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FACULDADE MORAES JÚNIOR – MACKENZIE RIO

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO

ÉTICAS OU ANTIÉTICAS?
UM ESTUDO DE CASO
Rio de Janeiro - RJ
Abril/2011

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Trabalho apresentado à disciplina de
Ética e Cidadania – Professor: Lamartine Oliveira
como requisito de avaliação para o 2º período.

Autores:
Ana Thays Alves
Martha Gubernikoff Guimarães
Priscila Medeiros
Victor Antunes
Rio de Janeiro - RJ
Abril/2011

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SUMÁRIO

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INTRODUÇÃO

A ética, destituída do papel normatizador, ao menos no que diz


respeito aos atos isolados, torna-se examinadora da moral. Exame que
consiste em reflexão, em investigação, em teorização. Pode-se dizer que
a moral normatiza e direciona a prática das pessoas, e a ética teoriza
sobre as condutas, estudando as concepções que dão suporte à moral.
São, pois, dois caminhos diferentes que resultam em status também
diferentes; o primeiro, de objeto, e o segundo, de ciência. Donde
deduzimos que a ética é a ciência da moral. A sociedade desempenha um
papel que possibilita um equilíbrio entre os anseios individuais e os
interesses da sociedade; assim, não existe uma moral individual; ela é
sempre social, pois envolve relações entre sujeitos.
O homem como ser cultural pode receber valores, transmitir,
transformar e se transformar. Podemos citar como exemplo de valores: os
econômicos, os vitais, os lógicos, os éticos, os estéticos, os morais, os
religiosos. Quando necessário, ele é capaz de adulterar alguns valores de
maneira favorável ou desfavorável, atendendo às necessidades do grupo ou
às suas necessidades individuais. A intencionalidade é uma característica
humana, e esta nos diferencia de outros seres, pois nunca agimos ao acaso
e, mesmo quando não respondemos de imediato sobre as nossas ações,
sabemos que há sempre uma mensagem a ser decodificada por nós mesmos,
por alguém ou pelo grupo. Somos herdeiros e propagadores de valores,
procuramos conservá-los, transmiti-los, mas também buscamos superar
formas estereotipadas de valores. Como superá-los, criticá-los e diferenciá-
los se não tivermos regras ou padrões de conduta para avaliar? Tais normas,
explicitadas no modo de agir das pessoas, a princípio podem parecer
absolutamente individuais, por consistir em uma ação praticada por um
sujeito a partir de seu posicionamento no mundo e de uma decisão por ele
tomada. Adquire outras dimensões, quando verificamos que esse
posicionamento envolve, direta ou indiretamente, outros indivíduos e que,
mesmo apresentando-se como produto de uma escolha livre e consciente

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do sujeito, de fato, ele representa as circunstâncias históricas do agente,
sua história pessoal e sua herança familiar e cultural. A sociedade
desempenha um papel que possibilita um equilíbrio entre os anseios
individuais e os interesses da sociedade; assim, não existe uma moral
individual; ela é sempre social, pois envolve relações entre sujeitos.
O propósito deste trabalho é trazer para discussão alguns aspectos dos
padrões dominantes de valores, em especial chamar a atenção sobre os
valores éticos e antiéticos, os quais são fundamentais na sociedade.
Entretanto, não pretende formular problemas de grande alcance, tampouco
apontar soluções e fornecer receitas para os problemas que afligem as
sociedades, mas apenas colocá-los em discussão.

DESENVOLVIMENTO – ESTUDOS DE CASO

Norteados pelos conceitos acima, apresentamos um estudo de caso com


base no seriado Desperate Housewives. Trata-se de uma série norte-
americana de televisão criada por Marc Cherry centrado na cidade ficcional de
Fairview que narra a vida de quatro donas de casa. Durante suas lutas
domésticas no decorrer dos episódios, vários dilemas morais e éticos são
levantados. Nele, foram identificadas algumas cenas que utilizamos para o
desenvolvimento deste trabalho. Cenas essas que relatam histórias que
envolvem comportamentos ora éticos, ora antiéticos.
Tendo como ponto de partida a chegada de uma ex-stripper na
comunidade, quatro casos são analisados. No final, mais um caso, como um
breve comentário sobre a mentira, o suborno, o velho dilema: “os fins
justificam os meios?”.
Para a boa compreensão dos casos, recomenda-se que se assista aos
vídeos inseridos na apresentação de slides, que está anexada a este trabalho.

