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SÍNDROME DE ZELLWEGER OU

SÍNDROME CÉREBRO-HEPATO-RENAL
A Síndrome de Zellweger é uma doença autossômica recessiva, congênita, incurável e fatal,
inicialmente descrita em 1964. É caracterizada por defeitos na biogênese dos peroxissomos,
com severas complicações no cérebro, fígado e rins.

HISTÓRICO

Em 1964, Hans Zellweger descreveu um caso de um recém-nascido com defeitos de nascimento


envolvendo simultâneamente o cérebro, o fígado e os rins. Mais tarde, outros dois médicos
também encontraram casos semelhantes, nomeando a doença de Sídrome Cérebro-Hepato-
Renal. No entanto, a fim de dar crédito a Hans Zellweger pelas suas descobertas, passou a ser
chamada de Síndrome de Zellweger.

No início, os cientistas e os médicos assumiram que a síndrome era uma desordem congênita
que causou numerosas anomalias no bebê. Mas foi somente em 1973 que os pesquisadores
descobriram que pacientes que sofrem da síndrome não tinham peroxissomos no fígado e rins,
provando que a síndrome era um distúrbio metabólico e, como tal, foi re-classificada.

CARACTERÍSTICAS e SINTOMAS

Na atualidade, é a única doença humana relacionada à agenesia de uma organela celular, o


peroxissomo. Pelo menos doze genes estão sabidamente envolvidos na organização
peroxissomal e, no mínimo, 22 desordens bioquímicas já foram descritas relacionadas a
problemas peroxissomais.

Os peroxissomos apresentam-se "vazios", pois existe uma deficiência na importação de


proteínas. Logo, não há a ocorrência das reações oxidativas características da organela.

A doença é tipicamente observada no período neonatal, o quadro clínico se caracteriza pela


presença de dismorfias craniofaciais (fontanelas amplas, palato ogival, nariz achatado, epicanto,
deformidades auriculares) e disfunções neurológicas (hipotonia, hiporreflexia, convulsões,
retardo neuropsicomotor). Comumente outros problemas estão presentes, como hepatomegalia,
colestase, cegueira (catarata, opacificação corneana), malformações cardíacas, dificuldades de
deglutição, degeneração progressiva dos rins e fígado.

A morte ocorre na média dos seis meses de idade, e pode ser causada por insuficiência
respiratória, sangramento gastrointestinal, ou insuficiência hepática.

GENE ATINGIDO

É uma doença causada por mutações em genes que codificam peroxinas, as proteínas
necessárias para a montagem normal de peroxissomos. Mais comumente, os pacientes têm
mutações nos genes PEX1, PEX2, PEX3, PEX5, PEX6, PEX10, PEX12, PEX13, PEX14, PEX16,
PEX19 e PEX26.

EVOLUÇÃO

Aqui é citado, como exemplo, a evolução do segundo caso da doença no Brasil:


Desde o nascimento o paciente apresentou hipotonia e um padrão superficial de respiração,
com dependência de oxigênio. A partir do terceiro dia de vida ocorreram vários episódios
convulsivos, que não foram controlados com níveis séricos adequados de fenobarbital. Aos 14
dias de vida apresentou episódio de infecção de trato urinário, resolvido com cefalotina.
Permaneceu alimentado por sonda orogástrica, devido à ausência de reflexo de sucção. Após a
segunda semana de vida evoluiu com insuficiência hepática progressiva, associada à colestase
e hepatomegalia. O padrão respiratório se deteriorou progressivamente, culminando com óbito
aos 70 dias de vida.

CURA e TRATAMENTO

Não há cura ou tratamento eficiente para desordens peroxissomais.

O tratamento disponível é essencialmente sintomático e de suporte. Terapias experimentais


com ésteres do ácido docosahexaenóico (DHA) estão sendo estudadas. O DHA é um ácido graxo
essencial, que é deficiente em pacientes com síndrome de Zellweger.

Outra abordagem que está sendo testada é a administração de ácidos biliares, como o ácido
cólico, que pode ser de ajuda em relação à função hepática.

ESTATÍSTICAS

Inicialmente estimada para ocorrer em um em cada 100.000 nascimentos, descobertas de


novos casos indicam a incidência pode ser tão alta quanto um em cada 25.000 a 50.000 recém-
nascidos. Também foram identificadas duas vezes mais mulheres do que homens afetados.

O ESPECTRO DE ZELLWEGER

Existem três doenças consideradas como parte do espectro Zellweger: a Síndrome de Zellweger
(ZS), Adrenoleucodistrofia Neonatal (NALD) e Doença de Refsum Infantil (IRD).

Embora esses transtornos compartilhem uma causa semelhante, eles refletem diferentes graus
de severidade da doença. Os pacientes com ZS raramente sobrevivem ao primeiro ano, os
pacientes com NALD podem viver a infância, enquanto pacientes com IRD podem sobreviver
mais tempo, às vezes na vida adulta.

A nível genético, a gravidade da doença depende da gravidade do defeito na proteína. Pacientes


com IRD tem um defeito menor, resultando em peroxissomos com deficiências em algumas
funções. Entretanto, pacientes com ZS tem um defeito grave, resultando em peroxissomos
essencialmente não-funcionais. Este fenômeno produz a gama de severidade das doenças.

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