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Dessen, M. A. & Polonia, A. C. (2007).

Família e Escola 21
______________________________________Disponível em www.scielo.br/paideia____________________________________

A Família e a Escola como contextos de desenvolvimento humano


Maria Auxiliadora Dessen
Ana da Costa Polonia
Universidade de Brasília, Distrito Federal, Brasil

Resumo: Escola e família constituem dois contextos de desenvolvimento fundamentais para a


trajetória de vida das pessoas. Neste artigo, são destacadas as contribuições destes contextos
para a promoção do desenvolvimento humano, enfatizando suas implicações nos processos
evolutivos. Questões sobre configurações, vínculos familiares e a importância da rede social de
apoio para o desenvolvimento da família são discutidas. Focalizam-se as funções da escola,
considerando sua influência nas pessoas em desenvolvimento. Apontam-se algumas considerações
sobre a necessidade de compreender as inter-relações entre escola e família, visando facilitar a
aprendizagem e desenvolvimento humano. A integração entre esses dois contextos é destacada
como desafio para a prática profissional e pesquisa empírica.
Palavras-chave: Família. Escola. Desenvolvimento humano.

Family and School as context for human development


Abstract: School and family constitute two developmental contexts essential for the lifespan
trajectories. In this article, it is highlighted the contribution of both contexts to human development
promotion, emphasizing their implications on evolutionary processes. The issues about family
links, configurations, and the importance of the social support network for family development
are discussed. The school functions are focused considering their influences on developing persons.
Considerations are also made about the necessity of understanding the inter-relations between
the school and the family, aiming to promote learning and human development. The integration
between these two contexts is a challenge for both the professional practice and the empirical
research.
Keywords: Family. School. Human development.

La Familia y la Escuela como contextos del desarrollo humano


Resumen: La escuela y la familia constituyen dos contextos del desarrollo fundamentales para
la historia de vida de las personas. Resaltamos las contribuciones de ambos contextos para la
promoción del desarrollo humano, enfatizando sus implicaciones en los procesos evolutivos.
Discutimos cuestiones sobre las configuraciones y vínculos familiares y la importancia de la red
social de apoyo para el desarrollo de la familia. Enfatizamos las funciones de la escuela,
considerando su influencia sobre el desarrollo de las personas. Apuntamos la necesidad de
comprender las interrelaciones entre la escuela y la familia, visando facilitar el aprendizaje y el
desarrollo humano. La integración entre estos dos contextos es destacada como un desafio tanto
para la práctica profesional como para las investigaciones empíricas.
Palabras clave: Familia. Escuela. Desarrollo humano.
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A escola e a família compartilham funções A Família como contexto de desenvolvimento