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Estudo de Caso I – Robin & Susan (parte 1)

Cena 1 – No Clube

Susan é uma professora do jardim de infância, casada, com um filho


pequeno, moradora de Fairview. Ela herdou de seu ex-marido falecido uma
parte em um clube de strip-tease, pelo qual não tem nenhum interesse.
Assim, Susan vai ao clube vender sua parte, quando conhece Robin, uma que
trabalha na casa. Logo percebe a insatisfação de Robin com o trabalho e, ao
vê-la empenhada na leitura de livros clássicos, enxerga nela um potencial
para além do clube.

Cenas 2 e 4 – Reencontro / Fazer o Bem

Robin escuta os conselhos de Susan, larga o emprego, e vai até Susan


para agradecer. A partir desse momento ela não tem ideia do próximo passo e
Susan, se sentindo responsável pela situação da ex-stripper, faz de tudo para
ajudá-la e, com esse objetivo, convida Robin para morar em sua casa. Além
de afetar sua vida afetiva, pessoal e profissional, ela também afeta a vida dos
outros moradores da rua.

Comentário

Susan trata Robin de igual para igual, sendo ética, e a incentiva a ir atrás
dos seus sonhos e objetivos, lhe dando um voto de confiança. Dessa forma, ela
desperta em Robin um sentimento de autoconfiança e determinação para
mudar sua trajetória.
Na tentativa de ajudar Robin, Susan acaba sendo imediatista em seus
atos, sem pensar nas conseqüências. Ela faz o que está ao seu alcance para
ajudá-la a mudar de vida e leva Robin para trabalhar ao seu lado como
assistente na escola em que trabalha diretamente com crianças.

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Susan foi ética o tempo todo, não sendo preconceituosa com Robin e
tentando ajudá-la, porém, ela não mediu as consequências de seus atos. Ainda
que eles tivessem boas intenções, poderiam trazer problemas. A atitude de
Susan foi altruísta por um lado, mas por outro, ela também se sente bem
quando tem o desejo de fazer a “coisa certa”, de ser “boa”. Podemos analisar
as atitudes de Susan como uma pessoa que quer agir segundo valores de
respeito mútuo, reconhecimento do outro como igual e pelo bem da sociedade,
ajudando Robin a evoluir nela. Olhando a história por outro ângulo, Susan
percebeu que suas palavras foram irresponsáveis, pois seus conselhos foram
ouvidos e as consequências foram desastrosas para a vida de Robin. Assim, nada
mais está tentando que reparar o seu erro. Porém, Susan não tem consciência
de que esse é o real motivo de suas atitudes, ela prefere achar que é uma
pessoa boa (na verdade só está tentando reparar o problema que ela própria
causou), visando, dessa forma seu próprio reconhecimento perante a
sociedade. Na tríade “quero, devo, posso”, Susan quer ajudar, deve reverter o
problema causado e pode fazê-lo trazendo Robin para seu meio social e
profissional.
Qual seria a atitude “certa” nesse caso é difícil de determinar, pois ela
pode ser certa para uma ou outra pessoa, para uma pessoa ou para a
sociedade, em um tempo ou em outro. Enfim, pode-se considerar que a atitude
de Susan foi mais para o bem que para o mal, pois, sem sua interferência, nada
teria mudado na vida de Robin ou dos moradores de Fairview, e essa influência
pode eventualmente vir a ser boa para todos, como o seriado vai provar.

Estudo de caso II – Robin & Susan (parte 2)

Cena 3 – Na Escola

Susan leva Robin para trabalhar como sua assistente numa escola de
ensino infantil. Robin chega com uma indumentária que acredita ser

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adequada para o trabalho. Um pai chega trazendo seu filho para a aula e
reconhece Robin do clube. Ele faz uma queixa ao diretor, que chama
Susan para repreendê-la por ter contratado Robin, uma ex-stripper. O
diretor se preocupa muito com a opinião dos pais, pois eles patrocinam a
escola em que trabalha.

