeitos sobre o eletrocardiograma e tensão arterial

A pressão arterial caí a zero, isto é, o sangue está parado no corpo. Este
estado é conhecido por Morte Aparente.
A fibrilação ventricular é irreversível espontaneamente, se nenhuma
providência for tomada dentro de quatro minutos, os danos cerebrais são113
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comprometedores. Dentro de onze a doze minutos a fibrilação vai diminuindo sua


intensidade, passando para o regime de parada cardíaca.
A tabela abaixo apresenta apenas uma estimativa do efeito da corrente no
corpo humano. O valor da corrente elétrica para causar determinado efeito no corpo
humano é muito variado. Portanto, é difícil fazer uma correlação dos efeitos através
de equações matemáticas.

Tabela 8.3.1:Efeito da corrente no corpo humano

A publicação IEC – 479-1 define o fator de corrente do coração (F) como o


fator que relaciona a intensidade de campo elétrico no coração para um dado
percurso de corrente com a intensidade de campo elétrico para uma corrente de
mesma intensidade circulando da mão esquerda aos pés. Observe-se que, no coração,
a densidade de corrente é proporcional ao campo elétrico. O fator de corrente do
coração permite calcular as correntes Ih para percursos que vão da mão esquerda aos
pés, que representa o mesmo perigo de fibrilação ventricular que o correspondente à
corrente de referência IREF, entre a mão esquerda e os dois pés, isto é, sendo os
valores de F (estimados para os diferentes trajetos de corrente) indicados na tabela
8.3.1.
TRAJETO DA CORRENTE F
114
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Mão esquerda ao pé esquerdo, ao pé direito ou aos dois pés 1.0


Duas mãos aos dois pés 1.0
Mão esquerda à mão esquerda 0.4
Mão direita ao pé esquerdo, ao pé direito ou aos dois pés 0.8
Costa à mão direita 0.3
Costa à mão esquerda 0.7
Peito à mão direita 1.3
Peito à mão esquerda 1.5
Assento à mão esquerda à mão direita ou às duas mãos 0.7

Tabela 8.3.2: Valores do fator de corrente do coração (F) para diferentes trajetos da corrente

Assim, por exemplo, uma corrente de 200 mA de mão a mão tem o mesmo
efeito que uma corrente de 0.4 x 200 = 80 mA da mão esquerda aos pés.
A norma NB-3 nos mostra que a proteção contra choques elétricos podem ser
divididos em dois grupos: proteção ativa e proteção passiva.
A proteção passiva consiste na limitação da corrente elétrica que pode
atravessar o corpo humano ou impedir o acesso de pessoas a partes vivas. São
medidas que prevêem a interrupção de circuitos com falta.
A proteção ativa consiste na utilização de métodos e dispositivos que
proporcionam o seccionamento automático de um circuito, sempre que vierem a
ocorrer faltas que possam trazer perigo para o operador ou usuário.
A tabela abaixo apresenta uma classificação de métodos de proteção contra
choques elétricos prescritos pela NB-3.

115
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Tabela 8.3.1: Classificação dos métodos de proteção contra choques elétricos

8.4 – POTENCIAL DE TOQUE

É a diferença de potencial da estrutura metálica, situado ao alcance da mão de


uma pessoa, e um ponto no chão situado a 1 metro da base da estrutura.
O potencial máximo gerado por um aterramento durante o período do defeito,
não deve produzir uma corrente de choque superior à limitada por Dalziel.

0,116
I choque =
t
sendo:
0.03 s < t < 3 s
Ichoque - corrente (A) pelo corpo humano, limite para não causar fibrilação; 116
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t - tempo (s) da duração do choque.


Pela figura 8.4.1, obtém-se a expressão do potencial de toque em relação à
corrente elétrica do choque.

Figura 8.4.1: Potencial de toque

Rc
Vtoque = ( Rch + ) * I choque (8.4.1)
2

Onde:
Rch - resistência do corpo humano considerada 1000 Ω ;
Rc – resistência de contato que pode ser considerada igual a 3 ρs
(resistividade superficial do solo), de acordo com a recomendação da IEEE – 80;
Ichoque - corrente de choque pelo corpo humano;
R1 e R2 – Resistências dos trechos de terra considerados.

A expressão do potencial de toque pode ser escrita pela seguinte maneira:

Vtoque = (1000 +1.5 ρs ) I choque (8.4.2)

117
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O potencial de toque máximo permissível entre a mão e o pé, para não causar
fibrilação ventricular, é produzido pela corrente limite de Dalziel. Assim, da
expressão 8.4.2, obtém-se:

116 + 0.174 ρs
Vtoquemáxim o = (8.4.3)
t

Resistividade ( Ω .m ) Potencial de toque tolerável ( V )


0 5.00
50 5.37
100 5.75
200 6.50
300 7.25
400 8.00
500 8.75
1000 12.50
2000 20.00
3000 27.50

Tabela 8.4.1: Potenciais de toque toleráveis em função da resistividade do solo

8.5 – POTENCIAL DE PASSO

Potencial de passo é a diferença de potencial existente entre os dois pés.


As tensões de passo ocorrem quando entre os membros de apoio (pés),
aparecem diferenças de potencial. Isto pode acontecer quando os membros se
encontrarem sobre linhas equipotenciais diferentes. Estas linhas equipotenciais se
formam na superfície do solo quando do escoamento da corrente de curto-circuito. É
claro que, se naquele breve espaço de tempo os dois pés estiverem sobre as mesma
linha equipotencial ou, se um único pé estiver sendo usado como apoio, não haverá
atenção de passo.

118
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Figura 8.5.1: Tensão de passo

Onde:
R1, R2, R3 – são as resistências dos trechos de terra considerados

A expressão do potencial de passo é :

V passo = ( Rch + 2 Rc ) I choque (8.5.1)

A definição clássica do potencial de passo para análise de segurança é a


diferença de potencial aparecem entre dois pontos situados no chão e distanciados de
1 metro (para pessoas), para animais a tensão de passo poderá ser ainda mais
perigosa do que para pessoas .
Fazendo Rc = 3ρs , tem-se:
V passo = (1000 + 6 ρs ) I choque (8.5.2)

O potencial de passo máximo (V passo máximo ) tolerável é limitado pela máxima


corrente permissível pelo corpo humano que não causa fibrilação. Assim, tem-se

116 + 6 ρs
V passo max imo = (8.5.3)
t

119
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Não podemos deixar de falar do potencial de transferência, que é a diferença


de potencial que aparece devido a passagem de corrente de falha para terra, entre um
ponto de sistema de aterramento e um ponto remoto, localizado pelo menos dez
vezes a maior dimensão do sistema de aterramento.

Figura 8.4.2: Potencial de transferência

8.6 – MEDIDA DE POTENCIAL DE TOQUE E DE PASSO

Para determinarmos o potencial de toque, utilizaremos uma placa de cobre ou


alumínio, de dimensões 10 x 20 cm e com terminal próprio para interligarmos o
voltímetro. As dimensões acima simulam a área do pé humano e, para simular o
peso, devemos colocar 40 kg sobre a placa (admitindo um peso humano de 80 kg).
Devemos usar um voltímetro de alta sensibilidade (alta impedância interna) e
intercalar entre os pontos de medição uma resistência de alta isolação com o valor
aproximado de 3000 Ω para simular a resistência do corpo humano. A seguir,
medimos o potencial entre o solo (placa colocada a 1 m de distância do pé da
estrutura) e a estrutura metálica no ponto de alcance da mão, com a resistência
inserida entre esses dois pontos. 120
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Figura 8.6.1: Medida de potencial de toque

Deve se efetuar esta medida em todos os quadrantes do solo, com relação à


estrutura, e verificar se os pontos da estrutura, onde se aplica o voltímetro, estão
limpos, livres de pintura, óxido, etc.
Para extrapolarmos esse valor de tensão, devido à corrente aplicado ao solo,
para valores referidos à máxima corrente de curto-circuito fase-terra, devemos
considerar uma extrapolação linear, supondo que a terra mantenha as características
resistivas para altas correntes.
Por exemplo : Se para 5 A temos um potencial de toque de 10 V, teremos
uma corrente de curto de 1000 A, um valor de Vt = 2000 V.
Para medida de potencial de passo, utilizaremos as mesmas duas placas
usadas anteriormente, que serão colocadas a 1m de distância do solo. Deverá ser
aplicado um peso de 40 kg a cada placa para simular o peso do corpo humano e
inserir entre os dois pontos uma resistência de 3000 Ω .

