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I

Introdução

O gesso é um dos mais antigos materiais de construção


fabricados pelo homem. Podemos assim crer, que o gesso é
perfeitamente conhecido e que ele é objeto de varias publicações
completas e detalhadas.
E é com muita surpresa que os pesquisadores ou estudantes
levados a se interessar por essa matéria constatam que se encontra
através de pesquisa bibliográfica, tanto na literatura francesa como
na estrangeira apenas artigos seja muito ele genérico ou muito
especializado que permita chegar rapidamente a um conhecimento
satisfatório.
Para um cientista, o gesso pode parecer numa primeira
avaliação como um material simples mas ele será rapidamente
convencido de sua complexidade assim que começar a estuda-lo.
Para o homem da construção é um material familiar que ele
encontra cotidianamente mas que desconhece seus múltiplos
aspectos e múltiplas possibilidades de aplicação.
É por isso que nos pareceu interessante de juntar num mesmo
volume, sobre uma forma facilmente acessível, um conjunto de
conhecimentos até então dispersos, no tocante a todos os aspectos
da indústria do gesso.
Este trabalho não pretende ser exaustivo, ele deseja
simplesmente abrir os horizontes e permitir acessar, graças a uma
bibliografia importante, outros conhecimentos mais especializados
adaptados à necessidade e motivações de cada um.
A França é tradicionalmente um país utilizador e produtor de
gesso, seria natural que os fabricantes franceses tomassem tal
iniciativa que permitisse, nós esperamos, conhecer melhor este
material e de estimular as pesquisas que ele merece.
Este livro é fruto de um trabalho coletivo realizado pelo
Sindicato Nacional das Indústrias de Gesso. Os principais produtores
franceses participaram da sua elaboração: Lambert Industries,
Placoplâtre, Plâtres Lafarge, Prégypan, SAMC, Sté des Plâtrières de
Grozon.
A redação foi assegurada por um grupo, formados dentro da
Comissão técnica da secção de pó, composta de MM. Daligand,
Fenou, Gibaru, Jeandot, Lebourgeois, Richardson.
As secções de telhas de gesso e placas de gesso ajudaram na
redação dos parágrafos relativos a esses produtos.

Histórico
O gesso é conhecido a muito tempo entre os materiais da
construção cuja obtenção exige uma certa transformação usando a
intervenção do homem, ele é geralmente considerado como um do
mais antigos junto com o cal e a terracota.
Obtêm-se, na verdade, simplesmente aquecendo à uma
temperatura que não é tão elevada, depois reduzindo a pó, um
mineral que ocorre bastante na natureza: A pedra de gesso ou
gipsita.
Assim, pensa-se geralmente, que o homem pôde descobrir o
gesso – e, tão logo, sua reação com a água – um dia onde,
procurando construir uma casa, ele encontrou-se escavando um
lugar sobre o qual aflorava o gesso.
Por ai a fora com técnica análoga que o gesso é fabricado ainda
hoje artesanalmente para uso local em alguns países do oriente
médio.
Recentes descobertas arqueológicas mostraram que o emprego
do gesso remonta oito mil anos AC. (escavações na Síria e na
Turquia). Revestimentos de gesso e cal serviram de suporte para
afrescos decorativos, para fabricar pisos e mesmo para fabricar
recipientes.
Descobriu-se igualmente em algumas escavações em Jericó
(seis mil anos AC) traços do emprego de gesso em molduras e em
modelagens.
É bem conhecido que a grande pirâmide, construída por
Quéops, rei do Egito da quarta dinastia, em torno do ano de 2800
antes da nossa era, continua a demonstrar um dos mais antigos
testemunhos do emprego de gesso na construção: pela execução,
seguindo uma técnica que permanece inexplicável, juntas
surpreendem pela precisão de aproximação entre os blocos de 16
ton que constituem o monumento.
De qualquer forma, o filosofo Theophrastus que viveu do IV e III
século entes de Jesus Cristo e que foi discípulo de Platão e
Aristóteles parece ser pelo seu “Tratado da Pedra” o mais antigo e o
mais documentado dos autores que foram interessados pelo gesso.
Ele cita a existência de estucadores no Chipre, na Fenícia e na Síria.
Ele indica que o gesso é utilizado revestimento, para ornamentação,
afrescos, baixo relevo e estátuas. Ele enfatiza as qualidades e os
fortes ligantes que o gesso permite obter. Theophrastus nota a
possibilidade de se recuperar os revestimentos ou antigas obras de
gesso submetendo-os à um novo cozimento e utilizando novamente
o gesso obtido.
Mais próximo de nós, Caton e Columelle mencionaram
diferentes utilizações do gesso a quem Plínio dedicou importantes
desenvolvimentos.
Menos conhecido e talvez menos evoluído que estes que
forram transmitidos pelos Gregos e pelos Romanos, as aplicações
do gesso existiram igualmente durante muito tempo em outros
diferentes cantos do globo. Assim, na África, foi com o gesso muito
resistente que os Berbères construíram as barragens e os canais
que asseguram depois de séculos a irrigação dos palmeirais de
Mzab, e é o gesso que eles montam os blocos de terra preparada
com os quais são montadas as suas habitações.
Na França, foi com a invasão dos romanos que nossos
ancestrais obtiveram conhecimento dos processos de construção
usando alvenaria e o gesso. Por conseguinte, esses métodos de
construção com o emprego desses materiais regressam em favor
da construção em madeira que os Francos trazem com eles e que
prevaleceram durante as épocas Carolingienne e Mérovingienne (fig
I.1).

