Professional Documents
Culture Documents
TÓPICO I-
IV.1.1- Definição:
A cana-de-açúcar é uma gramínea (espécie híbrida Saccharum) rica
em sacarose (açúcar) armazenada nos colmos. Por esta razão, a cana-de-
açúcar é usada na indústria como matéria-prima, na produção de açúcar
comercial e álcool.
A composição básica da cana-de-açúcar é apresentada na Tabela 1.
Água 73 a 76
Sólidos Totais 24 a 27
Sólidos Solúveis 10 a 16
1
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
2
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
IV.1.2- Origem
De origem asiática, a cana-de-açúcar foi trazida para o Brasil pelos
portugueses na primeira década do século XVI. A cultura da cana
desenvolveu-se com sucesso no nordeste brasileiro, sendo que o Brasil
tornou-se o principal produtor e exportador de açúcar nos séculos XVI e
XVII.
A cultura da cana-de-açúcar, no Brasil, recebeu grande incentivo por
meio do programa Proálcool, resultando em avanço nas técnicas de cultivo
e no lançamento de variedades com maior potencial de produção de
biomassa e de açúcar.
Conseqüentemente, houve, também, a expansão da cultura para
regiões tradicionais em pecuária e de produção de grãos. A cana-de-açúcar
adapta-se facilmente em regiões de clima tropical, pois necessita de chuvas
e boa quantidade de luz solar.
A região do interior do estado de São Paulo concentra, atualmente, a
maior quantidade de canaviais. As usinas produzem álcool, principalmente
o etanol para ser usado como combustível de automóveis.
3
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
IV.1.3- Características
IV.1.3.1- Características Gerais
A cana-de-açúcar é denominada cana planta até sua primeira
colheita, tendo um período de crescimento em torno de 12 ou 18 meses,
dependendo da época de plantio. Se for plantada de setembro a outubro
geralmente é colhida com cerca de 12 meses e denominada cana de ano. Se
for plantada de janeiro a março ela cresce por volta de 18 meses e portanto,
é denominada de cana de ano e meio. Após a primeira colheita a cana sofre
uma rebrota que é chamada de soca. As demais colheitas ocorrem
anualmente por volta do mesmo período (mês), sendo chamadas de
ressocas. As rebrotas da cana sofrem cerca de 4 a 5 cortes quando então a
lavoura é renovada com uma cana de ano ou de ano e meio.
As principais características agronômicas em relação a cana-de-
açúcar que regulam o seu desenvolvimento são:
a) Clima
As necessidades climáticas da cana-de-açúcar variam em função do
destino da produção desta: se para produzir açúcar, aguardente, álcool ou
para forragem – sendo que normalmente, a cana oriunda de lavouras para a
produção de açúcar é a mais exigente.
A cultura da cana-de-açúcar se adapta muito bem às regiões de clima
tropical, quente e úmido, cuja temperatura predominante seja entre 19 e 32º
C e onde as chuvas sejam bem distribuídas, com precipitação acumulada
acima de 1000 milímetros por ano. A cultura conta com duas fases
principais de desenvolvimento:
crescimento vegetativo: fase em que a planta é favorecida pelo clima
úmido e quente;
4
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
b) Solo
Apesar de se desenvolver em solos de baixa fertilidade ou com
condições físicas desfavoráveis, a cana-de-açúcar é uma cultura que
responde aos solos férteis e fisicamente adequados, atingindo altas
produtividades nestas condições. Os solos ideais para o desenvolvimento
da cana são bem arejados e profundos, com boa retenção de umidade e alta
fertilidade. O valor do pH em cloreto de cálcio deve ser de
aproximadamente seis.
c) Cultivares
As pesquisas para desenvolvimento de novas cultivares de cana-de-
açúcar geneticamente melhoradas são conduzidas por instituições públicas,
universidades e empresas privadas,visando ao lançamento de variedades
adaptadas às diferentes condições de clima e solo, bem como à produção de
canas em áreas afetadas por pragas e doenças.
5
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
Variedades:
Para garantir rentabilidade ao setor sucroalcooleiro é fundamental
obter elevada produtividade da cana-de-açúcar. O melhoramento genético é
considerado um dos principais fatores agronômicos que podem contribuir
com o aumento da produtividade, permitindo desenvolver variedades que
se adaptem melhor às condições adversas de solo e clima e à incidência de
pragas e doenças, assim como ao sistema de colheita.
