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SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

– NATURA COSMÉTICOS S/A

Mariana B. Noguti
nogutinha@gmail.com
Simone Volkmann B. Campos
simonevbc@yahoo.com.br
Tamara M. Rodrigues
tamaramonteiro@yahoo.com.br
Thiago Pullig
pullig@gmail.com
Juliana de C. Dias
judias@uol.com.br

Resumo
Este trabalho apresenta um estudo de caso sobre a Natura Cosméticos
S/A, tendo em vista aspectos relacionados à sua Gestão Ambiental e ao
seu modelo de sustentabilidade. A empresa pode ser considerada
modelo de cidadania corporativa e de responsabilidade sócio-
ambiental, fato que, aliado ao seu crescente desempenho econômico-
financeiro, a torna uma das companhias mais lembradas no Brasil e
eleva significativamente o valor de suas ações na bolsa. Nesse contexto
é feita uma simulação do Sistema de Gestão Ambiental desta empresa
de cosméticos, considerando o seu ramo de atuação e os impactos que
suas atividades podem trazer ao meio ambiente. Dentre as principais
ferramentas utilizadas, pode-se destacar a Análise Preliminar de
Riscos (APR), a Análise SWOT, e o modelo de sustentabilidade Triple
Botton Line (TBL).
IV CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO
Responsabilidade Socioambiental das Organizações Brasileiras
Niteroi, RJ, Brasil, 31 de julho, 01 e 02 de agosto de 2008

Abstract
This article presents a case study of Natura Cosmetics, in view aspects
of its Environmental Management and its model of Sustainability. The
company can be considered model of Corporate Sustentability and
Environmental Responsibility. In this context, there is a simulation of
the Environmental Management system of this company, considering
its line of action and the impact that their activities can cause to the
Environment. There are many tools used on this analysis, like the
Preliminary Analysis of Risks, a SWOT analysis, and model of
sustainability Triple Botton Line.

Palavras chave: Sustentabilidade, Gestão ambiental, Impactos


ambientais, Sustentability, Environmental Management

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1. INTRODUÇÃO

É notável que a responsabilidade sócio-ambiental vem influindo cada vez mais no


desempenho econômico de qualquer empresa atualmente e que este fato pode ser evidenciado
pela criação dos índices financeiros “Índice BOVESPA de Sustentabilidade” e “Down Jones
Sustainability Index”. Assim, a realização de uma gestão ambiental correta e sustentável, mais
do que ser condição sine qua non para manutenção das organizações no mercado, torna-se um
importante diferencial competitivo para as mesmas.
Nesse contexto, o objetivo deste trabalho é apresentar um modelo de Sistema de Gestão
Ambiental (SGA) baseado na Norma ISO 14000/ 96 e aplicado à Natura. A empresa, que nos
últimos quatro anos aumentou sua participação no mercado de cosméticos brasileiro de 12%
para cerca de 23%, tem investido fortemente no desenvolvimento de “tecnologias verdes” e
no fortalecimento de sua marca através de políticas socialmente responsáveis. Tal fato
motivou a elaboração do referido estudo, que apresentará em linhas gerais alguns dos
principais componentes do SGA da Natura.

2. METODOLOGIA

A estratégia para o desenvolvimento deste trabalho deu-se através de uma pesquisa


bibliográfica que abrangeu diversos temas e diferentes níveis de aprofundamento de cada um
deles. Levando em conta a intenção de se utilizar o enfoque sistêmico como método de
abordagem adotado para a compreensão e discussão dos fenômenos aqui pesquisados, é de
suma importância o estabelecimento de uma seqüência lógica na própria pesquisa
bibliográfica.
Foram pesquisadas bibliografias nacionais e internacionais sobre os temas
relacionados aos princípios de Sustentabilidade, Gestão ambiental, Impactos ambientais,
Sustentabilidade Corporativa e Desempenho Ambiental, buscando analisar a existência de
uma relação entre eles.
Após a fundamentação teórica apresentada, os autores concluem esta pesquisa com um
estudo de caso, analisando criticamente os temas que foram abordados, atendendo o objetivo
desta pesquisa.

