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Resumo Cronológico do caso clinico de Dora

1882 Nascimento de Dora.

1888 Pai Tuberculoso.Família muda-se para B

1889 Enurese noturna

1890 Dispnéia

1892 Deslocamento da retina do pai.

1894 Crise confusional do pai. Visita dele a Freud. Enxaqueca e tosse nervosa.

1896 Cena do beijo.

1898 ( Princípios do Verão) Primeira visita de Dora a Freud ( Fim de Junho) Cena junto ao Lago.( Inverno:) Morte da Tia.Dora em Viena.

1899 ( Março) Apendicite;( Outono) A família deixa B e se muda para a cidade onde ficava a fábrica.

1900 A família se muda para Viena.Ameaça de suicídio.( Outubro a dezembro) Tratamento com Freud.

1901 ( Janeiro) Redação do caso clinico.

1902 ( Abril) Última visita de Dora a Freud.

1905 Publicação do caso clinico.

Viena, 1900. O circulo familiar da paciente de dezoito anos incluía seu pai que representava uma figura dominante deste circulo, não só

pela sua inteligência e seus traços de caráter como pela circunstâncias de sua vida, que forneceram o suporte sobre o qual se erigiu a

história infantil e patológica de Dora, sua mãe e seu irmão um ano e meio mais velho que ela.Na época que Freud começou o tratamento

com Dora, seu pai beirava os cinqüenta anos. Dora era muito carinhosamente apegada a ele, essa ternura por ele era ainda aumentada

em virtude de muitas e graves doenças de que padecera o pai desde que ela contava seis anos de idade, Seu pai sofreu de tuberculose,

deslocamento de retina, crise confusional, seguida de sintomas de paralisia e ligeiras perturbações psíquicas.

Um amigo do pai de Dora convence-o a se consultar com Freud em Viena, onde passou por um tratamento com antiluético energético,

no qual cederam todos os seus distúrbios, quatro anos depois, ele apresenta sua filha Dora com 16 anos, que já apresentava sintomas

neuróticos, e após mais dois anos iniciou o tratamento psicoterápico com Freud.

Freud verifica a simpatia de Dora pelo lado paterno da família, e não duvida que deriva tanto sua precocidade intelectual, como também

a predisposição pela doença, já que Freud atendera uma irmã do pai de Dora com uma grave psiconeurose que morreu de um marasmo

e um irmão solteirão hipocondríaco do pai de Dora,. Além disso apesar de Freud não conhecer a mãe de Dora, conforme palavras do

próprio pai e de Dora, a mãe também apresentava o quadro de psiconeurose da dona de casa.

Dora apresentou seu primeiro sintoma neurótico aos oito anos, no qual sofreu de uma dispnéia crônica, após uma pequena excursão

pelas montanhas, sendo por isso atribuído ao excessivo esforço. Após seis meses o sintoma cedeu gradativamente .Por volta dos doze

anos ela começou a sofrer de dores de cabeça unilaterais do tipo de enxaquecas, bem como de acesso de tosse nervosa. A enxaqueca

desapareceu completamente aos dezesseis anos, mas os acessos de tosses nervosa, que sem dúvida tinham começado com uma gripe

comum continuaram por todo o tempo. O sintoma mais incômodo durante a primeira metade de uma dessas crises de tosse nervosa

costumava ser a perda completa de voz. O tratamento usuais com hidroterapia e aplicação local de eletricidade ,não haviam produzido

nenhum resultado.Foi nessas circunstância que Dora despertava sua resistência em consultar um médico e só iniciou o tratamento com
Freud movida pela autoridade do pai.Dora também sofrera de apendicite ao dezesseis anos, após a morte de sua amada tia. Mais tarde

Freud associa este sintoma a fantasia de um parto , após a cena do lago com o Sr.K, acompanhada de uma sequela extremamente

incomum de uma apendicite, dificuldade em andar, arrastando a perna... “Dora arranjara para si uma doença sobre a qual lera na

enciclopédia” ( Pág.100). Dora estava se punindo de um passo em falso que deu ao ler a enciclopédia sobre a fisiologia do amor. Dora

havia crescido e se transformado numa moça com feições inteligentes e agradáveis, mas fonte de sérias preocupações para seus pais.O

desanimo e uma alteração de caráter se tinham tornado os principais traços de sua doença.Era evidente que não estava satisfeita

consigo mesma nem com sua família, tinha uma atitude inamistosa com seu pai e se dava muito mal com a mãe, que fazia –a participar

das tarefas domésticas. Dora evitava os contatos sociais, e chegou a escrever uma carta se despedindo dos pais, porque não podia mais

suportar a vida.A partir deste episódio, o pai trocou-lhe ligeiras palavras e apesar de sua resistência ficou decidido que iniciaria um

tratamento com Freud.

