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Universidade Federal do Paraná

Comitê Acadêmico:
Ciências Políticas e Sociais
“Governos progressistas e os novos desafios das democracias no Cone Sul”

OS POLÍTICOS DA REDEMOCRATIZAÇÃO – UM ESTUDO DA ELITE POLÍTICA


FEDERAL PARANAENSE ENTRE 1987 E 2006.

Camila Tribess (camila.nusp@gmail.com)

Palavras-chave: Redemocratização, Deputados, Paraná.

Assunção, outubro de 2007


Universidade Federal do Paraná
Comitê Acadêmico: Ciências Políticas e Sociais
“Governos progressistas e os novos desafios das democracias no Cone Sul”
Palavras-chave: Redemocratização, Deputados, Paraná.

Apresentação1
Diversas análises feitas sobre democracia no Brasil, de uma forma ou de outra, se
reportam ao regime militar (1964-1987) e enfatizam a importância da retomada democrática
no Brasil contemporâneo. Este estudo visa, como forma de ampliar os conhecimentos em
relação a este tema, a estudar o perfil político dos deputados federais do estado do Paraná
no período de redemocratização após o regime militar. O estudo está focado em um período
especifico, de 1987 até 2006, mas por fazer parte de uma pesquisa mais ampla, permite a
comparação com os dados obtidos também sobre o período militar.
O recorte temporal se justifica de duas formas, a primeira, por ser o ano de 1987
reconhecido pela historiografia brasileira como o ano de reabertura democrática no país2,
principalmente por causa das eleições que formaram a Assembléia Constituinte que
promulgou a constituição de 1988, ainda em vigor. O segundo motivo é o fato de que,
segundo alguns autores, ainda estamos em um processo de institucionalização da
democracia em nosso país, processo esse lento, gradual e progressivo, que com o tempo,
as decorrentes eleições democráticas, o fortalecimento dos partidos e a ampliação da
participação, fariam do Brasil um país de democracia estabelecida. Assim, consideramos
que o período em que estamos agora ainda faz parte desse processo de institucionalização
da democracia e abrange mesmo a última legislatura, sob o governo do PT (Partido dos
Trabalhadores) em 2002.
Esta pesquisa busca, através de fontes de dados tais como o “Repertório Biográfico”,
publicado pela Câmara dos Deputados, o “Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro”,
publicado pela Fundação Getúlio Vargas3 e diversos sítios na internet, coletar dados sobre
vários aspectos da vida dos políticos paranaenses. O banco de dados é dividido em 64
itens, abrangendo dados coletados que dizem respeito à origem social e familiar,
escolaridade, profissão, carreira política e atuação dentro da Câmara dos Deputados.
Para entendermos porque este período é importante para a questão da democracia
no Brasil, iniciaremos este artigo com um resgate histórico do período de ditadura militar e

1
Camila Tribess é graduanda de Ciências Sociais da Universidade Federal do Paraná, pesquisadora do Núcleo
de Pesquisa em Sociologia Política Brasileira (NUSP) e bolsista do grupo do Programa de Educação Tutorial
(PET) de Ciências Sociais da UFPR.
2
Principalmente com base em dados históricos brasileiros, disponíveis no site da Câmara dos Deputados:
http://www2.camara.gov.br/conheca/historia/cronoindice.html. Acesso em 19/07/2007 - 15h.
3
Utilizamos as versões impressas e eletrônicas destas publicações, que podem ser encontradas em
www.camara.gov.br e em www.cpdoc.fgv.br, respectivamente.
da redemocratização, em seguida o trabalho se desenvolverá em duas partes principais,
uma enfocando os atributos não políticos dos deputados paranaenses, tal como origem
social e familiar, escolaridade e profissão. A segunda parte apresentará os dados sobre
carreiras civis, partidárias e políticas, além de filiações partidárias e atuação na Câmara dos
Deputados. Por fim, apresentaremos algumas das considerações finais de nossa pesquisa.