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3. A EMPRESA

A Natura é uma empresa que atua no mercado de cosméticos, vendendo produtos


inovadores essencialmente produzidos com elementos naturais tipicamente encontrados na
flora brasileira. A companhia possui capital aberto desde 2004, com ações listadas no Novo
Mercado da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) e possui ações altamente valorizadas
devido à sua imagem positiva e ao alto desempenho financeiro apresentado. Nos últimos
quatro anos, a empresa aumentou significativamente o seu marketshare e hoje é líder no seu
ramo de atuação no Brasil.
Com sede em Cajamar, no estado de São Paulo, a empresa possui “instalações verdes”,
ou seja, construídas levando em consideração práticas ambientalmente corretas, que abrigam
um moderno centro integrado de pesquisa, produção e logística. Além disso, existem pólos
operacionais, administrativos e comerciais em Minas Gerais, Pará, Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.
Além do Brasil, a empresa está presente também na Argentina, no Chile, no México,
no Peru, na Venezuela e na França. A distribuição dos produtos é realizada por meio da venda
direta, com o envolvimento de mais de 617 mil Consultoras e Consultores. Considerando a
presença em todos os mercados em que atua, a empresa possui atualmente mais de 5 mil
colaboradores envolvidos diretamente com sua produção.
As atividades da empresa são guiadas por uma forte cultura organizacional e por uma
política sócio-ambiental bem consolidada, que prima pelo desenvolvimento sustentável e pela
manutenção de um bom relacionamento com a sociedade. Como os seus produtos são
fabricados com matérias-primas naturais extraídas em grande escala, a Natura possui
inúmeros programas, que têm como objetivo a minimização dos impactos negativos causados
à Natureza, dentre os quais destaca-se a manutenção de uma grande área de reflorestamento
da qual boa parte de seus insumos são retirados.

4. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Os efeitos das ações humanas no meio-ambiente vêm sendo observados e sentidos em


todo planeta. Diversos segmentos da sociedade estão buscando encontrar uma forma de

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minimizar tais efeitos para interromper esse processo de degradação ambiental. As


organizações estão cada vez mais preocupadas em ter um bom desempenho ambiental,
controlando seus processos e diminuindo a possibilidade de impactos ambientais. Elas estão
sendo cobradas para que adotem políticas ambientais e alinhem seus objetivos organizacionais
com objetivos ambientais, seja pela legislação, por suas partes interessadas e principalmente
pelo mercado, que exige cada vez mais transparência e ações relacionadas às questões
ambientais e ao desenvolvimento sustentável.
De acordo com a NBR ISO 14001, o Sistema de Gestão Ambiental é a parte de um
sistema de gestão da organização voltada para desenvolver e implementar sua Política
Ambiental e gerenciar seus aspectos ambientais. Esse sistema deve ser bem estruturado e
integrado com os objetivos da organização, e deve ter o comprometimento de todos os níveis
e funções da organização.
Em 2006 a Natura obteve a re-certificação segundo a NBR ISO14001, com base na
qual ela mantém o Sistema de Gestão Ambiental Natura. Através desse sistema a empresa
estabelece o acompanhamento dos seus riscos ambientais, minimizando suas atividades
potencialmente agressivas ao meio ambiente e disseminando para outras empresas as práticas
e conhecimentos adquiridos na experiência da gestão ambiental.

5. POLÍTICA AMBIENTAL

Política ambiental é a declaração da organização na qual ela apresenta suas intenções e


princípios em relação ao seu desempenho ambiental conforme formalmente expresso pela
Alta Administração (NBR ISO14001). Essa política fornece uma estrutura para ação e
definição de seus objetivos e metas ambientais, que devem ser coerentes com as demais
políticas da empresa.
A política ambiental representa o comprometimento da alta administração com as suas
partes interessadas em relação a assuntos ambientais, devendo ser documentada e
compreendida pelos seus funcionários, incluir o compromisso pela busca da melhoria
continua de seus processos, assim como o atendimento de requisitos regulamentares e a
prevenção de poluição. Deve estar de acordo com os impactos ambientais gerados pela as

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atividades, produtos e serviços da organização, assim como ser estabelecida em função da


natureza, escala e impactos ambientais (HOJDA 2000).