Comentário

Várias questões éticas e morais podem ser levantadas nesta cena. A


primeira é em relação à maneira de Robin se portar no novo ambiente em que
foi colocada por Susan. A segunda é em relação ao olhar do pai sobre Robin e
a última sobre a postura do diretor. Robin está disposta a mudar sua vida, mas
ainda não conhece o ambiente em que está se inserindo. Assim, ela se esforça
para fazer parte dele, mas sem conhecê-lo. Ela escolhe roupas para usar no
seu novo trabalho que acredita serem convenientes. Porém, ela está apenas
refletindo um clichê da mulher trabalhadora, mas que não se encaixa no
ambiente da escola infantil. Pode-se dizer que Robin foi antiética ao infringir
os códigos sociais de indumentária e passar por cima de valores morais desse
ambiente? O fato dela não conhecer essas regras a exime da responsabilidade
de cumprir esses códigos? São perguntas difíceis de serem respondidas, pois,
se analisássemos essas perguntas no sentido geral, seria correto concluir não
se pode alegar desconhecimento da norma para infringi-la. Se olharmos o caso
específico de Robin, não podemos culpá-la, pois Susan se tornou responsável
pelas atitudes de Robin no momento em que a trouxe para seu ambiente.
O pai do aluno foi preconceituoso com Robin, o que finalmente vem a ser
antiético, pois o respeito pelo diferente faz parte dos códigos morais praticados
em nossa sociedade. Não só preconceituoso, mas injusto ao admitir que
frequenta o clube em que Robin trabalhava. Ou seja, ele considera que pode
freqüentar o meio de Robin, mas ela não pode freqüentar seu meio. Ainda, usa
seu poder financeiro para conseguir o que quer, sem tentar analisar se isso é
certo ou errado, justo ou injusto, tanto em relação à coação pelo dinheiro,
quanto ao preconceito contra Robin. Ele pensa que assim está educando melhor
o seu filho – se baseando em hipocrisias, mentiras e suborno.

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O diretor da escola, por sua vez, ao saber do ocorrido, não procura
conhecer a história ou ouvir o outro lado. Ele passa por cima de valores que
deveriam ser prezados em um instituto educacional como respeito mútuo,
honestidade e atitude frente a situações como a coação pelo dinheiro. Em
detrimento de todos esses valores, ele prefere garantir o patrocínio e não
questionar o pai, mas sim Susan e Robin, que são mais fracas frente à escola.

Estudo de caso III – Robin & Lynette

Cenas 5 e 6 – Voyeurismo e Desculpas

Lynette é uma das vizinhas de Susan que vai ter sua vida afetada
pela chegada da nova moradora, Robin. Ela tem um filho adolescente que
espia Robin tomando banho de sua janela. Lynette descobre, fica furiosa
e vai reclamar com Robin, alertando-a sobre a responsabilidade de vir
morar numa boa vizinhança, com crianças inocentes. Robin, então, conta
que seu filho a havia procurado oferecendo dinheiro para fazer sexo com
ele. Isso faz com que Lynette e seu marido tenham uma conversa franca
com o filho sobre o assunto. Em seguida, Lynette vai se desculpar com
Robin pela maneira que a tratou.

Comentário

Lynette está sendo antiética fazendo vários julgamentos em relação a


si própria e a Robin. Primeiro, julga Robin pelo que fazia no passado,
sugerindo que ela seria um problema na vizinhança. Vizinhança essa que
Lynette assume ser “boa” (i.e. pura, livre de pecado, respeitável), e que
Robin estaria destoando desses valores. Lynette mora nessa vizinhança, então
ela se sente segura se achar que esse pedaço da sociedade do qual ela faz
parte é “bom”. A verdade, trazida à tona por Robin, é que o filho de Lynette

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não é tão inocente quanto ela quer acreditar, pois ofereceu dinheiro em troca
de sexo a uma vizinha (o filho, por sua vez, também julgou Robin,
inevitavelmente por sua criação). Com isso, Robin se mostra ética – ao
recusar a oferta – e honesta, ao contar o ocorrido no momento certo, lhe
dando uma oportunidade de resolver seus problemas em casa.
Para Lynette, é muito mais fácil ver no outro, no desconhecido, a
razão de seus problemas. É muito mais difícil olhar para si e encontrar a
origem de seus problemas em seus próprios atos. Porém, com a fala de
Robin, Lynette percebe que deve ser franca com seus filhos para que
sigam uma educação adequada à sociedade em que vivem. É justamente
numa conversa honesta que conseguem dar continuidade à educação que
desejam para seus filhos. Lynette então percebe a inversão de valores que
a levou a reclamar com Robin, reconhece o erro e se desculpa com Robin.
Seria um mundo muito bom se todos soubéssemos como agir para o
bem de todos em todas as situações, mas isso não é possível. Saber
reconhecer o erro e repará-lo é uma conduta importante para tornar a
sociedade mais ética.

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Estudo de Caso IV – Robin & Gabrielle

Cena 7 – Robin & Gabrielle

Gabrielle é casada, tem duas filhas, e também vive com a sobrinha de


seu marido, Anna. Gabrielle tem um objetivo: separar Anna de seu namorado,
Danny. Ela e seu marido acreditam que a família de Danny possa ser perigosa.
Para isso, Gabrielle vai enganar Anna e convencê-la de se afastar de Danny,
oferecendo-lhe a oportunidade de se tornar modelo em Nova York (um sonho
de Anna). Como a oferta não é suficiente, Gabrielle pede a Robin que conte
sua história de quando ela não aproveitou a oportunidade de ser bailarina,
para que Anna se convença de ir para Nova York. A conversa tem efeito e
Anna briga com Danny antes de partir. Porém, Robin descobre que foi usada
por Gabrielle e conta tudo para Danny. Ele viaja atrás de Anna.