sociais, políticas e educacionais, na medida em que humano
contribuem e influenciam a formação do cidadão A família, presente em todas as sociedades, é
(Rego, 2003). Ambas são responsáveis pela trans- um dos primeiros ambientes de socialização do indi-
missão e construção do conhecimento culturalmen- víduo, atuando como mediadora principal dos padrões,
te organizado, modificando as formas de funciona- modelos e influências culturais (Amazonas,
mento psicológico, de acordo com as expectativas Damasceno, Terto & Silva, 2003; Kreppner, 1992,
de cada ambiente. Portanto, a família e a escola 2000). É também considerada a primeira instituição
emergem como duas instituições fundamentais para social que, em conjunto com outras, busca assegurar
desencadear os processos evolutivos das pessoas, a continuidade e o bem estar dos seus membros e da
atuando como propulsoras ou inibidoras do seu cres- coletividade, incluindo a proteção e o bem estar da
cimento físico, intelectual, emocional e social. Na criança. A família é vista como um sistema social res-
escola, os conteúdos curriculares asseguram a ins- ponsável pela transmissão de valores, crenças, idéias
trução e apreensão de conhecimentos, havendo uma e significados que estão presentes nas sociedades
preocupação central com o processo ensino-apren- (Kreppner, 2000). Ela tem, portanto, um impacto sig-
dizagem. Já, na família, os objetivos, conteúdos e nificativo e uma forte influência no comportamento
métodos se diferenciam, fomentando o processo de dos indivíduos, especialmente das crianças, que apren-
socialização, a proteção, as condições básicas de dem as diferentes formas de existir, de ver o mundo e
sobrevivência e o desenvolvimento de seus mem- construir as suas relações sociais.
bros no plano social, cognitivo e afetivo. Como primeira mediadora entre o homem e a
A integração entre escola e família tem des- cultura, a família constitui a unidade dinâmica das
pertado, recentemente, o interesse dos pesquisado- relações de cunho afetivo, social e cognitivo que es-
res (Davies, Marques & Silva, 1997; Marques, 2002; tão imersas nas condições materiais, históricas e cul-
Oliveira & cols., 2002), principalmente no que se re- turais de um dado grupo social. Ela é a matriz da
fere às implicações deste envolvimento para o de- aprendizagem humana, com significados e práticas
senvolvimento social e cognitivo e o sucesso escolar culturais próprias que geram modelos de relação
do aluno. Neste artigo, os ambientes familiar e esco- interpessoal e de construção individual e coletiva.
lar são descritos como contextos de desenvolvimento Os acontecimentos e as experiências familiares pro-
humano, ressaltando a importância do estabelecimento piciam a formação de repertórios comportamentais,
de relações apropriadas entre ambos. A primeira se- de ações e resoluções de problemas com significa-
ção trata da família e de seu espaço como agente dos universais (cuidados com a infância) e particu-
socializador, enfatizando aspectos relacionados às lares (percepção da escola para uma determinada
configurações familiares, à rede social de apoio e aos família). Essas vivências integram a experiência
vínculos familiares e suas implicações para o desen- coletiva e individual que organiza, interfere e a tor-
volvimento humano. Na segunda seção, a escola é na uma unidade dinâmica, estruturando as formas
destacada como um contexto de desenvolvimento, de subjetivação e interação social. E é por meio das
priorizando uma reflexão sobre sua função social, as interações familiares que se concretizam as trans-
suas tarefas e papéis na sociedade contemporânea, formações nas sociedades que, por sua vez, influ-
especificamente no que diz respeito ao cenário políti- enciarão as relações familiares futuras, caracteri-
co-pedagógico. A terceira seção apresenta argumen- zando-se por um processo de influências
tos na direção de estimular o envolvimento entre a bidirecionais, entre os membros familiares e os di-
família e a escola. E enfatiza-se a necessidade de ferentes ambientes que compõem os sistemas soci-
envidar esforços para melhor compreender as rela- ais, dentre eles a escola, constituem fator prepon-
ções família-escola, de modo a assegurar que ambos derante para o desenvolvimento da pessoa.
os contextos sejam espaços efetivos para a aprendi- Portanto, as transformações tecnológicas, so-
zagem e o desenvolvimento humano. ciais e econômicas favorecem as mudanças na es-
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trutura, organização e padrões familiares e, também, (Petzold, 1996). A própria concepção científica dela
nas expectativas e papéis de seus membros. E a cons- evidencia o entrelaçamento das variáveis biológicas,
tituição e a estrutura familiar, por sua vez, afetam sociais, culturais e históricas que exercem grande in-
diretamente a elaboração do conhecimento e as for- fluência nas relações familiares, constituindo a base
mas de interação no cotidiano das famílias (Amazo- para as formas contemporâneas dela. Os laços de
nas & cols., 2003; Campos & Francischini, 2003). consangüinidade, as formas legais de união, o grau
Portanto, ela é a principal responsável por incorporar de intimidade nas relações, as formas de moradia, o
as transformações sociais e intergeracionais ocorri- compartilhamento de renda são algumas dessas vari-
das ao longo do tempo, com os pais exercendo um áveis que, combinadas, permitem a identificação de