5.1 POLÍTICA AMBIENTAL NATURA

A Natura pode ser classificada como uma empresa de grande porte e médio risco. Sua
política ambiental (PA) contém importantes compromissos que uma empresa deve ter com o
meio ambiente.
Por ser uma empresa ligada diretamente à natureza, em que muitos de seus produtos têm
como matéria-prima recursos naturais, ela assume a responsabilidade de estar sempre
gerenciando o impacto de seus processos no meio ambiente, identificando seus riscos, e
capacitando seus colaboradores e auditoria.
Em sua política ambiental ela também assume que inclui a questão ambiental em sua
estrutura organizacional e no seu planejamento estratégico. Promove a educação ambiental
como uma das diretrizes de sua política de meio ambiente e busca a ecoeficiência de sua
cadeia de valor. Dentre os termos que devem conter uma PA pode-se dizer que a Natura
atende muitas desses compromissos, e isso é essencial para uma empresa que tem como
imagem a natureza.
Existem alguns compromissos que devem ser expostos em uma política ambiental, como a
continua capacitação de pessoas, melhoria continua do desempenho ocupacional, eliminação,
prevenção, redução ou controle de riscos, entre outros. Abaixo foram identificadas essas
partes básicas que devem conter uma Política Ambiental:
– Filosofia: a Natura assume que uma empresa ambientalmente responsável deve
gerenciar suas atividades de maneira a identificar os impactos sobre o meio ambiente,
buscando minimizar aqueles que são negativos e amplificar os positivos;
– Comprometimento corporativo: trata a questão ambiental como tema transversal em sua
estrutura organizacional e a inclui no planejamento estratégico;
– Melhoria contínua: promove a melhoria contínua dos processos em toda a cadeia
produtiva;

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– Comunicação com as partes interessadas: a Natura busca disseminar a cultura da


responsabilidade ambiental, individual e coletiva, entre colaboradores, equipes de
vendas, fornecedores, prestadores de serviços e consumidores;
– Monitoramento: a empresa possui processos para medir, monitorar e auditar os aspectos
ambientais associados ao consumo de recursos naturais e à geração de resíduos,
estabelecendo periodicamente novas metas.

6. ATIVIDADE DESENVOLVIDA PELA EMPRESA

A escolha das atividades desenvolvidas pela Natura baseou-se na disponibilidade de


informações e na oportunidade de visita do grupo às suas instalações de fabricação. Portanto,
analisaremos a utilização de embalagens de alumínio, a produção de perfumes e as atividades
administrativas com relação aos aspectos e impactos ambientais e a severidade e a freqüência
com que ocorrem. A partir disto, concluiremos para qual tarefa será desenvolvido um plano
de ação dada a sua importância para os negócios da Natura.

Tabela 1 – Análise dos aspectos e impactos ambientais, severidade e freqüência para cada tarefa.

A utilização de embalagens de alumínio é o que possui maior importância já que a


constante prática disto influência bastante na poluição dos solos e dos rios.

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O esgotamento de recursos hídricos através da utilização de água sem controle nas aividades
administrativas encontra-se em segundo lugar na importância dentre as tarefas citadas.
Já a geração de resíduos por causa da produção de perfumes não foi constatada com
severo, apesar de freqüente.

7. APLICAÇÃO DO APR

Para definição do Plano de Ação, foi utilizada a “Matriz para Análise Qualitativa de
Risco dos Perigos Identificados”, pela qual foram priorizados apenas os impactos
considerados críticos.

Tabela 2 - Matriz para Análise Qualitativa de Risco dos Perigos Identificados.

Assim, a utilização de embalagens de alumínio e as atividades administrativas foram


considerados aspectos que apresentam riscos críticos para o desenvolvimento do negócio da
empresa e para a adequação de seus processos e passivos ao meio-ambiente.

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Tabela 3 – Tarefas, cujos riscos são críticos em preto e, sérios, em laranja.

8. PLANO DE AÇÃO

O plano de ação para minimizar os efeitos da utilização de alumínio nas embalagens


encontra-se a seguir:

Tabela 4 – Plano de Ação (primeira parte): embalagem de alumínio.

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Tabela 5 – Plano de Ação (segunda parte): embalagem de alumínio.

Assim como o plano de ação para a reutilização da água nas atividades administrativas
segue abaixo:

Tabela 6 – Plano de Ação (primeira parte): atividades administrativas.

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Tabela 7 – Plano de Ação (segunda parte): atividades administrativas.