O pai de Dora contou a Freud as referencias vitais mais recente da doença da filha, onde ele e a família tinham feito uma amizade intima

em B com um casal ali radicado já há muitos anos. A Sra. K cuidara dele durante sua longa enfermidade, tendo assim feito jus á sua

eterna gratidão. O Sr.K. sempre fora extremamente amável com sua filha Dora levando a passear com ele quando estava em B, dando-

lhe pequenos presentes, mas ninguém via nenhum mal nisso.Dora tratava com mais extremo cuidado os dois filhinhos do Sr. e Sra K.

,dedicando-lhes uma atenção quase maternal. Dora e o pai viajaram nas férias de verão com a família K para o lago nos Alpes.Dora

deveria passar várias semanas na casa dos K, enquanto seu pai pretendia regressar dentro de poucos dias. Mas quando o pai se

preparava para partir, a moça declara de repente e com firmeza que iria com ele, e assim fez. Só depois de alguns dias esclareceu seu

estranho comportamento, contando á mãe, que esta por sua vez transmitisse ao pai, que o Sr.K. tivera a audácia de lhe fazer uma

proposta amorosa, durante uma caminhada depois de um passeio pelo lago. Chamado a prestar contas de seu comportamento ao pai e

ao tio, o acusado negou, do modo mais enfático qualquer atitude de sua parte que pudesse ter dado margem a essa interpretação, e

começou a levantar suspeitas sobre Dora, que, segundo soubera pela Sra.K,só mostrava interesse pelos assuntos sexuais e que até na

própria casa dele junto ao longo lera a Fisiologia do Amor e livros semelhantes.. Provavelmente excitada por tais leitura ela teria

imaginado toda a cena que descrevera, seu pai acredita que Dora esteja fantasiando a impertinência moral do Sr.K, e que esta é a razão

de sua irritabilidade e de suas ideias suicidas, já que ela vive insistindo em que seu pai rompa relações com o Sr.e Sra.K,onde existe um

grande laço de amizade, e em particular com a Sra.K; , mas ele não podia fazer isso, por causa da amizade tão honrosa que tinha com a

Sra.K a quem antes Dora positivamente venerava.

“A pobre mulher já é muito infeliz com o marido, a quem por sinal não tenho em grande conceito; ela mesma já sofreu muito dos nervos e

tem em mim seu único apoio. Considerando meu estado de saúde, não preciso assegurar-lhe que não há nada de ilícito por trás de

nossas

relações. Somos apenas dois pobres coitados que consolamos um ao outro como podemos através de um interesse amistoso. O senhor

bem sabe que não tenho nada disso com minha própria mulher.” pág.35

No inicio do tratamento, Dora contou a Freud que aos 14 anos de idade, o Sr.K a beijou, sendo a primeira sensação de excitação sexual,

mas Dora sentiu no momento uma violenta repugnância. e não contou pra ninguém,e após a cena do lago, ela quis ir embora com o pai,

pois tinha receio de que o Sr.K tentasse algo que ela não queria. Dora desconfiava de que o pai tinha um caso com a Sra.K,por isso a
entregava ‘de bandeja’ para o Sr.K, como premio da tolerância para não chamar a atenção sobre seu próprio relacionamento com a

Sra.K. Dora se sentia uma moeda de troca.

Interpretações de Freud para os sintomas patológicos e psicológicos de Dora:

1º Trauma psíquico de Dora se deu no momento que o Sr.K a beijou, é preciso dizer que houve um deslocamento de sensação, ao invés

de sensação genital que uma jovem sadia não teria deixado de sentir em tais circunstâncias, Dora foi tomada de uma sensação de

desprazer. Dora continuou sentindo a pressão daquele abraço, que seguiu posteriormente com a evitação dos homens.E aversão pelos

alimentos. Ela fez um deslocamento da parte inferior do corpo para a parte superior, o nojo corresponde ao recalcamento da zona

erógena dos lábios.