121
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Figura 8.6.2: Medida de potencial de passo

O potencial obtido, medido com voltímetro de alta impedância


interna, deverá ser extrapolado para valores de corrente de curto-circuito fase-terra,
como já foi explicado no item anterior.
Na prática, deve-se ter valores medidos abaixo dos valores especificados por
norma.

8.7 – CORREÇÃO DO POTENCIAL DE PASSO E DE TOQUE DEVIDO A


COLOCAÇÃO DE BRITA NA SUPERFÍCIE

Como a área da subestação é a mais perigosa, o solo é revestido por uma


camada de brita. Esta confere maior qualidade no nível de isolamento dos contatos
dos pés com o solo.
Esta camada representa uma estratificação adicional com a camada superficial
do solo. Portanto, deve-se fazer uma correção no parâmetro que contém ρs das
expressões 8.4.3 e 8.5.3 .
Cs (hs,K) no ρs = ρbrita = 3000 Ωm (brita molhada).

122
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 
 
1  ∞
K n

C s ( hs , K ) = 1 +2∑  (8.7.1)
0.96  n =1 
2
hs  
 1 +2 n 
  0.08  

Onde:
hs – Profundidade (espessura) da brita (m)
ρa − ρs
K =
ρa + ρs
ρa - Resistividade aparente da malha, sem considerar a brita
ρs = ρbrita - Resistividade da brita

Cs = 1 – Se a resistividade da brita for igual a resistividade do solo

Assim as expressões 8.4.3 e 8.5.3, com o fator de correção , ficam :

0.116
Vtoque max imo = [1000 +1.5C s ( hs , K ) ρs ] (8.7.2)
t
0.116
V passo max imo = [1000 + 6C s ( hs , K ) ρs ] (8.7.3)
t

9 – MEDIDA DA RESISTÊNCIA DE TERRA.


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9.1 – INTRODUÇÃO

Este capítulo aborda somente o processo da medição da resistência de terra,


que é uma atividade relativamente simples.
Basta apenas ir ao local do aterramento já existente e efetuar a medição.
Com esta medição pretende-se somente medir o valor da resistência de terra
que este sistema de aterramento tem no momento da medição. Como o valor da
resistência de terra varia ao longo do ano, deve-se programar adequadamente
medições ao longo do tempo para manter um histórico do perfil do seu
comportamento.
Em épocas atípicas, isto é, seca ou inundações, além das medidas já previstas,
deve-se efetuar algumas medições para se ter o registro dos valores extremos de
resistência de terra.

9.2 – CORRENTES DE CURTO CIRCUITO PELO ATERRAMENTO

Figura 9.2.1: Corrente de curto circuito pela terra

Somente os curto-circuitos que envolvem a terra, geram componentes de


seqüência zero. Parte desta corrente retorna pelo cabo de cobertura do sistema de
transmissão ou pelo cabo neutro do sistema de distribuição multi-aterrado, o restante
retorna pela terra.

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A corrente que retorna pela terra é limitada pela resistência de aterramento do


sistema. A figura 9.2.1 apresenta a distribuição de corrente na terra, devido a um
curto-circuito no sistema.
Note-se que a corrente de curto-circuito precisa de um caminho fechado para
que possa circular.

9.3 – DISTRIBUIÇÃO DE CORRENTE PELO SOLO

A figura 9.3.1 mostra a distribuição de corrente de um sistema elétrico, cujo


aterramento é feito por hastes.
A densidade de corrente no solo junto à haste é máxima. Com o afastamento,
as linhas de correntes se espraiam diminuindo a densidade de corrente.
Após uma certa distância da haste, o espraiamento das linhas de corrente é
enorme, e a densidade de corrente é praticamente nula. Portanto, a região do solo
para o afastamento considerado, fica com resistência elétrica praticamente nula. Isto
também pode ser verificado pela expressão 9.3.1.

Rs o l o= ρ s o l osl (9.3.1)

Nesta região, com um afastamento grande, o espraiamento das linhas de


corrente ocupa uma área muito grande, isto é, praticamente S  ∞ e portanto
Rsolo ≅ 0.
Portanto, a resistência de terra da haste corresponde somente e, efetivamente ,
à região do solo onde as linhas de corrente convergem.
A resistência de terra da haste, ou de qualquer aterramento, após um certo
afastamento fica constante, independente da distância.

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Figura 9.3.1: Distribuição de corrente no solo

9.4 - CURVA DE RESISTÊNCIA DE TERRA VERSUS DISTÂNCIA

Esta curva é levantada usando o esquema da figura 9.4.1, onde a haste p do


voltímetro se desloca entre as duas hastes.

A  Sistema de aterramento principal


B  Haste auxiliar para possibilitar o retorno da corrente elétrica I
p  Haste de potencial, que se desloca desde A até B
x  Distância da haste p em relação ao aterramento principal A.

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Figura 9.4.1: Curva da resistência de terra x distância

A corrente que circula pelo circuito é constante, pois a mudança da haste p


não altera a distribuição de corrente. Para cada posição da haste p, é lido o valor da
tensão no voltímetro e calculado o valor da resistência elétrica pela expressão 9.4.1.

V( x )
R( x ) = I
(9.4.1)

Deslocando-se a haste p em todo o percurso entre A e B, tem-se a curva de


resistência de terra em relação ao aterramento principal, isto é, da haste A. Figura
9.4.1.
Na região do patamar, tem-se o valor RA, que é a resistência de terra do
sistema de aterramento principal.
No ponto B, tem-se a resistência de terra acumulada do aterramento principal
e da haste auxiliar, isto é, RA+RB.

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Como o objetivo da medição é obter o valor da resistência de terra do sistema


de aterramento, deve-se deslocar a haste p até atingir a região do patamar. Neste
ponto a resistência de terra RA é dada pela expressão abaixo:

V pa ta m a r
RA = I
(9.4.2)

9.5 – MÉTODO VOLT-AMPERÍMETRO

Utiliza-se uma fonte de tensão alternada ajustável, que poderá ser um gerador
portátil a gasolina, um voltímetro C.A. e um amperímetro C.A. ligados conforme o
desenho abaixo:

Figura 9.5.1: Esquema de ligação

0 resultado da divisão de V por I, lidos nos respectivos aparelhos nos dará o


valor da resistência de terra até o ponto considerado.

R= V
I

Este método apresenta a vantagem de termos correntes injetadas no solo, da


ordem de alguns ampères o que faz com que a interferência existente no solo seja
desprezível.
Normalmente, o que limita a corrente é a resistência do terra auxiliar, que é
normalmente alta. Se quisermos valores mais altos de corrente deveremos diminuir a

128
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resistência, quer aumentando o número de hastes, quer aplicando ao solo, em volta


das hastes do terra auxiliar uma solução de água e sal.
Com isto conseguiremos uma redução sensível porém temporária, pois o
efeito da umidificação do solo, principalmente em solos arenosos é de curta duração.

9.6 – MEDIÇÃO ATRAVÉS MEGGER

A base deste processo de medida é a mesma do método anterior, porém os


diversos aparelhos utilizados estão contidos no chamado megger.
0 esquema de ligação será o seguinte:

Figura 9.6.1: Esquema de ligação do MEGGER

A vantagem deste método é a praticidade de se levar ao local de medição


somente um aparelho.
Para que se tenha resultados confiáveis é indicado que o aparelho utilizado
seja de corrente alternada e que possua filtro para eliminação de correntes de
interferência.