Contextualização histórica
O dia 31 de março de 1964 pode ser considerado o primeiro dia do regime militar
brasileiro. Uma série de fatores levou ao movimento que destituiu o presidente João Goulart
e que se tornou o regime militar brasileiro. Estes motivos são suficientes para suscitarem
vários estudos, por isso, vamos aqui apenas enumerá-los. Entre eles estão: a aproximação
do governo Jânio Quadros - João Goulart com o Leste Europeu e com as idéias socialistas,
inclusive condecorando o líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara numa solenidade em
Brasília. A renúncia inesperada do presidente Jânio Quadros e o conflito que se instaura
entre força militar e movimento legalista, liderada por Leonel Brizola. Instaura-se o sistema
parlamentarista no país e assim pode ocorrer a posse de João Goulart (vice-presidente
eleito em 1960). Um ano e quatro meses depois, em janeiro de 1963, após plebiscito
nacional, o país retorna ao sistema presidencialista. No mesmo ano, o presidente promulga
leis de amparo ao trabalhador rural, inicia-se assim uma série de reivindicações por
reformas de base, tais como a reforma agrária, a tributária e a eleitoral. No dia 13 de março
de 1964, em um grande comício na Central do Brasil, o presidente anuncia a assinatura de
um decreto que institui a reforma agrária, nacionalizando terras e refinarias de petróleo. As
organizações de trabalhadores pressionam para que o legislativo aprove o decreto, a tensão
na sociedade é enorme. Dias depois ocorre grande manifestação, a "Marcha da Família com
Deus pela Liberdade", organizada pelos setores mais altos da sociedade, de cunho
claramente anti-governamental. Em 20 de março o general Castelo Branco chama seus
pares para a preparação de uma ação direta contra o governo. Em 30 de março, após grave
crise nas forças militares e discurso agressivo de Goulart, forma-se o "Movimento Militar
Revolucionário" que se organiza durante o dia 31 de março, prende diversas pessoas,
inclusive o governador de Pernambuco, Miguel Arraes, e depõe o presidente João Goulart.
No dia 2 de abril o deputado Paschoal Mazzilli assume interinamente a presidência da
república. Começa aqui um período de cerca de 20 anos de governos militares autocráticos.
Durante a ditadura militar, vários generais se sucederam na presidência da república.
O governo foi instaurado de forma autocrática, com bipartidarismo, cassação de vários
mandatos durante o período, criação de artifícios de governo, tais como os senadores
biônicos e as indicações para governadores dos estados, além da promulgação de uma
nova constituição. A Câmara dos Deputados foi fechada em 1977. Vários funcionários
públicos, entre eles professores universitários, foram demitidos, todo tipo de manifestação
era duramente reprimida e com o passar do tempo e os vários atos institucionais que foram
baixados, as prisões por motivos políticos se multiplicavam.
Apenas em 1979 é que podemos considerar que há, de fato, uma abertura do
regime, com a lei da anistia, a volta do pluripartidarismo, eleições diretas para governadores
dos estados e a extinção do senador biônico. Já em 1985, ainda por eleições indiretas,
Tancredo Neves, do partido de oposição à ditadura, o MDB (Movimento Democrático
Brasileiro), é eleito presidente, mas adoece e falece antes de assumir assim, seu vice José
Sarney torna-se Presidente da República. Em 1986 é convocada eleição direta para
representantes na Assembléia Constituinte, que é instaurada a partir de 1987 e promulga a
nova constituição em 1988.