Comentário

Gabrielle tinha um objetivo e tomou várias atitudes antiéticas para


atingi-lo. O resultado foi o oposto do esperado. Primeiro, ela não foi honesta
com Anna, pois não queria dar uma oportunidade a ela, mas sim afastá-la do
namorado. Ela estava tão obstinada por esse objetivo que passou por cima de
valores de educação e compromisso com a criação da sobrinha. Depois, ao
ouvir a história de Robin, não foi solidária com seu sofrimento, mas viu uma
oportunidade de se aproveitar de Robin para conseguir o que queria. Depois
de enganar a sobrinha, enganou Robin. Robin, achando que estava agindo para
o bem de Anna, atendeu ao pedido de Gabrielle e acabou convencendo Anna
de partir para Nova York. Gabrielle só não contava com a reação de Robin,
que finalmente conseguiu ver as atitudes antiéticas da vizinha e, se sentindo
usada, tentou desfazer o mal. Porém, quando se age sob o efeito do
ressentimento, mesmo querendo fazer o bem, podemos não saber avaliar a
situação e tomar atitudes impensadas. Ela foi honesta com Danny, que correu
atrás de Anna, tornando o plano de Gabrielle um fracasso. As consequências

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(que aparecem em outros episódios da série) dos atos tanto de Gabrielle
quanto de Robin serão desastrosas.
As atitudes antiéticas podem levar a resultados opostos ao que
esperamos, pois estão baseadas em mentiras e falta de respeito. Quando são
descobertas, as reações vão envolver sentimentos negativos, criando uma
cadeia de atitudes que só levarão a más consequências, contribuindo em nada
para a sociedade. Por isso, o caminho da verdade deve sempre ser
considerado e adotado para se atingir os melhores resultados.

Estudo de Caso V – Gabrielle no Hospital

Cena 8 e comentários

Uma das consequências do caso anterior foi a vinda de um criminoso,


com o intuito de fazer uma bomba, atrás da família de Danny. Depois de
muitos acontecimentos, Danny e sua mãe são reféns do criminoso e seu pai,
Nick, está hospitalizado. Gabrielle tenta ajudar e precisa falar urgentemente
com Nick, mas não tem permissão para visitá-lo no hospital. Ela deixa de lado
todos os conceitos éticos para tentar salvar a família: subjugando,
subornando, mentindo, se fazendo passar por outra pessoa e burlando regras
de um hospital.
Aqui encontramos uma situação em podemos afirmar que os fins
justificam os meios, pois se ela não tivesse feito isso, não só a família, mas
toda uma comunidade teria sido assassinada. Suas atitudes são condenáveis,
mas talvez ela não tivesse outros meios naquele momento tão urgente. Com
esse caso, vemos como é delicado avaliar o que é certo ou errado e o peso
que o bom senso tem sobre nossas decisões. É importante que estejamos
sempre refletindo sobre nossos atos, a sociedade e nossos valores para que
possamos tomar as melhores decisões para a maioria das pessoas, na maior
parte do tempo.

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CONCLUSÃO

As idéias aqui colocadas são impressões particularizadas sobre o que


entendemos por comportamento ético, a partir das nossas convicções, das
nossas experiências de vida e de nossa condição de ser humano interessado
em aprender. No entanto, gostaríamos de compartilhar estas idéias para que o
leitor possa refletir, questionar e articular sobre o assunto, para que
possamos desenvolver um debate a respeito. Queremos aqui apenas despertar
um processo de análise que devemos ter em relação a nós mesmos e aos
outros, numa tentativa de termos uma sociedade mais serena e equilibrada. É
importante que estejamos semrpe refletindo sobre nossos atos, a sociedade e
valores para que possamos tomar as melhores decisões para a maioria das
pessoas, na maior parte do tempo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MORAES, Ângela. Afinal, o que é ser ético? in:


http://www.gers.com.br/pag_artigos/artigos/etica_moralidade.pdf
(acessado em 12/04/2011)

PASSOS, Elizete. Ética nas Organizações São Paulo: Atlas, 2006

SILVA, Luzia Batista de Oliveira. Acerca da Axiologia na Educação in:


http://www.unimep.br/~lzosilva/acerca-da-axiologia-na-educacao.pdf
(acessado em 12/04/2011)

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ANEXO
CD com a apresentação de slides

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