Tinha razão em achar que seu pai não queria esclarecer o comportamento do Sr.K, em relação a ela para não ser molestado em seu

próprio relacionamento com a Sra.K Mas Dora fizera a mesma coisa. Tornara –se cúmplice desse relacionamento e repudiara todos os

sinais que pudessem mostrar sua verdadeira natureza. Durante os anos anteriores ela fizera o possível para favorecer a relação do pai

com a Sra.K. Nunca ia vê-lo quando suspeitava de que seu pai estivesse com a Sra.K, a última governanta, uma moça solteira e mais

velha, já havia tentando lhe abrir os olhos e induzirá a tomar conhecimento e partido contra as relações de seu pai com a Sra.K. Mas

seus esforços foram em vão .Dora se desentendeu com a governanta e insistiu em sua dispensa, pois Dora estava ligada ternamente a

Sra.K e e não queria saber de nenhum motivo que fizesse a relação do pai e da Sra.K parecerem indecentes. Dora também havia

notado que a governanta estava apaixonada pelo seu pai, pois quando o mesmo estava em casa, ela a tratava diferente de quando o pai

não estava, era divertida e prestimosa quando ele estava era distante.

Dora sustentava a trama dos relacionamentos de seu pai com a Sra.K, como cúmplice pois queria desfrutar da atenção e dos presentes

do Sr.K, além de ter uma relação de intimidade com a Sra.K. Dora ouvia as confidencias da Sra.K. sabia o estado das relações dela com

o marido. Dora se identificava também com a Sra. K. no amor por seu pai. Quando Dora falava sobre a Sra. K, costumava elogiar seu

“adorável corpo alvo” num tom mais apropriado a um amante do que a uma rival derrotada... Na verdade, devo dizer que nunca ouvi dela

uma só palavra áspera ou irada sobre essa mulher, embora, do ponto de vista de seus pensamentos hipervalentes, devesse ver nela a

principal causadora de suas desventuras.

O fato que decepciona sua relação com a Sra.K e a deixa furiosa, é a descoberta de que a atenção da Sra. K, por ela não era assim tão

grande. De fato, a Sra.K, traíra o segredo de Dora em nome da preservação do relacionamento com o pai de Dora. A Sra. K. conta ao

marido que Dora lê livros sobre a fisiologia do amor e outros. O Sr. K, defende-se, diante do pai de Dora acerca de sua insinuação à

Dora, dizendo que alguém que lê livros assim pode muito bem fantasiar o episódio de assédio. A Sra. K. também não a amava por ela

mesma, e sim por causa do pai, assim com a governanta havia feito anteriormente. Conforme a conclusão de Freud, ele crê não estar

errado, portanto, em supor que a sequencia hipervalente de pensamentos de Dora, ... destinava-se não apenas a suprimir seu amor pelo

Sr. K., que antes fora consciente, mas também a ocultar o amor pela Sra. K. Que demonstra o ciúme de Dora pela Sra.K, quando não se

vê mais amada por ela, Dora ameaça suicídio e exige que o pai acabe o relacionamento com sua amante.

É por esta razão que a Sra. K. se torna o mistério da feminilidade para Dora. Ou seja, Dora precisaria da Sra. K. para poder reconhecer

a sua própria feminilidade. Como ela não pode se aceitar como objeto de desejo, ela precisa da Sra. K. para sustentar esta posição.

Freud explica que não pôde apreciar a tempo o laço homossexual que unia Dora à Sra. K.:
Quanto mais me vou afastando no tempo do término dessa análise, mais provável me parece que meu erro técnico tenha consistido na

seguinte omissão: deixei de descobrir a tempo e de comunicar à doente que a moção amorosa homossexual (ginecofílica) pela Sra. K.

era a mais forte das correntes inconscientes de sua vida anímica.

Eu deveria ter conjeturado que nenhuma outra pessoa poderia ser a fonte principal dos conhecimentos de Dora sobre coisas sexuais

senão a Sra. K., a mesma pessoa que depois a acusara por seu interesse nesses assuntos... Esta identificação histérica com o Sr. K.

permite a Dora ficar em um lugar onde pode desejar a Sra. K, inconscientemente.