Os políticos da redemocratização
A partir das eleições para a Assembléia Constituinte em 1987, segue-se no país um
contínuo de eleições diretas e democráticas para os poderes legislativos e executivos. No
Paraná, para a Assembléia Constituinte de 1987, foram eleitos 30 deputados federais e a
partir dessa eleição o estado sempre esteve com 30 cadeiras na Câmara. Mais de 97,6%
dos deputados eleitos a partir de 1987 são homens e, apesar de parecer absurdo, isto já é
um grande avanço, já que nunca antes o Paraná havia elegido mulheres como deputadas,
sendo que as primeiras duas deputadas eleitas o foram nas eleições de 2002. Esse fato
demonstra de forma clara a predominância masculina na política do Estado.
Estes políticos nasceram, em sua grande maioria, na cidade de Curitiba, porém, a
porcentagem dos políticos nascidos na capital é menor do que no período da ditadura
militar, ou seja, os políticos de cidades do interior, ou que nasceram em outros estados, vêm
conquistando mais espaço na política paranaense.
Em um dos itens de nosso banco coletamos dados sobre se os políticos eleitos eram
de famílias com alguma tradição na política. O percentual de casos em que encontramos
tradição familiar na política é baixo (8,3%), tanto em relação ao padrão nacional (25,8%),
quanto em relação aos políticos paranaenses do período da ditadura (13,6%).
Tradicionalmente, aqueles que possuem maiores níveis de escolaridade são os que
predominam na cena política, principalmente se tratando de cargos na esfera nacional. No
Paraná esta realidade não é diferente e percebemos que mais de 65% dos deputados
federais do período possuem curso superior (incluindo aqueles com especialização,
mestrado e doutorado), apesar desta porcentagem ser alta, ela já é muito menor do que se
compararmos com a porcentagem de políticos com curso superior que encontramos no
período anterior (1964/1987), que ultrapassava os 82%.
Além da diminuição no nível de escolaridade, podemos também perceber que a
hegemonia do curso de direito diminuiu. Em todo o país temos estudos que comprovam a
primazia dos bacharéis em direito entre os políticos. No Paraná, apesar de os deputados
federais do período ainda serem, em sua maioria, formados em direito, percebe-se
claramente o crescimento de formados de outros cursos e outras áreas do conhecimento
ingressando na Câmara dos Deputados. Este fato é muito interessante para nossos
estudos, já que demonstra um novo padrão de recrutamento entre os políticos eleitos, no
período de redemocratização, pelo estado do Paraná.

Tabela1: % de formados nos cursos superiores/período analisado

Curso de Graduação 1964/1987 1987/2006


Direito 46,6% 22,6%
Medicina 10,7% 6,0%
Engenharia Civil 7,8% 8,3%
Economia 5,8% 2,4%
Agronomia 2,9% 2,4%
Contabilidade 1,0% 4,8%
Engenharia Florestal 0,0% 2,4%
Filosofia 0,0% 2,4%
Fonte: Banco de dados “Deputados Federais Paranaenses”. Camila Tribess, 2006

Apesar da mudança nos cursos em que os políticos se formam, a instituição que


prevalece nessa formação ainda é a Universidade Federal do Paraná - UFPR. No período
do regime militar, 43,7% dos deputados com curso superior se formaram na UFPR, para o
período da redemocratização este número é de 31%. Assim, podemos afirmar que apesar
de uma maior heterogeneidade de cursos, e uma significativa queda no número de
formados pela UFPR, esta instituição ainda é essencial na formação da elite política do
Paraná.
Como os cursos superiores se tornaram mais heterogêneos, as profissões exercidas
também foram modificadas. No período do regime militar, mais de 41% dos deputados
federais eram advogados, porcentagem esta que cai para apenas 13% na
redemocratização. Em compensação, a porcentagem de empresários aumenta de forma
significativa. No período da ditadura, nenhum deputado havia se declarado como
empresário, já na redemocratização, encontramos 13,1% de empresários entre os
deputados federais. Um fato muito interessante é o de que a maioria desses empresários
não possui formação superior. A porcentagem de médicos entre os deputados mantêm-se
em torno de 6 a 8% nos dois períodos e a de militares tem uma queda, de 2,9% no período
militar para 1,2% na redemocratização. Vale lembrar que as eleições para a Câmara dos
deputados se mantiveram diretas mesmo no período da ditadura, apesar do bipartidarismo,
das cassações e das restrições aos parlamentares.