papel preponderante na construção da pessoa, de sua 196 tipos de famílias, produto de cinco subsistemas
personalidade e de sua inserção no mundo social e do resultantes da concepção ecológica de micro, meso,
trabalho (Távora, 2003; Volling & Elins, 1998). exo, macro e cronossistema (Petzold, 1996).
No ambiente familiar, a criança aprende a ad- De acordo com a concepção proposta por
ministrar e resolver os conflitos, a controlar as emo- Petzold (1996), a combinação derivada do
ções, a expressar os diferentes sentimentos que cons- microssistema tem como base as relações diádicas,
tituem as relações interpessoais, a lidar com as diver- isto é, como os genitores interagem, com destaque para
sidades e adversidades da vida (Wagner, Ribeiro, o grau de intimidade: se o estilo de vida é compartilha-
Arteche & Bornholdt, 1999). Essas habilidades sociais do ou separado, se esta relação é considerada hete-
e sua forma de expressão, inicialmente desenvolvidas rossexual ou homossexual, se há alteridade no poder
no âmbito familiar, têm repercussões em outros ambi- ou não. Já aquelas influências provenientes do
entes com os quais a criança, o adolescente ou mesmo mesossistema compreendem as relações com os fi-
o adulto interagem, acionando aspectos salutares ou lhos, ou seja, a sua presença ou ausência, se eles são
provocando problemas e alterando a saúde mental e biológicos ou adotivos e se moram com os pais ou não.
física dos indivíduos (Del Prette & Del Prette, 2001). No tocante ao exossistema do grupo familiar,
A Família e suas configurações esse engloba os contextos e as redes sociais que as-
Os membros de famílias contemporâneas têm seguram o sentimento de pertencer a um grupo espe-
se deparado e adaptado às novas formas de coexis- cial, social ou cultural, tais como as relações mantidas
tência oriundas das mudanças nas sociedades, isto é, por laços de consangüinidade ou casamento, vínculos
do conflito entre os valores antigos e o estabeleci- de dependência ou autonomia financeira ou emocio-
mento de novas relações (Chaves, Cabral, Ramos, nal. E o macrossistema reflete os valores e as cren-
Lordelo & Mascarenhas, 2002). Como parte de um ças compartilhadas por um conjunto de pessoas, por
sistema social, englobando vários subsistemas, os exemplo, relacionadas ao fato de a união ser civil ou
papéis dos seus membros são estabelecidos em fun- não, de a relação ser estável ou temporária, de os
ção dos estágios de desenvolvimento do indivíduo e cônjuges habitarem ou não o mesmo espaço físico.
da família vista enquanto grupo (Dessen, 1997; E, por fim, o cronossistema diz respeito às transfor-
Kreppner, 1992, 2000). Por exemplo, ser adolescente mações da família na sociedade, incluindo as suas
crescendo em uma família ‘nuclear tradicional’, com diferentes configurações ao longo do tempo, dentre
irmãos biológicos, é diferente de sê-lo em uma fa- as quais a família extensa e a monoparental.
mília recasada, coabitando com padrasto e irmãos O próprio conceito de família e a configuração
não biológicos. dela têm evoluído para retratar as relações que se
Sendo composta por uma complexa e dinâmi- estabelecem na sociedade atual. Não existe uma con-
ca rede de interações que envolve aspectos cognitivos, figuração familiar ideal, porque são inúmeras as com-
sociais, afetivos e culturais, a família não pode ser binações e formas de interação entre os indivíduos
definida apenas pelos laços de consangüinidade, mas que constituem os diferentes tipos de famílias con-
sim por um conjunto de variáveis incluindo o signifi- temporâneas (Stratton, 2003): nuclear tradicional,
cado das interações e relações entre as pessoas recasadas, monoparentais, homossexuais, dentre ou-
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tras combinações. Os padrões familiares vão se trans- Neste processo contínuo de busca por estabili-
formando e reabsorvendo as mudanças psicológicas, dade, as famílias contam ou não com o suporte de
sociais, políticas, econômicas e culturais, o que re- uma rede social de apoio, que permite a elas supera-
quer adaptações e acomodações às realidades en- rem (ou não) as dificuldades decorrentes de transi-
frentadas (Wagner, Halpern & Bornholdt, 1999). E, ções do desenvolvimento (Dessen & Braz, 2000).
os arranjos familiares distintos que vão surgindo, por Independente das que ocorrem no âmbito familiar, elas
sua vez, provocam transformações nas relações fa- são produtoras de mudanças que podem funcionar
miliares, nos papéis desempenhados pelos seus mem- como aspectos propulsores ou inibidores do desen-
bros, nos valores, nas funções intergeracionais, nas volvimento, influenciando, direta ou indiretamente, os
expectativas e nos processos de desenvolvimento modos de criação dos filhos. No entanto, a principal
do indivíduo. rede de apoio da família é oriunda das próprias
interações entre seus membros. Contatos negativos,
Portanto, a família, hoje, não é mais vista como
conflitos, rompimentos e insatisfações podem gerar
um sistema privado de relações; ao contrário, as ati-
problemas futuros, particularmente nas crianças. Por
vidades individuais e coletivas estão intimamente li-
outro lado, relações satisfatórias e felizes entre marido-
gadas e se influenciam mutuamente. O que ocorre
esposa constituem fonte de apoio para ambos os cônju-
na família e na sociedade é sintetizado, elaborado e