No entanto, nessas épocas os gesso foi comummente


empregado na região parisiense para fabricar sarcófagos decorados
dos quais vários exemplares foram encontrados intactos nos dias de
hoje.
Mas, a partir século XII e durante todo final da idade média, as
construções em alvenaria e os revestimentos utilizando gesso
conheceram um movimento a favor. O gesso para estuque já era
conhecido. O piso de gesso também (mas era desvantajoso no
exterior : na Baixa Saxônia e em Luxemburgo).
Uma carta real menciona a partir de 1292 a operação de 18
canteiros na região parisienses. O gesso era então empregado
principalmente para realizar revestimentos em placas de madeira,
decoração de paredes, ou para construir lareiras monumentais (fig
I.2).
A renascença estendeu o campo de emprego do gesso em
decorações e a época barroca fez uma larga utilização do gesso
para estuque.
Deve-se em grande parte a generalização do emprego do
gesso na construção à um édito de Louis XIV promulgado em 1667.
Na verdade, o rei Soleil puxando a experiência do grande
incendio que destruiu Londres no ano anterior impôs que as
molduras de madeira que constituíam o estrutura das casas fossem
revestidas tanto por fora quanto por dentro, com uma camada de
revestimento de gesso conhecido pela incomparável resistência ao
fogo.
No século XVIII, a utilização do gesso nas construção se
generaliza ao ponto que: três quartos dos hotéis existentes e a
totalidade dos prédios do terceiro estado e do povo eram feitos de
molduras de madeira revestido em gesso e cerca de 95% das
construções novas eram feitas de gesso.
Nessa época, a fabricação de gesso permanece ainda empírica
e rudimentar. Mas Lavoisier, a partir de 1768, apresenta à
Academia de ciências o primeiro estudo científico dos fenômenos
que são a base da preparação do gesso.
Em seguida no século seguinte, trabalhos de vários autores e
particularmente aqueles de Van t’Hoff e Le Chatelier permitiram
abordar uma explicação científica da desidratação do gesso.