A máxima produtividade em cana-de-açúcar depende, também, de
um correto planejamento de plantio e de adequado manejo das variedades,
as quais devem atender a exigências tanto no campo como na indústria,
para maximizar lucros.
A existência de muitas variedades (Figura 1 e Tabela 1) é uma
vantagem, embora isto torne difícil a tomada de decisão, já que
requer muito mais conhecimento do produtor rural acerca das opções
disponíveis. É importante que o produtor possua uma diversidade de
variedades e cultivares de cana-de-açúcar na lavoura, pois assim pode
diminuir a possibilidade de que uma praga ou doença se prolifere dentro do
canavial, causando prejuízos.
6
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
7
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
8
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
d) Nutrientes
Dentre os minerais, deve ser destacado o nitrogênio por seu
envolvimento com o florescimento. Altas doses de nitrogênio, alteram a
relação carbono/nitrogênio, diminuindo o florescimento. A redução do
índice de florescimento é maior quando se combinam altas doses de
nitrogênio com déficit hídrico, antes ou após a época crítica de indução do
florescimento.
Durante o ciclo vegetativo, existem fases em que a planta apresenta
alterações em função da ação do ambiente. As principais fases de
desenvolvimento são: germinação, perfilhamento, crescimento e
maturação. Para cada uma destas fases a cana apresenta diferentes
exigências climáticas, sendo que algumas são mais exigentes do que outras.
Por exemplo, após a fase de crescimento, para haver boa produção de
sacarose nos colmos, a cana necessita passar por um período de baixa
temperatura ou de deficiência hídrica, para que cesse o crescimento
vegetativo e comece a fase de maturação.
A produtividade da cana é dada tanto pelo peso dos colmos quanto
pelo teor de sacarose. O teor de sacarose nos colmos deve ser acima de
15% do peso fresco pois ele é que determinará a produção de açúcar ou de
álcool por tonelada de cana (peso fresco). A produtividade é diretamente
influenciada por fatores genéticos, condições climáticas, manejo e
fertilidade dos solos, pragas e doenças.
9
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
a- Raízes
As raízes têm a função de absorver as substâncias nutritivas do solo
para servir de alimento para a planta. As raízes da cana são fibrosas
(sistema radicular fasciculada). Quando se planta uma estaca de cana, se
desenvolvem duas classes de raízes:1 – Raízes transitórias; 2 – Raízes
definitivas ou permanentes.
b- Talho (Colmo)
O talho é a parte mais importante da planta, constitui o fruto agrícola
da mesma, nele se encontra armazenado o açúcar. Está formado por entre-
nós que variam em longitude, grossura, forma e cor segundo a variedade.
Os entre-nós estão unidos por nós, lugar onde se enxertam as folhas. Nos
nós encontramos a gema que é importante na propagação da planta.
Se fazemos um corte transversal do talho, observa-se a medula ao
centro formada por um tecido esponjoso que contem sumo rico em açúcar.
c- Folhas
d- Flor
A florescência da planta aparece em forma de panicular (guino) que
se desenvolve a partir do último entre-nó. A forma da mesma é
característica de cada variedade, pelo qual serve também para sua
identificação.
Espécies conhecidas
Género: Saccharum
- Saccharum sinensis
- Saccharum barberi
- Saccharum spontanium
- Saccharum robusyum
11
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
VI.1.5- Mercado
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com mais de
sete milhões de hectares plantados, produzindo mais de 480 milhões de
toneladas de cana, o que coloca o País na liderança mundial em tecnologia
de produção de etanol.
Além de matéria-prima para a produção de açúcar e álcool, seus
subprodutos e resíduos são utilizados para co-geração de energia elétrica,
fabricação de ração animal e fertilizante para as lavouras.
A produção nacional de cana-de-açúcar moída pela indústria
sucroalcooleira em 2010 chegou a 624,99 milhões de toneladas. O número
é recorde e representa aumento de 3,4% na produção total na comparação
com o ciclo 2009/2010.
O aumento da produção se deve ao crescimento de área e às novas
usinas em operação em alguns estados do Centro-Sul, além do bom regime
de chuvas no ano passado.
12
Unidade I- Capítulo IV: Cana-de-Açúcar
13