You are on page 1of 3

2 Concessão da liberdade provisória nos crimes hediondos

pela lei 11.464/07


A Lei nº 11.464/07 tem por finalidade permitir, em certos casos, a
progressão de regime para os crimes nela elencados, assim se passou a
permitir, que para os condenados á prática de crimes hediondos e equiparados,
desde que cumpridos 2/5 (dois quintos) da pena imposta, se primário e de 3/5
(três quintos) se for reincidente, a liberdade provisória. Em outras palavras,
poderá ser concedida a liberdade provisória a aqueles que cometerem crimes
hediondos ou equiparados ou forem presos em flagrante delito, podendo
aguardar todo o processo em liberdade, o que antes acontecia com esses
criminosos presos.
Diante dessa questão varias manifestações afloraram, de um lado
os defensores da lei e ordem, entre eles boa parte do Ministério Público e da
Magistratura, defendem que houve um “cochilo” do legislador, e que este deve
ser corrigido imediatamente. E do outro lado estão aqueles que defendem a
nova redação, afirmando tratar-se de uma medida acertada, de acordo com o
texto constitucional.
CONCLUSÃO
Demonstra o legislador uma evolução de pensamento, pois,
mesmo com a dureza da Lei dos Crimes Hediondos, a população carcerária
aumentou, e os crimes continuaram a acontecer em grande escala; assim foi
permitida a liberdade provisória nesses crimes, sendo resguardado também o
direito a liberdade, que para alguns, essa proibição era inconstitucional, por ser
a liberdade um dos direitos individuais protegidos pela nossa Carta Magna,
respeitando assim, o Princípio da Presunção de Inocência, o devido processo
legal, e a dignidade da pessoa humana.
Como já dito a prisão não deve ser a regra, mas deve ser
encarada como a última alternativa para se punir o indivíduo, fazer com que ele
reflita sobre seu ato, o que não ocorre atualmente no sistema carcerário
brasileiro.
É importante que se ressalve que a impunidade não esta sendo
protegida, pelo contrario, devemos analisar as leis e medir as conseqüências
jurídico-sociais que delas decorrem. Jamais poderemos deixar de aplicar os
princípios, pois se assim o fizermos, estaremos próximos da injustiça e da falta
de punição.
Por fim, não se poderá ter segurança social, sacrificando o valor
da liberdade, agir assim, será sempre esbarrar em soluções vazias para
solucionar conflitos sociais, e em um Estado democrático de direito, não se
conceitua justiça penal, opondo-se aos direitos e garantias fundamentais, ainda
mais um estado que se baseia e tem como fim, a dignidade da pessoa
humana.

3 – Corrente contra a proibição da liberdade provisória pela Lei n. 8.072/90:


Esta corrente é quase que uníssona na doutrina, pois desde a entrada em vigor da lei de
crimes hediondos é discutida sua constitucionalidade.

Sendo que alguns doutrinadores fazem críticas duras a criação desta lei, por exemplo, o
nobre autor Tourinho diz "uma leitura de todo aquele diploma legal mostra, à
evidência, que os responsáveis pela sua elaboração estavam despreparados", toda
controvérsia desta lei é causada pela interpretação do preceituado no inciso LXVI, do
artigo 5 da CF, quando diz "ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a
lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança".

Esta corrente defende que o julgador neste caso, não usa seu poder de livre
convencimento ou discricionário, mas somente observa se os requisitos ou pressupostos
do instituto estão adequados ou preenchidos, desta forma, não podendo negar tal
instituto ao acusado por este ser uma garantia constitucional do individuo. E que deve
ser respeitado tal direito com grande observância, uma vez que é um dos baluartes das
garantias individuais da pessoa humana, e não se deixar sobrepujar por mero capricho
do legislador em trazer uma sensação de segurança irreal a sociedade.

Nestes termos o autor Tourinho diz "Entendemos, assim, em face desses diplomas que
vão surgindo sem maiores reflexões, deva o Judiciário, às vezes, decidir ‘contra
legem’, corrigindo, desse modo, os clamorosos desalentos do legislador", ou ainda o
jurista Ney Moura Teles diz "A privação da liberdade não intimida e, o que é mais
grave, não só não recupera o condenado, com também o transforma negativamente.
Não podia ser diferente, pois não se ensina a viver em liberdade, respeitando os
valores sociais, suprimindo a liberdade do educando".