Foram seguramente estes trabalhos que suscitaram e


inspiraram os esforços no campo da fabricação de gesso – cujos
meios haviam pouco evoluídos no decorrer dos anos e permaneciam
razoavelmente rudimentares. Estes esforços iniciaram uma
transformação profunda nos equipamentos. No entanto no campo
da fabricação e dos processos utilizados, foi o século XX que, no
embalo da evolução industrial, trouxe as transformações mais
profundas, aquelas que conduziram aos equipamentos atuais dos
quais as descrições serão dadas mais para frente.
Bem entendido, paralelamente, as aplicações e as técnicas de
utilização do gesso evoluíram de forma análoga e nós nos propomos
no presente trabalho de apresentar tanto quanto possível o estado
da arte do gesso.
II
Geologia da Gipsita e da Anidrita
Para quem não quer se deter à generalidades vagas, é uma
tarefa muito difícil se propor a escrever um resumo correto sobre a
“Geologia da Gipsita e da Anidrita” destinado à um leitor não
especializado no assunto. Este capitulo é então um compromisso,
que tenta traçar seu caminho entre as grandes linhas de imprecisão
e os detalhes complexos, supondo da maioria dos leitores alguns
conhecimentos básicos de geologia mesmo que estes não sejam
geólogos, para fornecer uma certa compreensão dos problemas.
Este estudo não é de maneira nenhuma completo.
A geologia toma emprestado conhecimentos de todas as outras
ciências para explicar todos os recursos geológicos que nós vemos,
bem como para utilizar essas explicações afim de obter um melhor
conhecimento do planeta sobre o qual nós vivemos. Para o geólogo
da indústria, isto remete às melhores técnicas de exploração,
obtendo os melhores resultado de modo mais econômico. Assim,
para a “Geologia da Gipsita e da Anidrita”, nós não podemos
somente apresentar qualquer teoria sobre a origem desses
depósitos, porque nós também devemos considerar a mineralogia, a
petrologia, a geoquímica, a historia geológica, as relações
estratigráficas, as técnicas e as dificuldades de exploração, os
problemas de operação ( incluindo a estrutura dos depósitos, a
qualidade das rochas, etc...), e vários outros assuntos. Não será
possível de incluir todos esses assuntos no nosso propósito.
Falando das características geológicas dos depósitos de gipsita
e anidrita, é essencial compreender que eles não são dois minerais
inteiramente separados de todos os outros nem têm geologias
separadas. Eles fazem parte de um grupo, primeiramente do grupo
das rochas sedimentares, e mais especificamente do grupo dos
evaporitas.
Assim, quando se vai examinar esses minerais, é necessário
começar vendo a geologia do conjunto do grupo dos evaporitas.

1. Notas sobre a mineralogia dos evaporitas


Os evaporitas são as mais solúveis rochas sedimentares,
constituídas sobretudo dos cloretos e os sulfatos de sódio, cálcio,
magnésio e potássio. Através da sua estreita associação com a
mineralogia dos evaporitas, a mineralogia dos dois carbonatos
(calcítico e dolomítico) está igualmente incluída. De uma forma
geral, a formação dos depósitos de carbonatos tem uma origem
diferente daquela dos evaporitas, talvez iniciando-se no meio
semelhante ao marinho mas se desenrola seguindo processos em
sua maioria químicos e biológicos, as vezes os dois
simultaneamente.
A tabela I mostra algumas das características mineralógicas de
alguns desses minerais. Eles foram dispostos mais ou menos por
ordem de solubilidade crescente. Assim, teoricamente, se uma
solução aquosa contendo esses minerais é completamente
evaporada, os minerais menos solúveis no alto da tabela (por
exemplo calcita e dolomita) serão os primeiros minerais a precipitar,
aqueles de baixo da tabela serão os últimos.
Por causa de sua solubilidade, esses minerais, logo que são
expostos ao ar livre, eles se alteram mais rápido que os outros
minerais. Rochas contento minerais muito solúveis como a carnalita
se degradam completamente após alguns dias ou mesmo algumas
horas, na atmosfera europeia. A calcita e a dolomita são um tanto
resistentes e se corroem lentamente. Um bloco de gipsita se
dissolve após alguns anos de exposição ao clima da Europa do
Norte, mas, lá onde a gipsita é encontrado em grandes quantidades
(por exemplo logo que ela é descoberta nas frentes de trabalho), ela
pode permanecer indefinidamente, sendo submetida simplesmente
à uma leve erosão.
Os evaporitas fluem sob os esforços da pressão logo que as
rochas mais consolidadas formam falhas ou dobras. Os evaporitas
podem formar cúpulas no subsolo, as vezes essas cúpulas podem
mesmo brocar até a superfície para dar os “Geleiras de Sal”.
Essas cúpulas são quase sempre devido a ação diapirica. Essas
estruturas, que apresentam frequentemente no topo de diapirs uma
“coifa” constituída de resíduos menos solúveis, são importantes
porque elas podem constituir armadilhas para o petróleo.