ges, sobretudo para a mulher (Dessen & Braz, 2005).
modificado provocando a evolução e atualização dela
e de sua história na sociedade (Kreppner, 1992). A Vínculos familiares e redes de apoio: im-
plicações para o desenvolvimento
família também é a responsável pela transmissão de
valores culturais de uma geração para outra. Essa Os laços afetivos formados dentro da família,
transmissão de conhecimentos e significados possibi- particularmente entre pais e filhos, podem ser aspec-
lita o compartilhar de regras, valores, sonhos, pers- tos desencadeadores de um desenvolvimento saudá-
pectivas e padrões de relacionamentos, bem como a vel e de padrões de interação positivos que possibili-
valorização do potencial dos seus membros e de suas tam o ajustamento do indivíduo aos diferentes ambi-
habilidades em acumular, ampliar e diversificar as entes de que participa. Por exemplo, o apoio parental,
experiências. De acordo com Kreppner (2000), a fa- em nível cognitivo, emocional e social, permite à cri-
mília e suas redes de interações asseguram a conti- ança desenvolver repertórios saudáveis para enfren-
tar as situações cotidianas (Eisenberg & cols., 1999).
nuidade biológica, as tradições, os modelos de vida,
Por outro lado, esses laços afetivos podem dificultar
além dos significados culturais que são atualizados e
o desenvolvimento, provocando problemas de ajusta-
resgatados, cronologicamente.
mento social (Booth, Rubin & Rose-Krasnor, 1998).
Ao desempenhar suas funções, dentre as quais Volling e Elins (1998) mostraram que o estresse
a socialização da criança, a família estabelece uma parental, a insatisfação familiar e a incongruência nas
estrutura mínima de atividades e relações em que atitudes dos pais em relação à criança geram proble-
os papéis de mãe, pai, filho, irmão, esposa, marido, e mas de ajustamento e dificuldades de interação social.
outros são evidenciados. Todavia, a formação dos As figuras parentais exercem grande influên-
vínculos afetivos não é imutável, pelo contrário, ela cia na construção dos vínculos afetivos, da auto-esti-
vai se diferenciando e progredindo mediante as mo- ma, autoconceito e, também, constroem modelos de
dificações do próprio desenvolvimento da pessoa, relações que são transferidos para outros contextos
as demandas sociais e as transformações sofridas e momentos de interação social (Volling & Elins, 1998).
pelo grupo sócio-cultural (Kreppner, 2000). De acor- Por exemplo, pais punitivos e coercitivos podem pro-
do com este autor, além de se adaptar às mudanças vocar em seus filhos comportamentos de inseguran-
decorrentes do crescimento dos seus membros, a ça, dificuldades de estabelecer e manter vínculos com
família ainda tem a tarefa de manter o bem estar outras crianças, além de problemas de risco social na
psicológico de cada um, buscando sempre nova es- escola e na vida adulta. Booth e cols (1998) investi-
tabilidade nas relações familiares. garam o apoio social e emocional de mães e de ou-
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tras pessoas envolvidas com a criança e suas reper- meio de programas de educação familiar (Dessen &
cussões na adolescência e vida adulta. Eles observa- Pereira-Silva, 2004) ou de elaboração de políticas
ram que a qualidade da relação mãe-criança é públicas para a promoção da saúde. Estas devem
transferida, posteriormente, para outras relações considerar os fatores de estresse e estimular a for-
interpessoais, na escola e no grupo de amigos. Para- mação de redes de apoio social, seja na própria co-
lelamente, identificaram que a qualidade da relação munidade ou nos centros de atendimento à popula-
com os pares e amigos pode compensar a baixa qua- ção, seja na escola, já que esta ocupa um lugar de
lidade de interação com as mães. destaque nas sociedades contemporâneas.
Os laços afetivos asseguram o apoio psicológi- A escola como contexto de desenvolvimento
co e social entre os membros familiares, ajudando no humano
enfrentamento do estresse provocado por dificuldades
A escola constitui um contexto diversificado
do cotidiano (Oliveira & Bastos, 2000). E os padrões
de desenvolvimento e aprendizagem, isto é, um local
de relações familiares relacionam-se intrinsecamente
que reúne diversidade de conhecimentos, atividades,
a uma rede de apoio que possa ser ativada, em mo-
regras e valores e que é permeado por conflitos, pro-
mentos críticos, fomentando o sentimento de pertença,
blemas e diferenças (Mahoney, 2002). É nesse espa-
a busca de soluções e atividades compartilhadas.
ço físico, psicológico, social e cultural que os indiví-
No entanto, nem sempre as famílias constitu- duos processam o seu desenvolvimento global, medi-
em uma rede de apoio funcional e satisfatória ou, ante as atividades programadas e realizadas em sala
mesmo, melhor que outras. Dell’Aglio e Hutz (2002) de aula e fora dela (Rego, 2003). O sistema escolar,
compararam estratégias de enfrentamento entre cri- além de envolver uma gama de pessoas, com carac-
anças institucionalizadas e as que viviam com suas terísticas diferenciadas, inclui um número significati-
famílias e não encontraram diferenças nas de busca vo de interações contínuas e complexas, em função
de apoio social e ação agressiva. Segundo os auto- dos estágios de desenvolvimento do aluno. Trata-se
res, muitas vezes, as instituições têm condições físi- de um ambiente multicultural que abrange também a
