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amigos na mata e, para tal, vai buscar um bidão de gasolina ao carro e uma lata. Depois
de reunida a madeira, A verte parte do conteúdo do bidão de gasolina (que mantém na
mão) na lata e acende o conteúdo da lata que, imediatamente, se propaga ao bidão que A
mantém na mão. Ficando com a mão e as calças a arder, A larga o bidão de gasolina,
que cai no chão junto a B, pegando fogo à perna esquerda e à mão esquerda de B. Do
acidente resultaram ofensas à integridade física graves a B (Acórdão do Tribunal da
Relação de Guimarães de 29 de Abril de 2007).
Caso do machado: Por volta das 2 horas da manhã, A, com intenção de matar, desfere
vários golpes de machado contra B, nas pernas e nos braços e, pelo menos, uma na zona
da cabeça, num local ermo. Após a agressão, A deixa B gravemente ferido e
inconsciente no chão. Na manhã seguinte, B é encontrado e transportado para o hospital,
onde recebe tratamento, tendo ficado num estado de coma vegetativo irreversível
(Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 14 de Outubro de 2009).
Caso do cão: A passeia com o seu cão (de médio ou grande porte) numa zona de
passagem pública. No momento em que B, transeunte, passa por A, é subitamente
mordido pelo cão (Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 26 de Julho de 2007;
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 9 de Abril de 2008 e Acórdão do Tribunal
da Relação do Porto de 10 de Outubro de 2007).
Casos práticos:
Daniel e Edgar são amigos há longos anos e ambos gostam de desportos radicais e da
vida ao ar livre. Umas férias, resolvem ir os dois escalar uma montanha de difícil acesso. Já
perto do cume, Edgar escorrega e cai numa ravina, ficando imobilizado em equilíbrio instável,
com uma perna partida e muito ferido. Apesar dos protestos e súplicas do amigo, Daniel
decide continuar até ao cume, dizendo que no regresso ajudará a içar Edgar e o levará para o
acampamento, onde pode ser socorrido. A escalada revela-se mais difícil do que imaginara e
decorrem duas horas até Daniel regressar. Entretanto, passa por ali Fernando, guia profissional
de montanhismo que, nos seus dias livres – o que era o caso – costumava fazer passeios
solitários. Ouviu os gemidos de Edgar, mas decidiu fingir que não se tinha apercebido, pois “já
bastava passar a semana a ajudar alpinistas-de-sofá e tinha direito a sossego no dia de folga”.
Devido à longa espera, Edgar perdeu muito sangue e acabou por morrer.
Gonçalo é médico e trabalha no Hospital de Santa Maria. Uma tarde, tendo terminado
o seu turno de serviço, descia a Alameda da Universidade, a caminho do restaurante O Reitor,
quando viu um senhor bastante idoso caído junto do muro lateral da Faculdade de Direito,
com evidente falta de ar e em grande aflição. Gonçalo ia encontrar-se com amigos e estava
muito cansado, pelo que decidiu continuar o seu caminho. O idoso acabara de sofrer uma
embolia pulmonar e, quando um grupo de alunos providenciou o seu socorro, já foi demasiado
tarde.