Socialização política prévia


Um aspecto interessante a ser abordado é a carreira que um político desenvolve. Por
quais instituições ele passa, a quais movimentos e partidos está vinculado, além de quais
cargos políticos ele ocupou. Nesse sentido, buscamos diversas informações sobre as
carreiras dos deputados federais do Paraná. O primeiro item nos apresenta por quais
entidades os deputados passaram antes de serem eleitos para a Câmara.
Por entidades civis entendemos sindicatos, organizações de categorias, movimentos
sociais, associações beneficentes, entre outros. É interessante notar que no período da
ditadura apenas 27,2% dos deputados haviam participado de alguma dessas instituições, já
na redemocratização este número sobe para 53,6%. A explicação para este aumento nos
parece clara, já que no período militar, a maioria das organizações sociais foi fechada, ou
funcionava na ilegalidade.
Entre aqueles que se envolveram de alguma forma com entidades e organizações
civis, ficaram, na maioria dos casos, de 1 a 3 anos em cargos de direção dessas entidades.
É importante observar a baixa incidência de participação em movimentos sociais populares
e a alta incidência de participação em sindicatos patronais e entidades ruralistas.
Com a reestruturação do pluripartidarismo no país, o número de deputados que
ocuparam algum cargo de direção partidária no período da redemocratização também é
muito maior do que no período da ditadura. Para o pós 87 a média é de 38%, já no período
militar a faixa era de 15,5% apenas.
Quanto aos cargos efetivamente políticos que os deputados exerceram antes de
serem eleitos para a Câmara, é interessante o fato de que, percentualmente, o número de
políticos com experiência política prévia diminuiu, de 82,5% na ditadura para 77,4% na
redemocratização. Isto indica um recrutamento maior de "outsiders", ou seja, de políticos
que não estão ainda familiarizados com a vida política e com o funcionamento da Câmara.
Segundo estudos de Marenco dos Santos (1997), este fato é recorrente para toda a Câmara
dos Deputados.
Os cargos ocupados, no período da redemocratização, são principalmente aqueles
do legislativo municipal (31%) e do executivo municipal (16,7%). Se compararmos com o
período da ditadura, o legislativo municipal também prevalecia (21,4%), mas em segundo
lugar se destacava o administrativo estadual (19,4%).
Ao ocuparem seus primeiros cargos políticos, os deputados da redemocratização
tinham em média entre 25 e 36 anos, ultrapassando os 50% dos casos. Como recorrência
de desvio padrão, encontramos uma concentração de 15,4% de indivíduos que começaram
suas carreiras políticas apenas por volta dos 40 anos de idade.
Curitiba, a capital do estado, se mostra como a cidade de maior concentração dos
cargos ocupados pelos deputados, tendo visibilidade também algumas outras principais
cidades do estado, tais como Londrina, Maringá e Ponta Grossa. No período da
redemocratização, além dessas cidades, vemos também uma maior incidência de cargos
ocupados em Cascavel e Francisco Beltrão.
Ao entrarem na Câmara dos Deputados pela primeira vez, os deputados eleitos têm,
em média, de 35 a 45 anos de idade (39,5%), em relação ao período militar, 50,5% dos
deputados entraram na Câmara nessa mesma faixa de idade. Entretanto, o número de
cargos ocupados antes de serem eleitos, se compararmos os dois períodos, nos mostra que
uma quantidade maior de políticos que não ocupou nenhum cargo, ou apenas um, foram
eleitos no período da redemocratização, enquanto que na ditadura, a grande maioria havia
ocupado 2 cargos. Este dado nos aponta para um padrão menor de experiência prévia nos
deputados eleitos na redemocratização.
Quando os deputados exercem mais de um mandato, ou seja, quando eles se
reapresentam ao cargo, pode significar que existe uma profissionalização destes políticos.
No caso dos deputados federais do Paraná, a média desta taxa de reapresentação é baixa,
mas ao analisarmos melhor este dado percebemos, por exemplo, que no período militar, as
taxas de reapresentação dos políticos foram altas, ou seja, os mesmos políticos exerceram
mandatos por várias vezes – a maioria ocupou dois mandatos seguidos. Já no início da
redemocratização houve uma grande renovação dos deputados, 96,7% dos deputados
eleitos em 1991 eram novos na Câmara. Após essa grande mudança, a taxa de
reapresentação volta a crescer e, nas últimas duas legislaturas - 1998 e 2002 - apenas 10%
dos deputados que entraram na Câmara eram novatos.
Quanto aos partidos, é interessante notar que, mesmo com a reestruturação do
pluripartidarismo no período da redemocratização, a maioria dos deputados esteve em
apenas 1 partido e mais de 90% se mantiveram em até 4 partidos diferentes. Levando em
consideração todas as mudanças causadas pelo fim do MDB e da ARENA (Aliança
Renovadora Nacional), que eram os partidos do regime militar, e a implementação de
diversos outros partidos a partir da abertura do regime, este número pode ser considerado
baixo. No período da ditadura militar, 89,3% dos deputados haviam sido membros de até 3
partidos diferentes, antes de serem eleitos deputados. Esse número se dá, principalmente,
por causa daqueles que começaram suas carreiras políticas antes da instauração do
bipartidarismo no Brasil.
A atuação destes deputados na Câmara pode ser considerada como prioritariamente
em comissões. Pouquíssimos deputados ocuparam cargos na mesa diretora, tanto no
período militar quanto na redemocratização. Além disso, cerca de 20% dos deputados foi
líder de bancada, isto ocorreu de forma semelhante nos dois períodos.