cas, materiais e organizacionais e contam com pro- construção de laços afetivos e preparo para inserção
fissionais e rotinas que estabelecem uma rede social na sociedade (Oliveira, 2000).
de apoio forte e adequada. Portanto, o desenvolvi-
A escola e sua função social
mento de estratégias de enfrentamento apropriadas
é influenciado pela qualidade das relações afetivas, A escola emerge, portanto, como uma institui-
coesão, segurança, ausência de discórdia e organiza- ção fundamental para o indivíduo e sua constituição,
ção, quer na família ou na instituição. Tais aspectos assim como para a evolução da sociedade e da hu-
constituem importantes fatores de proteção para o manidade (Davies & cols., 1997; Rego, 2003). Como
indivíduo, favorecendo o desenvolvimento de habili- um microssistema da sociedade, ela não apenas re-
dades e competências sociais e, conseqüentemente, flete as transformações atuais como também tem que
sua capacidade de adaptação às situações cotidianas lidar com as diferentes demandas do mundo
(Chaves, Guirra, Borrione & Simões, 2003). globalizado. Uma de suas tarefas mais importantes,
Diante dos problemas e desafios enfrentados embora difícil de ser implementada, é preparar tanto
pela família, e sem uma rede de apoio social que pro- alunos como professores e pais para viverem e supe-
mova a superação do estresse, a resolução de confli- rarem as dificuldades em um mundo de mudanças
tos e o restabelecimento de uma dinâmica familiar rápidas e de conflitos interpessoais, contribuindo para
saudável, as famílias podem desenvolver padrões de o processo de desenvolvimento do indivíduo.
relacionamento disfuncionais, tais como: maus tratos Coerente com essa concepção, à escola com-
à criança, violência intrafamiliar, abuso de substânci- pete propiciar recursos psicológicos para a evolução
as, conflitos. Nesses casos, as instituições públicas intelectual, social e cultural do homem (Hedeggard,
ou privadas, incluindo a escola, têm um papel impor- 2002; Rego, 2003). Ao desenvolver, por meio de ati-
tante oferecendo apoio, direta ou indiretamente, por vidades sistemáticas, a articulação dos conhecimen-
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tos culturalmente organizados, ela possibilita a apro- advindas do contexto familiar do aluno (Ministério da
priação da experiência acumulada e as formas de Educação, Secretaria de Educação Fundamental, 2001).
pensar, agir e interagir no mundo, oriundas dessas Marques (2001) destaca que a função da es-
experiências. Concomitantemente, ela proporciona o cola no século XXI tem o objetivo precípuo de esti-
emprego da linguagem simbólica, a apreensão dos mular o potencial do aluno, levando em consideração
conteúdos acadêmicos e compreensão dos mecanis- as diferenças socioculturais em prol da aquisição do
mos envolvidos no funcionamento mental, fundamen- seu conhecimento e desenvolvimento global. Sob este
tais ao processo de aprendizagem. Assim, a atualiza- prisma, ele aponta três objetivos que são comuns e
ção do conhecimento cultural e sua organização cons- devem ser buscados pelas escolas modernas: (a) es-
tante são premissas importantes para entender o papel timular e fomentar o desenvolvimento em níveis físi-
dela e sua relação com a pessoa em desenvolvimento. co, afetivo, moral, cognitivo, de personalidade; (b)
A escola é uma instituição social com objeti- desenvolver a consciência cidadã e a capacidade de
vos e metas determinadas, que emprega e reelabora intervenção no âmbito social; (c) promover uma
os conhecimentos socialmente produzidos, com o in- aprendizagem de forma contínua, propiciando, ao alu-
tuito de promover a aprendizagem e efetivar o de- no, formas diversificadas de aprender e condições de
senvolvimento das funções psicológicas superiores: inserção no mercado de trabalho. Isto implica, ne-
memória seletiva, criatividade, associação de idéias, cessariamente, em promover atividades ligadas aos
organização e seqüência de conhecimentos, dentre domínios afetivo, motor, social e cognitivo, de forma
outras (Oliveira, 2000). Ela é um espaço em que o integrada à trajetória de vida da pessoa.
indivíduo tende a funcionar de maneira preditiva, pois,
Marques (2001) enfatiza também a importân-
em sala de aula, há momentos e atividades que são
cia das tarefas desempenhadas em sala de aula que
estruturados com objetivos programados e outros mais
favorecem as formas superiores de pensar e apren-
informais que se estabelecem na interação da pessoa
der, tais como memória seletiva, criatividade, raciocí-
com seu ambiente social. Por exemplo, na escola, o
nio abstrato, pensamento lógico, tendo o professor uma
aluno tem rotinas como hora do intervalo e do lanche,
em que os objetivos educacionais se dirigem à convi- função preponderante nesta mediação. Para Wallon,
vência em grupo e à inserção na coletividade. No a idéia da mediação do conhecimento realizada pelo
tocante às atividades acadêmicas, espera-se, por professor, por meio de materiais concretos, padrões
exemplo, que os alunos dominem a interpretação, as e modelos de aprendizagem e comportamento, per-
regras fundamentais para expressão oral e escrita e mitem que, na sala de aula, se incorpore uma ação
realizem cálculos de forma independente. coletiva que se estrutura e funciona graças ao uso de
estratégias específicas, como o trabalho em grupo e
O currículo escolar estabelece objetivos e ati-