Outro ponto defendido por esta corrente é de que a proibição do instituto da liberdade
provisória pode trazer muitos malefícios ao acusado, principalmente àquele que não se
têm certeza quanto a autoria da conduta e quanto a possível desclassificação do delito
como no caso do tráfico de drogas, onde não é possível indicar se a quantidade pode ser
considerada como tráfico ou como a do usuário, e como o inquérito possui sua natureza
inquisitória e não poderia ser diferente, pois os delinqüentes safariam-se de maneira
fácil das acusações a eles imputadas, com tal beneficio poderia-se evitar erros como o
exemplo dado pelo professor e juiz federal Alcides Martins Ribeiro Filho em um artigo
jurídico na revista consulex (n. 06/97), aduz o seguinte:

"Em termos práticos, podemos citar fatos recentes noticiados na imprensa, dando conta
de que proprietários de veículos furtados ou roubados no Brasil, tinham seus carros
levados para o Paraguai e posteriormente induzidos a irem àquele país consegui-los de
volta, sendo que no retorno para o Brasil, ao volante de seus preciosos veículos
recuperados, inocentemente, traziam escondidas debaixo dos assentos, farta
quantidade de drogas. As autoridades policiais acabaram por apurar que esses menos
atentos brasileiros foram usados como transportadores de substâncias entorpecentes.
Pois bem, imaginemos a situação de uma dessas pessoas, que em viagem de volta ao
Brasil, sofresse uma revista em "batida" policial de rotina e fosse encontrada a droga
oculta no assento de seu automóvel, provavelmente todo aquele procedimento legal
antes mencionado seria deflagrado, porque os argumentos defensivos desse cidadão, de
que ignorava a existência da droga, de que fora enganado e etc., não devem e nem
podem ser objetos de discussão em uma Delegacia de Polícia, mesmo porque, se assim
fosse, em outros casos intencionais, os criminosos flagrados sempre iriam,
maliciosamente, contar a mesma estória e seriam liberados; mas voltando a questão do
nosso cidadão honesto ludibriado, ele só poderia discutir sua inocência em um
processo judicial, e ainda que conseguisse, de plano, provar a sua inocência, só seria
solto após a sentença absolutória, no final do processo, o que é um absurdo jurídico!".

Portanto se deve atentar de maneira minuciosa para o caso, pois se refere há uma
medida cautelar e um direito fundamental do individuo, e não se pode ainda confundir o
texto da constituição no respeito a interpretação do artigo, pois o texto da como garantia
expressa o instituto da liberdade provisória sendo que a lei de crimes hediondos
considerou os crimes elencados no artigo 2 apenas inafiançáveis, mas não insuscetíveis
de liberdade provisória; que não se confundem os dois institutos, a liberdade provisória
e fiança, que as exceções ao direito de liberdade previstas constitucionalmente devem
ser interpretadas com cuidado, não podendo a lei ordinária ampliar aquela mínima
restrição. Assim, entende-se que, vedando a concessão de liberdade provisória, onde a
Constituição só prevê vedada a fiança, não pode aquele dispositivo da Lei dos Crimes
Hediondos merecer guarida do Judiciário, porque é manifestamente inconstitucional,
cabendo ao juiz, simplesmente, em havendo conflito entre a Lei Maior e a Menor, como
é o caso, aplicar a Constituição e não a ordinária.

A grande preocupação dos doutrinadores, e seguidores desta corrente é que a vedação à


liberdade provisória contraria os incisos LXVI, LIV, LV e LVII do art. 5º da CF,
ferindo, desta forma, os princípios da liberdade provisória; princípio do devido processo
legal; princípio do contraditório e da ampla defesa; princípio da presunção da inocência.

Uma vês que, a vedação deste instituto trás uma caracterização antecipada da culpa do
individuo, ou seja, foi preso? Então vai ser condenado!

Pois, neste caso o processo traria vícios é um pré-julgamento sobre o caso, não trazendo
a devida analise de provas e do conjunto probatório para condenação ou absolvição do
réu.

Assim, antes de fazer qualquer regulamentação há um direito fundamental da pessoa


humana, os legisladores ordinários devem realizar um estudo minucioso e detalhado
sobre o fato. Desta forma, se não o fizermos sofreremos uma regressão as garantias do
individuo, como nos adverte o ilustre autor Fábio Konder Comparato em sua obra A
Afirmação Histórica dos Direitos Humanos "deve-se ter muito cuidado com os direitos
fundamentais do ser humano, pois todos, merecem igual respeito, como únicos entes no
mundo capazes de amar, descobrir a verdade e criar a beleza".

You might also like