9. PROGRAMA DE GESTÃO ESPECÍFICO

Para garantir o futuro da empresa e também o desenvolvimento da sociedade, a Natura


já desenvolve ações para minimizar os impactos ambientais causados pela produção de seus
produtos.
Porém, alguns aspectos ambientais ainda precisam ser controlados e monitorados para
que os danos causados ao meio ambiente não sejam graves. Diante dessa necessidade de
controlar os aspectos ambientais mais críticos, elabora-se um Programa de Gestão Específico
para que ações sejam implementadas no controle da gestão de água e resíduos,
principalmente.

Programa de Gestão Específico Ações a serem implementadas


- Tratamento da água do rio que passa pela
empresa em Cajamar
- Minimizar o consumo de água
- Administrar o uso consciente da água
Gestão da Qualidade da Água
- Reutilização da água em jardins, sanitários
e nas reservas de combate a incêndio
- Melhorar as condições de tratamento dos
efluentes

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Tabela 8 - Gestão da Qualidade da Água.


Fonte: Relatório Anual Natura, 2006.

Programa de Gestão Específico Ações a serem implementadas


- Proposição de projetos para a redução dos
impactos ambientais
- Controle na escolha da matéria – prima
Gestão dos resíduos utilizada nas embalagens
- Aumentar o uso de refil (embalagens)
- Gerenciamento de resíduos em todos os
espaços da Natura

Tabela 9 - Gestão dos resíduos.


Fonte: Relatório anual Natura, 2006.

10. SWOT

O atual cenário de crescente preocupação com a degradação ambiental e seus efeitos


para o futuro fez com que as organizações começassem a perceber que ter seus objetivos
alinhados com as questões ambientais pode ser um diferencial competitivo e também, ao
longo prazo, uma questão de sobrevivência.
A adoção de uma Sistema de Gestão Ambiental é importante para que a empresa possa
gerenciar suas atividades que impactam o meio ambiente e tomar medidas para reduzir tais
impactos. Para as organizações que se encontram nesse cenário competitivo, é interessante
que façam uma análise da sua posição estratégica no mercado, identificando o cenário interno
e externo em que se encontra. A ferramenta SWOT pode ser utilizada para atender essa
necessidade.
O objetivo da SWOT é definir estratégias para manter pontos fortes, reduzir a
intensidade de pontos fracos, aproveitando oportunidades e protegendo-se de ameaças.
Quando houver a predominância de alguma dessas variáveis, podem-se buscar certas
estratégias como sobrevivência (predominância de pontos fracos e ameaças), manutenção
(predominância de pontos fortes e ameaças), crescimento (predominância de pontos fracos e

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oportunidades) e desenvolvimento (predominância de pontos fortes e oportunidades). No caso


ambiental, a empresa identifica seu Ambiente Interno (pontos fortes e fracos) olhando para o
seu passivo ambiental até o presente momento, realizando uma auditoria para identificar os
passivos ambientais da organização, e seu Ambiente Externo (ameaças e oportunidades)
olhando para o futuro, analisando o contexto ambiental em que se encontra.
Abaixo pode-se observar a matriz FOFA aplicada a Natura em relação às suas ações
ambientais. Pode-se concluir que existe uma predominância de pontos fortes alinhados a
oportunidades, mostrando que a Natura pode adotar uma estratégia de Desenvolvimento em
frente ao cenário em que se encontra.

Ambiente Interno
Pontos Fracos Pontos Fortes

- Aumento das emissões de gases - Uso de insumos vegetais


Ameaças

- Aumento do consumo da água - Uso da lata do perfume Kaiak


Ambiente Externo

- Programas Sociais
- Aumento do reconhecimento da
Oportunidades

marca no exterior - Uso de refis


- Embalagens com ciclo de vida mais
curto
- Programa estabelecido de logística
reversa das embalagens - Eliminação dos testes em animais
- Reflorestamento
- Certificação ISO 14001
Tabela 10 - Matriz FOFA.