aos pares e a realização de atividades recreativas,
vidades, conforme a série dos alunos, facilitando o
competitivas e jogos (Almeida, 2000).
acompanhamento do processo de ensino-aprendiza-
gem nas diferentes faixas etárias. Desde o maternal No entanto, o uso de estratégias deve ser adap-
até a educação de adultos, a escola tem peculiarida- tado às realidades distintas dos alunos e professores,
des em relação à sua estrutura física, à organização às demandas da comunidade e aos recursos disponí-
dos conteúdos e metodologias de ensino, respeitando veis, levando em conta as condições e peculiaridades
e considerando a evolução do aprendiz, bem como de cada época ou momento histórico. Neste sentido,
articulando os conhecimentos científicos às experi- é importante identificar as condições evolutivas dos
ências dos alunos. Por exemplo, no ensino médio, segmentos: professores, alunos, pais e comunida-
espera-se que o aluno apresente um raciocínio hipo- de, em geral, para o planejamento de atividades no
tético-dedutivo, demonstre autonomia nos estudos e âmbito da escola.
pesquisas, enquanto que, no fundamental, os objeti- Em síntese, a escola é uma instituição em que
vos se dirigem ao domínio das operações complexas, se priorizam as atividades educativas formais, sendo
empregando materiais concretos e experiências identificada como um espaço de desenvolvimento e
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aprendizagem e o currículo, no seu sentido mais am- nicações e, conseqüentemente, nos padrões de cola-
plo, deve envolver todas as experiências realizadas boração entre eles. Nesta direção, é importante ob-
nesse contexto. Isto significa considerar os padrões servar como a escola e, especificamente, os profes-
relacionais, aspectos culturais, cognitivos, afetivos, sores empregam as experiências que os alunos têm
sociais e históricos que estão presentes nas interações em casa. Face à leitura, é muito importante que a
e relações entre os diferentes segmentos. Dessa for- escola conheça e saiba como utilizar as experiências
ma, os conhecimentos oriundos da vivência familiar de casa para gerir as competências imprescindíveis
podem ser empregados como mediadores para a ao letramento. A interpretação de textos ou a escrita
construção dos conhecimentos científicos trabalha- podem ser estimuladas pelos conhecimentos oriun-
dos na escola. dos de outros contextos, servindo de auxílio à apren-
dizagem formal.
Compreendendo as relações família-escola
As pesquisas têm demonstrado que os pais
Para compreender os processos de desenvol-
estão constantemente preocupados e envolvidos com
vimento e seus impactos na pessoa, é preciso focali-
as atividades escolares dos filhos e que dirigem a sua
zar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas
atenção à avaliação do aproveitamento escolar, sen-
inter-relações (Polonia & Dessen, 2005). Por exem-
do isto independente do nível socioeconômico ou es-
plo, o planejamento de pesquisa sobre violência na
colaridade (Polonia & Dessen, 2005). Os pais super-
adolescência deve incluir tanto as variáveis familia-
visionam e acompanham não somente a realização
res, que podem contribuir significativamente para a
das atividades escolares, mas também adotam, em
manutenção de comportamentos anti-sociais na esco-
suas residências, estratégias voltadas à disciplina e
la, quanto as relacionadas diretamente com a escola,
ao controle de atividades lúdicas. Estas ações permi-
como o baixo desempenho acadêmico, que, aliadas aos
tem a eles analisarem, identificarem e realizarem in-
fatores interpessoais, acentuam este problema (Ferreira tervenções nos processos de desenvolvimento e
& Marturano, 2002; Oliveira & cols., 2002). aprendizagem dos filhos (Sanders & Epstein, 1998).
Outros exemplos bastante conhecidos são a Ainda, neste aspecto, Epstein (citado por Marques,
evasão e repetência escolar. Sabe-se que a estrutura 2002) destaca o envolvimento dos pais em ativida-
familiar tem um forte impacto na permanência do alu- des, em casa, que afetam a aprendizagem e o apro-
no na escola, podendo evitar ou intensificar a evasão veitamento escolar. Este envolvimento ocorre sob di-
e a repetência escolar. Dentre os aspectos que con- ferentes formas de acompanhamento das tarefas
tribuem para isto estão as características individuais, (monitorar a sua realização), ou, ainda, em orienta-
a ausência de hábitos de estudo, a falta às aulas e os ções sistemáticas do comportamento social e
problemas de comportamento (Fitzpatrick & Yoles, engajamento dos filhos nas atividades da escola, reali-
1992). Em todos estes fatores, a família exerce uma zadas por iniciativa própria ou por sugestão da escola.
poderosa influência. Embora um sistema escolar trans- Os laços afetivos, estruturados e consolidados
formador possa reverter esses aspectos negativos, tanto na escola como na família permitem que os in-
faz-se necessário que a escola conte com a colabo- divíduos lidem com conflitos, aproximações e situa-
ração de outros contextos que influenciam significa- ções oriundas destes vínculos, aprendendo a resolver
tivamente a aprendizagem formal do aluno, incluindo os problemas de maneira conjunta ou separada. Nes-
a família (Fantuzzo, Tighe & Childs, 2000). se processo, os estágios diferenciados de desenvolvi-
É importante ressaltar que a família e a escola mento, característicos dos membros da família e tam-