PROCEDIMENTOS
• Alinhamento do sistema de aterramento principal com as hastes de potencial e
auxiliar;

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• A distância entre o sistema de aterramento principal e a haste auxiliar deve ser


suficientemente grande, para que a haste de potencial atinja a região plana do
patamar;
• Fazer as ligações conforme figura 9.6.1, ajustar o potenciômetro e o multiplicador
do Megger, até que o galvanômetro do aparelho indique "zero", com o equipamento
ligado, e faz-se a leitura do valor da resistência de aterramento.
• Se o ponteiro do galvanômetro oscilar, significa que existe alguma interferência.
Neste caso, indica-se fazer outra, medida de resistência dispondo-se o terra auxiliar e
o eletrodo móvel em direção perpendicular a anterior. Caso o Megger tenha filtro de
eliminação de interferência não haverá oscilação do galvanômetro.
• Os cabos para interligação deverão ser de comprimentos suficientes, ou seja: um
cabo de comprimento D e outro de comprimento X de bitola = 14 ou = 12 AWG,
(resistência mecânica) isolados para a tensão do Megger.
• O instrumento de medida deverá permanecer o mais próximo possível do terra a ser
medido.
• O terra .auxiliar deverá ser composto por várias hastes metálicas de
aproximadamente 1 m de comprimento (geralmente são suficientes de 3 a 6 hastes),
cravadas em um local onde o solo esteja úmido e livre de pedras e cascalhos. Caso o
solo neste local esteja seco, poderá ser adicionado ao terra auxiliar água ou solução
de água e sal (somente ao terra auxiliar).
• As conexões dos cabos ao terra a ser medido, ao terra auxiliar e ao eletrodo de
tensão deverão ser livres de gorduras e ferrugens e firmes, de tal modo que não se
introduza resistências de contato na medição.
• O terra auxiliar e o eletrodo de tensão deverão formar uma linha reta com o terra a
ser medido.
• Na ocasião da medida, deverão ser observadas as condições do solo (seco, úmido,
normal, etc...).
Em ambos os métodos a localização do eletrodo de tensão com relação ao
terra auxiliar é muito importante na determinação do valor real da resistência a ser
medida. A resistência real do aterramento se dará quando a distância entre o terra a
ser medido e o eletrodo de tensão for 61,8% da distância entre o terra a ser medido e
o terra auxiliar, ou seja: 130
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X = 6,1,8%. D

9.7 - PRECAUÇÃO DE SEGURANÇA DURANTE A MEDIÇÃO DE


RESISTÊNCIA DE TERRA

Para efetuar adequadamente a medição da resistência de terra, levando em


consideração a segurança humana, deve-se observar os seguintes itens:

• Não devem ser feitas medições sob condições atmosféricas adversas, tendo-se em
vista a possibilidade de ocorrência de raios;
• Não tocar na haste e na fiação;
• Não deixar que animais ou pessoas estranhas se aproximem do local;
• Utilizar calçados e luvas de isolação para executar as medições;
• O terra a ser medido deve estar desconectado do sistema elétrico.

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10 – CORROSÃO NO SISTEMA DE ATERRAMENTO

10.1 – INTRODUÇÃO

Os sistemas de aterramentos são construídos com materiais condutores à base


de metal.
Todo metal em presença de um eletrólito está sujeito à corrosão. Nos
aterramentos os metais enterrados no solo também sofrerão os efeitos da corrosão.
A corrosão é um problema sério em aterramentos, porém sempre ocorrerá,
pois é um processo natural da volta do metal ao seu estado primitivo.
Para realizar o processo de corrosão eletroquímica, é necessário a presença de
quatro elementos:
• Eletrodo anódico – que libera os seus íons positivos para o meio eletrolítico,
gerando um excesso de elétrons, isto é, ficando com potencial negativo;
• Eletrodo catódico – tem potencial positivo, é o elemento que não se dissolve na
reação eletroquímica, sendo o eletrodo protegido;
• Eletrólito – meio na qual se processa a reação de formação dos íons;
• Ligação externa – que propicia a condução dos elétrons do ânodo para o cátodo.

Pela própria característica do solo e do tipo de material empregado no sistema


de aterramento, a corrosão ocorre devido a várias causas, entre elas:

• Heterogeneidade de metais;
• Heterogeneidade de eletrólitos;
• Ação de correntes dispersas.

10.2 – HETEROGENEIDADE DE METAIS

Tomando por base o potencial do hidrogênio temos a tabela abaixo, dos


potenciais que os metais possuem com relação ao meio que os cercam.
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METAL POTENCIAL (V) METAL POTENCIAL (V)


Magnésio - 2,34 Chumbo - 0,12
Alumínio - 1,67 Hidrogênio 0,00
Zinco - 0,76 Cobre + 0,34
Ferro - 0,44 Prata + 0,80
Níquel - 0,25 -- --

Tabela 10.2.1: Eletromagnetividade dos metais

Quanto mais negativo for o potencial do metal, mais facilmente ele se


corroerá. Quanto mais positivo for o seu potencial, menos ele se corroerá. Quando
utilizamos dois metais diferentes no aterramento, existirá uma diferença de potencial
entre eles fazendo circular uma corrente elétrica no solo, saindo do metal mais
negativo (anodo) e entrando no metal mais positivo ( cátodo ) .
No caso do cobre e do ferro, os dois materiais mais utilizados nos
aterramentos, haverá destruição do ferro (anodo) em presença do cobre (cátodo)
como mostra a figura abaixo:

Figura 10.2.1: Aterramento com aço e cobre

Para minimizar este problema deve-se utilizar o mesmo material para as


hastes e cabos de interligação, ou seja, hastes cobreadas com fio de cobre ou
Copperweld e hastes galvanizadas com condutor de aço galvanizado.

10.3 - HETEROGENEIDADE DE ELETRÓLITOS


133
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Mesmo utilizando metais de mesmo potencial, formam-se ao solo, zonas


anódicas e catódicas que resultarão na corrosão dos metais.
As zonas anódicas e catódicas poderão ocorrer devido a diferenças de
resistividade do solo diferença de concentração de eletrólito e diferença de
concentração de hidrogênio. Solos de resistividade mais elevada serão zonas
catódicas enquanto que solos de resistividade mais baixa serão zonas anódicas.
Vemos portanto, que à baixas resistividades se associam baixos valores de resistência
de aterramento e consequentemente maiores taxas de corrosão do material.
As camadas superficiais do solo são mais oxigenadas que as camadas mais
profundas e funcionam como cátodo, pois existe maior formação de óxido do metal
que é mais nobre e não vai se corroer. A parte do metal situada nas camadas mais
profundas estará mais sujeita à corrosão pois estará situada na zona anódica.

10.4 – AÇÃO POR CORRENTES DISPERSAS

No solo, há correntes elétricas circulando provenientes de diversas fontes.


Estas correntes são conhecidas como correntes dispersas, de fugas ou parasitas, e
procuram os caminhos de menor resistência, tais como encanamentos metálicos,
trilhos, tubulações, qualquer condutor, solos de menor resistividade, e principalmente
os sistemas de aterramento.
Os pontos onde as correntes de elétrons entram no condutor formarão uma
região anódica, que sofrerá corrosão. A região catódica, isto é, a região protegida,
será a região formada pelas partes onde o fluxo de elétrons deixa o condutor. Figura
10.4.1.

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Figura 10.4.1: Correntes de elétrons dispersas no solo

As correntes dispersas no solo são do tipo contínuas e alternadas. As


correntes contínuas em relação à corrosão, são muito mais atuantes que as correntes
alternadas. Para uma corrente elétrica de mesmo valor, a alternada produz somente
1 % da corrosão em corrente contínua. Se a corrente alternada for de baixa
freqüência, a corrosão aumenta.
As fontes que geram correntes dispersas no solo são:

• Correntes galvânicas devido a pilhas eletroquímicas formadas no solo, geradas por


qualquer processo apresentado anteriormente;
• Correntes devido à tração elétrica de corrente contínua, com retorno pelos trilhos;
• Corrente alternada de retorno pela terra do Sistema Monofásico com Retorno pela
Terra (MRT), usada na alimentação de Distribuição Rural;
• Corrente contínua proveniente do sistema de proteção catódico por corrente
impressa. Este item será visto a seguir;
• Correntes alternadas provenientes dos curto-circuitos no sistema elétrico de
energia;
• Corrente contínua de curto-circuitos no sistema de transmissão em corrente
contínua;
• Correntes telúricas, geradas pelas variações de campos magnéticos provenientes da
movimentação do magma da Terra.

10.5 – PROTEÇÃO CONTRA A CORROSÃO

A corrosão se um modo ou de outro sempre estará presente, mas empregando


convenientemente algumas técnicas pode-se diminuir ou anular esta ação.
Tendo-se sempre como objetivo proteger da corrosão o elemento principal do
sistema de aterramento, pode-se aplicar, dependendo do caso, alguma das técnicas
relacionadas a seguir:
135
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• Construir todo o sistema de aterramento com um único metal;


• Isolar do eletrólito o metal diferente do sistema de aterramento;
• Usar ânodo de sacrifício para se obter a proteção catódica;
• Usar corrente impressa ou forçada.