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11. TRIPLE BOTTON LINE

A tendência mundial é que investidores procurem investir seus recursos em empresas


que sejam sustentáveis, socialmente responsáveis e rentáveis.
Com isso, a BOVESPA criou, em 2005, o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) para
que o desenvolvimento econômico do país esteja ligado com as questões sociais. E, esse
índice adota o conceito do Triple Botton Line (TBL) que é um modelo empresarial que avalia,
de forma integrada, os resultados empresariais nas dimensões econômico-financeiras, sociais
e ambientais. Alguns assuntos abordados no questionário de avaliação do ISE:
Gestão Responsável Meio Ambiente Governança Corporativa
A empresa possui metas
A empresa possui uma Estabelece em seu estatuto a
voltadas para a aferição de
política corporativa arbitragem como solução de
objetivos relacionados a
ambiental? conflitos societários?
sustentabilidade?
Avalia os aspectos e
A política de remuneração soa
impactos ambientais Divulga os critérios de
executivos está vinculada ao
potenciais e efetivos de remuneração e benefícios
desempenho da empresa nas
suas atividades, processos, atribuídos aos conselheiros e
áreas econômica, social e
produtos, serviços e pós- diretores?
ambiental?
consumo?

Tabela 11 - Gestão dos resíduos.


Fonte: Guia Exame, 2006.
A Natura antes de ter seu capital aberto já publicava relatórios de forma ampla e
transparente, mesmo não sendo obrigada legalmente.
Depois que a empresa teve seu capital aberto, para apresentar o resultado de seus negócios, a
Natura utiliza o modelo GRI (Global Reporting Initiative) que permite apresentar para o
mercado e para as partes interessadas as performances econômica, ambiental e social.
Com isso, a Natura desenvolveu um Sistema de Gestão Responsabilidade Corporativa
em que todos os indicadores de projetos e ações sócio-ambientais da empresa se integram à
estrutura da GRI, tendo seus objetivos e metas reportados no Relatório Anual . Fazendo isso,
a empresa teve como ganho a possibilidade de monitorar a gestão dos negócios de maneira
integrada, de acordo com a sustentabilidade e as metas da empresa.
Alguns resultados da natura no ano de 2006 quanto aos indicadores do GRI:

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– Econômico – Financeiro
A receita bruta da natura em 2006 foi de aproximadamente 3,7 bilhões de reais., aumentando
em 13 % em relação a 2005.
Em relação ao número de consultoras e consultores, a empresa encerrou o ano de 2006 com
617 mil consultoras, sendo 561 mil só no Brasil, tendo um crescimento de 16% em relação ao
ano anterior. Esse crescimento se dá devido ao forte estímulo da marca Natura, além do
aumento do relacionamento da empresa com as consultoras.

País 2004 2005 2006


Brasil
407 483 561

Argentina
13 18 24

Chile
5 6 9

México(1)
NA 1 5

Peru 8 12 18

TOTAL 433 519 617


1. A venda no México foi iniciada em agosto de 2005.

Tabela 12 - Número Médio Anual de Consultoras e Consultores Disponíveis no Brasil e nas Operações
(em milhares).
Fonte: Relatório Anual Natura, 2006.

– Ambiental
A Natura implementou o Sistema Natura de Gases de Efeito Estufa que é um sistema
responsável por mapear as emissões, identifica oportunidades de redução de gases, desde a
cadeia de fornecimento ao descarte final, e gerencia planos de ação.
A média do impacto ambiental das embalagens por quantidade de produto apresentou
uma redução de 7% em relação a 2005. Considera todos os produtos faturados e os principais
produtos de apoio.

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Um projeto de alteração de combustível da frota da transportadora foi implementado


para que o combustível dos veículos de pequeno porte foi alterado de gasolina para GNV
(95%) e álcool (5%).
Quanto aos resíduos, a redução de incinerados e descargas em aterros sanitários tem
sido questionamentos constantes na Natura, preocupando em reduzir esse percentual.

2004 2005 2006


Incinerados
5,43 2,82 1,88
Descarregados em
aterro 21,20 16,09 13,99

Reciclados
73,41 81,09 84,13

Tabela 13 - Destinações %
Fonte: Relatório Anual Natura, 2006

– Social
Ações para melhorar o clima organizacional estão sendo implementadas na empresa,
como o diálogo com a presidência-executiva da empresa.
Aumento de 28% em relação ao ano de 2005 do valor investido em educação e treinamento
para os colaboradores.
Ampliação das instalações de Itapecerica da Serra e inaugurado um novo prédio em
Alphaville para melhorar o ambiente da empresa
Os princípios de relacionamento foram divulgados e a Ouvidoria Natura foi
implementada para melhorar a participação dos colaboradores.