são ambientes de desenvolvimento e aprendizagem bém dos segmentos distintos da escola, constituem
humana que podem funcionar como propulsores ou fatores essenciais na direção de provocar mudanças
inibidores dele. Estudar as relações em cada contex- nos papéis da pessoa em desenvolvimento, com re-
to e entre eles constitui fonte importante de informa- percussões diretas na sua experiência acadêmica e
ção, na medida em que permite identificar aspectos psicológica; dependendo do nível de desenvolvimen-
ou condições que geram conflitos e ruídos nas comu- to e demandas do contexto, é possibilitado à criança,
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quando entra na escola, um maior grau de autonomia Apesar dos esforços, tanto da escola quanto
e independência comparado ao que tinha em casa, o da família, em promoverem ações de continuidade,
que amplia seu repertório social e círculo de relacio- há barreiras que geram descontinuidade e conflitos
namento. Neste caso, a escola oferece uma oportu- na integração entre estes dois microssistemas. Uma
nidade de exercitar um novo papel que propiciará das dificuldades na integração família-escola é que
mecanismos importantes para o seu desenvolvimen- esta ainda não comporta, em seus espaços acadêmi-
to cognitivo, social, físico e afetivo, distintos do ambi- cos, sociais e de interação, os diferentes segmentos
ente familiar. da comunidade e, por isso, não possibilita uma distri-
Um outro aspecto a ser destacado nas pesqui- buição eqüitativa das competências e o compartilhar
sas e programas é a formação das redes sociais de das responsabilidades. Carneiro (2003) afirma que a
apoio. Deve-se, então, caracterizar as dimensões dis- mudança deste paradigma depende de uma transfor-
tintas de envolvimento, seja na família ou na escola, e mação na cultura vigente da escola e que o projeto
descrever como e quando essa rede de relações e político-pedagógico poderia ser um dos meios para
apoio à pessoa em desenvolvimento pode ser utiliza- promover esta inserção. Ainda, as formas de avalia-
da. Na família, há o reconhecimento do papel dos ção adotadas, bem como as estratégias para superar
pais, irmãos e outras pessoas que convivem com a as dificuldades presentes no processo ensino-apren-
criança ou adolescente e sua contribuição para o de- dizagem, de maneira a incluir a família, exigem que
senvolvimento geral e acadêmico. Na escola, desta- as escolas insiram essa discussão no projeto pedagó-
cam-se os professores e os pares, uma vez que estes gico, como forma de assegurar a sua compreensão e
se envolvem cotidianamente em atividades progra- efetivar a participação dos pais que é ainda um ponto
madas e realizam intervenções importantes que afe- crítico na esfera educacional. Com isso, pode-se rom-
tam o processo de ensino e aprendizagem. Conside- per o estereótipo presente da preocupação centrada
rando que as redes de apoio são constituídas pela di- apenas nos resultados acadêmicos (Kratochwill,
versidade de interações entre as pessoas, são estas McDonald, Levin, Bear-Tibbetts & Demaray, 2004).
que permitem a construção de repertórios para lidar
Além disso, o conhecimento dos valores e prá-
com as adversidades e problemas surgidos, possibili-
tando sua superação com sucesso (Ferreira & ticas educativas que são adotadas em casa, e que se
Marturano, 2002). refletem no âmbito escolar e vice-versa, são impres-
cindíveis para manter a continuidade das ações entre
No tocante à colaboração escola-família, é
a família e a escola (Keller-Laine, 1998). Sendo as-
importante enfatizar a necessidade de estruturar ati-
sim, as escolas devem procurar inserir no seu projeto
vidades apropriadas à série do aluno, particularmente
pedagógico um espaço para valorizar, reconhecer e
em se tratando da participação dos pais no seu acom-
trabalhar as práticas educativas familiares e utilizá-
panhamento. Segundo Desland e Bertrand (2005), a
las como recurso importante nos processos de apren-
necessidade ou não de supervisão aos filhos depende
dizagem dos alunos. Mas, a colaboração entre esses
das demandas implícitas ou explícitas deles que, por
contextos deve levar em consideração as diferenças
sua vez, estão relacionadas a fatores como idade, in-
dependência, autonomia e desempenho como aluno. culturais, a formação para cidadania e a valorização
Esses autores vão além, afirmando que, ao participa- de ações e de decisões coletivas (Kratochwill & cols.,
rem, os pais se predispõem e sentem referendados 2004; Marques, 2002). As educativas verificadas no
pelos filhos, acionando recursos que envolvem a aju- âmbito das relações interpessoais e nos resultados
da e o acompanhamento; quando os filhos mostram acadêmicos dos alunos, têm reflexos na participação
necessidade de trabalharem sozinhos, os pais se afas- efetiva e na integração escola-família, assegurando
tam, reduzindo seu nível de supervisão e auxílio às uma continuidade entre os dois segmentos.
tarefas escolares. Esta é uma questão polêmica que Portanto, as escolas deveriam investir no for-
requer investigações mais detalhadas, considerando talecimento das associações de pais e mestres, no
a série do aluno, as competências exigidas pela escola e conselho escolar, dentre outros espaços de participa-
a necessidade de autonomia e independência do aluno. ção, de modo a propiciar a articulação da família com
Dessen, M. A. & Polonia, A. C. (2007). Família e Escola 29