Observações sobre a tabela I

1) As soluções contendo sais muito solúveis (potássio,


etc...) podem reagir entre elas ou com os sais
depositados anteriormente para dar minerais complexos
como a polialita (K2SO4.MgSO4 2CaSO4.2H2O),
Glauberita (Na2SO4.CaSO4), Kainita (KCl.MgSO4.3H20).
Estas interações assim como as outras interações com
elementos em estado de traços conduzem à um grande
numero de minerais complexos.
2) Dada a grande variação da solubilidade em função da
temperatura e do estado da água, essas indicações não
podem ser consideradas a não ser a título de
comparação. Estas indicações mais detalhadas e exatas,
que sejam realmente comparáveis, são difíceis de
encontrar.
3) É necessário fazer bem a distinção entre a solubilidade
de uma substância, isto é, a quantidade máxima desse
material que pode ser dissolvida em uma dada
quantidade de solvente (água) a uma dada
temperatura e a velocidade de dissolução, isto é, o
tempo necessário para dissolver essas quantidade de
substância. Por exemplo, o quartzo tem uma
solubilidade comparável aquela do calcário mas sua
velocidade de dissolução é tão lenta que nós podemos
considera-lo insolúvel. A velocidade de dissolução da
gipsita, do calcário e o sal gema sendo análogas, é
possível analisar diretamente a diferença entre suas
solubilidades. Em contraste, a velocidade de dissolução
da anidrita não sendo análoga a esses matérias
precedentes, é necessário se cauteloso quando se
comparada suas taxas de solubilidade.
2. Pontos para considerar em toda teoria da
formação

Como considerado anteriormente, a gipsita e a anidrita podem


ser produzidos a partir da evaporação da água do mar, e embora
seja provável (mas não certo em todos os casos) que os depósitos
naturais foram produzidos da mesma maneira. No entanto, se uma
porção da água do mar é completamente evaporada em laboratório,
e, mesmo que certos fenômenos dos depósitos naturais de
evaporação pudessem ser observados, dois problemas surgem, são
eles:

1) A quantidade total de matéria depositada


2) As proporções respectivas dos diversos matérias
precipitados

1) Quantidade de matérias precipitados

A água do mar contém cerca de 3,5% de matérias dissolvidos.


Os principais constituintes são:

Se a água do mar é evaporada experimentalmente à 30°C, os


primeiros sais que precipitam são as pequenas quantidades de
carbonatos, mas a solução deve ser reduzida a 1/3 de seu volume
inicial (a salinidade é então de 3,35 vezes daquela do inicio) antes
que todo o gesso precipite. Após uma redução de metade do
volume, o sulfato de cálcio se deposita sob a forma de gipsita
(CaSO4.2H2O), em seguida a anidrita (CaSO4) torna-se uma fase
estável. Quando a solução não representa mais que 1/10 do seu
volume inicial, então o sal gema (Halita NaCl) começa a se
depositar, ao mesmo tempo que um pouco de anidrita, e esta se
prolonga até que o volume não esteja mais que 1/60 do volume
inicial, momento onde os sais muito solúveis de potássio e
magnésio se depositam. Os depósitos de sais muito solúveis
começam pelo sulfato de magnésio (Kiesserita MgSO4.H2O) vem
em seguida o cloreto de potássio (Sylvita KCl), e finalmente se
deposita o cloreto de magnésio hidratado (Bishofita MgCl2.6H2O).
Esses minerais depositados ao final podem formar outros sais
complexos reagindo entre eles.
No entanto, sendo dado a concentração suficientemente
pequena dos sais na água do mar, a quantidade de precipitado
correspondente a evaporação total de uma coluna d’agua do mar de
1000m terá uma espessura de cerca de 15m. Em certos locais da
terra foram descobertos depósitos de sais superior a 3500m de sais.
Será necessário evaporar completamente uma coluna de água do
mar de 240 Km de profundidade !
Se nós considerarmos unicamente o sulfato de cálcio, a
evaporação de 1000m de água do mar não dará mais que 0,55m.
Existem depósitos dos quais a espessura de sulfato de cálcio
alcança 500m.
Torna-se evidente que os depósitos dos evaporitas de potencial
suficiente, compreendem aqueles que são economicamente
exploráveis, não podem ter sido formados pela evaporação de uma
massa estática de água do mar e o um fenômeno de concentração
teria sido necessário, por exemplo uma corrente continua de água
carregada em sais em direção a uma bacia onde se produzisse a
evaporação. Ao mesmo tempo, a concentração e o aumento dos
depósitos podem se localizar nos sedimentos após sua
sedimentação.

2) Proporções respectivas dos matérias precipitados

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