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Programas Natura
– Sistema a vácuo
O Sistema de Coleta de Esgoto à Vácuo é apropriado para lugares com alta
concentração de público e/ou escassez de água, proporcionando a utilização de 2 litros de
água/descarga, enquanto que no sistema convencional utiliza 20 litros/descarga.
Além disso, o sistema á vácuo melhora as condições para operação da Estação de Tratamento
de Efluentes e proporciona a instalação de sanitários em subsolos sem necessidade de
bombeamento.
– Consumo de energia
A Natura possui um Sistema de controle do consumo de energia elétrica para não
haver desperdícios, utilizando também iluminação solar nos estacionamentos.
Além disso, a empresa também possui sensores de presença pela fábrica, as paredes do
estoque não são pintadas para diminuir o uso do ar condicionado e também possui alguns
furos de vidro para que a iluminação externa seja usada durante o dia.
– Projeto Coleta certa
O Projeto Coleta Seletiva foi lançado em outubro de 2000 e desde então a coleta
seletiva vem sendo realizada com êxito na Natura

Descrição
2000 2001 2002 2003
Indicador
Por destinação
4,10% 5,94% 5,52% 6,40%
% Incinerados
%
36,80% 22,24% 16,32% 17,60%
Reutilizados
%
Descarregados 4,40% 34,02% 31,91% 24,40%
em aterro
%
54,60% 37,80% 46,26% 51,60%
Reciclados
Tabela 14 - Coleta Seletiva.
Fonte: Relatório Anual Natura, 2006

– Projeto Crer para Ver - EJA

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O Projeto Crer para Ver iniciou uma campanha junto a suas consultoras e consultores
para aumentar o número de matrículas na matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA)
das escolas municipais e estaduais. Esse projeto tem por objetivo oferecer oportunidades as
pessoas que não puderam estudar. Além disso, esse projeto agora inclui a mobilização para
que as consultoras e consultores que também não tiveram oportunidades de estudo voltem a
escola.

12. CONCLUSÃO

Este artigo foi desenvolvido (NOGUTI, PULLIG, RODRIGUES et CAMPOS, 2007)


como parte das atividades da disciplina Tópicos Especiais de Produção: Gestão Ambiental na
Indústria, ministrada no curso de Engenharia de Produção da Escola de Engenharia da
Universidade Federal Fluminense (LIMA, 2007) e está inserido no contexto do projeto de
iniciação científica “Desenvolvimento Sustentável e a Gestão Sustentável Empresarial: uma
contribuição da academia”, apoiado pelo CNPq (LIMA et DIAS, 2008).

Diante da análise dos temas abordados nesse texto, observamos a grande importância
das empresas pensarem em amenizar seus impactos ambientais causados pela produção de
seus serviços e produto.

A Natura é uma empresa que se preocupa com o Desenvolvimento Sustentável e


Responsabilidade Social, procurando equilibrar os seus ganhos financeiros com a amenização
de impactos ambientais, reduzindo seus resíduos e procurando reciclar seus produtos.

13. REFERÊNCIAS
ABNT. Norma Brasileira, ISO 14001.
ANJOS, E. A Natura e o meio ambiente. 2004.
GUIA EXAME. Dezembro, 2006.
LIMA, G.B.A. Notas de aula da disciplina Tópicos Especiais de Produção. Faculdade de
Engenharia, UFF. Niterói, 2007.

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___________. DIAS, J. “Desenvolvimento Sustentável e a Gestão Sustentável Empresarial:


Uma Contribuição da Academia”, Projeto de Iniciação Científica. Universidade Federal
Fluminense, Niterói, 2008.
NATURA. Relatório Anual. Disponível em www.natura.com.br. Acessado em 11 de Junho de
2006.
NOGUTI, Mariana B., PULLIG, Thiago, RODRIGUES, Tâmara M., CAMPOS, Simone V.
Sistema de Gestão Ambiental – Natura Cosméticos S/A. Trabalho Final da Disciplina de
Tópicos Especiais de Produção. Universidade Federal Fluminense. Escola de Engenharia.
Departamento de Engenharia de Produção, 2007 , RJ.

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