10.6 – PROTEÇÃO POR ISOLOAÇÃO DE UM COMPONENTE

Para haver a corrosão, há a necessidade da presença de quatro condições,


como visto acima. Na falta de um deles, cessa a ação da pilha eletroquímica e
consequentemente a ação da corrosão. No sistema de aterramento é mais simples
isolar convenientemente o cabo de descida do equipamento aterrado.
Deve-se ter o cuidado de cobrir toda a conexão com uma massa
emborrachada.

Figura 10.6.1: Cabo de descida isolado

10.7 – PROTEÇÃO CATÓDICA POR ANODO DE SACRIFÍCIO

Para que o metal do sistema de aterramento fique protegido, basta ligá-lo a


um outro metal que tenha um potencial menor na escala de eletronegatividade da
tabela 10.2.1.
Assim, o material protegido será o cátodo, e o outro será o ânodo. Como o
ânodo sofrerá a corrosão, ele é denominado de ânodo de sacrifício.
136
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O material do ânodo de sacrifício deve ter as seguintes características:

• Manter o potencial negativo praticamente constante ao longo de sua vida útil ;


• Manter a corrente galvânica estabilizada, para que o processo de corrosão se dê
uniformemente;
• Os íons positivos, dissociados na corrosão, não devem produzir uma capa
diminuindo a área ativa da corrosão.

Os materiais que melhor satisfazem a essas condições são as ligas de Zinco e


Magnésio. Nestas ligas são colocados aditivos para melhorar a qualidade do ânodo
de sacrifício.
Os ânodos de sacrifício de Zinco são adequados para solos cuja resistividade
vai até 1000 Ω .m. O ânodo de Magnésio é usado em solos de até 3000 Ω .m.
Os ânodos de sacrifício devem ter uma grande área, para produzirem
proteções catódicas adequadas.
Pode-se utilizar um revestimento (enchimento) nas ligas de Zinco ou
Magnésio para aumentar o seu volume. Este enchimento é formado por uma mistura
a base de Gesso, Bentonita e Sulfato de Sódio, nas seguintes proporções:
Gesso ..................... 75%
Bentonita .............. 20 %
Sulfato de Sódio .... 05%

A proteção catódica com ânodo de sacrifício de Zinco com enchimento é


mostrada na figura 10.7.1.
O enchimento tem as seguintes finalidades:
• Aumentar a área de atuação, distribuindo a corrente galvânica;
• Evitar o contato do metal do ânodo com os elementos agressivos do solo;
• É higroscópico, mantendo a região úmida, obtendo-se um região de baixa
resistividade;
• Tem volume grande para aumentar a vida útil deste processo;

137
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• Como está conectado ao sistema de aterramento, contribui também na diminuição


da resistência do aterramento.

Figura 10.7.1: Anodo de sacrifício de zinco com enchimento

Se o sistema de aterramento a proteger for muito grande pode-se usar vários


ânodos de sacrifícios distribuídos ou, se for o caso, concentrados, formando uma
bateria.

10.8 - PROTEÇÃO POR CORRENTE IMPRESSA

Não se consegue fazer proteção catódica com ânodo de sacrifício em solos


com resistividade elevada. Isto porque a corrente galvânica é muito pequena. não
permitindo obter-se a eficiência desejada.
Neste caso, para que a proteção seja eficiente, deve-se impor uma corrente
contínua com uma fonte externa. Esta corrente é conhecida por corrente impressa ou
forçada.
A fonte de tensão externa força a circulação da corrente contínua
convencional do eletrodo a ser corroído para o sistema de aterramento a ser
protegido. Ver figura 10.7.1.
0 eletrodo que libera a corrente convencional no solo é o que sofrerá a
corrosão. A corrente eletroquímica, isto é, a do fluxo de elétrons, circula do sistema
de aterramento para o eletrodo a ser corroído.
138
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Como o objetivo é proteger o sistema de aterramento, não há necessidade da


corrosão do eletrodo. Para manter a vida útil e a eficiência da proteção por corrente
impressa, deve-se usar um material altamente resistente à corrosão no eletrodo a ser
corroído. Por este motivo, ele é conhecido como eletrodo inerte.
Os materiais usados na confecção dos eletrodos inertes são:

• Grafite em solos normais;


• Ferro-Silício em solos normais;
• Ferro-Silício-Cromo (14, 5% Si - 4, 5% Cr) em solo com salinidade.

Como o eletrodo inerte está enterrado no solo, há necessidade de envolvê-lo


com um enchimento condutor de coque metalúrgico moído. Isto adiciona as
seguintes vantagens:

• Diminui a resistividade elétrica da região que envolve o eletrodo inerte, facilitando


a passagem da corrente elétrica;
• Diminui o gasto do eletrodo inerte;
• Aumenta a área de dispersão da corrente no solo.
A fonte de tensão que alimenta o processo por corrente impressa é um
transformador conectado à rede local, juntamente com uma ponte retificadora, que
converte corrente alternada em contínua.

139
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Figura 10.8.1: Proteção por corrente impressa

10.9 – CONSIDERAÇÕES

O assunto sobre corrosão é muito complexo, portanto, procurou-se neste


capítulo, apenas abordar o assunto de maneira singela, sintetizando os tópicos
principais da corrosão relacionados com o sistema de aterramento. As informações
aqui contidas mostram a importância da corrosão no sistema de aterramento, assunto
este tão negligenciado mas que deve ser profundamente estudado e considerado.
Maiores detalhes deverão ser estudados para serem considerados no projeto
de um sistema de aterramento.

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11– ATERRAMENTO PARA EQUIPAMENTOS ELETRÔNICOS


SENSÍVEIS (EES’S)

11.1 – INTRODUÇÃO

Durante muitos anos, o aterramento de equipamentos eletrônicos desafiou os


profissionais da área de eletrotécnica, e muitas soluções adotadas foram inadequadas.
Porém, hoje, já se dispõe de metodologia capaz de assegurar um aterramento correto
para esse tipo de equipamento. No entanto, muitos profissionais ainda adotam
métodos tradicionais, incompatíveis com as exigências técnicas que os EES’s
necessitam.
Algumas considerações se fazem necessárias:
• O condutor neutro é normalmente isolado e o sistema de alimentação empregado
deve ser o TN-S.
• O condutor neutro exerce a uma função básica de conduzir as correntes de
retorno do sistema.
• O condutor de proteção exerce a sua função básica de conduzir à terra as
correntes de massa. Todas as carcaças devem ser ligadas ao condutor de
proteção.
• O condutor de referência de sinal deve exercer sua função básica de referência de
potencial do circuito eletrônico.

Como seguem várias possibilidades de executar o aterramento de um EES, o


que vem sendo feito ao longo de muitos anos de utilização de equipamentos
sensíveis, notadamente os microcomputadores, a seguir serão considerados as formas
de aterramento mais empregados, definindo-se, em cada uma delas, as suas
vantagens e desvantagens.

141
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11.2 – SISTEMA DE ATERRAMENTO DE FORÇA

Esse foi o primeiro tipo de aterramento adotado para os EES’s. Nesse caso, tanto
a carcaça dos equipamentos eletrônico sensíveis como a barra de sinal eletrônico
são aterradas na malha de terra do sistema de força, ou mais especificamente na
malha de terra da subestação, quando se tratar de instalações elétricas industriais
e comerciais de médio e grande portes.

Figura 11.2.1: Aterramento de EES’s na malha de terra de força

A barra de terra de referência de potencial e sinal eletrônico serve de


referência para o funcionamento dos diversos componentes do equipamento
eletrônico, e não pode ser perturbada por sinais espúrios. Os sistemas de corrente
continua presentes num EES, cuja referência é a barra de terra de referência de sinal,
operam nas tensões de +5/0/-5 V, +12/0/-12 V, ou ainda +24/0/-24 V. Logo, se
houver alteração nesse potencial de referência, o equipamento eletrônico poderá
realizar operações inconsistentes.
Nos estudos realizados em malha de terra de força, verificou-se uma grande
quantidade de corrente espúrias de freqüência variáveis circulando nos condutores, e
que certamente perturbam o terra de referência de sinal eletrônico, que deve estar
isento de distúrbios. São correntes harmônicas, indução eletromagnética, etc.
A análise desse tipo de aterramento leva às seguintes considerações :
a) Vantagens 142
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• Equalização dos potenciais de passo e de toque.