Outra interpretação:

Outra censura , de que as doenças do pai eram criadas como um pretexto e exploradas em proveito próprio, coincide também com todo

um fragmento de sua própria história secreta.

Um dia Dora se queixou de um sintoma supostamente novo, que consistia em dores de estomago dilacerantes, foi quando Freud lhe

perguntou com convicção – “A que você esta copiando nisso?”, descobrindo então que no dia anterior visitara suas primas, filhas da tia

que morrera, a mais nova ficara noiva e a mais velha adoecera com umas dores no estomago, Dora diz que suas dores se identificaram

com a prima, talvez fosse pela inveja do amor afortunado da moça. Sem contar que Dora aprendera isso observando a Sra.K,pois

quando o Sr.K a viaja esta em perfeita saúde, quando seu marido voltava encontrava sua mulher adoentada.

Foi quando Freud começou a observar que Dora em suas próprias alterações entre doença e saúde, levando a sim a suspeitar de que

seus próprios estados de saudade dependiam de alguma coisa, tal como os da Sra.K. A afonia de Dora evidencia claramente o lugar que

o Sr. K. ocupa em seu imaginário, portanto admitia a seguinte interpretação simbólica, quando o “amado” estava longe, ela renunciava á

fala, esta perdia seu valor, já que não podia falar com ele, por outro lado a escrita ganhava importância, como único meio de manter

contato com o ausente.

O aparecimento e desaparecimento das manifestações patológicas refletia a presença e ausência do homem amado, e, portanto, no

tocante á conduta da Sra. K, expressava o seguinte pensamento: “se eu fosse mulher dele, eu o amaria de maneira muito diferente,

adoeceria (de saudade) quando ele estivesse fora e ficaria curada (delegria) quando voltasse pra casa.”

Logo surgiu uma oportunidade de atribuir à tosse nervosa de Dora uma interpretação desse tipo, mediante uma situação sexual

fantasiada, quando ela diz que seu pai era um homem de posses,que levaram a outra interpretação, que se ocultava seu oposto, ou seja,

seu pai era um homem sem recursos, recursos sexuais, ou seja, um homem impotente, Dora confirmou essa interpretação.

Freud chega então ao seguinte raciocínio de que a sua tosse espasmódica, que tinha por estimulo coceira na garganta, ela representava

a cena de satisfação sexual entre duas pessoas cuja ligação amorosa a ocupava tão incessantemente, ou seja, a imaginação da sucção

do pênis, Curiosamente pouco tempo depois de aceitar em silencio essa explicação a tosse desapareceu.

Em sua ausência, conta Freud, o sintoma piora. Não havia nenhuma duvida, disse Freud, de que ela visava a um objetivo que esperava

alcançar através de sua doença. Este não podia ser outro senão o de fazer seus pai afastar-se da Sra.K,porem se seu pai abrisse mão e

fosse persuadido pela saúde da filha,ela nunca iria renunciar a doença,mais sim usaria para conquistar tudo que quisesse.Freud diz que

primeiro de tudo é preciso tentar, pelas vias indiretas da analise, fazer com que a pessoa convença a si mesma da existência dessa

intenção de adoecer.
Interpretação de Freud para o Primeiro Sonho.

Segundo Freud o sonho é um propósito que se representa como executado, mas um desejo que se representa como realizado e

precisamente, além disso, um desejo proveniente da vida infantil. Dora teve o mesmo sonho por três noites, a fim de ter seu propósito

realizado.

“Uma casa estava em chamas. Papai estava ao lado da minha cama e me acordou. Vesti-me rapidamente. Mamãe ainda queria salvar

sua caixa de jóias, mas papai disse: Não quero que eu e meus filhos nos queimemos por causa da sua caixa de jóias. Descemos a

escada às pressas e, logo que me vi do lado de fora, acordei”( p.67).

Papai estava ao lado da minha cama e me acordou... Durante o segundo dia da visita na casa nos Alpes da família K, Dora deitou no

sofá do quarto para dormir um pouco, quando acordou viu o Sr K ao lado.

Vesti-me rapidamente.. Dora sabia que não poderia trancar a porta no dia seguinte, então levantou e vestiu-se rapidamente para que o

Sr K não tivesse a oportunidade de encontrá-la fazendo sua toalete.

Água : Trata-se de que a “caixa de jóias” não fique molhada... Criança que brinca com fogo,

molha a cama durante a noite... Enurese noturna de Dora durante a infância... masturbação.

