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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA SEGUNDA VARA DA


COMARCA DE CASSILÂNDIA – MS.

Autos nº 007.07.002272-7

DISBECAL – Distribuidora de Bebidas Cassilândia Ltda,


empresa com sede nesta cidade de Cassilândia – MS, na Rua Domingos Souza
França, 838, Centro, inscrita no CNPJ sob o n. 15483282/0001-00, vem, via
representante legal Sra. Valmira Ana Serrano Farinha, brasileira, viúva,
empresária, residente e domiciliada nesta cidade de Cassilândia, na rua
Sebastião Leal, s/n, portadora do CPF n. 357.413.501-78, e seu advogado
abaixo assinado, com escritório profissional na rua Joaquim Balduino de
Souza, 504, Centro, nesta cidade, vem mui respeitosamente à presença de
Vossa Excelência propor o presente:

EMBARGOS À EXECUÇÃO

no processo que é movido pela União, via procurador da


Fazenda Nacional, fundamentado na Lei n. 6.830/80, pelas razões de fato e de
direito a seguir:

SÍNTESE DOS FATOS

A embargante no processo autos nº 007.07.002272-7, sofreu


indicação a penhora dos seguintes bens de sua propriedade, quais sejam:

a) Mercedes Benz, Modelo 1519, placa HQJ 0692, ano


1978;

b) Mercedes Benz, placa HQG 2928, ano 1987;

c) Ford Pampa, placa HQY 1363, ano 1986 (quebrada a mais


de 10 anos);

d) Mercedes Benz, Modelo 1313 (furtado em 2003);

e) Mercedes Benz, Modelo 708, placa HQG 0481, ano 1987;

f) Mercedes Benz, placa HQV 0976, ano 1982;

g) Caminhonete D10, ano 1984;

h) Motocicleta Honda, ano 1989.


Do mandado de penhora, à fl. 104, se constata que a mesma
recairia sobre o bem descrito no item “a”, oferecido pela embargante às fls.
65/66, com a prerrogativa que se insuficiente a satisfação do crédito, poderia
haver penhora de mais bens limitado a quitação do débito, que contabilizava o
montante de R$ 66.644,06 (sessenta e seis mil seiscentos e quarenta e quatro
reais e seis centavos).

Porém, fica constatado o evidente excesso de penhora,


quando da inclusão nos Renavam’s de todos os bens acima descritos, restrição
judicial impedindo a sua transferência, conforme fls. 116 a 124.

A embargante demonstrou às fls. 149 a 151 a situação dos


bens solicitados a penhora, informando a sua localização, garantindo a
execução na forma como fora requerida. Concordou a Fazenda Nacional à fl.
152 - verso, representada por seu procurador Diogo Melo de Oliveira, quanto
ao agendamento das diligências do Sr. Oficial de Justiça, e pela nomeação a
penhora de “bens bastantes à garantia.”

Contudo, evidencia-se o excesso de bens penhorados,


quando da apresentação do Auto de Penhora, Avaliação e Depósito
apresentado às fls. 159/160 os bens indicados pelo Sr. Oficial de Justiça no
referido auto de penhora totalizaram o valor de R$ 115.000, 00 (cento e
quinze mil reais), quando da soma das suas avaliações para quitação de uma
dívida no valor de R$ 69.493,71 (sessenta e nove mil quatrocentos e
noventa e três reais e setenta e um centavos), conforme cálculo atualizado
deste juízo e constante do mandado de penhora, o que de pronto, não está de
acordo com a proporcionalidade da execução e caracterizou evidente excesso
de penhora.

É ínsito ressaltar que o auto de penhora lavrado pelo Sr.


Oficial de Justiça incorreu em EXCESSO DE PENHORA, isto é, existe uma
nítida discrepância entre o valor do débito e os bens penhorados.

Nesse sentido, não há justificativa plausível para a


constrição judicial de bens em proporções econômicas muito acima do
necessário para a satisfação do crédito em questão, o que implica
necessariamente em prejuízo patrimonial além das expectativas do devedor.

Sobre a questão, leciona Moacyr Amaral Santos:

“Penhora excessiva que se distingue


de excesso de execução, consiste na apreensão de
bens de valor muito superior ao crédito do exeqüente
e seus acessórios. Em verdade, isso ocorrendo, poderá
o juiz mandar, após avaliação, a simples requerimento
do interessado e ouvida a parte contrária, reduzir a
penhora aos bens suficientes, ou transferi-la para
outros, que bastem à execução, se o valor dos
penhorados for consideravelmente superior ao crédito
do exeqüente e acessórios. Mas, o requerimento do
devedor, com essa finalidade, somente poderá ser feito
após a avaliação, geralmente demorada, com danos de
diversas naturezas para ele. Atendendo a essas
circunstâncias, somos de parecer que nada obsta, e
muitas vezes tudo aconselha, possa o devedor,
intimado da penhora, sendo o valor dos bens
consideravelmente superior ao crédito do exeqüente e
acessórios, oferecer embargos à execução com
fundamento em excesso de penhora, os quais
resguardarão seus direitos em relação a terceiros”.
(grifo nosso). In Primeira Linhas de Direito
Processual Civil, p. 415

Assim, os bens ora penhorados TÊM VALOR


EXTREMAMENTE SUPERIOR AO NECESSÁRIO PARA A
SATISFAÇÃO DO CREDOR, CARACTERIZANDO UM ABUSIVO
EXCESSO DE PENHORA.

É certo que a satisfação de um crédito pressupõe sacrifício


patrimonial, mas deve haver proporcionalidade e equilíbrio de maneira que a
execução nunca exceda a ponto de causar prejuízos ao pagador.

Portanto, é de grande importância que quando do


cumprimento do Mandado o Sr. Oficial de Justiça atente para esta
problemática de modo que os bens penhorados tenham valores proporcionais
ao débito a ser adimplido.
A exemplo embargante, o valor do caminhão oferecido e
avaliado em R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais), bastaria para
garantir a satisfação da dívida em questão, mantendo a execução de
forma proporcional e não causando prejuízos a ambas as partes.

DO DIREITO

Mister salientar, que os presentes Embargos à Execução são


perfeitamente admissíveis, consoante prescreve o art. 736 do Código de
Processo Civil, vejamos:

“Art. 736. O executado, independentemente de


penhora, depósito ou caução, poderá opor-se à
execução por meio de embargos.”

Ademais, apesar do excesso de penhora não autorizar


embargos à execução. (entendimento que deflui da interpretação do art.
685, I. do CPC.), mesmo assim, usando da oportunidade processual oferecida,
esclarece a embargante que está evidente a configuração de tal excesso.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:


a) A procedência dos presentes Embargos à Execução com a
determinação de V. Exa. no sentido de DESCONSIDERAR A PENHORA
realizada sobre todos bens constantes do auto de penhora;

b) Seja reduzida a penhora, afim de abarcar somente os bens


suficientes a execução, liberando-se os demais.

c) Seja intimado o DETRAN para que retire as restrições


judiciais de impedimento de transferência, empossadas nos respectivos
Renavam’s dos veículos penhorados em excesso.

Termos em que,
P. Deferimento.

Cassilândia –MS, 08 de julho de 2009.

paulo samuel cotrim moreira

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