• Baixas impedâncias para as correntes de curto-circuito fase-terra.
• Facilidade no controle de resistência de terra, que depende da resistência do
condutor e da resistividade do solo.
• Segurança pessoal garantida.

b) Desvantagens
• Diferença de potencial entre as barras de terra de referência do sinal eletrônico,
fazendo circular uma corrente no condutor que interliga as mesmas. Essa
diferença de tensão é denominada potencial de modo comum.
• Possibilidade de alteração de potencial da barra de terra de referencia de sinal
eletrônico, provocando funcionamento inadequado do equipamento. Isto pode
ocorrer durante curto-circuitos fase-terra, nesse caso, a referência de sinal poderia
ser alterada. Elevação de potencial na malha de terra quando submetida a
corrente de alta freqüência.

A malha de terra destinada ao sistema de força é inadequada para aterramento


de equipamento eletrônico sensível.

11.3 – SISTEMA DE ATERRAMENTO INDEPENDENTE

O sistema de aterramento independente se caracteriza pelo aterramento, em


malha de terra específica, de todas as bases de terra de sinal eletrônico. Enquanto
isso, o aterramento das carcaças dos equipamentos eletrônicos é feito utilizando a
malha de terra do sistema de força.
Este sistema foi concebido para substituir o aterramento único do sistema de
força. Nesse caso, são construídas duas malhas de terra separadas por uma grande
distância, de preferência igual ou superior a 100 m. O condutor de aterramento da
barra de referência de sinal deve ser constituído de cabo isolado. Também, a barra de
terra de referência de sinal deve ser isolada do EES. Esse sistema de aterramento
conduz às seguintes questões :
143
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• O sistema de aterramento não atende ao requisito da NBR 5410/90, e outras


normas equivalentes, quanto ao aspecto de segurança. Isto é, se uma pessoa mantiver
um contato entre dois pontos aterrados separadamente, é possível ficar submetida a
um determinado potencial perigoso.
• Quando a malha de terra do sistema de potência é atravessada por uma corrente de
alta freqüência, surgem capacitâncias de acoplamento no interior do equipamento
entre pontos próximos aterrados e pertencentes às diferentes malhas de terra. Como a
reatância capacitiva Xc é inversamente proporcional à freqüência, obtém-se valores
muito baixos de Xc entre os referidos pontos, ocasionando a circulação de corrente
entre eles. Se por acaso esses pontos fizerem parte de circuito eletrônico, certamente
os componentes poderiam ser destruídos.
Como os condutores isolados, determinados ao aterramento das barras de
referência de sinal eletrônico normalmente tem grandes comprimentos, possibilitam
a circulação de correntes elétricas geradas campos eletromagnéticos produzidos por
qualquer fonte que se localizam nas proximidades do seu caminhamento. Isto é, se os
condutores de aterramento, por exemplo, fizerem uma trajetória longo paralela a um
condutor conduzindo uma elevada corrente, poderá surgir um acoplamento indutivo,
e, consequentemente, a circulação de correntes induzidas(figura 11.3.1). Se o
acoplamento é um sinal de alta freqüência, o resultado será mais grave, em função
das elevadas quedas de tensão que surgiram entre as extremidades dos condutores.
Com base na figura acima, será feita uma análise conceitual desse tipo de
sistema.
a) Vantagens :
• Baixas impedâncias para as correntes de curto-circuito fase-terra.
• Facilidade no controle da resistência de terra, que depende da resistência do
condutor, que é função da sua seção transversal e da resistividade do solo.

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b) Desvantagens :
• O equipamento sensível está sempre sujeito a um acoplamento capacitivo,
quando qualquer um dos sistemas de aterramento for submetido a uma corrente de
alta freqüência.
• A malha de terra do equipamento sensível está sempre sujeito a um acoplamento
resistivo, quando o sistema de aterramento de força for submetido a uma corrente
elétrica.
• Arranjo do aterramento é proibido por diversos documentos normativos, em
virtude da segurança pessoal comprometida.

As malhas de terra independentes são inadequadas e perigosas à segurança


das pessoas é à integridade dos EES’s e, portanto, devem ser abandonadas como
prática de projeto.

11.4 – SISTEMAS DE ATERRAMENTO DE PONTO ÚNICO

Esse sistema se caracteriza pelo aterramento da barra de sinal eletrônico dos


equipamentos eletrônicos sensíveis numa barra de terra específica localizada no
Quadro de Distribuição(6ª barra), sendo que esta barra isolada está conectada à
malha de terra do sistema de força, conforme se pode verificar na figura 11.4. A
barra de terra de referência de sinal está isolada da carcaça dos equipamentos
eletrônicos. A barra de neutro também é isolada da carcaça do Quadro de
Distribuição, configurando a condição do sistema TN-S.
Tratando-se de um sistema TN-S, o aterramento das carcaças dos
equipamentos eletrônicos é conectado a barra de proteção do quadro de distribuição,
através de um condutor isolado, denominado, como se sabe, condutor de proteção
PE. Também, a carcaça do próprio quadro de distribuição esta conectada a barra PE
que, por sua vez, através de um outro condutor de proteção se conecta à malha de
terra do sistema de força.

145
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Figura 11.4.1: Sistema de aterramento de ponto único

O sistema de aterramento de ponto único, embora com característica melhores


do que os dois anteriormente apresentado, continua inadequado perante correntes de
alta freqüência que possam circular nos condutores de aterramento a barra de sinal
eletrônico, normalmente de grande comprimento.
A análise de aterramento de ponto único leva as seguintes considerações.
a) Vantagens :
• Equalização dos potenciais entre as barras de terra de referência de sinal e a de
proteção PE para correntes de baixa freqüência.
b) Desvantagens :
• Instalação de duas barras de terra mais o neutro no quadro de distribuição.
• Acoplamento capacitivo entre a barra de terra mais o neutro de referência de sinal
e o invólucro metálico, aterrado na barra de terra de proteção PE, quando a malha de
terra é percorrida por uma corrente de alta freqüência.
• Acoplamento capacitivo entre a terra de referência de sinal eletrônico e carcaça
dos EES.
• Considerando que na prática os circuitos de aterramento entre os EES’s e o
quadro de distribuição são constituídos por condutores longos, poderá ocorrer
elevação de potencial entre as duas barras de aterramento de força e de sinal, quando
estes condutores conduzirem correntes de alta freqüência.
146
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Esse sistema de aterramento somente atende à condição de circulação de


corrente de baixa freqüência. Não oferece proteção satisfatória aos equipamentos
sensíveis quando circulam correntes de alta freqüência. Por este motivo essa solução
não é adequada.

11.5 – SISTEMA DE MALHA DE TERRA DE REFERÊNCIA DE SINAL

Esse sistema se caracteriza pela construção de duas malhas de terra. A


primeira deve ser projetada de maneira convencional e é destinada ao aterramento
dos equipamentos de força. A segunda malha de terra, denominada malha de terra de
referência de sinal, é destinada ao aterramento da barra de terra de referência de sinal
eletrônico dos EES’s. O seu dimensionamento deve ser feito considerando a
circulação de correntes de alta freqüência.
Nesse tipo de sistema de aterramento, a barra de terra de referência de sinal
eletrônico dos EES’s é conectada através de um condutor isolado à malha de terra de
referência, construída especialmente para impedir os efeitos causados pelas correntes
de alta freqüência. O condutor de aterramento de barra de sinal do EES deve ter o
menor comprimento possível, de preferência igual ao afastamento entre as
condutores da malha de referência, afim de evitar diferenças de potencial entre as
extremidades do referido condutor, quando percorrido por uma corrente de alta
freqüência. A barra de terra referência de sinal dos EES’s esta isolada da barra de
aterramento da carcaça.

