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BATATA DOCE – O CARBOIDRATO DO ATLETA

Rodolfo Anthero de Noronha Peres*

Sem dúvida, a batata doce é um dos alimentos fonte de carboidratos prediletos dos
praticantes de musculação, especialmente, dos culturistas. Está sempre presente no cardápio
da maioria dos campeões, principalmente na fase mais específica da preparação, a pre-
contest. Particularmente, tenho utilizado com grande freqüência este tubérculo na dieta dos
atletas sob minha supervisão, e os resultados são sempre muito expressivos.

A batata doce (Ipomoea batatas) é a raiz de uma planta rasteira, nativa do continente
americano, que cresce sem exigir cuidados especiais para o cultivo. Embora seja menos
consumida que a batata inglesa, ela é muito apreciada no norte e nordeste do Brasil. Com
toda a probabilidade é a América Central a terra de origem da batata-doce, que pertence à
família das Convolvuláceas.

É cultivada em 111 países, sendo que aproximadamente 90% da produção é obtida na Ásia,
apenas 5% na África e 5% no restante do mundo. Apenas 2% da produção está em países
industrializados como os Estados Unidos e Japão. A China é o país que mais produz, com
100 milhões de toneladas. Pode ser cultivada em locais de climas diversos, como o das
Cordilheiras dos Andes; em regiões de clima tropical, como o da Amazônia; temperado,
como no do Rio Grande do Sul e até desértico, como o da costa do Pacífico.

Além de constituir alimento humano de bom conteúdo nutricional, principalmente como


fonte energética, a batata-doce tem grande importância na alimentação animal e na
produção industrial de farinha, amido e álcool. É considerada uma cultura rústica, pois
apresenta grande resistência a pragas, pouca resposta à aplicação de fertilizantes, e cresce
em solos pobres e degradados. Em termos de volume de produção mundial, a cultura ocupa
o sétimo lugar, mas é a décima quinta em valor da produção, o que indica ser
universalmente uma cultura de baixo custo de produção.
No Brasil, há quatro tipos de batata doce, que são classificados de acordo com a cor da
polpa: batata-branca, também conhecida como angola ou terra-nova, que tem a polpa bem
seca e não muito doce; batata-amarela, parecida com a anterior, mas de sabor mais doce;
batata-roxa, com casca e polpa dessa cor, é a mais apreciada por seu sabor e aroma
agradáveis, sendo ótima para o preparo de doces; e, batata-doce-avermelhada, conhecida no
nordeste do Brasil como coração-magoado, tem casca parda e polpa amarela com veios
roxos ou avermelhados.

O grande sucesso da batata doce em uma dieta é devido em grande parte a seu índice
glicêmico. Este índice reflete o impacto promovido pelo carboidrato ingerido nos níveis
sangüíneos de glicose, sendo que quanto mais baixo, melhor (exceto em algumas situações
específicas, tal como imediatamente após um treinamento). Em relação à glicose, o índice
glicêmico da batata doce é 44, o que pode ser considerado baixo comparando-se com o
arroz branco (64) ou com o pão branco (71). Isto a torna ideal para ser consumida como
fonte de carboidratos durante o dia, e principalmente, entre 1 e 2 horas antes de uma sessão
de treinamento com pesos.
Além do índice glicêmico favorável, esse alimento possui alta taxa de vitamina A (sobre
tudo a amarela e a roxa), vitaminas do complexo B e alguns sais minerais, como cálcio,
ferro, potássio, fósforo e um pouco de vitamina C. Suas folhas também são bem nutritivas e
podem ser preparadas como qualquer outra verdura de folha.
Muitas pessoas ainda confundem a batata doce com a inglesa, crendo que os valores
nutricionais são semelhantes. Apesar de haver entre os dois tubérculos uma perfeita
concordância no que diz respeito ao teor em substâncias nutritivas, calorias e água, existe
grande diferença quanto ao índice glicêmico (a batata inglesa possui um IG muito maior).
As batatas-doces também são mais ricas em ferro e possuem 5 vezes mais cálcio. Isto tem
uma importância especial para cobrir determinadas necessidades dietéticas. Outro caso é o
teor em vitaminas. A batata-doce é muitíssimo mais rica em vitamina A do que a batata
inglesa, tendo um alto valor dietético nas doenças causadas por avitaminose A, além de
possuir mais fibras.

No período pre-contest, qualquer erro pode significar o insucesso do atleta, portanto a dieta
deve ser precisa como um relógio suíço. Procuramos trabalhar com a menor variedade de
alimentos possível, visto que dessa forma os eventuais ajustes podem ser realizados com
maior facilidade. Dentre esta pequena variedade, preferimos sempre a batata doce como
principal fonte de carboidratos da dieta e com o peito de frango como principal fonte
protéica. Além de não ser necessária a inclusão de qualquer tempero durante o preparo (que
necessita apenas de água fervendo e nenhuma habilidade do cozinheiro), é fácil ajustar as
quantidades a serem consumidas.

A batata-doce fornece em média para cada cem gramas: 116 calorias, 1,16 gramas de
proteínas, 30,10 gramas de carboidratos e 0,32 gramas de lipídios.
Vale ressaltar que a inclusão da batata doce na dieta do praticante de atividade física ou
atleta em quantidades apropriadas, assim como de qualquer outro alimento, depende de
uma enormidade de fatores, que só o profissional habilitado pode avaliar. A dieta deve
possuir o adequado equilíbrio entre os nutrientes, pois de nada adianta utilizarmos uma
ótima fonte de carboidratos, se os demais nutrientes da dieta não estiverem presentes com a
mesma harmonia. Consulte sempre seu nutricionista!

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