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Caso do bidão de gasolina: A encontra-se a preparar uma fogueira numa reunião de

amigos na mata e, para tal, vai buscar um bidão de gasolina ao carro e uma lata. Depois
de reunida a madeira, A verte parte do conteúdo do bidão de gasolina (que mantém na
mão) na lata e acende o conteúdo da lata que, imediatamente, se propaga ao bidão que A
mantém na mão. Ficando com a mão e as calças a arder, A larga o bidão de gasolina,
que cai no chão junto a B, pegando fogo à perna esquerda e à mão esquerda de B. Do
acidente resultaram ofensas à integridade física graves a B (Acórdão do Tribunal da
Relação de Guimarães de 29 de Abril de 2007).

Caso do filho ausente: A, de 83 anos, está acamada e impossibilitada de se mexer. A


vive com o filho B, de cerca de 50 anos. A certa altura B deixa a mãe A sozinha em casa
durante, pelo menos, 12 dias consecutivos, deixando-lhe uns pacotes de leite com
chocolate e uma sandes de queijo. 15 dias depois, a mãe, A é encontrada morte na sua
cama, por inanição. A tem mais dois filhos que residem em casas próprias no mesmo
conselho (Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 9 de Julho de 2003).

Caso do machado: Por volta das 2 horas da manhã, A, com intenção de matar, desfere
vários golpes de machado contra B, nas pernas e nos braços e, pelo menos, uma na zona
da cabeça, num local ermo. Após a agressão, A deixa B gravemente ferido e
inconsciente no chão. Na manhã seguinte, B é encontrado e transportado para o hospital,
onde recebe tratamento, tendo ficado num estado de coma vegetativo irreversível
(Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça de 14 de Outubro de 2009).

Caso do cão: A passeia com o seu cão (de médio ou grande porte) numa zona de
passagem pública. No momento em que B, transeunte, passa por A, é subitamente
mordido pelo cão (Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 26 de Julho de 2007;
Acórdão do Tribunal da Relação do Porto de 9 de Abril de 2008 e Acórdão do Tribunal
da Relação do Porto de 10 de Outubro de 2007).

TODOS ESTES ACÓRDÃOS ESTÃO DISPONÍVEIS EM http://www.dgsi.pt/.

Casos práticos:

António, ao dirigir-se para o emprego, passa por um automóvel que se despistou e


chocou com uma árvore. Observa que o ocupante ainda se encontra dentro da viatura e pensa
em ligar para o 112 mas de súbito apercebe-se de que era o seu próprio pai, Bernardo, que
conduzia. Como ansiava por receber a herança deste, segue caminho sem nada fazer. A
estrada tinha pouco movimento e só 10 minutos depois passou Carlos; este, no entanto,
também não providenciou qualquer tipo de socorro, pois ia atrasado e não quis perder tempo.
Finalmente, ao cabo de quase meia hora, um outro automobilista alertou a polícia, que enviou
de imediato uma ambulância. Era demasiado tarde: Bernardo morreu antes de chegar ao
hospital, tendo-se concluído que a espera fora determinante para o resultado fatal.

Daniel e Edgar são amigos há longos anos e ambos gostam de desportos radicais e da
vida ao ar livre. Umas férias, resolvem ir os dois escalar uma montanha de difícil acesso. Já
perto do cume, Edgar escorrega e cai numa ravina, ficando imobilizado em equilíbrio instável,
com uma perna partida e muito ferido. Apesar dos protestos e súplicas do amigo, Daniel
decide continuar até ao cume, dizendo que no regresso ajudará a içar Edgar e o levará para o
acampamento, onde pode ser socorrido. A escalada revela-se mais difícil do que imaginara e
decorrem duas horas até Daniel regressar. Entretanto, passa por ali Fernando, guia profissional
de montanhismo que, nos seus dias livres – o que era o caso – costumava fazer passeios
solitários. Ouviu os gemidos de Edgar, mas decidiu fingir que não se tinha apercebido, pois “já
bastava passar a semana a ajudar alpinistas-de-sofá e tinha direito a sossego no dia de folga”.

Devido à longa espera, Edgar perdeu muito sangue e acabou por morrer.

Gonçalo é médico e trabalha no Hospital de Santa Maria. Uma tarde, tendo terminado
o seu turno de serviço, descia a Alameda da Universidade, a caminho do restaurante O Reitor,
quando viu um senhor bastante idoso caído junto do muro lateral da Faculdade de Direito,
com evidente falta de ar e em grande aflição. Gonçalo ia encontrar-se com amigos e estava
muito cansado, pelo que decidiu continuar o seu caminho. O idoso acabara de sofrer uma
embolia pulmonar e, quando um grupo de alunos providenciou o seu socorro, já foi demasiado
tarde.

Depois de anos de discussões, Henrique e Idalina, casados, deixaram de se falar. Como


tinham graves problemas financeiros, não trataram do divórcio e não tiveram sequer hipótese
de mudar de casa. Ficaram, portanto, a viver juntos nas duas assoalhadas de que dispunham.
Uma noite, Idalina ouviu um estrondo: o marido, regressando embriagado, como era habitual,
caíra ao entrar em casa e tinha batido com a cabeça na parede, jazendo inconsciente. Idalina
pensou que ele tinha o que merecia e foi-se deitar. No dia seguinte, quando se levantou,
constatou que Henrique morrera durante a noite, por não ter sido socorrido atempadamente.

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