147
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Figura 11.5.1: Sistema de malha de terra de referência num sistema TN-S

Na construção de uma malha de terra de referência pode-se usar as


conhecidas mantas de aterramento pré-fabricadas, normalmente em fios de cobre de
pequenas seção transversal e pequeno afastamento entre os condutores. Já que a
malha de terra de referência de sinal não é responsável pela condução das correntes
de curto-circuito do sistema de força.
A análise deste tipo de aterramento leva às seguintes considerações .
a) Vantagens :
• Assegura a equalização dos potenciais das duas malhas de terra para circulação
de correntes de baixa e alta freqüências.
• Garante a segurança pessoal, quanto às tensões de toque e de passo.
b) Desvantagens :
• A eficiência dessa solução está limitada à equalização dos potenciais das barras
de terra dos sistemas de força e de sinal, evitando acoplamentos resistivos, indutivos
e capacitivos para corrente de alta freqüência. No entanto, existe uma situação em
que esse tipo de aterramento não apresenta resposta satisfatória. Quando vários
EES’s, localizados em prédios diferentes, são interligados através de cabos de
comunicação de dados, há possibilidade de circulação de corrente de alta freqüência
nos condutores, e que, devido ao seu longo comprimento, permitirão elevações
significativas de potencial. Deve-se considerar que as malhas de terra dos diferentes
edifícios ficam interligadas através desses condutores longos. 148
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Apêndice A

TABELAS DE HASTES PARALELAS, ALINHADAS E IGUALMENTE


ESPAÇADAS
L = 2m d = ½” R1haste = 0.513 ρa
Espaçamento 2m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .291 ρa 0.568 .281 ρa 0.548 .276 ρa 0.537 .272 ρa 0.530
3 .210 ρa 0.410 .199 ρa 0.388 .192 ρa 0.375 .188 ρa 0.367
4 .167 ρa 0.326 .155 ρa 0.303 .149 ρa 0.291 .145 ρa 0.283
5 .140 ρa 0.272 .128 ρa 0.250 .122 ρa 0.239 .119 ρa 0.231
6 .121 ρa 0.235 .110 ρa 0.214 .104 ρa 0.203 .101 ρa 0.196
7 .106 ρa 0.208 .096 ρa 0.188 .091 ρa 0.177 .087 ρa 0.171
8 .096 ρa 0.186 .086 ρa 0.167 .081 ρa 0.157 .078 ρa 0.151
9 .087 ρa 0.169 .078 ρa 0.151 .073 ρa 0.142 .070 ρa 0.136
10 .080 ρa 0.155 .071 ρa 0.138 .066 ρa 0.129 .063 ρa 0.123
11 .074 ρa 0.144 .065 ρa 0.127 .061 ρa 0.119 .058 ρa 0.113
12 .069 ρa 0.134 .061 ρa 0.118 .056 ρa 0.110 .054 ρa 0.105
13 .064 ρa 0.125 .057 ρa 0.110 .052 ρa 0.102 .050 ρa 0.097
14 .060 ρa 0.118 .053 ρa 0.103 .049 ρa 0.096 .047 ρa 0.091
15 .057 ρa 0.111 .050 ρa 0.097 .046 ρa 0.090 .044 ρa 0.086

Tabela A.1:

L = 2m d = 5/8” R1haste = 0.495 ρa


Espaçamento 2m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .283 ρa 0.571 .272 ρa 0.550 .267 ρa 0.539 .263 ρa 0.531
3 .205 ρa 0.413 .193 ρa 0.389 .186 ρa 0.376 .182 ρa 0.368
4 .163 ρa 0.329 .151 ρa 0.305 .145 ρa 0.292 .141 ρa 0.284
5 .136 ρa 0.275 .125 ρa 0.252 .119 ρa 0.240 .115 ρa 0.232
6 .118 ρa 0.238 .107 ρa 0.216 .101 ρa 0.204 .098 ρa 0.197
7 .104 ρa 0.210 .094 ρa 0.189 .088 ρa 0.178 .085 ρa 0.172
8 .093 ρa 0.189 .084 ρa 0.169 .079 ρa 0.159 .075 ρa 0.152
9 .085 ρa 0.171 .076 ρa 0.153 .071 ρa 0.143 .068 ρa 0.137
10 .078 ρa 0.157 .069 ρa 0.140 .064 ρa 0.130 .062 ρa 0.124
11 .072 ρa 0.146 .064 ρa 0.129 .059 ρa 0.120 .056 ρa 0.114
12 .067 ρa 0.136 .059 ρa 0.119 .055 ρa 0.111 .052 ρa 0.105
13 .063 ρa 0.127 .055 ρa 0.111 .051 ρa 0.103 .079 ρa 0.098
14 .059 ρa 0.120 .052 ρa 0.105 .048 ρa 0.097 .045 ρa 0.092
15 .056 ρa 0.113 .049 ρa 0.099 .045 ρa 0.091 .043 ρa 0.086

Tabela A.2:
149
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L = 2m d = 3/4” R1haste = 0.481 ρa


Espaçamento 2m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .275 ρa 0.573 .265 ρa 0.552 .259 ρa 0.540 .256 ρa 0.532
3 .200 ρa 0.416 .188 ρa 0.391 .182 ρa 0.378 .177 ρa 0.369
4 .159 ρa 0.331 .147 ρa 0.307 .141 ρa 0.293 .137 ρa 0.285
5 .133 ρa 0.277 .122 ρa 0.254 .116 ρa 0.241 .112 ρa 0.233
6 .115 ρa 0.240 .105 ρa 0.217 .099 ρa 0.205 .095 ρa 0.198
7 .102 ρa 0.212 .092 ρa 0.191 .086 ρa 0.179 .083 ρa 0.172
8 .092 ρa 0.190 .082 ρa 0.170 .077 ρa 0.160 .073 ρa 0.153
9 .083 ρa 0.173 .074 ρa 0.154 .069 ρa 0.144 .066 ρa 0.138
10 .076 ρa 0.159 .068 ρa 0.141 .063 ρa 0.131 .060 ρa 0.125
11 .071 ρa 0.147 .062 ρa 0.130 .058 ρa 0.121 .055 ρa 0.115
12 .066 ρa 0.137 .058 ρa 0.120 .054 ρa 0.112 .051 ρa 0.106
13 .062 ρa 0.129 .054 ρa 0.113 .050 ρa 0.104 .047 ρa 0.099
14 .058 ρa 0.121 .051 ρa 0.106 .047 ρa 0.097 .044 ρa 0.092
15 .055 ρa 0.114 .048 ρa 0.100 .044 ρa 0.092 .042 ρa 0.087

Tabela A.3:

L = 2m d = 1” R1haste = 0.458 ρa
Espaçamento 2m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .264 ρa 0.577 .254 ρa 0.554 .248 ρa 0.542 .244 ρa 0.534
3 .192 ρa 0.420 .180 ρa 0.394 .174 ρa 0.380 .170 ρa 0.371
4 .153 ρa 0.335 .142 ρa 0.309 .135 ρa 0.296 .131 ρa 0.287
5 .129 ρa 0.281 .117 ρa 0.257 .111 ρa 0.243 .108 ρa 0.235
6 .111 ρa 0.243 .101 ρa 0.220 .095 ρa 0.207 .091 ρa 0.200
7 .099 ρa 0.215 .088 ρa 0.193 .083 ρa 0.181 .080 ρa 0.174
8 .089 ρa 0.194 .079 ρa 0.173 .074 ρa 0.161 .071 ρa 0.154
9 .081 ρa 0.176 .071 ρa 0.156 .067 ρa 0.145 .064 ρa 0.139
10 .074 ρa 0.162 .065 ρa 0.143 .061 ρa 0.133 .058 ρa 0.126
11 .069 ρa 0.150 .060 ρa 0.132 .056 ρa 0.122 .053 ρa 0.116
12 .064 ρa 0.140 .056 ρa 0.122 .052 ρa 0.113 .049 ρa 0.107
13 .060 ρa 0.131 .052 ρa 0.114 .048 ρa 0.105 .046 ρa 0.100
14 .057 ρa 0.124 .049 ρa 0.107 .045 ρa 0.099 .043 ρa 0.093
15 .053 ρa 0.117 .046 ρa 0.101 .043 ρa 0.093 .040 ρa 0.088

Tabela A.4:

150
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WAGNER ANTONIO BIFFE

L = 2,4m d =1/2” R1haste = 0.440 ρa


Espaçamento 2,5m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .248 ρa 0.564 .244 ρa 0.555 .239 ρa 0.543 .235 ρa 0.535
3 .178 ρa 0.406 .174 ρa 0.395 .168 ρa 0.371 .164 ρa 0.372
4 .141 ρa 0.321 .136 ρa 0.310 .130 ρa 0.297 .127 ρa 0.278
5 .118 ρa 0.268 .113 ρa 0.258 .107 ρa 0.245 .104 ρa 0.236
6 .102 ρa 0.231 .097 ρa 0.221 .092 ρa 0.209 .088 ρa 0.201
7 .090 ρa 0.204 .085 ρa 0.195 .080 ρa 0.183 .077 ρa 0.175
8 .080 ρa 0.183 .076 ρa 0.174 .071 ρa 0.162 .068 ρa 0.155
9 .073 ρa 0.166 .069 ρa 0.157 .064 ρa 0.147 .061 ρa 0.140
10 .067 ρa 0.152 .063 ρa 0.144 .059 ρa 0.134 .056 ρa 0.127
11 .062 ρa 0.140 .058 ρa 0.133 .054 ρa 0.123 .051 ρa 0.117
12 .057 ρa 0.131 .054 ρa 0.123 .050 ρa 0.114 .048 ρa 0.108
13 .054 ρa 0.122 .051 ρa 0.115 .047 ρa 0.106 .044 ρa 0.101
14 .051 ρa 0.115 .048 ρa 0.108 .044 ρa 0.100 .041 ρa 0.094
15 .048 ρa 0.109 .045 ρa 0.102 .041 ρa 0.094 .039 ρa 0.089

Tabela A.5:

L = 2,4m d = 5/8” R1haste = 0.425 ρa


Espaçamento 2,5m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .241 ρa 0.566 .237 ρa 0.557 .231 ρa 0.544 .228 ρa 0.536
3 .173 ρa 0.408 .169 ρa 0.397 .163 ρa 0.383 .159 ρa 0.374
4 .137 ρa 0.324 .133 ρa 0.313 .127 ρa 0.298 .123 ρa 0.289
5 .115 ρa 0.270 .110 ρa 0.260 .105 ρa 0.246 .101 ρa 0.237
6 .099 ρa 0.233 .095 ρa 0.223 .089 ρa 0.210 .086 ρa 0.202
7 .087 ρa 0.206 .083 ρa 0.196 .078 ρa 0.184 .075 ρa 0.176
8 .078 ρa 0.185 .075 ρa 0.176 .070 ρa 0.164 .066 ρa 0.156
9 .071 ρa 0.168 .068 ρa 0.159 .063 ρa 0.148 .060 ρa 0.141
10 .065 ρa 0.154 .062 ρa 0.146 .057 ρa 0.135 .054 ρa 0.128
11 .060 ρa 0.142 .057 ρa 0.134 .053 ρa 0.124 .050 ρa 0.118
12 .056 ρa 0.132 .053 ρa 0.125 .049 ρa 0.115 .046 ρa 0.109
13 .053 ρa 0.124 .050 ρa 0.117 .046 ρa 0.107 .043 ρa 0.101
14 .049 ρa 0.117 .047 ρa 0.110 .043 ρa 0.101 .040 ρa 0.095
15 .047 ρa 0.110 .044 ρa 0.103 .040 ρa 0.095 038 ρa 0.089

Tabela A.6:

151
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO
WAGNER ANTONIO BIFFE

L = 2,4m d = 3/4” R1haste = 0.413 ρa


Espaçamento 2,5m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .235 ρa 0.568 .231 ρa 0.559 .225 ρa 0.546 .222 ρa 0.537
3 .169 ρa 0.410 .165 ρa 0.399 .159 ρa 0.384 .155 ρa 0.375
4 .134 ρa 0.326 .130 ρa 0.315 .124 ρa 0.300 .120 ρa 0.290
5 .112 ρa 0.272 .108 ρa 0.262 .102 ρa 0.247 .098 ρa 0.238
6 .097 ρa 0.235 .093 ρa 0.225 .087 ρa 0.211 .084 ρa 0.203
7 .086 ρa 0.208 .082 ρa 0.198 .076 ρa 0.185 .073 ρa 0.177
8 .077 ρa 0.186 .073 ρa 0.177 .068 ρa 0.165 .065 ρa 0.157
9 .070 ρa 0.169 .066 ρa 0.160 .061 ρa 0.149 .058 ρa 0.142
10 .064 ρa 0.155 .061 ρa 0.147 .056 ρa 0.136 .053 ρa 0.129
11 .059 ρa 0.144 .056 ρa 0.136 .052 ρa 0.125 .049 ρa 0.119
12 .055 ρa 0.134 .052 ρa 0.126 .048 ρa 0.116 .045 ρa 0.110
13 .052 ρa 0.125 .049 ρa 0.118 .045 ρa 0.108 .042 ρa 0.102
14 .049 ρa 0.118 .046 ρa 0.111 .042 ρa 0.101 .039 ρa 0.096
15 .046 ρa 0.111 .043 ρa 0.104 .039 ρa 0.096 .037 ρa 0.090

Tabela A.7:

L = 2,4m d = 1” R1haste = 0.394 ρa


Espaçamento 2m 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω) K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .225 ρa 0.572 .221 ρa 0.562 .216 ρa 0.548 .212 ρa 0.539
3 .163 ρa 0.414 .158 ρa 0.403 .152 ρa 0.387 .148 ρa 0.377
4 .130 ρa 0.330 .125 ρa 0.318 .119 ρa 0.302 .115 ρa 0.292
5 .109 ρa 0.276 .104 ρa 0.265 .098 ρa 0.250 .095 ρa 0.240
6 .094 ρa 0.238 .090 ρa 0.228 .084 ρa 0.214 .081 ρa 0.205
7 .083 ρa 0.211 .079 ρa 0.201 .074 ρa 0.187 .070 ρa 0.179
8 .074 ρa 0.189 .071 ρa 0.180 .066 ρa 0.167 .063 ρa 0.159
9 .068 ρa 0.172 .064 ρa 0.163 .059 ρa 0.151 .056 ρa 0.143
10 .062 ρa 0.158 .059 ρa 0.149 .054 ρa 0.138 .051 ρa 0.130
11 .058 ρa 0.146 .054 ρa 0.138 .050 ρa 0.127 .047 ρa 0.120
12 .054 ρa 0.136 .050 ρa 0.128 .046 ρa 0.118 .044 ρa 0.111
13 .050 ρa 0.128 .047 ρa 0.120 .043 ρa 0.110 .041 ρa 0.103
14 .047 ρa 0.120 .044 ρa 0.113 .040 ρa 0.103 .038 ρa 0.097
15 .045 ρa 0.113 .042 ρa 0.106 .038 ρa 0.097 .036 ρa 0.091

Tabela A.8:

152
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO
WAGNER ANTONIO BIFFE

L = 2,4m d = 1” R1haste = 0.394 ρa


Espaçamento 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .205 0.564 .200 ρa 0.551 .197 ρa 0.541
3 .148 0.406 .142 ρa 0.390 .138 ρa 0.380
4 .117 0.321 .111 ρa 0.306 .107 ρa 0.295
5 .097 0.268 .092 ρa 0.253 .088 ρa 0.243
6 .084 0.231 .079 ρa 0.217 .075 ρa 0.207
7 .074 0.204 .069 ρa 0.190 .066 ρa 0.181
8 .066 0.183 .062 ρa 0.170 .059 ρa 0.161
9 .060 0.166 .056 ρa 0.153 .053 ρa 0.145
10 .055 0.152 .051 ρa 0.140 .048 ρa 0.133
11 .051 0.141 .047 ρa 0.129 .044 ρa 0.122
12 .048 0.131 .044 ρa 0.120 .041 ρa 0.113
13 .045 0.122 .041 ρa 0.112 .038 ρa 0.105
14 .042 0.115 .038 ρa 0.105 .036 ρa 0.099
15 .040 0.109 .036 ρa 0.099 .034 ρa 0.093

Tabela A.9:

L = 2,4m d = 1” R1haste = 0.394 ρa


Espaçamento 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .199 0.566 .194 ρa 0.552 .191 ρa 0.543
3 .144 0.408 .138 ρa 0.392 .134 ρa 0.381
4 .114 0.324 .108 ρa 0.307 .104 ρa 0.297
5 .095 0.270 .090 ρa 0.255 .086 ρa 0.245
6 .082 0.233 .077 ρa 0.218 .073 ρa 0.209
7 .072 0.206 .067 ρa 0.192 .064 ρa 0.182
8 .065 0.185 .060 ρa 0.171 .057 ρa 0.162
9 .059 0.168 .054 ρa 0.155 .052 ρa 0.147
10 .054 0.154 .050 ρa 0.142 .047 ρa 0.134
11 .050 0.142 .046 ρa 0.130 .043 ρa 0.123
12 .047 0.132 .043 ρa 0.121 .040 ρa 0.114
13 .044 0.124 .040 ρa 0.113 .037 ρa 0.106
14 .041 0.117 .037 ρa 0.106 .035 ρa 0.100
15 .039 0.110 .035 ρa 0.100 .033 ρa 0.094

Tabela A.10:

153
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO
WAGNER ANTONIO BIFFE

L = 2,4m d = 1” R1haste = 0.394 ρa


Espaçamento 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .194 0.568 .189 ρa 0.554 .186 ρa 0.544
3 .140 0.410 .135 ρa 0.394 .131 ρa 0.383
4 .111 0.326 .106 ρa 0.309 .102 ρa 0.298
5 .093 0.272 .088 ρa 0.256 .084 ρa 0.246
6 .080 0.235 .075 ρa 0.220 .072 ρa 0.210
7 .071 0.208 .066 ρa 0.193 .063 ρa 0.184
8 .064 0.186 .059 ρa 0.172 .056 ρa 0.163
9 .058 0.169 .053 ρa 0.156 .050 ρa 0.148
10 .053 0.155 .049 ρa 0.143 .046 ρa 0.135
11 .049 0.144 .045 ρa 0.132 .042 ρa 0.124
12 .046 0.134 .042 ρa 0.122 .039 ρa 0.115
13 .043 0.125 .039 ρa 0.114 .037 ρa 0.107
14 .040 0.118 .037 ρa 0.107 .034 ρa 0.100
15 .038 0.111 .035 ρa 0.101 .032 ρa 0.095

Tabela A.11

L = 2,4m d = 1” R1haste = 0.394 ρa


Espaçamento 3m 4m 5m
Número Req ( Ω K Req ( Ω K Req ( Ω K
de haste ) ) )
2 .187 0.571 .182 ρa 0.556 .178 ρa 0.546
3 .135 0.414 .129 ρa 0.396 .126 ρa 0.385
4 .108 0.329 .102 ρa 0.312 .098 ρa 0.300
5 .090 0.276 .085 ρa 0.259 .081 ρa 0.248
6 .078 0.238 .073 ρa 0.222 .069 ρa 0.212
7 .069 0.211 .064 ρa 0.195 .061 ρa 0.185
8 .062 0.189 .057 ρa 0.175 .054 ρa 0.165
9 .056 0.172 .052 ρa 0.158 .049 ρa 0.149
10 .052 0.158 .047 ρa 0.145 .045 ρa 0.136
11 .048 0.146 .044 ρa 0.133 .041 ρa 0.125
12 .044 0.136 .041 ρa 0.124 .038 ρa 0.116
13 .042 0.128 .038 ρa 0.116 .035 ρa 0.109
14 .039 0.120 .036 ρa 0.109 .033 ρa 0.102
15 .037 0.113 .034 ρa 0.103 .031 ρa 0.096

Tabela A.12

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Apêndice B

CURVAS PARA DETERMINAÇÃO DOS COEFICIENTES KM, KS,KC

COEFICIENTE KM

L – Comprimento do lado em (m)

n – Numero de condutores
Nota: estas curvas foram calculadas para cabo 2 AWG e h = 0,60 m
Para valores diferentes destes, vide tabela B.1 (Apêndice B)

COEFICIENTE Ks (h = 0,4 m)

L – Comprimento do lado em (m)


n – Numero de condutores
h – Profundidade da malha (m)

COEFICIENTE Ks (h = 0,6 m)

L – Comprimento do lado em (m)


n – Numero de condutores
h – Profundidade da malha (m)
155
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COEFICIENTE Ks (h = 0,8 m)

L – Comprimento do lado em (m)


n – Numero de condutores
h – Profundidade da malha (m)

COEFICIENTE Ks (h = 1,0 m)

L – Comprimento do lado em (m)


n – Numero de condutores
h – Profundidade da malha (m)

COEFICIENTE Kc - cerca sobre o perímetro da rede


156
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Nota: estas curva foram calculadas para cabo 2 AWG ( h = 0,6m), para bitolas diferentes vide tabela B.2 (Apêndice B)

COEFICIENTE Kc - cerca a 1m do perímetro da rede

Nota: estas curva foram calculadas para cabo 2 AWG ( h = 0,6m), para bitolas diferentes vide tabela B.2 (Apêndice B)

COEFICIENTE Kc - cerca a 2m do perímetro da rede

Nota: estas curva foram calculadas para cabo 2 AWG ( h = 0,6m), para bitolas diferentes vide tabela B.2 (Apêndice B)

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TABELAS DE CORREÇÃO DOS COEFICIÊNTES KM E KC

FATOR DE CORREÇÃO DO KM

Bitola Profundidade dos cabos


0,40 0,50 0,60 0,70 0,80
do cabo
2 +0,054 +0,029 0,000 -0,025 -0,046
1 +0,044 +0,009 -0,021 -0,045 -0,066
1/0 +0,026 -0,010 -0,039 -0,063 -0,085
2/0 +0,007 -0,028 -0,057 -0,082 -0,103
3/0 -0,012 -0,047 -0,076 -0,101 -0,122
4/0 -0,030 -0,065 -0,095 -0,119 -0,140
250 -0,043 -0,079 -0,108 -0,133 -0,154
300 -0,057 -0,093 -0,123 -0,147 -0,168

Tabela B.1: Fator de correção de KM

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FATOR DE CORREÇÃO DO KC

BIBLIOGRAFIA

• CIPOLÍ, JOSÉ ADOLFO


PROTEÇÃO DE EDIFICAÇÕES CONTRA DESCARGA ATMOSFÉRICA,
ICEA GRÁFICA E EDITORA, 1995.

• CIPOLÍ, JOSÉ ADOLFO


TECNICAS DE DISTRIBUIÇÃO, QUALITYMARK EDITORA, 1993.

• LEITE, CARLOS MOREIRA E PEREIRA FILHO, MARIO LEITE


TÉCNICAS DE ATERRAMENTOS ELÉTRICOS, EDITORA OFFICINA
DE MYDIA, 1996.
159
ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO
WAGNER ANTONIO BIFFE

• MAMEDE FILHO, JOÃO


PROTEÇÃO DE EQUIPAMENTOS SENSÍVEIS, EDITORA ÉRICA, 1997.

• COTRIM, ADEMERO A.M. B.


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS, EDITORA MAKRON BOOKS, 3ª EDIÇÃO
1992.

• LEITE, DUÍLIO M. E LEITE, CARLOS M.


PROTEÇÃO CONTRA DESCARGA ATMOSFÉRICA, EDITORA
OFFICINA DE MYDIA, 3ª EDIÇÃO 1997.

• MAMEDE FILHO, JOÃO


INSTALAÇÕES ELÉTRICAS INDUSTRIAIS, LIVROS TÉCNICOS
CIENTÍFICOS, 3ª 1988.

• KINDERMANN, GERALDO E CAMPAGNOLO, JORGE MARIO


ATERRAMENTO ELÉTRICO, EDITORA SAGRA-DC LUZZATTO, 3ª
EDIÇÃO 1995.

• NBR – 5410
INSTALAÇÕES ELÉTRICAS DE BAIXA TENSÃO, EDIÇÃO
ATUALIZADA.

• NBR – 5419
SISTEMA DE PROTEÇÃO CONTRA DESCARGA ATMOSFÉRICA,
EDIÇÃO ATUALIZADA

• SOTILLE, CARLOS ALBERTO


APOSTILA CURSO DE ATERRAMENTO, E.E.L, 1998.

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ESCOLA DE ENGENHARIA DE LINS SISTEMAS DE ATERRAMENTO
WAGNER ANTONIO BIFFE

161

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