No caso de Dora, eu começara a suspeitar da masturbação quando ela me falou sobre as dores estomacais da prima e em seguida se

identificou com ela...” “É sabido que, com freqüência, as dores gástricas surgem justamente nos masturbadores”.(pag.79).

Fogo/Paixão : Amor ardendo de paixão -Freud estabele um “ vinculo com amor pois este também deixa as coisas molhadas”. ( pág 74)

Sr. K presenteou Dora com uma valiosa caixa de jóias... seria “normal” a menina retribuir o presente com sua “caixa de jóias”... Caixa de

jóias é uma expressão parecida com genitália feminina... seria normal a menina retribuir o presente com sua “caixinha de joias” Dora

disse a si mesma:esse homem esta me perseguindo,quer forçar a entrada no meu quarto, a minha caixa de jóias esta em perigo, e se

acontecer alguma desgraça aqui a culpa é do pai.

Por isso que o sonho traz o oposto, “um perigo de que seu pai a salva” (p. 71).

“A tentação é muito forte. Papai, querido, protege-me de novo como fazias em minha infância, para que eu não molhe minha cama!”

(Pag.74)

Dora estaria disposta a dar a seu pai o que sua mãe lhe recusava e a coisa que se trata teria a ver com uma jóia.

“Você está disposta a dar ao Sr.K o que a mulher dele recusa.Aí está o pensamento que você teve que recalcar com tanto esforço e que

tornou necessária a transformação de todos os elementos em seu oposto”.

Logo que me vi do lado de fora, acordei...como Dora disse a si mesma: “Não terei tranquilidade, não poderei ter um sono tranquilo

enquanto não estiver fora desta casa”.

É o inverso disso que você diz no sonho: “Logo que me vi do lado de fora, acordei”. Dora mencionou na segunda sessão o cheiro de

fumaça que sentira antes de acordar. O Sr K, seu pai e Freud eram todos fumantes apaixonados. Sentir o cheiro significaria a ânsia de

um beijo,

que, trocado com um fumante, necessariamente cheiraria a fumo. Neste momento Freud percebe indícios de uma

transferência para ele.Infelizmente não foi possível comprovar devido a interrupção do tratamento.
Segundo Sonho

“Eu estava passeando por uma cidade que não conhecia, vendo ruas e praças que me eram estranhas. Cheguei então a uma casa onde

eu morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe. Dizia que, como eu saíra de casa sem o conhecimento de meus pais,

ela não

quisera escrever-me que papai estava doente. ‘Agora ele morreu e, se quiser, você pode vir’. Fui então para a estação e perguntei umas

cem vezes: ‘Onde fica a estação?’ Recebia sempre a mesma resposta: ‘Cinco minutos’. ... Vi depois à minha frente um bosque espesso

no qual penetrei, e ali fiz a pergunta a um homem que encontrei.

Disse-me: ‘Mais duas horas e meia’. Pediu-me que o deixasse acompanhar-me. Recusei e fui sozinha. Vi a estação à minha frente e não

conseguia alcançá-la. Ai me veio o sentimento habitual de angústia de quando, nos sonhos, não se consegue ir adiante. Depois, eu

estava em

casa; nesse meio tempo, tinha de ter viajado, mas nada sei sobre isso. Dirigi-me à portaria e perguntei ao porteiro por nossa casa. A

criada abriu para mim e respondeu: ‘A mamãe e os outros já estão no cemitério. ” ( pág 67)

Onde está a chave? Perguntar 100 vezes..Parece ser o equivalente masculino da pergunta “Onde esta a caixa?” Portanto, são

perguntas...pelos órgão genitais.

Cheguei então a uma casa onde eu morava, fui até meu quarto e ali encontrei uma carta de mamãe...

Freud relembrou da carta suicida que Dora escreveu à seus pais... Estamos diante do tema da morte dela ou da morte do pai “Sabe, não

tenho nada com minha mulher”; Estação Vorhof – Ninfas; Ler grande livro sob a escrivaninha.

Terminar de escrever a interpretação do segundo sonho a partir do livro.