a comunidade, estabelecendo relações mais próximas. pedagogos e orientadores educacionais, que são
A adoção de estratégias que permitam aos pais acom- gabaritados (ou deveriam ser) para realizar interven-
panharem as atividades curriculares da escola, bene- ções coletivas. É nesse espaço que as reflexões so-
ficiam tanto a escola quanto a família. As investiga- bre os processos de ensino-aprendizagem e as difi-
ções de Keller-Laine (1998) e de Sanders e Epstein culdades que surgem em sala ou em casa são reali-
(1998) enfatizam que é necessário planejar e zadas (Rocha, Marcelo & Pereira, 2002; Soares, Ávila
implementar ações que assegurem as parcerias en- & Salvetti, 2000).
tre estes dois ambientes, visando a busca de objeti- Entretanto, como sublinham Soares e cols
vos comuns e de soluções para os desafios enfrenta- (2000), apesar de a escola desenvolver aspectos ine-
dos pela sociedade e pela comunidade escolar. rentes à socialização das pessoas e ser responsável
pela construção, elaboração e difusão do conhecimen-
Considerações finais: desafios e perspectivas
to, ela vem passando por crises vindas do cotidiano,
A família não é o único contexto em que a cri- que geram conflitos e descontinuidades como a vio-
ança tem oportunidade de experienciar e ampliar seu lência, o insucesso escolar, a exclusão, a evasão e a
repertório como sujeito de aprendizagem e desenvol- falta de apoio da comunidade e da família, entre ou-
vimento. A escola também tem sua parcela de contri- tros. Neste caso, o cenário político passa a exercer
buição no desenvolvimento do indivíduo, mais especi- uma influência preponderante para a solução das cri-
ficamente na aquisição do saber culturalmente orga- ses, que extrapolam o cotidiano das escolas. Para
nizado em suas distintas áreas de conhecimento. superar os desafios que enfrentam, hoje, uma das al-
Como destaca Szymanski (2001), a ação educativa ternativas é promover a colaboração entre escola e
da escola e da família apresenta nuances distintas família (Polonia & Dessen, 2005), tarefa complexa que
quanto aos objetivos, conteúdos, métodos e questões tem despertado o interesse de vários pesquisadores.
interligadas à afetividade, bem como quanto às A família e a escola constituem os dois princi-
interações e contextos diversificados. pais ambientes de desenvolvimento humano nas so-
Na escola, as crianças investem seu tempo e ciedades ocidentais contemporâneas. Assim, é fun-
se envolvem em atividades diferenciadas ligadas às damental que sejam implementadas políticas que as-
tarefas formais (pesquisa, leitura dirigida) e aos in- segurem a aproximação entre os dois contextos, de
formais de aprendizagem (hora do recreio, excursões, maneira a reconhecer suas peculiaridades e também
atividades de lazer). Contudo, neste ambiente, o aten- similaridades, sobretudo no tocante aos processos de
dimento às necessidades cognitivas, psicológicas, so- desenvolvimento e aprendizagem, não só em relação
ciais e culturais é realizado de maneira mais ao aluno, mas também a todas as pessoas envolvidas.
estruturada e pedagógica do que no de casa. As prá- Referências
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tituto de Psicologia, Departamento de Psicologia Es-


colar e do Desenvolvimento/PED, Laboratório de
Desenvolvimento Familiar. CEP: 70910-000, Brasília-
DF, Brasil. E-mail: dessen@unb.br

Artigo recebido em 03/08/2006.


Aceito para publicação em 08/05/2007.

Este trabalho é baseado na Tese de Doutora-


do apresentada ao Instituto de Psicologia da Univer-
sidade de Brasília, pela segunda autora, sob a orien-
tação da primeira.
Agradecemos as sugestões dadas por Adriane
C. Szelbracikoswki à versão preliminar deste artigo.

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