Considerações finais
Ao analisarmos os dados obtidos sobre os deputados federais do Paraná, podemos
dizer, de forma resumida, que o período de redemocratização trouxe mudanças significantes
para o perfil político desta elite. Em primeiro lugar, tivemos mulheres fazendo parte da
bancada paranaense na Câmara. Além disso, percebemos que políticos de cidades do
interior do estado também ganharam mais espaço.
O perfil de socialização se modificou, já que outros tipos de formação escolar e
outras profissões ascenderam como atributos desta elite, apesar de ainda termos a UFPR
como uma das grandes formadoras de nossos deputados federais. As novas profissões
estão relacionadas com os diferentes cursos de graduação que se colocam em nossa
sociedade, além de percebermos também, que existe uma parcela significativa de
deputados que não possui ensino superior, fato que era antes quase impensável para este
grupo da elite política.
Houve um grande aumento quanto à participação destes políticos em cargos de
entidades civis e de direção partidária no último período, o que também se deve às
restrições que o regime militar impunha antes a este tipo de organização.
Os membros desta elite, na redemocratização, tendem a exercer menos cargos
políticos antes de serem eleitos deputados, inclusive, a média de 2 cargos prévios na época
da ditadura cai para 1 ou nenhum cargo no período de redemocratização. Este fato nos
aponta para políticos menos profissionalizados e que chegam à Câmara também um pouco
mais jovens.
Os primeiros cargos que estes políticos ocuparam foram após os 25 anos de idade e
apesar de Curitiba ainda ser a principal cidade em que os cargos são oferecidos e
ocupados, as cidades do interior do estado também desempenham papel importante na
formação desses políticos.
Durante o período militar, a maioria dos deputados exercia 2 ou mais mandatos,
porém, em 1991 quase a totalidade dos políticos eleitos era novo na Câmara, entretanto,
nas duas últimas legislaturas, a tendência foi a de um novo equilíbrio, já que apenas 10%
dos eleitos podiam ser considerados novatos. Este fato nos revela uma maior taxa de
reapresentação dos deputados ao cargo.
Apesar de o senso comum muitas vezes dizer que os políticos mudam muito de
partido, verificamos que, mesmo com as mudanças no sistema partidário brasileiro, a
maioria dos deputados esteve em apenas 1 partido no período da redemocratização e
quase todos estiveram na faixa de 1 a 4 partidos diferentes neste mesmo período.
Nossos dados sobre os deputados federais paranaenses demonstram uma
modificação no perfil político desta elite e apontam para um sistema mais aberto de
recrutamento, além de outros atributos serem mais valorizados em relação ao período
militar. Persiste a necessidade de comparações com estudos de outras elites regionais,
além de uma continuidade no levantamento de dados sobre esta elite especifica. No
entanto, entendemos que este trabalho vem na tentativa de acrescentar informações, dados
e comparações aos estudos de elites regionais, além de fornecer um mapeamento do perfil
político no Paraná, principalmente, considerando a extrema relevância que este período de
redemocratização tem para o desenvolvimento político e social do Brasil.
Assim, é um desafio para a democracia brasileira, tornar a maior parte possível dos
grupos da população brasileira representada e representável nas instâncias legislativas, de
forma que o recrutamento para estes cargos torne-se cada vez mais aberto e as instâncias
decisórias mais representativas, inclusivas, democráticas e de fato abertas à participação da
população.

Referências Bibliográficas
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