Foi despertado em Dora a raiva e agressividade dela contra Freud, raiva que já sentia contra seu pai e o Sr. K., generalizando agora a

todos os homens. Querendo colocar Dora em um bom caminho,Freud estimulou seu desejo de vingança contra todos os homens – uma

consequência de sua alienação narcísica, a saber, sua identificação com o Sr. K. e com Freud. Então, Dora se vinga de Freud rompendo

o tratamento do mesmo modo como se vingou do Sr. K. e de seu pai.

Finalizar história de Dora conforme livro.

Conclusão

Freud relata sua dificuldade em registrar o caso de sua paciente no decorrer das sessões, pois não queria despertar desconfiança e

apreensão do material a ser recebido por parte do médico, por isso deixa claro que não é absolutamente fiel em fonograficamente.

As dificuldades são, em parte de natureza técnica, mas em parte se devem á índole das próprias circunstâncias. Se é verdade que a

causação das enfermidades histéricas se encontra nas intimidades da vida psicossexual dos pacientes, e que os sintomas histéricos são

a expressão de seus mais secretos desejos recalcados, a elucidação completa de um caso de histeria estará fadada a revelar essas

intimidades e denunciar esses segredos.

Para Freud o aprofundamento nos problemas do sonho é um pré requisito indispensável para a compreensão dos processos psíquicos

da histeria e das outras psiconeuroses.O tratamento não prosseguiu até alcançar a meta prevista, tendo sido interrompido por vontade da

própria paciente depois de chegar a certo ponto. Nessa ocasião alguns dos enigmas do caso não tinham sequer sido abordado, e outros
se haviam esclarecido de maneira incompleta ao passo que, se o trabalho tivesse prosseguido, teríamos sem duvida avançado em todos

os pontos até o mais completo esclarecimento possível. Assim só pode oferecer um fragmento da analise, já que a mesma durou apenas

3 meses.O objetivo de Freud neste caso clinico era demonstrar a estrutura intima da doença neurótica e o determinismo de seus

sintomas. Até este caso, Freud estava acostumado a pensar a resistência do lado do paciente.O analista sempre trabalha para levantar a

resistência, pensava ele. A partir de Dora, percebe que a resistência pode estar do lado do analista também. Quando ele insiste em

interpretar como amor o que Dora sente pelo Sr. K., estamos diante da resistência do analista e não do paciente. Quando ele se põe na

posição de dono da verdade, impede que Dora se dê conta de seu desejo pela Sra. K. A resistência é falsamente imputada a Dora,

quando, na verdade, ela é de Freud. Dora está identificada a um personagem masculino, o Sr. K., de maneira que ela pode facilmente se

identificar com Freud.

Freud percebeu o deslocamento pai de Dora/Sr. K./o analista Freud, mas imaginou que as figuras masculinas eram objeto de amor e não

de identificação. A identificação viril de Dora, cuja matriz infantil pode ter sido sua identificação com o irmão mais velho, não teve uma

apreensão mais completa da parte de Freud, por isso fica claro que a resistência é de Freud não de Dora. Também aponta que é

necessário uma relação de confiança entre paciente e analista, ele sabia que sua interpretação era necessária para trazer á tona o

material inconsciente e preencher a memória. Mas parece que até aqui Freud pensava que o analista sempre ajudava a análise, no

entanto, ele percebe que o analista pode atrapalhar. A técnica fica menos diretiva: “... agora deixo que o paciente determine o tema do

trabalho cotidiano”.Dora se tornou tão fundamental para Freud porque foi com ela que percebeu pela primeira vez que a análise não

avançou por uma limitação do próprio analista, o fracasso do tratamento levantou discussões e reflexões sobre como trabalhar com o

fator “transferência, Este caso mostra como a interpretação dos sonhos se entrelaça na história de um tratamento, preenchendo as

amnésias e elucidando os sintomas; a ausência da mãe aqui também pode ser considerado um fator prejudicial no tratamento

terapêutico. Durante o tratamento psicanalítico pode-se dizer com segurança que uma nova formação de sintomas fica regularmente

sustada. A produtividade na neurose de modo algum se extingue, mas se exerce na criação de um gênero especial de formações de

pensamentos, em sua maioria inconscientes as quais pode se dar o nome de “transferências”. Que são reedições, reproduções das

moções fantasias que durante o avanço da analise soem desperta-se e torna-se conscientes, mas com a característica (própria do

gênero)de substituir uma pessoa anterior pela pessoa do médico

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